Ouve lá ó Mister – Marítimo

Mister Paulo,

Estamos todos até à tampa com esta tralha. Taças e mais taças atrás de nós e um gajo que só quer saber do campeonato e de jogos com a estranja já começa a ficar enfastiado com estas competições de brincadeira que só servem para os clubes mais pequenos darem histórias aos felizardos que lá conseguiram marcar um golinho por intervenção divina ou porque o nosso guarda-redes bebeu um fino a mais ao lanche. É cereal, também conta! Posso estar a ser um nadinha arrogante, mas cada um tem as suas prioridades e as minhas já sabes quais são: campeonato > europa > taças > amigáveis > treinos > concursos de karaoke no balneário. Mas compreendo que queiras continuar a ganhar coisinhas, como a Supertaça, por isso força nisso.

Já vi que encostaste o Licá para este jogo, o que francamente não me aquece os ânimos. Tendo em conta que convocaste no fundo aquelas que consideras as opções mais válidas ao teu dispôr, só posso concluir daí que estás a levar isto mais a sério que eu. E se queres ficar acima de Jesualdo, Villas-Boas ou Vitor Pereira (pelo menos nesta competição), tens de ganhar o jogo e com alguns golos para adicionar à conta. O Sporting vem a Penafiel com vontade de nos passar a perna e tu não podes deixar, por isso fiquei admirado quando não convocaste pelo menos mais um rapaz de ataque, mas como sempre tu é que escolhes, por isso deixo nas tuas mãos a nossa putativa passagem à próxima fase. Olha a responsabilidade, carago!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Setúbal

Mister Paulo,

Que puto de tempo que nos molha o corpo e infecta a alma com o ruído do trovão e a inclemente fúria da chuva persistente! Se o temporal que caiu no Dragão na passada quarta-feira lhe apetecer dar mais um salto a esse tão nobre recinto hoje pelo início da noite, vamos ter um espectáculo daqueles à antiga, dos que me lembro tão bem ter apanhado nas velhinhas Antas, com aguaceiros assassinos, saraivadas agressivas e noites em que só se via a Lua a partir dos topos das montanhas. O Norte é fodido, pá, até nisto.

Mas mais fodido que o Norte é o povo do Norte. Ui, Paulo, que esses, os meus, são piores que uma noite de trovoada e mais incisivos que um par de dentes da frente. E tu, meu caro, não estás a fazer amigos com muita facilidade cá pelo burgo. É verdade que o Presidente te veio defender e que acredita no teu trabalho (óspois falo sobre a entrevista do homem, que ainda não vi nem ouvi por completo), mas até ele vai começar a pensar duas vezes se o futebol não melhorar. Sim, melhorar, porque chegar a um nível condizente com o que a malta está à espera daquelas camisolas azuis-e-brancas…acho que é um pipe-dream, pelo menos este ano. Estou certo? Não achas? Ainda é possível?

Acredito em ti, Paulo. Não tenho tido grandes motivos para isso e tu certamente não me tens dado a moral que precisava para chegar a esse ponto, mas hoje, no início da segunda volta, podes começar a mostrar que estamos no caminho certo. Atrasado, é verdade, mas ainda a tempo de fazer boa figura. Mais ou menos. Ganha lá o jogo, dá uma boa prenda de aniversário ao Lucho e deixa-nos sonhar um bocadinho.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Penafiel

Mister Paulo,

O jogo do passado domingo deixou-nos a todos de rastos. Portistas de todo o mundo viram o pouco que conseguimos fazer e começam a pensar que não há escapatória para esta falta de qualidade que no nosso futebol atravessa, e quando isso acontece, quem se costuma lixar é o treinador. E olha que Janeiro é um mês propício para despedimentos ali para o lado das Antas, por isso há mais em jogo nestas próximas semanas que apenas um ou outro resultado mais ou menos interessante para competições tão sombrias como esta que hoje vais alinhar.

E parece que já passámos por isto aqui há umas semanas, depois do jogo em Madrid contra o Atlético, ou no Estoril, ou até em Alvalade. E depois aparecem jogos como o Zenit, o Braga e o Sporting no Dragão, onde até jogamos em condições e vencemos o jogo…e a malta vai alegre para casa, relativamente satisfeita com a exibição e a pensar: “é desta, carago, é desta que começamos a jogar a sério!”, mas o próximo jogo traz sempre uma enxurrada de parvoíces e uma incrível falta de fibra dos teus rapazes e, lamento dizê-lo, também de ti.

Não vou poder ir ao Dragão hoje à tarde (pelas hemorróidas de Satã, um jogo às 18h30 de uma quarta-feira é suficiente para me enfiarem um punho no rabo, amigos!) mas o jogo é fácil. Tem de ser fácil, raios, é o Penafiel! Já reparei que convocaste a grande maioria dos suspeitos do costume em vez de espetares com uma espécie de roleta (por falar em roleta, apeteceu-me pôr isto aqui: http://www.roletaonline.pt. pronto.) com a equipa B. Descansaste o Lucho e o Licá, o Danilo vai cumprir o jogo de castigo e o Otamendi vai fazer sei lá que raio é que ele faz nos dias de folga, só sei que não lhe tem ajudado a concentração. Seja como for, e considerando que o FC Porto B vai jogar com este mesmo Penafiel no próximo Domingo, vai ser uma boa maneira para vermos se os As são melhores que os Bs. Até agora, para te ser sincero, não tenho notado muitas diferenças.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Benfica

Mister Paulo,

Este é um grande dia para ti, Paulo, tu é que não sabes disso. Imaginas que é um papão enorme que te vai apanhar pelas costas e te vai empalar com um mastro Holmesiano do qual ninguém consegue escapar, muito menos tu. Sinto-te com vontade de jogar esta partida, mas ao mesmo tempo presumo que deves estar com o xixi tão apertadinho que um saltinho no banco faz com que o roupeiro te tenha de ir buscar outras calças. Isto é um clássico e não há maiores que este, pelo menos em Portugal.

Vais entrar em campo com força. Tens de entrar em campo com força, com o espírito bem vincado na vitória e a alma entregue às mãos de qualquer Deus em que acredites e que te dá a garra que eu sei que tens. E é nestes jogos que mostras o que vales, não só nos confrontos de treta contra os Olhanenses desta vida. É nestas batalhas com setenta mil nas bancadas a gritarem pelos seus enquanto insultam os teus, é nestas micro-guerras que os nomes dos treinadores se fazem ou se desfazem. E os rapazes que vais mandar para o campo com um discurso de conquista já sabem ao que vão, pelo menos a grande maioria deles. Muitos sabem o que é ganhar naquele estádio e garanto-te que outros tantos também já de lá saíram vergados pelo peso inconfundível de uma derrota amarga nesse campo. Um clássico é isto, Paulo, é uma luta titânica de gigantescos ogres que se enfrentam e disputam o direito de passarem uns meses a poder cantar os cânticos de um triunfo que conquistaram com o suor do próprio corpo. Fala com o Maicon, ele que marcou o golo aqui há dois anos, naquele 3-2 que nos pôs a todos loucos e que nos entusiasmou até ao final do campeonato. Pergunta ao Helton, que defendeu com a ponta das unhas aquele remate do Cardozo no ano passado, e ele vai-te dizer que este é um dos jogos da tua vida.

E eu, que já me esqueci de mais clássicos que tu alguma vez disputaste, já sei o que vou sentir. Num café, rodeado por amigos todos da mesma cor, vou estar a morder os lábios, a beber uns finos, a tremer com cada posse de bola do inimigo e a erguer-me sempre que ela estiver do nosso lado. Um clássico, Paulo, é isto. São nervos, emoção, angústia, êxtase. E tu, hoje, podes dar-me toda essa panóplia de sentimentos. Para te ser sincero, prefiro o último.

Força, rapaz.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Atlético

Mister Paulo,

Começamos um novo ano no melhor local do mundo para arranques em grande, pelo menos desde que o Tarik se passou da cornadeira mourisca e lá foi em direcção à baliza do Mandanda sem dar hipótese nem ao moço nem a ninguém. E agora, que voltamos a jogar para mais um jogo dessa competição fantástica que me interessa ligeiramente mais que a Taça da Liga e que a Supertaça (sim, é a “minha” terceira competição), estou à espera de uma exibição estupenda!

Estou a mentir, como já deves ter percebido. Não estou à espera de nada de fabulástico, de grandes jogadas nem insinuações de uma equipa mandona e de um futebol extraordinário. Sou racional o suficiente para antecipar que vai ser um FC Porto aborrecido, semi-tristonho e que não vamos ter um FC Porto dos primeiros vinte minutos contra o Atlético ou da primeira parte do jogo da Supertaça. E é isso que me anda a lixar a cabeça, sabes, Paulo? É o não conseguir sequer pensar num jogo inteiro em que tenhamos estado bem. Assim cem por cento bem. Um jogo em que tenhamos arrancado com garra, imposto a nossa autoridade, comandado a partida, o resultado e a atitude de uma forma de tal maneira inequívoca que nada sobrava ao adversário que não uma fugaz tentativa a trinta metros da baliza e pouco mais. E nem sei se este jogo da Taça é o melhor que nos podia aparecer neste momento, especialmente sabendo que para a semana vamos à Luz. Agora, interessa-me sinceramente perceber se estamos ou não em condições psicológicas para ganhar facilmente ao Atlético…e não o garanto.

Enfim, talvez esteja com os pistões pessimistas em overtime. Entra lá em campo, muda um ou dois gajos e mostra-nos que o meu FC Porto ainda é o que eu quero que seja.

Sou quem sabes,
Jorge

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