Alter-Walter?

Parece complicado definir o estilo de Walter em campo. À vista desarmada, o homem assemelha-se a um pequeno planeta e estou convencido que ele tem o seu próprio puxão gravitacional. Aposto que se lhe atirarmos uma laranja, o citrino ficará a orbitá-lo a uma curta distância. A lentidão com que se mexe é assustadora e a força da inércia que sofre quando tenta uma movimentação contrária à que está no momento a desenvolver é uma prova mais que evidente da primeira Lei de Newton aplicada a jogadores da bola.

Não é a primeira vez que temos um ponta-de-lança como alternativa ao titular que insiste em não conseguir subir a um patamar exibicional que lhe permita abdicar da subalternização e passar a figura principal. Farías, Jankauskas, Mielcarski, Fehér (raios, até Quinzinho!), todos eles cederam perante a maior produtividade de homens que já estavam no clube ou por menor talento, excesso de lesões ou problemas pessoais. O argentino, por exemplo, chegado com grande pompa do River Plate, foi produtivo e marcou um bom número de golos mas nunca conseguiu destronar primeiro Lisandro e em seguida Falcao dos seus lugares no onze base; o lituano, apesar de útil em determinados momentos da temporada, foi sempre segunda escolha, Mielcarski andou quase sempre todo partido e nem cócegas fez a Jardel. O mesmo se aplica a Fehér, que seria mais tarde vendido ao Benfica. Todos eles eram nomes importantes no plantel pela possibilidade que tínhamos de reforçar a zona ofensiva em caso de ausência da primeira opção, mas tal como Walter, pareciam todos sofrer de qualquer maldita sina que os fazia sempre baixar na pecking order.

No entanto o brasileiro tem-me surpreendido nos últimos jogos. Walter parece querer mostrar mais, está com outra garra e um nível de esforço e movimentação que nunca antes lhe tinha visto fazer. Teremos luta pela titularidade? Vitor Pereira decide.

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Baías e Baronis 2010/2011 – Walter

 

foto retirada de fcporto.pt

Época: Foi uma novela do carago no início da temporada, nunca percebi porquê. Walter tem talento mas é óbvio que teve algumas (muitas) dificuldades de adaptação ao nosso futebol e acabou por pagar uma factura muito elevada pelo excesso de peso, já que Villas-Boas nunca teve problema nenhum em encostar o rapaz na bancada enquanto não emagrecesse. Compreendo que seja complicado para um rapaz humilde, que tinha maus hábitos na curta trajectória profissional antes de chegar ao FC Porto, subir a produção ao ponto de se transformar numa opção útil e válida a jogadores que já estão habituados a um ritmo diferente e a uma atmosfera europeia que tem níveis de exigência muito acima do que Walter estava habituado. São problemas que ele parece decidido a ultrapassar e é isso que quero ver na próxima temporada porque esta, apesar dos 11 golos marcados, nunca fez de Walter uma alternativa viável a qualquer um dos elementos do ataque portista a não ser em jogos de menor importância.

Momento: O jogo do ano para Walter. Um hat-trick, ainda que tenha sido contra o humilde Limianos, é sempre algo a festejar e Walter mostrou bom serviço nessa partida. Pena não o ter confirmado no resto da temporada.

Nota final 2010/2011:

BARONI

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Acabou a primeira novela: Walter é do FCP!

A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD vem comunicar, nos termos e para os
efeitos do art. 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, ter chegado a um acordo
com o Club Atlético Rentistas, para a cedência definitiva dos direitos de inscrição
desportiva do jogador Walter.

Este negócio foi concretizado pelo montante de 6.000.000 € (seis milhões de euros)
sendo que a FC Porto SAD garante 75% dos direitos económicos do jogador.

A FC Porto SAD celebrou com o jogador um contrato válido por 5 épocas desportivas,
ou seja, até 30 de Junho de 2015. A cláusula de rescisão prevista contratualmente é
de 30.000.000 € (trinta milhões de euros).

Demorou algum tempo mas já cá está o segundo ponta-de-lança do plantel, quase pelo dobro dos valores que se falavam, se bem que se adquiriu 75% em vez dos 50% especulados pela imprensa. Bom negócio? O futuro o dirá.

Boa sorte, rapaz. Que nos faças esquecer a novela que foi contratar-te.

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