Baías e Baronis – FC Porto vs CSKA Sofia

Foto retirada do MaisFutebol

Hoje o jogo pautou-se pela meia-dúzia. Meia-dúzia de graus de temperatura. Meia-dúzia de adeptos contrários. Meia-dúzia de vezes que gritei: “Oh Souza, passa a bola rápido!”. Meia-dúzia de oportunidades de golo bem criadas e ainda melhor falhadas. Meia-dúzia de lapadas no focinho que o Maicon devia apanhar. E por aí fora. Foi um jogo simpático, calmo e sem levantar grandes questões, onde Villas-Boas experimentou um sistema táctico novo e onde descobriu que pode jogar com a formação do costume, que tendo James em campo pode sempre adaptar o futebol para outro modelo sem precisar de mudar grande coisa. Gostei muito do puto mas acima de tudo gostei da forma como a equipa correu quando foi preciso e soube descansar nas alturas em que as coisas não correram tão bem. Acima de tudo foi mais uma vitória, um bom triunfo a fechar o ano no Dragão, onde se perspectivam bons confrontos nos primeiros meses de 2011. Venham de lá essas notas:

(+) James Rodriguez  Se dúvidas houvesse depois do jogo contra o Juventude de Évora, dissiparam-se hoje. James (ou Rámés, como quiserem) sabe jogar à bola e mostrou-o hoje mais uma vez. Versátil quanto baste, pode jogar encostado à esquerda ou no meio, e compreendi hoje porque lhe chamam “El Bandido”, tal foi a forma como aparecia e desaparecia do jogo quando lhe apetecia, surgindo pronto a receber a bola para criar jogadas de perigo para o adversário. Bom tecnicamente, sabe rematar e acima de tudo joga de cabeça levantada. Precisa de, como se diz aqui no Norte, “botar corpo” para poder lutar contra defesas mais rijos. Temos homem.

(+) Fucile  O melhor em campo a par de James. Com o 4-4-2 que Villas-Boas pôs em campo, os laterais teriam um papel ainda mais preponderante na criação de jogadas ofensivas, não fazendo o overlap do costume mas tomando eles próprios a iniciativa de romper pela defesa contrária. Fucile fê-lo durante todo o jogo e quase sempre bem, com a garra que todos lhe conhecemos e a mostrar-se mais parecido com o Fucile da selecção do Uruguai no Mundial’2010 do que o Fucile do FC Porto 2009/2010.

(+) Otamendi  Estou a gostar deste fulano. É rijo o suficiente e não se intimida com nenhum adversário que lhe calhe na rifa. Cortes milimétricos efectuados com precisão e muita técnica, foi o companheiro que Maicon precisava para suportar o chorrilho de disparates que o brasileiro hoje protagonizou. Marcou um golo com alguma sorte mas acima de tudo esteve sempre em bom nível na defesa.

(+) Ruben Micael  Melhor, muito melhor que no passado Sábado, mais solto, mais prático e mais confiante no que sabe e pode fazer. Mais um golo na Europa e principalmente a garantia que pode ser opção segura para o meio-campo. Infelizmente parece estar mais talhado para jogar no lugar de Moutinho do que como alternativa a Belluschi, tendo em conta a forma pausada como pensa o jogo, o que levaria a que o sistema pudesse mudar um pouco. Como Belluschi (jogo fraquinho) rompe mais pelas defesas e joga muito melhor com Moutinho ao lado do que com Ruben…vai ser difícil ao madeirense ser titular a curto prazo.

(+) M’Bolhi  Fez algumas defesas apertadas mas acima de tudo esteve sempre bastante seguro na baliza, bem posicionado e sem inventar. Foi por culpa dele (e da pouca força da maioria dos treze remates que fizemos) que o jogo acabou com apenas três golos na nossa conta. O penalty foi relativamente fácil de agarrar mas ainda assim é meritória a calma com que enfrentou o nosso Radamel.

(-) Mais um penalty falhado  Percebi que havia a intenção de permitir a Falcao marcar um golo por forma a consolidar a liderança nos melhores marcadores da Europa League. Ainda percebo mais porque a forma como sacou o penalty foi inteligente e Falcao merecia ser ele a marcar. O que não percebo é como é que ainda ninguém ensinou a Falcao como marcar um penalty em condições. O guarda-redes não defendeu: apenas se deixou cair. Já são muitos penalties falhados e se neste jogo não interessou muito, noutros pode ser a diferença entre qualificação e eliminação.

(-) Maicon  É uma frustração ver um rapaz com talento e que habitualmente transmite segurança aos colegas e aos adeptos a brincar desta maneira e a ter desconcentrações como as que Maicon teve hoje. Para lá do lance do golo onde foi inacreditavelmente displicente, esteve muito mal em mais alguns lances, perdendo a bola para o adversário directo ou pondo Helton em perigo com atrasos absurdos. Mais para o fim era notório o desconforto com o que tinha feito, quando nem sequer tentava controlar o lance, limitando-se a enviar a bola para fora sem pensar duas vezes. Custa fazer parvoíces e tomar noção do que se fez, não é, rapaz? Ao menos isso, que aprenda com os erros e deixe de os fazer de uma forma que parece deliberada, porque está a perder o estado de graça com os adeptos…e depois é uma chatice para o recuperar.

(-) Souza  Definitivamente não é trinco. Cometeu os mesmos erros que Guarín fez quando começou a jogar naquela posição (que agora parece ter corrigido), guardando a bola em demasia, procurando fintar os adversários que encontrava em vez de jogar simples e prático para o colega mais próximo. Perdeu várias bolas e pareceu totalmente fora do jogo em algumas alturas, falhando no tempo de salto, no posicionamento e na rotação de bola. Guarín está muito acima de Souza na luta pelo lugar com Fernando. Porra que isto até custa a dizer.

Só volto ao Dragão em 2011. É pena porque estou a gostar de ver este FC Porto a jogar. Alguns dos rapazes que ano passado andaram em muitos jogos como perfeitos imbecis a actuar com medo da própria sombra parecem ter recuperado a garra e a inteligência e estão com confiança para mostrarem o que valem. O FC Porto sabe quando acelerar, sabe travar, sabe romper e sabe descansar. Uma prova de fogo na Europa League precisa-se, porque podemos ser candidatos a vencer este troféu outra vez. Espero pelo sorteio na 6a feira para me decidir se estou a ser optimista em demasia…

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Ouve lá ó Mister – CSKA Sófia

André, ???????!

Podes pensar que este jogo não interessa nem ao Menino Jesus, ele que estará brevemente prostrado nas proverbiais palhinhas e deve preferir ver a Casa dos Segredos a assistir a mais um confronto luso-búlgaro, novamente no mesmo dia de outro semelhante mas entre duas equipas de estatuto mais parecido. Mas para mim interessa e muito.

É fácil perceber porquê. É o último jogo do ano no Dragão, a uma semaninha do Natal, e queremos que a nossa árvore seja banhada a ouro e incenso (a mirra dispensa-se), não a lágrimas e lamúrias. ‘Tis the season to be jolly, por isso vamos saudar os búlgaros numa saída honrosa da Óroliga com garra e deixar uma boa recordação aos adeptos que só para o próximo ano voltarão a pisar aquela maravilha da arquitectura.

É verdade que faltam alguns rapazes importantes e que te apetece experimentar mais um bocadinho. Não te censuro. Se fosse a ti até descansava o Moutinho porque o jogo de Domingo em Paços vai ser tramado. Que tal Otamendi na rectaguarda, Castro e Ruben no meio e James à esquerda? O puto tem de confirmar o que fez no jogo da Taça senão vai ser sempre apontado a dedo que só serve para jogar contra equipas pequenas e já que devemos ficar sem ele em Janeiro era boa malha pôres o catraio a correr. Mas cuidado, este CSKA é de Sófia e não de Moscovo, mas não quer dizer que não nos lixe o que pode ser uma boa quarta-feira europeia. E que saudades temos todos das quartas-feiras europeias, André…

Sou quem sabes,
Jorge

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Jovens promessas

Um dos sites que costumo visitar regularmente é o Academia de Talentos. Não sou um habituée dos jogos dos nossos escalões de formação, longe disso, e exactamente por isso habituei-me a confiar nas análises e comentários dos autores sobre os talentos que vão despontando no panorama nacional. Ficam alguns perfis que surgiram no site sobre os nossos jovens pupilos dos juniores que poderão no futuro vestir a camisola da equipa principal…e por isso interessará a todos os portistas saber quem será o futuro Baía ou Domingos ou João Pinto…ou não.

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Um Guarín renovado?

Há uma tradição de mal-amados no mundo do futebol e o FC Porto não foge à regra. Há tantos anos que os vejo a derrapar na relva, a escorregar quando em vez de atrasar a bola para o guarda-redes a colocam directamente no caminho do incauto e sortudo avançado, a centrar para a bancada ou a rematar ao poste quando a baliza está deserta. Alguns rapazes simplesmente não caem no goto do povo. Azares, dirão alguns, inépcia, reclamarão outros.

Guarín é só mais um numa longa lista onde figuram nomes como Secretário, Folha, Chippo, Esquerdinha, Chaínho, Soderstrom, Pena, Jankauskas e mais recentemente Marek Cech, Farías ou Mariano (sim, e há muitos outros que podiam entrar na lista…), todos eles rapazes que se esforçavam para serem ídolos de massas, esperneando como porcos na fila para o matadouro a tentar marcar a diferença pela positiva, quando boa parte das vezes as coisas não saíam como queriam.

O meu colombiano preferido depois de Falcao (e talvez James…e definitivamente Valderrama) está em plena ascensão. Ocupando a vaga deixada livre pela lesão de Fernando, Guarín tem beneficiado da táctica “rotativa” no meio-campo de Villas-Boas, que dá mais liberdade aos médios quando a equipa está com a bola, obrigando-os a saírem da posição que ocupam em situação defensiva e a trocar de lugar com os colegas (assim à Barcelona ma non troppo), o que parece estar a agradar ao louco Fredy que já não precisa de estar tão estático na posição 6, função em que não funcionou muito bem nos dois anos em que cá esteve.

Hoje em dia, Guarín parece menos “louco”, mais prático e a jogar simples, usando a força que tem para impôr respeito mas tem abdicado das correrias doentias pelo campo fora, galgando e calcando relva, bolas, botas e tudo o que aparecesse pela frente, só para perder a bola no final da jogada demente que tinha iniciado. Critiquei-o já imenso no passado e continuá-lo-ei a criticar se voltar aos mesmos erros que cometia, mas pareço ver um novo Guarín que pode dar muito jeito nalgumas circunstâncias.

Guarín, como todos os homens mal-amados antes dele, merece a minha crítica e o meu respeito. Às vezes mais um que outro…

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