Ouve lá ó Mister – Estoril

Companheiro Nuno,

O último jogo antes de fechar a janela de transferências é sempre giro, seja no meio de um solarengo Verão ou durante um fresquinho Inverno que nos aperta os casacos e nos arrefece a alma. E mesmo que tenhamos já contratado um reforço e despachado pelo menos três elementos semi-activos do plantel, parece ainda faltar alguma coisa. Aquele rush de notícias absurdas parece nem se ter dignado a aparecer desta vez e vamos ter pouco tempo até que a porta se feche e apenas consigamos contratar dois ou três laterais esquerdos nigerianos, um ponta-de-lança canadiano de enorme potencial e quase pronto para jogar nos sub-19 e uma mulher de limpeza eslovaca que sabe passar a ferro e tudo. Opções para o meio-campo e acima de tudo para as alas é que nada, né? Pois.

Quanto ao jogo de hoje, é mais do mesmo. Prá semana temos um maravilhoso clássico e por isso temos de chegar lá com a moral em alta! É essencial continuar o trabalho de recuperação e ganhar o jogo no Estoril…em Estoril…(nenhuma me soa bem, francamente, talvez “na Amoreira” fique melhor) e voltar para a Invicta para preparar o confronto da próxima semana. Não deixes que a malta desanime mas talvez seja melhor acabar com o jogo cedo para ver se descansas um ou outro rapaz. Parece-me que começam a sentir os jogos nas pernas…

Ah, e se o Brahimi estiver em condições, enfia com o gajo em campo. Não me interessa quem vais tirar do onze, mas Yacine tem de estar lá! Por favor!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Companheiro Nuno,

Fechada que está a primeira metade do campeonato, não posso estar satisfeito. E era menino para estar triste ou entusiasmado mas estou cauteloso. Digamos que não atravesso a rua para nenhum desses lados e, como de costume, mantenho-me no meio. Arrisco-me a levar com um camião nos dentes se não me ponho à tabela, mas esta coisa de um gajo não querer ser dono da verdade nem propagar absolutos também tem problemas. É útil porque não me comprometo para não me chamarem flip-flopper, mas quem não se compromete cedo vê que lhe falta qualquer coisa, um objectivo final que quando atingido leva a que os punhos se ergam no ar, batendo com força no peito logo de seguida. Os que não se comprometem, como eu estou inclinado a fazer, ganham sempre nunca sabendo o que é ganhar. São fracos e incapazes de assumir uma postura e falta-lhes espinha. E eu não quero que digam que não ando direito. Nyah-huh.

Então vou assumir uma postura optimista. Neste arranque de segunda volta vou encarar o negativismo nos olhos, virar-me para ele e dizer: “Oh parolo, olha bem para mim porque não me vais voltar a ver tão cedo! Vou virar-te as costas sem medo e vou seguir o meu caminho, longe da tua intensa e terrível influência. Vou andar cheio de confiança e pronto para um triunfo que vai acontecer porque eu acredito nisso e vou fazer com que todos com quem falo acreditem nisto!”.

A não ser que o jogo de hoje corra mal, Nuno. Aí está tudo tramado e mandas-me logo a moral abaixo sem que eu consiga sequer pensar em puxá-la para cima. Não me lixes a rampa, Nuno!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Moreirense

Companheiro Nuno,

Há alturas em que os momentos que antecedem um jogo do FC Porto estão cheios de nervosismo, unhas roídas e um pé constantemente a bater no chão à espera que a partida comece. Costuma acontecer antes de grandes jogos, como é normal, mas este ano estamos a ver esse sintoma a aparecer perto de muitos outros confrontos, que não era habitual trazerem tanta tremideira. Era raro ficar ansioso no dia anterior a um confronto contra o Paços, o Rio Ave ou o Moreirense, mas é assim que me sinto. Conseguiste, portanto, transformar o que era um tradicional pré-jogo que me sabia tão bem pela sensação de euforia controlada por poder estar no meu estádio, sentado na “minha” cadeira e ver o meu clube, tornando-se agora num remoínho de emoções mais fortes do que era normal. E, positivo ou não, é algo que poucos treinadores conseguiram, por isso imagina lá a responsabilidade.

Hoje é mais um desses jogos. Depois das duas prendinhas pós-Natal que os Deuses decidiram atirar na nossa direcção, só peço que não estragues tudo outra vez. Com a possibilidade de roubar dois pontos a Benfica e Sporting, numa altura em que pontos fáceis como estes não aparecem todos os dias, seria suicídio não tirar todos os pontos possíveis ao Moreirense hoje ao final da tarde no Dragão. Joga simples, joga prático, não inventes muito e por favor deixa estar o Óliver no meio e tira o Herrera da direita. Se possível, um ou dois cachaços bem dados ao Corona para o homem acordar e uma massagem em condições ao Jota para o puto acalmar. E uma conversa calma, pacífica, sem vozes erguidas, com o André, para que ele não pense que tudo depende dele. Tudo depende de ti, Nuno. Faz-nos sonhar de novo, por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Companheiro Nuno,

Isto está bonito, está. Barulho há que chegue mas nunca dos sítios certos nem com a intensidade que é preciso. Podemos estar aqui a berrar do topo das nossas guelras que não vamos conseguir, instituição e adeptos, mexer com um mínimo da estrutura que nos anda a roubar a alma e os pontos em tantos jogos este ano que nem consigo perceber se estamos a ser roubados ou se é este o novo status quo da bola tuga. E como nada muda, tentemos pois mudar nós.

Mudemos a forma de encarar os jogos, desfaçamos a ineficácia através do trabalho, troquemos a infelicidade pelo empenho e cambiemos o Herrera por um cone de estrada. Já sei que o jogo é complicado, que o Danilo vai continuar suspenso e que o Corona não parece meter a terceira quando é preciso. Já sei que o campo é apertado, o relvado é digno para plantar batatas e o árbitro levou um safanão. Já sei que o amarelo é uma cor horrível, que o Maxi ainda não foi expulso mas não falta muito e que o André ainda tem dores nos rins. Mas temos de mostrar que em campo vamos ser melhores que os outros, excluindo a malta do apito. Vamos fazer com que os erros dos gajos dos cartões só condicionem a goleada e nunca a vitória. Dá-lhes a força que lhes têm faltado, Nuno!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Moreirense

Companheiro Nuno,

Podem faltar noventa minutos para acabarmos a nossa participação na Taça da Liga deste ano e não podemos dizer que estamos a ser brilhantes na competição. Longe disso. E não sei se será hoje que vamos dar esse salto de qualidade extraordinário para conseguirmos ser notavelmente superiores ao…Moreirense, depois de não termos conseguido fazer o mesmo nem ao Belenenses nem ao Feirense. É neste nível que estamos a falar, Nuno, não serão propriamente Barcelonas ou Dortmundes, são equipas menores que não deviam sequer causar mossa numa equipa com algumas rotações na formação. Mas causam e continuam a causar e o povo continua sem confiar.

Aspiraremos a algo mais que um magro triunfo perante o Boavista verde? Ou seremos erguidos para uma rampa exibicional que passará pela eliminação da Juventus e terminará em crescendo numa vitória na Luz daqui a uns meses? Ou, em alternativa, teremos mais uma confirmação da forma inconstante da equipa e saímos de cena com a cabeça baixa mais uma vez? Tens a palavra, Nuno.

Sou quem sabes,
Jorge

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