Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Camarada José,

Vamos com bom balanço depois do jogo do Estoril, que pareceu animar um bocado a malta e deixou-nos a todos com um lampejo do que pode vir a ser a nova vida do Dragão a médio prazo. E tens alguma, senão toda a responsabilidade nessa mudança, por isso até esta merda começar a correr mal (esperemos que não, mas nunca se sabe), nomeio-te “Grande Responsável Pela Ligeira Melhoria Do Futebol Portista”! Não é mau para quem cá está há umas semaninhas, mas não te habitues que isto de dar títulos é giro mas bem melhor é recebê-los.

E hoje tens a oportunidade de dar um passo na direcção disso mesmo, de receberes um título. A primeira mão da meia-final é sempre um jogo tenso em que as equipas se vão estudando e tentam descobrir os pontos fracos do adversário para dar a estocada na segunda mão. Mas não quero nada disso. Quero bom futebol, sempre, mas hoje há um particular desejo de enfiar o Nandinho onde ele sempre mereceu estar, esse vendido do Salgueiral que se lembrou de ir jogar para o Benfas. O ultraje, meu caro, o ultraje! Por isso é olhar para aquela equipa como um monte de Brígueis e procurar enfiar seis ou sete bolas na baliza o quanto antes. Não há experiências como na Feira ou imbecilidades como em Famalicão. Hoje é jogo para homens e a vitória tem de ser nossa!

O Jamor está perto. Vamos lá passar um Domingo daqui a uns meses?

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada José,

Acabou a “nossa” Taça da Liga e fomos mais uma vez eliminados bem antes do que deveríamos. Começo a questionar se há alguma força divina que nos impeça de ganhar aquele caneco e vaticino que um dia que consigamos finalmente colocar as manápulas no troféu, a festa será tão intensa que até vão lançar doi…tr…vá, sete foguetes, para ser mesmo uma maluqueira! Vamos encher a Alameda desde o cogumelo até à porta 25 e vai ser uma loucura durante bem mais que cinco minutos! Agora a sério, para o ano, se ainda cá estiveres, vamos ver se fazemos uma forcinha para ganhar aquela merda de vez? Obrigados.

Voltemos então as atenções para a Liga (sem Taça, ou melhor, com troféu mas não se chama Taça…não me perguntes porquê, é o que temos) que é bem mais importante. Não sei se vais voltar a fazer experiências mas presumo que desta vez faças um reset aos teus moços e os ponhas a jogar da maneira que tens vindo a formatar nos treinos. Já vi que chamaste o Marega, pode ser que o rapaz até seja bem útil neste tipo de jogos, especialmente naquela fase do “oh-pronto-lá-vai-o-Maicon-começar-com-bolas-longas”. Ou seja, aí pelos 10/15 minutos de jogo. Acima de tudo é preciso ganhar e começar a gerir os cartões para quando formos à Luz não termos de levar o Chidozie e o Victor Garcia. E daí…eh pá, não sei, faz como achares melhor!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Feirense

Camarada José,

Deu para ver, no jogo do passado Domingo, que já começaste a tentar fazer alguma coisa. Houve ali uma tentativa de jogar mais pela zona central, de tentar passes de ruptura com os extremos a fazerem a diagonal um bocadinho mais inclinada e a aproveitar a subida da linha defensiva contrária. Tudo muito bem, mas a uma velocidade tão baixa que se o Bolatti estivesse a ver o jogo tinha pensado: “estes gajos são mais lentos que eu!”. Compreendo que estejas a fazer a equipa atravessar uma espécie de pré-época tardia e que se lhes estás a dar uma ou outra tareia nos treinos para fazeres deles homens, é pouco provável que consigas resultados positivos num intervalo de tempo próximo. Não me preocupa muito, mas fico apreensivo ao ver os rapazes todos partidos em campo. Mas é tudo por bem e especialmente para o bem deles que também é o nosso, certo?

O que me preocupa mais nem é isso. É a cabecinha deles. São aquelas sinapses que disparam na altura errada, quando a bola está nos pés ou quando estão à procura de se locomoverem na direcção adequada. É o olhar para o lado e querer fazer tudo bem e acabar por errar como Napoleão a invadir a Rússia. São os passes longos quando se querem curtos, a brincadeira quando se quer alívio, o passe quando se quer remate. É a mentalidade do cagaço e do nervosismo, que está entranhada há meses e que é tua missão tirá-la de cima das costas dos rapazes. E a chamada de tanta malta dos Bês parece-me interessante para que os mais jovens possam mostrar aos mais adultos como ser prático, simples…no fundo, como jogar futebol em condições.

Ah, e faz o mesmo que o Rui Barros fez, ou seja, tenta obter o mesmo resultado que os Bês conseguiram da última vez que jogaram neste campo. Contra o Famalicão tínhamos ganho, mas contra o Feirense perdemos. Começa a inversão de hábitos já hoje!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Camarada José,

Em primeiro lugar gostava de te dar as boas-vindas a esta que será a tua casa nos próximos meses. Recuso-me a usar “anos” como unidade de medida porque implicava que por cá estivesses um par deles e o histórico dos teus antecessores não está a teu favor nesse aspecto. Só Vitor Pereira ficou dois anos e mesmo assim passou as passas lá de baixo para se aguentar durante diversos períodos desse biénio. Por isso fico-me pelo simples e garantido: viva!

Não terás um trabalho fácil. A equipa que recebeste está de rastos e por muito que te assegurem que estão empenhadíssimos, com o corpo, alma, família e animais de estimação todos prontos a serem esventrados por um batalhão de Hunos se isso significar que marcam mais um golo ou interceptam uma mera jogadita a meio-campo, acho que te posso garantir que vão abanar mais depressa que um dente-de-leão numa tempestade tropical se lhes acontecesse alguma coisa má no próximo jogo. Tens de conseguir elevar a moral desses rapazes de qualquer maneira. Eh pá, promete-lhes Lamborghinis, gajas, uma Playstation 5 antes do tempo ou uma pipeline de Cardhu, dependendo dos prazeres de cada um. Ou convence-os com o poder da retórica, faz com que recuperem a vontade de jogar, de ganhar, de mostrar que são bons, carago!

Faz o que o Lope não conseguiu, ou pelo menos tenta. Vais ver que a malta vai estar do teu lado no início. Se vai ou não continuar assim, depende de ti!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Famalicão

Caro Rui,

Será o teu último jogo ao comando da equipa (até à próxima vez, porque isto da bola nunca se sabe e quem tinha razão era o Pimenta), por isso há que honrar a camisola de início a fim. Não tu, que já o fizeste e continuas a fazer pelas nossas cores quando jogas pelos Vintages! Falo dos outros, dos que trabalharam directamente contigo…e presumo que vão continuar a fazer nos próximos tempos, que isto de novos treinadores é muito bonito e tal mas se não houver aí malta como tu a ensinar como é que as coisas devem ser feitas, não é a mesma coisa. E mesmo o que tem sido até agora não me parece que seja grande…coisa, se me perdoas o impropério e a falta de respeito. Há que meter na cabeça daqueles rapazes que o que têm vindo a fazer não está ao nível do passado da camisola que usam, carago! E cabe-te a ti essa missão, Rui, a ti e aos outros que por aí andam e que gostam deste clube como tu gostas!!!

Hoje, portanto, neste regresso ao passado que é um Famalicão vs FC Porto, que nos lembra de tempos idos de jogos em Antas vazias e chuvosas, ninguém espera grande jogatina. A competição está quase perdida e a convocatória que fizeste, que noutros tempos poderia ser considerada como um bom veículo para rodar jogadores e dar oportunidade a outros, acaba por ficar marcada pela tristeza de o fazermos sem que haja um objectivo pela frente a que possamos aspirar com grande probabilidade de sucesso. Mas isso para o Chico Ramos, para o Govea ou para o Ismael não quer dizer nada e é esse o espírito. Não creio que joguem todos mas podes sempre dar oportunidade a um deles. Aproveita o que temos de bom e põe os sócios a sonhar um bocadinho com melhores tempos.

E já agora, havendo oportunidade, ganha o raio do jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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