Baías e Baronis – FCP vs Sporting


(foto retirada do MaisFutebol)

Já há muito tempo não saía do Dragão com um sorriso tão rasgado. Há meses que não ganhávamos de uma forma tão convincente, jogando um futebol vivo, agressivo e prático, com trocas de bola rápidas e bem orientadas, com gente que sabia ou parecia saber o que fazia em campo, de tal forma que demolimos uma equipa que não é tão má quanto aparenta. Os pobres sportinguistas que foram ver o jogo saíram vergados a uma derrota pela mesma diferença que nós, na época transacta, sofremos em Alvalade para a outra Taça. E não se podem queixar de nada a não ser deles próprios e do azar que tiveram em apanhar a melhor exibição da temporada do FC Porto. To the notes:

BAÍAS
(+) Falcao. É inegável que está em grande forma, mas o que mais impressiona é a maneira como continuamente marca golos em diversas situações, desta vez com um remate de fora da área (com a ajuda de Rui Patrício) e outro de ponta-de-lança, na finalização de mais uma excelente jogada de Ruben Micael. Mexe-se bem, controla bem a bola e é um perigo quando tem espaço. Parece ser lento nos movimentos mas é rápido a executar e a despachar-se dos defesas que tem constantemente à sua volta. Excelente.
(+) Vou comprar uma vergasta, está decidido. Quando Mariano faz um jogo destes depois da miséria que fez na Madeira, o mundo está um pouco torcido ou então a bracadeira de capitão tem poderes mágicos. Dá elevação sobrenatural a Bruno Alves e dá ânimo a Mariano. Ver o argentino como capitão do FC Porto já foi deveras peculiar, vê-lo a dar um nó enorme ao João Pereira entusiasmou, observar o remate que deu o 5º golo do ângulo que me foi possível, em linha recta para a baliza e ver a bola a entrar, foi genial. Mas o que mais impressiona neste fulano é o esforço que coloca em todas as jogadas. Acabou quase de gatas, sem mais para dar. Como já disse incontáveis vezes, Mariano é um lutador, um guerreiro. Se soubesse jogar à bola (pelo menos consistentemente) era um ídolo. Mariano, penitencio-me perante o gigantesco jogo que fizeste hoje. E se jogares assim no Domingo contra a Naval, escrevo uma crónica em forma de poesia sobre ti.
(+) O mesmo que disse sobre Mariano aplica-se a Maicon, apesar de uma forma não tão intensa. Maicon jogou simples, duro e bruto, sem inventar e a impedir que a sua lentidão se tornasse como um handicap para tentar deter Liedson. Não se notou que Bruno Alves estava de fora, o que creio ser suficiente para caracterizar a sua exibição. Evitável o “chega-para-lá” na segunda-parte, que poderia ter resultado na sua expulsão.
(+) Ruben Micael. Desde que Lucho saiu que não via isto ao vivo. É esperto, bom tecnicamente e eminentemente prático. Ainda um pouco indeciso quando chega muito perto da área, acaba por ser exactamente o que precisávamos para recuperar as famosas transições defesa/ataque. Entendeu-se bem com Fernando e Belluschi, com quem formou o improvável meio-campo que demoliu por completo os oponentes na mesma zona. Assenta como uma luva na posição que ocupa, resta saber se Jesualdo o irá mudar para o lugar de Belluschi quando Meireles estiver em condições.
(+) A agressividade que colocamos em campo durante o jogo foi muito acima da média e era algo que os adeptos pareciam já ter esquecido, tal era a forma passiva com que vinha a exibir-se. Já na Madeira tínhamos arrancado uma boa exibição (contra 10, certo) através da pressão no meio-campo, e hoje confirmou-se uma maior disponibilidade física e acima de tudo mental para o fazer. Gostei de ver e espero que a equipa aguente a enorme carga que vai ter de suportar durante o mês de Fevereiro.
BARONIS
(-) Sporting. Para uma equipa fazer um super-jogo, normalmente a outra equipa realiza um sub-jogo. Foi isso que aconteceu com o Sporting. Raramente se entenderam do meio-campo para a frente, limitando-se a enviar bolas longas para Saleiro ou Liedson que raramente causaram perigo à muito atenta defesa do FC Porto. Moutinho esteve trabalhador mas…inconsequente. Veloso esteve atento mas…inconsequente. Izmailov foi talvez o único que causou perigo enquanto aguentou das pernas, marcou um belo golo mas não chegava. Era Marat mais nove, porque Rui Patrício esteve a dormir o jogo todo, Grimi esteve a besta do costume, agressivo em demasia quando nada o exige e macio quando é preciso ser rijo. Foi uma das equipas do Sporting mais desgarradas que me lembro de ver ao vivo.
(-) Fucile. Facilita. Brinca. Perde a bola. Golo do adversário. Não é a primeira vez e infelizmente não será a última. Dá vontade de lhe dar dois bananos no focinho sempre que começa com as tradicionais infantilidades que enervam os adeptos e colocam a equipa e o resultado em risco.
(-) Voltamos a cair nos mesmos erros e no mesmo enervante e absurdo relaxamento depois de marcar um golo. Felizmente contámos com uma equipa fraquíssima do outro lado que para lá do golo que marcou nunca mais conseguiu conter o renascimento do FC Porto, mas é recorrente ver a equipa a recuar depois de se colocar em vantagem. Se a outra equipa desse mais luta teria havido muito mais dificuldades para recuperar a diferença no marcador.
Duas cadeiras do meu lado direito estavam três adeptos sportinguistas. Pai e dois filhos. Saíram 5 minutos antes do final da partida, desejando boa noite aos portistas perto dos quais se sentaram e com quem durante o jogo estiveram a trocar algumas impressões. Só nesse momento me apercebi que apoiavam o outro lado. Raramente se manifestavam, mantinham a c
abeça para baixo e suspiravam imenso durante o jogo. Ao contrário, os meus habituais colegas de bancada exultavam com a fugaz glória de uma exibição que nos encheu de alegria. Só peço uma coisa aos rapazes de azul-e-branco: por favor, mas por favor não vão perder a Alvalade daqui a umas semanas. Seria uma facada nas nossas aspirações e uma vingança saborosa para os leões. E pelo que vi hoje, custava-me ainda mais hipotecar as nossas chances na Liga às mãos de uma equipa tão fraca…
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Segunda metade


Vejam lá como fica o plantel para a segunda parte da temporada:

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Helton
Beto
Nuno
——-
Fucile
Miguel Lopes
Álvaro Pereira
David Addy
Bruno Alves
Maicon
Rolando
Nuno André Coelho
——-
Fernando
Tomás Costa
Guarín
Belluschi
Valeri
Ruben Micael
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Cristián Rodríguez
Mariano González
Falcao
Varela
Farías
Orlando Sá
Entradas:
David Addy (ex Randers FC, Dinamarca)
Ruben Micael (ex-Nacional da Madeira)
Saídas:
Hulk (castigado ad-aeternum)
Sapunaru (castigado ad-aeternum e consequentemente emprestado ao Rapid Bucareste)
Prediger (emprestado ao Boca Juniors da Argentina)
Analisando sector a sector, na baliza tudo na mesma, e em termos defensivos temos uma substituição que muda um pouco a filosofia que havia em termos de alternativas adaptadas. Passo a explicar. Sapunaru funcionaria como lateral direito em situação natural, podendo ser usado como defesa-central quando fosse necessário. Miguel Lopes e Fucile funcionavam como defesas laterais, tanto esquerdos como direitos, e até Tomás Costa, Rodríguez ou Mariano podiam funcionar como alas recuados, dependendo do jogo e da estratégia. A defesa reestrutura-se com a saída de Sapunaru e a entrada de Addy, que para além de ter um nome que parece um alentejano a dizer “somar” em inglês, é totalmente desconhecido cá na urbe.
Para o meio-campo chegou talvez o elemento que será mais importante, tão fraca tem sido a prestação nessa zona do terreno dos rapazes que a povoam. Ruben já fez mais em dois jogos que Guarín em toda a época e Belluschi parece poder jogar ao lado do madeirense, tendo dado boas indicações na Choupana. Meireles e Fernando poderiam ocupar os outros pontos de um novo 4-4-2, ou até num extremo 4-2-2-2, com maior abertura para os flancos e mais cobertura no meio do terreno. Mariano e Rodríguez seriam jokers, jogando onde Jesualdo lhe aprouvesse. Na frente, nada de novo, depois de tudo ter parecido diferente. Kléber chegou e zarpou de novo, Farías foi-se e voltou outra vez. Se Lavoisier fosse vivo, apostava que Farías se transformava. Como o químico francês já está convertido em estrume há algum tempo, refuto a sua teoria. Farías não se transformará em nada, vai continuar a ser o mesmo Ernestinho do costume, a marcar os golos fáceis e a complicar o que parece simples. Com Falcao certo no onze e Varela a rasgar tudo, restaria Orlando Sá para aproveitar alguns amontoamentos na área.
Parece-me curto, para além de fraco. Se dá uma caganeira ao Varela ou ao Falcao, toda a estratégia ofensiva cai por terra e ficamos com o moralizadíssimo Farías para marcar golaços como só ele sabe, municiado de forma magistral pelo génio que é Mariano “ai-que-lá-se-me-vai-a-bola-outra-vez” González.
Quando comparado com plantéis de anos transactos, fico a tentar descobrir alguma mais-valia e custa-me encontrá-la. Tínhamos Paulo Assunção, temos Fernando. Tínhamos Lucho, temos Ruben Micael. Tínhamos Lisandro, temos Falcao. Tínhamos Pepe, temos Bruno Alves. Tínhamos Cissokho, temos Álvaro. Tínhamos Alan, temos Varela. E só nestes dois últimos é que vejo melhorias…
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Votação: Ruben Micael ou Belluschi?


Ruben Micael está a mostrar serviço e parece querer assumir um papel na equipa principal, não se sabendo ainda qual é que esse papel vai ser. Quer a jogar na direita quer na esquerda do meio-campo, Ruben fez duas boas exibições e os adeptos esperam mais. Dado que poderá servir como alternativa a Belluschi, perguntei: um ou outro?
  • Ruben Micael: 70%
  • Belluschi: 29%
Aparentemente faltou-me a terceira opção: ambos. Pareceram entender-se bem na Choupana, e logo é possível que voltem a alinhar juntos. É o que dá espetar inquéritos no blog às 2 da manhã…
Próxima votação: Vale a pena receber Farías de volta?
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E agora sai este…

(foto retirada d’A Bola)
Mais que o Kléber ou o Farías ou o novo potencial reforço David Addy (ver aqui a notícia), preocupa-me mais a saída de Fernando Gomes da SAD por alegadamente discordar da política de gestão da mesma. Numa altura de grande crispação na opinião pública e um sentimento em geral anti-portista que está a reaparecer na sociedade, o facto de não conseguirmos apresentar uma frente unida mostra que há algo de errado dentro de portas. E isso aborrece-me mais que avançados gananciosos ou guarda-redes frangueiros.
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