Baías e Baronis 2012/2013 – Os avançados

Há um nome que está a vários parsecs de todos os outros nesta lista: Jackson. Foi o homem-golo que apareceu depois de uma temporada em que Hulk tinha sido senhor feudal de todos os seus domínios, da ala direita para o meio, no centro da área, de fora e lá dentro. Jackson chegou, viu, venceu a Supertaça e só parou trinta e um golos depois. Foi sem qualquer dúvida o homem do campeonato dentro da área, com golos acrobáticos (aquele de calcanhar contra o Sporting no Dragão foi qualquer coisa…) e outros nascidos de perfeito posicionamento para a recepção e remate, mas trabalhou que se fartou fora da zona de assassínio de guarda-redes, servindo muitas vezes como parede para segurar a bola enquanto os colegas subiam no terreno. Tecnicamente muito acima da média, esteve em grande na Liga e a espaços também na Champions. Uma pequena nota: teve aquele pequeno AVC quando tentou panenkar o penalty contra o Rio Ave mas redimiu-se com um golo e foi humilde nas reacções. Ficou-lhe bem. O melhor dos avançados, de longe.

Atsu foi uma pequena desilusão. Começou bem a roubar o lugar a Varela, ainda coberto do hype que lhe colocaram em cima, mas foi perdendo a força das primeiras exibições e acima de tudo deixou de ser a opção primária de apoio dos adeptos, que lhe reconhecem o valor mas esperam mais. É rápido e prático mas pouco eficiente, com incessantes corridas até à linha sem produzir o suficiente para podermos dizer que ali estava um titular absoluto. Talvez tenhamos pedido demais para a primeira temporada como membro efectivo do plantel do FC Porto, mas a verdade é que me deu uma sensação do “síndroma dos extremos” que já tinha afectado tantos outros (Helder Barbosa, Vieirinha, Candeias, Bruno Gama, Ivanildo, para citar alguns nomes) que no passado prometeram muito nas camadas jovens sem se conseguirem afirmar inequivocamente na primeira equipa. Cedeu o lugar a Varela, que começou mal (como tem sido um hábito desde 2009/10, a sua melhor época), com jogos em que parecia estar fisicamente exausto e incapaz de se tornar num elemento de mínimo perigo para o adversário. No entanto, conseguiu recuperar e terminou a época como um jogador vital no onze e estranhamente influente na criação de lances ofensivos para a equipa, ajudando na defesa sempre que era necessário. Na luta Varela/Atsu, o português levou a melhor especialmente pelo photo-finish fantástico que mostrou e fez por merecer uma nota positiva.

Iturbe perdeu-se em infantilidades, amuos e pequenas grandes parvoíces para desaparecer do imaginário dos adeptos e passar a ser um menino mimado que ainda não aprendeu a jogar num futebol que lhe é alheio e que pareceu sempre ser uma espécie de mundo alienígena para o puto argentino. É um miúdo e não deixou de ser um miúdo desde que cá chegou, ao contrário de um Anderson ou até de um…James. Não sei se voltará tão cedo e pouco fez por cá para merecer o regresso com coroas de louros.

Kléber e Liedson são dois casos estranhos da temporada. Se o segundo chegou para ser um remendo que nunca deixou esperanças em muitos portistas e confirmou a incapacidade (física ou psicológica, creio que nunca viremos a saber ao certo) para ser uma alternativa credível a Jackson, Kleber esteve cá desde o início e nunca justificou a contratação e a estúpida guerriúncula com o Marítimo. Sempre nervoso, trapalhão, triste, pouco lutador e muito pouco produtivo, cheguei várias vezes a olhar para o banco e a pensar se não valeria a pena pôr lá o Vion ou o Dellatorre porque não lhe conseguia ver qualidade para ser uma mais-valia para a equipa. Não deve voltar e ainda bem, porque por vezes há que assumir as inadaptações e perceber que nem sempre se acertam as contratações, por muito pensadas que possam ser. Sebá, por seu lado, trabalhou bem nos Bs mas não lhe vi maturidade suficiente para ser um jogador importante nos As e continuo a achar que cinco milhões de euros pelo seu passe é um valor alto demais para a sua valia a curto-prazo. Talvez venha a ser uma boa peça no futuro, mas não no imediato.

Faltam os dois jogadores mais curiosos das opções ofensivas do plantel: Kelvin e James. James não teve uma grande temporada no ano em que a imprensa cedo lhe colocou o rótulo de “gajo que vai substituir o Hulk e vocês é que vão ver o que é que o moço sabe fazer a sério”. Não foi, nem tinha de ser. James é James, um dez obrigado a jogar na ala algumas vezes mas que brilhou bem mais quando foi colocado no centro, naquele híbrido táctico que Vitor Pereira criou e que nem sempre funcionou. A verdade é que o colombiano foi várias vezes genial mas muitas vezes pouco influente na criação de jogo e a lesão que o afastou dos relvados durante mais de um mês não ajudou em nada ao crescendo de forma que vinha a exibir (Outubro e Novembro muito bons, Fevereiro e Março sofríveis), mas James foi a imagem da equipa durante toda a temporada. Quando jogava bem, tudo estava bem. Quando estava em dia de desinspiração, os colegas sentiam a falta da criatividade e produziam menos. E quando um jogador tem este tipo de influência numa equipa, é natural que ceda à pressão. James fez uma boa época mas não fez a temporada estupenda que esperava. Too bad, valham os 45 milhões da transferência.

E o herói…foi Kelvin. Bem pode guardar as bolas dos jogos contra o Braga e o Benfica porque não creio que tão cedo (se alguma vez) volte a fazer igual. Foi o jogador certo na altura certa contra as equipas certas e se os jogos tivessem sido disputados durante o dia, estou certo que se veria um raio de sol a brilhar com intensidade redobrada por cima da trunfa gelificada que pauta a moleirinha do miúdo. Hesitei em dar-lhe uma nota positiva porque pouco fez durante o resto da temporada para o merecer, mas o simples facto de ter marcado aquele golo ao Benfica e de me ter proporcionado um orgasmo futebolístico ao nível do que muitos devem ter sentido em Sevilha quando Derlei enfiou o terceiro aos escoceses…só por isso merece um Baía de ouro.

Uma curta nota para Djalma, que jogou meia-dúzia de minutos na Supertaça antes de zarpar para a Turquia, longe de ser o suficiente para receber nota. Tive pena de o ver sair, merecia melhor sorte e talvez na próxima temporada regresse para fazer parte do plantel. Não me parece ser uma hipótese muito provável, mas até gosto do moço, sinceramente.

O quadro-resumo dos avançados fica abaixo:

ATSU: BARONI
ITURBE: BARONI
JACKSON: BAÍA
JAMES: BAÍA
KELVIN: BAÍA
KLÉBER: BARONI
LIEDSON: BAÍA
SEBÁ: BARONI (nos As…)
VARELA: BAÍA (por pouco)

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Baías e Baronis 2012/2013 – Os médios

Foi o sector mais intenso de todo o plantel. Poucas opções para Vitor Pereira poder implementar uma política de rotação em condições fazem com que acredite que a opção pelo trio que estava mais disciplinado, mais coeso e, sem dúvida, melhor, revelou-se adequada mas em determinados momentos demasiado exigente em relação às pernas dos rapazes que lá passavam. Destacaram-se vários, em momentos diferentes e com graus de eficácia variável.

Comecemos com Fernando, o melhor jogador do FC Porto 2012/2013. Foi um Fernando diferente, que mostrou uma evolução clara no controlo do meio-campo subido, sempre a tapar a natural posição defensiva com perfeição mas a deliciar adeptos e colegas com a nova atitude Vieiriana. Patrick, não Luís Filipe, entenda-se. E Fernando foi aquilo que nunca conseguiu ser em épocas passadas: o primeiro avançado da equipa. Pegava na bola em zonas recuadas e não só ajudava na rotação pelo meio-campo e pelos dois principais mobilizadores de jogo da equipa (Moutinho e Lucho), mas também a levar a bola para a frente, controlada, em progressão, arrastando a equipa às costas e empurrando os adversários para trás. O 25 parecia estar em todo o lado naquela relva, a cobrir as ausências de Lucho na segunda volta do campeonato como se fosse ele a representação física da vontade dos adeptos. Fez mais que suficiente para ser não só chamado à selecção mas para merecer interesse para um contrato melhorado, talvez numa liga superior. Não o censuro por querer sair, mas custar-me-ia, especialmente depois de uma época destas. E um trinco deste nível está bem acima de quase todos os outros do nosso campeonato (Matic esteve também brilhante) e acima de muitos que jogam por essa Europa fora.

Moutinho e Lucho estiveram bem. Se João não conseguiu estar ao nível do ano passado por muito pouco, foi consistente durante toda a época e um jogador pivotal na construção de jogo, sempre pronto para carregar o jogo e a equipa (com Fernando sempre a cobrir bem as ausências) para um ataque organizado, calmo, em posse. João é excelente no que faz e um dos melhores jogadores do Mundo e tenho muita pena de o ver sair, mas isso são outras conversas que serão tratadas noutro post. Em relação a Lucho, foi um herói dentro e fora do campo. O episódio do falecimento do pai que o levou a jogar de luto em Zagreb onde acabou por marcar um golo serviu para unir o plantel à sua volta e reforçar ainda mais a sua postura de liderança no balneário que tanto nos serviu na recta final do campeonato.

Lucho fez uma primeira volta em pleno, cheio de vigor e de força física, sendo o primeiro a pressionar alto, em cima do guarda-redes, a voar por todo o campo para ajudar a equipa a subir no terreno e a travar o adversário ainda mais acima. Houve gritos de escárnio pintados de vermelho, clamou-se pela urina do argentino e insinuaram-se trinta descidas aos infernos para todos e quaisquer agentes da bola que permitiam esse tipo de alarvidades. E Lucho, na segunda parte da época, baixou de produção, acabando jogos agarrado às pernas e fazendo esforços enormes para conseguir terminar algumas das partidas. Recuperou no final mas nunca conseguiu voltar aos níveis do arranque da época mas na altura…já tinha feito o seu trabalho.

Defour foi igual a si mesmo. Prático, inteligente, de toque simples e esforço pleno, polvilhado com uma ou outra loucura (Málaga, n’est-ce pas, Steven?) que parece típica de jogadores daquele estilo. Sabe que nunca será um Moutinho mas tem valor suficiente e acima de tudo acredita nesse valor para ser um jogador de equipa, que participa onde pode, sempre que pode. Jogou a trinco, como médio volante, extremo-direito e até como defesa-esquerdo. Foi muito importante ao longo da época e é o tipo de jogador que gosto sempre de ter no plantel. “Jack of all trades and master of none”, dirão. Não me preocupa. A sua utilidade e versatilidade são as suas maiores armas e espero que fique muitos anos. Já Castro, o doido Castro, o gondomarense Castro, é “o” nosso puto. Imagem de marca do FC Porto, a luta e o empenho total que coloca em cada lance que disputa fez dele opção perene no banco mas uma utilização bem acima do que talvez fosse esperado no início da temporada. Mais um rapaz que fez uma boa época e que merece continuar no plantel, porque muito embora talvez nunca venha a ser um jogador essencial no onze-base, é um jogador perfeito para transportar a história do clube aos ombros. Resta saber se está disposto a ser utilizado de uma forma intermitente…

Izmaylov, para terminar, foi uma contratação curiosa. Chegado a meio da temporada com mais ruído que um concerto dos Pantera em chapas de zinco, mas demorou algum tempo até poder ser útil. E nunca mostrou que deveria ser titular na equipa, tendo aproveitado a ausência de Atsu e a auto-anulação de Varela de uma forma não completamente assertiva, mas tem algo que fez dele um jogador que faz sempre falta a um plantel que se quer campeão: talento. E Marat tem-no em grande quantidade e mostrou-o a espaços, nunca sendo genial mas exibindo-se sempre a um nível acima da média para a capacidade física que mostrava e o entrosamento que se esperava ser baixo. O que fez, fez bem.

O quadro-resumo dos médios fica abaixo:

CASTRO: BAÍA
DEFOUR: BAÍA
FERNANDO: BAÍA
IZMAYLOV: BAÍA
LUCHO: BAÍA
MOUTINHO: BAÍA

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Baías e Baronis 2012/2013 – Os defesas


Falou-se muito da zona defensiva do FC Porto durante o ano e houve muitos bons motivos para o fazerem. Foi talvez o único sector onde se notou alguma evolução nos jogadores, com dois em particular a merecerem a ressalva de serem olhados com admiração pela forma como cresceram durante a temporada: Alex Sandro e Mangala. O francês começou ao mesmo estilo do ano passado, ainda com alguma agressividade em excesso e alguma dificuldade em manter esses exageros controlados. Mas aproveitou bem a infeliz lesão de Maicon para lhe roubar o lugar e exibir-se em nível digno de transferência à FC Porto para um grande europeu. Tem tudo, o rapaz. Alto, forte pelo ar, rijo na marcação, raramente hesita no corte e é mais prático do que estamos habituados. Foi um prazer vê-lo a crescer, especialmente jogando ao lado de Alex Sandro, outro moço que subiu de produção quase exponencialmente, com sete Baías. Já no ano passado tinha mostrado que podia ter oportunidade de jogar a sério se fosse utilizado regularmente. E mostrou que Álvaro Pereira está tão bem no Inter que ninguém se lembrou dele, já que este rapaz desfez dezenas de adversários (os médios-ala e os laterais) com inteligência, criatividade, postura ofensiva mantendo o posicionamento e recuperação defensivas bem efectuadas, remate forte e apoio constante ao ataque. Algum excesso de confiança fez com que tremesse num ou noutro jogo, mas nunca deu hipótese sequer a que nos lembrássemos do Palito. Mangala tapou várias vezes o brasileiro durante a sua lesão mas era evidente que Alex traz uma profundidade ao flanco que Mangala, jogando sempre com empenho e força de vontade, não consegue.

Abdoulaye jogou pouco e foi coerente, apesar de ficar sempre ligado à final perdida da Taça da Liga. Coerente pela agressividade, coerente porque é lento e porque parece um Mangala mais alto e magro. Tem a vantagem de ser jogador “da casa” que dá muito jeito para compôr plantéis para a UEFA, mas não creio que venha a ser opção para titular a curto-prazo. Squad-player, through and through. Quiño também, passando a grande maioria da época nos Bs, não entrou mal quando foi chamado mas nunca conseguiu ser sequer uma sombra para Alex Sandro e perdeu inclusivamente o lugar para Mangala em várias circunstâncias. Talvez para o ano, rapaz.

Não me quero esquecer de Otamendi, porque seria uma injustiça. Várias paragens cerebrais durante o ano não mancham o que foi uma época excelente do argentino, à volta do qual foram rodando os restantes elementos daquela zona. Ota soube pegar no lugar desde que chegou no Verão de 2010 e este ano foi mais uma vez a rocha defensiva. A menor produção ofensiva foi contrariada com consecutivas e excelentes prestações defensivas em que mostrou que nem sempre os mais vistosos são os mais influentes. Atrás de um Mangala que voa por cima dos adversários, há um Nico que comanda os colegas, que manda no eixo e que raspa a relva com um sorriso nos lábios.

Com estes dois, Maicon pouco pôde fazer. Entrou muito bem, com rótulo de marcador de livres ainda desde a pré-temporada que perdeu a cola poucas semanas depois de começar a temporada. E lesionou-se em casa contra o Marítimo (que para lá do 5-0 também perdemos Fernando e Helton) para nunca mais recuperar em pleno a posição. Teve um momento horrível quando foi assobiado em pleno Dragão durante o mal-conseguido jogo contra o Rio Ave. Na altura disse: Ouviam-se gritos quando Maicon tocava no esférico, assobios quando demorava mais de dois segundos com a bola nos pés (muito embora raramente tivesse uma linha de passe decente), insultos quando o rapaz fazia algo que fosse contra o que as pessoas gostavam. É assim que querem apoiar os vossos jogadores? Quando as coisas estão a correr mal e vêem que um dos jogadores que conhecem há quatro anos, que já nos deu troféus atrás de troféus, que marcou o golo que deu a vitória na Luz no ano passado…quando vêem que esse rapaz, que perdeu a titularidade depois de uma lesão, está a ter um mau momento…o que optam por fazer é insultá-lo!? Nunca vou perceber este tipo de atitudes de alguma gente, palavra.. Não retiro um pixel.

Passemos aos Baronis. Um para Rolando, que preferiu sair por uma porta pequenina, no fundo de uma parede pequenina…e que desapareceu da minha mente ao ponto de ter chegado a pensar que tínhamos apenas quatro centrais desde o início do ano enquanto pensava neste artigo. Rolando escolheu o caminho que decidiu trilhar e não censurarei ninguém dentro do clube se o puserem a treinar sozinho. No Parque da Cidade. À noite. Mas agora para o Baroni da época. Danilo. Sim, vou por aí.

Danilo foi uma decepção. Quem me lê sabe que sou um gajo para dar oportunidades a todos os jogadores para mostrarem o que valem em todas as posições, em vários esquemas tácticos, com as nuances de cada competição a pesarem na minha noção sobre a valia do jogador. E Danilo esteve abaixo da média em todos os vectores que me posso lembrar de o pesar. Danilo mostrou durante toda a temporada o porquê de ser um jogador que sofre a contestação dos adeptos baseada em grande parte no valor pelo qual foi comprado. E o problema foi mesmo esse, o valor que lhe subiu a cotação e que colocou um rótulo que ainda não conseguiu sacudir. E vê-se em campo, porque mostra uma indolência que não acredito seja devida apenas ao espírito do jogador. Danilo não acredita que possa render na lateral-direita o mesmo que poderia render no centro do terreno e nota-se pela forma como tende com uma precisão de um relógio de césio para o centro do terreno, valendo-se do seu pé mais fraco para poder deambular por zonas onde se sente melhor e mostra mais produtividade. E falta sempre qualquer coisa, na corrida, na intercepção, no momento certo e na altura certa…Danilo falha mais do que acerta. Tem de reabilitar a sua imagem perante os adeptos, perante aqueles que o apoiam até ao ponto que vêem que nunca desiste, que nunca baixa os braços. E viram-se esses momentos a acontecer vezes demais durante a época.

O quadro-resumo dos defesas fica abaixo:

ABDOULAYE: BAÍA (por pouco)
ALEX SANDRO: BAÍA
DANILO: BARONI
MAICON: BAÍA
MANGALA: BAÍA
OTAMENDI: BAÍA
QUIÑO: BAÍA
ROLANDO: BARONI

PS: uma pequena adenda para Miguel Lopes, porque a sua ausência aqui da lista me foi chamada à atenção e com toda a razão. Miguel Lopes, lateral direito de raiz, não conseguiu sacar o lugar a um homem inadaptado à posição. ainda tentou, mas nunca consegui ver nele mais que um suplente glorificado. Esforçado, sem dúvida, mas demasiadamente incerto para ser titular. Fez um bom jogo em Vila do Conde, mas pouco mais.

MIGUEL LOPES: BARONI

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Baías e Baronis 2012/2013 – Os guarda-redes

Helton é uma personagem. Vai de viola às costas nos estágios como um puto no secundário, faz gestos constantes de apoio e agradecimento para com os adeptos, é baterista numa banda e finta avançados. E estas personagens trazem um sal extra a este maravilhoso mundo da bola, como uma travessa de espargos a acompanhar um prato de caça. São os pormenores do jogo com os pés, a facilidade com que lida com uma pressão mais intensa de um ou outro adversário mas acima de tudo a calma que mostra quando coordena uma defesa que parece ficar mais nova à medida que ele fica mais velho. E a PDI ainda não lhe começou a afectar os reflexos nem o julgamento, porque está mais experiente que nenhum outro no plantel (só ele é responsável por aumentar a média de idades do grupo aí uns dois ou três anos…) e mostra-o em campo, quando impõe a disciplina defensiva nos colegas, com graus variáveis de eficácia mas sempre com a convicção que é o dono daquela zona recuada. E Fabiano, que já mostrou ter bons instintos, excelente elasticidade e presença na baliza (ainda tem de melhorar o jogo com os pés, especialmente tendo em conta o padrão do “puto” que está à frente dele na ordem natural de escolha), vai ter de esperar pela reforma ou pela viagem de regresso ao Vasco da Gama, que parece não estar marcada para 2013. Helton foi Helton durante toda a temporada. Brincalhão, tranquilo, seguro. Não posso pedir mais a um guarda-redes.

HELTON: BAÍA
FABIANO: BAÍA

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Vectores do potencial insucesso: psicológico

Este é o que creio ser o mais importante e menos fácil de resolver de todos os problemas que podemos encontrar na equipa do FC Porto 2012/2013, independentemente de virem ou não a ter o sucesso que todos esperamos possa ainda surgir. Não me lembro de ver um onze portista tão desanimado em jogo como nos últimos tempos. Os rapazes parecem-me tristes, infelizes, com pouca vontade de jogar, de levar a água ao proverbial moínho com a velocidade e o ritmo que grande parte dos jogos assim obrigam. E não consigo interpretar o que se vai passando pela cabeça dos moços só de uma forma, porque não consigo vê-los só como mercenários (porque lhes tenho respeito) ou apenas como miúdos sem experiência (até porque não são). Mas o que se passa?

Há uma espécie de desânimo precoce que se apodera da equipa e que os faz quase desistir depois de meia-dúzia de infortúnios. Começamos logo pela aparente ausência de critério no passe depois de várias jogadas sem que consigamos um remate ou uma incursão perigosa pela área. Cedo, cedo demais se começa com passes longos para as alas, sem que o apoio do lateral esteja pronto a chegar ou os médios correctamente posicionados. Muitas vezes se vê Jackson a receber a bola de costas, sem linha de passe que tenha uma remota possibilidade de sucesso, obrigando-o a descer até zonas impróprias para um jogador da sua habitual posição. Movimentação mais curta no meio-campo leva a que os laterais subam por vezes em demasia, fazendo com que uma perda de bola se torne numa chatice para a zona recuada, que naturalmente inclinada para o ataque se vê à rasca para defender em condições.

Não há melhor imagem que a de Danilo, que falha os simples passes que deveriam arrancar uma jogada ofensiva de uma forma…quase ofensiva para os adeptos. Da próxima vez que tal acontecer (e acreditem em mim, vai haver uma próxima vez), reparem na expressão corporal do homem. Desânimo, frustração, que se traduzem no baixar de braços, no abanar da cabeça e na corrida lenta para trás, como que se tivesse já desistido de continuar a dar o contributo à equipa. E Danilo é só um exemplo do que vejo em Varela ou em James, em Otamendi ou até em elementos com mais experiência como Lucho ou Helton, que em alturas pivotais no decorrer de uma partida parecem cair numa profunda fenda e ficam a moer sozinhos, como um “emo” depois de uma bem sucedida tarde passada perto de tantas oh tantas lâminas.

E isto é que não compreendo. Não foi esta a equipa que por duas vezes esteve a vencer na Luz e que, deixando-se empatar depois de cada golo, nunca perdeu o Norte e continuou a apontar para a vitória? Não foi esta equipa que incapaz de porfiar contra o Paris Saint-Germain, continuou até ao fim à procura do golo da vitória? Não digo para terem o mesmo comportamento dos “alumni” de 2009/2010 e daquela vergonhosa (sim, é esse o termo) final da Taça da Liga, onde a frustração de uma derrota inequívoca contra o Benfica levou a que meia-equipa começasse a dar pancada no adversário, com o próprio capitão a encabeçar as tropas. Aliás, grande parte dessa temporada foi passada à patada e ao murro, o que em nada ajudou na caminhada para um terceiro lugar que a única coisa boa que trouxe para o clube foi a presença na Europa League no ano seguinte, que viríamos a ganhar. Mas pelo menos nessa altura via-se um lampejo de orgulho, uma reacção a quente de uma equipa que há muito não sabia perder e que encarou essa derrota da pior maneira possível. Nessa época perdemos, e perdemos bem, mas no meio da rebaldaria que se tinha tornado o balneário e a desorganização colectiva, ao menos via-se alguma mágoa por estar a ser derrotado em campo e fora dele. Este ano, só vejo resignação. Na cara dos jogadores, do treinador, até de alguns adeptos. Não vejo espírito de luta, de garra, de afirmarem que são melhores porque são de facto melhores e provarem-no dentro do relvado. Vejo muitos braços caídos e são essas manifestações de desinteresse que deixam um sócio estupefacto e a pedir melhores momentos.

E francamente, é a faceta negativa de Vitor Pereira. Uma espécie de anti-Adriaanse, que se parece dar bem com todos os “seus” jogadores, mas que é incapaz de os motivar a jogar a um nível alto em todos os jogos. Mas estico-me, e isso são contas para outra altura, corra bem ou corra mal até ao final do campeonato. Agora…só precisava que alguém arranjasse uma injecção de moral para os nossos rapazes. Deus sabe que precisávamos bem dela neste momento.

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