Um curto desvio

Já não falo do Benfica há que tempos e acreditem quando vos digo que não tenho sentido falta de o fazer. Há muito mais sumo no FC Porto e é aí que tento focar as minhas energias para produtivo em prol do meu clube, por isso deixo o Benfica-slamming para outros que têm mais talento e pachorra para isso que eu. Mas fica um pequeno apontamento sobre as eleições presidenciais que hoje se realizam, na forma de um infografismo retirado do site oficial da campanha de Vieira e que me chegou aos olhos porque leio regularmente o “Ontem Vi-te no Estádio da Luz“, e que espelha bem a diferença entre Vieira e os presidentes anteriores a ele:

Façamos apenas uma pequena comparação entre Vieira e Pinto da Costa quanto ao palmarés no futebol:

  • Campeonato Nacional: 8
  • Taça de Portugal: 5
  • Supertaça Cândido de Oliveira: 7
  • Liga dos Campeões: 1
  • Liga Europa (ou antiga Taça UEFA): 2
  • Taça Intercontinental: 1
Nas modalidades:
  • Andebol: 13
  • Basquetebol: 13
  • Bilhar: 45
  • Boxe: 4
  • Hóquei em Patins: 19
  • Natação: 8

Ao todo dá a bela soma de mais que muitos. Sem futsal nem voleibol. E se nos focarmos só no futebol para simplificar as coisas, é fácil perceber que as vitórias em campeonatos equivalem a todos os títulos que o Benfica conseguiu no futebol nos últimos 18 anos. Ou que vencemos tantas Ligas Europas como o Benfica venceu Ligas Portuguesas. E por aí fora.

E logo à noite, por entre o mediatismo bacoco e as palmadinhas nas costas que toda a imprensa vai projectar na eleição mais entediante que me lembro naquele clube, vamos continuar a ver Vieira à frente do Benfica. Ainda bem.

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Perfeito

Públicas virtudes, pecados privados. Por causa de mais um caso em que o futebol português é, infelizmente, pródigo, o carro de um dirigente foi atingido por pedras lançadas não se sabe por quem. Lamentável. Condenável. Desta vez e de todas as outras em que aconteceu. Mas não mais desta vez do que noutras.

Apesar de tudo, o FC Porto saúda o ministro Rui Pereira, que menos de 12 horas depois do incidente já o estava a condenar publicamente e a anunciar ser “implacável neste tipo de situações”. Pena o silêncio ensurdecedor a que se remeteu quando o carro do presidente do FC Porto foi igualmente atacado e atingido por pedras ao passar por baixo de um viaduto quando circulava na auto-estrada A5, a 24/01/2010.

Rui Pereira é ministro de Portugal, não é ministro de nenhum clube ou de nenhum grupo de adeptos. Como responsável pela Administração Interna tem a obrigação de cuidar para que todos os cidadãos circulem à vontade no país, como tem a obrigação de ordenar investigações igualmente implacáveis para situações similares. Fazê-lo só às vezes, é lamentável e só ilustra como não reúne as condições para ser ministro de Portugal.

Todos nós condenamos a violência. Ninguém no seu perfeito juízo deixa de o fazer. No FC Porto condenamos todo o tipo de violência e não aceitamos que outros gostem de se colocar em bicos de pé, como de paladinos pela paz. Condenar a violência é um axioma de qualquer sociedade, como condenar a fome, porque isso faz parte do nosso ser.

Também jamais aceitaremos que sistematicamente se procure associar o nome do FC Porto e dos seus adeptos a qualquer tipo de incidentes. Para o sr. ministro Rui Pereira e para toda a gente que parece não o querer entender, os adeptos do FC Porto são cidadãos como outros quaisquer, nem melhor nem pior do que qualquer outro português. Que nunca mais seja preciso explicar uma evidência tão grande.

É contra este caldo de cultura que o FC Porto sempre lutou e continuará a lutar. Um caldo de cultura que leva a Comunicação Social a não cumprir as mais elementares regras de tratamento idêntico para situações equivalentes. Basta observar as capas dos três jornais desportivos do dia 25/01/2010, em que o apedrejamento do carro do presidente do FC Porto mais não é do que um título em fundo de página em corpo pequeno, enquanto as edições de hoje dos mesmos três jornais, duas fazem manchete e o terceiro dedica-lhe uma das chamadas mais nobres, com direito a foto. Haja decoro.

A Bola 22 Março 2011

A Bola 25 Janeiro 2010

Record 22 Março 2011

Record 25 Janeiro 2010

O Jogo 22 Março 2011

O Jogo 25 Janeiro 2010

in fcporto.pt

Junto-me a todos os portistas coerentes e conscientes na condenação de mais um acto de violência gratuita. Mais um.
E não sei se foi da entrada de Francisco Marques para Director de Informação do FC Porto, mas este comunicado espelha na perfeição o que me passou pela cabeça mal vi as capas dos jornais de ontem. E dou comigo a concordar com ele muito por causa da tradicional forma como a imprensa minimiza o que não deve e se foca no que acha que deve. Mas para além disso, para além das culpas que atiramos de uns para os outros há tantos anos, há algo mais.

Ainda pior é este tipo de estrume em forma humana que acaba por criar nas mentes de todo o país uma imagem de nós aqui no Norte. Uma imagem de modernos neandertais, com iPhone numa mão e taço de baseball na outra, que procuram viadutos vazios para atirar pedras a alguém com quem não concordamos. E todos somos conotados com isso, como é normal neste mundo em que se toma o todo pela parte sem ligar a factos nem a opiniões e por muito que alguns de nós achem aberrante o que se tem passado, para alguns sectores da sociedade lusa estamos todos metidos no mesmo saco.

Um amigo (um bom amigo, que não vejo há mais tempo do que queria mas que continua a ser uma voz de boa consciência na minha cabeça e um contra-ponto quase perfeito às minhas loucuras) enviou-me um mail a criticar esta aberração. É uma guerra que ninguém ganha, diz ele. E diz bem. Porque se atirar pedras está transformado num lugar comum, não tarda nada deixa de ser notícia. E o mesmo para as bolas de golfe e os canivetes, para as facas e os bastões.

Não sei que mais possa dizer ou fazer para parar esta subida de mais um degrau violento. Tenho vergonha. Tenham vocês também.

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