É triste ser pequenino

Blá blá falta um ponta de lança a sério blá blá blá oportunidades falhadas blá blá blá defesa exageradamente recuada blá blá blá raios partam o azar nos ressaltos blá blá blá e o Varela que não acerta na baliza blá blá blá agora temos de ganhar os dois jogos blá blá blá azar da gaita com a bola à trave blá blá blá…e por aí fora, com o nacional-coitadismo do costume a puxar a alma ao povo com o remate do Pepe e o ressalto do Moutinho.

A verdade é que perdemos um jogo difícil contra uma equipa que enjoa de tão certinha. Raramente falham passes, não perdem a calma e parece que estão mortos para o jogo até que marcam. O Lineker tinha razão mas faltou-lhe o corolário. Jogam 11 contra 11 e no final ganha a Alemanha. E a equipa que joga contra eles fica fodida no fim e a maior parte das vezes só pode reclamar de si própria.

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Ouve lá ó Seleccionador – Alemanha

Caro Paulo,

Olá. Sou eu outra vez. Chegou o dia, homem. Vais ter alguns milhões de almas lusitanas a torcer pela sorte do Coentrão, pela força do Meireles, pelo talento do Ronaldo e pelas mãos do Patrício. E por muito que a selecção não entusiasme ninguém neste momento, vais ter o pessoal a torcer por ti. Muitos, não todos, mas talvez sejam os suficientes para te transmitir uma espécie de força invisível que te faça ganhar aos alemões. Reiki aparte, o que interessa é entrarem com força.

Porque tudo tem um certo limite, Paulo. E vocês que estão aí dentro tem a vossa parte de culpa no proverbial cartório mas nem toda. E vamos esquecer toda a parvoíce das últimas semanas, as entrevistas aos jornais, os passeios parvos pela cidade, os pequenos-almoços servidor nos quartos e o Nuno Luz. Esqueçam essa merda toda e foquem-se no jogo, concentrem-se na tarefa que têm nas mãos e arrumem com os boches como se fossem um exército americano no Verão de 1945.

Schweinsteiger é um nome parvo, Ozil parece um detergente, Lahm soa a uma nota musical e Gomez é o gajo da Família Addams. É assim que temos de os tratar, como eles nos fazem a nós. Com desprezo e olhando-lhes nos olhos…quando fisicamente possível, porque se puseres o João Pereira a micar os dentes do Mertesacker o mais provável é teres de o pôr às cavalitas do Miguel Veloso. O contrário é que não aconselho a não ser que queiras mudar de defesa-direito. De qualquer forma, convence-os que o jogo mais difícil é sempre o primeiro. Não decide nada, basta veres que em 1986 ganhamos no arranque e em 2004 perdemos no início. E as sortes foram bem diferentes.

Ainda assim, ganha. Faz do nosso um povo feliz, pelo menos durante umas horas. Nos outros dias temos álcool, a gente safa-se.

Sou quem sabes,
Jorge

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Falácias

Acompanhem-me neste raciocínio silogístico, um daqueles que lixava a cabeça aos burrinhos que se viram à rasca em Filosofia:

  • Todos os jogadores emprestados pelo FC Porto a outros clubes mas que mantém contrato connosco pertencem aos quadros do FC Porto.
  • Há dois convocados para o Euro que estão nestas condições.
  • Ergo, esses dois jogadores pertencem aos quadros do FC Porto.

Difícil de perceber? Não é, pois não? Então são capazes de me explicar como é que toda a gente diz que o FC Porto cede TRÊS jogadores à Selecção?!

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Futres e Folhas – Portugal 6 vs 2 Bósnia-Herzegovina

foto retirada de Record

Alguém me explique qual é a necessidade tão lusitana de apenas fazer os grandes esforços na ponta final, quando o risco é alto e as consequências mais graves? Ao longo desta fase de qualificação, desde o empate contra o Chipre até à última derrota contra a Dinamarca, em nenhum jogo nos tínhamos exibido a um nível como fizemos hoje na Luz. Queiroz ou Bento, Bosingwa ou Pereira, Carvalho ou Pepe…tanta tinta correu, tanta lágrima foi derramada…para chegar ao dia de hoje e fazer uma exibição que teve tanto de genial como de tranquila, calma, sem aparente nervosismo nem periclitância. Vencemos bem e vamos ao Europeu com mérito. Notas abaixo:

 

(+) Ronaldo Foi o capitão que precisávamos na altura mais importante. Já na Bósnia tinha sido um dos melhores em campo, a par de Pepe, e hoje esteve impecável desde o início do jogo. Quando Ronaldo está bem e joga com gosto, com dinamismo e com algum espaço, é um jogador quase imparável e hoje foi um Ronaldo no seu melhor, pouco complicativo, a jogar prático, simples, interessado e produtivo. Fez dois grandes golos, uma excelente exibição e acima de tudo fomentou sempre a união entre jogadores e público.

(+) Miguel Veloso Está melhor, o badocha. Ocupou muito bem os espaços e conseguiu servir de tampão atrás de Moutinho e Meireles para anular os ataques frontais dos bósnios, mas nunca deixou de pensar o jogo e de rodar a bola para horizontalizar o jogo quando era preciso. (Que foi, só o Freitas Lobo é que pode usar estes termos? Também tenho direito!) Ainda por cima marcou um excelente golo de livre directo. Parece que viver e trabalhar nas terras de Colombo está a fazer bem ao gorduchinho e Portugal só tem a ganhar com isso, porque quando há necessidade de um jogo mais posicional e com posse de bola, Miguel Veloso é melhor escolha que Meireles. Só fica a perder quando precisarmos de dar pancada no meio-campo…porque aí ninguém ganha ao Pepe.

(+) Moutinho Um jogo muito acima da média exibicional que tem vindo a manter esta temporada no FC Porto, com passes a rasgar, luta no meio-campo, rotação de bola e acima de tudo a presença de um jogador que continuo a afirmar ser essencial tanto no clube como na selecção. Grande passe para o segundo golo de Ronaldo. Volta assim prá Invicta, rapaz!

(+) Agressividade defensiva À imagem do que tínhamos feito em Zenica, o jogo começou a ser ganho por Pepe e Bruno Alves, à força. As tácticas de strong-arm são aplicáveis em situações de perigo e nós fizemos exactamente o que era preciso. Espetar uma cotovelada na nuca do Dzeko é precisamente o que é necessário, ir ao contacto com tudo que é Pjanics e Misimovics, empurrá-los, saltar contra eles e neste caso devia valer tudo porque o prémio era alto. Porra, até podiam levar 50 mil cartazes do Milosevic para ver se os bósnios tremiam, carago! Gostei de ver e gostava de ter visto esta mentalidade no resto da qualificação.

(+) Golo de Nani Em duas palavras: espé tacular.

 

(-) Penalty de Coentrão Uma parvoíce. Não sei se o Fábio ainda está habituado à alcunha que ganhou aqui entre os não-benfiquistas, mas o salto com os braços no ar que “Caientrão” se lembrou de fazer dentro da área é incompreensível, independentemente da falta que lhe pode ou não ter sido feita. Já me tinha desabituado a ver o rapaz a saltar como um louco e a pedir faltas por qualquer coisinha que lhe acontecia, desde uma brisa mais forte ou a audácia do adversário em afastá-lo da luta pela bola com o ombro, mas algo naquele lance me fez regressar um ano ao passado. No resto do jogo esteve impecável, como de costume, a galgar a relva do flanco esquerdo como se estivesse atrás de um coelho com o tesouro de Sierra Madre, mas no lance do penalty baldou-se.

 

E pronto, lá vamos nós c’as malas todas pró leste. Seja na Polónia ou na Ucrânia que vamos acabar por jogar a primeira fase, é certo que vamos ter um Verão mais interessante com Portugal a jogar no Campeonato da Europa. Há razões para estarmos satisfeitos com a qualificação e hoje opto por não apelar ao cinismo e fazer aquele papel de parvinho ao dizer: “Força Selecção”. Até apoio o Paulo Bento, vejam lá…mas há e continuará a haver problemas que terão de ser resolvidos até chegarmos a Junho, porque este tipo de jogos nem sempre surgem e os níveis físicos e competitivos serão bem diferentes no arranque da competição e até lá temos muito tempo para observar, pensar e decidir pelas melhores escolhas. Ou no caso de Paulo Bento, pelas escolhas dele.

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Breves considerações sobre as Quinas

  • De uma vez por todas temos de chegar à conclusão que não somos tão bons quanto pensamos que somos. Ou melhor, quanto somos pressionados a pensar que somos. Na equipa principal há três jogadores que são titulares sem contestação: Ronaldo, Coentrão e Moutinho. Haveria quatro se Ricardo Carvalho ainda fosse seleccionável, o que deixou de ser depois da parvoíce do abandono do estágio. O resto dos rapazes são simpáticos, bons jogadores mas não extraordinários. Para um Rui Costa há um Carlos Martins ou um Ruben Micael, para um Figo há um Varela ou um Nani, para um Pauleta há um Postiga, um Nuno Gomes ou um Hugo Almeida. E para cada uma destas opções, podiam-se juntar todos que não chegavam aos tornozelos de cada um dos primeiros. Não é triste, não é infeliz, é apenas factual. E quanto mais depressa toda a gente perceber isso, mais depressa chegamos à conclusão que não podemos pensar em grandes voos, pelo menos não de uma forma consistente e coerente.
  • É inegável que a solução para o centro da defesa não pode passar por uma dupla Bruno Alves/Rolando. Se resultou no FCP em 2008/09 (a espaços), claramente não está a resultar na Selecção. Pode ser que com o tempo voltem a readquirir os hábitos um do outro, mas não me parece viável a curto prazo. Leva-nos a pensar que o principal prejudicado com a saída de Ricardo Carvalho é, no fundo, o país. E esse “caso”, que seria de tão fácil resolução ainda dentro do estágio, ganhe uma importância maior e dê mais razão ao jogador (que não teve) que ao treinador (que também não teve). No fundo, misturou-se impertinência com prepotência. E deu borrada, como sempre.
  • Sem um trinco “a sério”, considerando que nenhum dos extremos ajudam na defesa das alas, é impossível termos uma equipa estável e com garantias defensivas a um mínimo que se possa considerar decente para uma equipa que quer chegar a qualquer lado num Europeu. Lembram-se de André, Paulo Sousa, Petit ou Costinha? Onde está um rapaz desse calibre hoje em dia nas nossas convocatórias? Não há. Temos de arranjar um, nem que seja naturalizado. Sim, eu não quero saber se o gajo é Português-Figo ou Português-Obikwelu, desde que queira jogar com garra e orgulho.
  • Queiroz não conseguiu estar calado. Fica-lhe mal. É sempre ridículo ver alguém aparecer a clamar melhores competências depois do leite estar derramado. Por cortesia profissional devia ser solidário com Paulo Bento. E de qualquer maneira não pode dizer rigorosamente nada sobre o trabalho do seu sucessor, porque depois daquele empate a quatro golos com Chipre devia procurar o bunker onde Hitler bateu as bootens e enfiar-se lá dentro. Sem internet nem webcams.
  • Uma equipa que alinha com João Pereira e Eliseu como melhores opções para titulares nas laterais não pode aspirar a nada mais que um playoff. E estou a ser simpático.
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