Comparações

A curta entrevista com Tiago Machaísse que o Record hoje publica é notável. Tiago, o treinador que lançou o novo provável reforço do Sporting, Mexer (obrigado, Deus do futebol, por nos trazeres mais um nome em forma de verbo), a uma dada altura compara o jovem a um Frank de Boer…ou um Ricardo Rocha.

Quem ler na diagonal poderá cometer o lapso, perfeitamente racional, de não interpretar tal declaração como algo estranho, mas o que está dito, está dito. Proponho-me a outras comparações do género, assim como assim não podem ser mais díspares que aquela que Tiago Machaísse proferiu. Cá vão:
  • Mariano González assemelha-se a um Marc Overmars com o talento de um copo misturador;
  • Tomás Costa tem a capacidade de organização de um Hagi ou um Michael Thomas;
  • Ivica Kralj tem a elasticidade de um Higuita e os reflexos de um iaque;
Se se lembrarem de mais, sintam-se à vontade de colocar nos comentários. Este blog não reserva o direito de quase nada.
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Baías e Baronis – FCP vs Rio Ave


(foto retirada d’A Bola)

Não tive hipótese de ver o jogo ao vivo no Dragão porque me encontrava na altura aos saltos como um louco no Pavilhão Atlântico a ver os Muse (obrigado, foi excelente!) e apenas vi o jogo quando cheguei a casa, por volta das 3 da manhã, o que leva a que a minha percepção do que se passou em campo possa estar um pouco torcida. Ainda assim, vamos lá à escalpelização dos factos…e olhem que escrever isto direitinho com 3 horas de sono não é fácil. Onward:

BAÍAS
(+) Varela. É quase impossível não gostar do rapaz, especialmente quando pega na bola vindo de trás e arranca por lá fora, tentando não driblar muitos defesas mas sim passar por eles em velocidade. É rápido, é agressivo e é um jogador para ser titular, por muito que custe aos outros dois avançados que jogam nas alas, eles que também estão a subir de forma. Varela pode ser uma das pedras-chave para o regresso do nosso clube ao lugar que se espera meritório mas que, por agora, nos contentamos que seja apenas estatístico.
(+) Notei algo de diferente na equipa, particularmente após a entrada de Varela. Houve maior agressividade, maior empenho em cada um dos lances disputados e uma tentativa de fazer mais e melhor. Gostei de Hulk e de Rodríguez a lutarem pela bola, gostei de Meireles menos esticado no terreno e gostei de ver a equipa como um todo a rodar a bola cada vez mais em cima do adversário.
(+) Fucile esteve bem, apesar do penalty ter sido absurdamente marcado pelo árbitro. A forma como sobe desinibido pelo flanco dá muito apoio ao ataque, fazendo constantes overlaps de posição com Hulk e terminando as jogadas sempre em cima dos adversários. É este Fucile que queremos!!!
(+) Estou a começar a gostar de Beto. Ontem, com a relva molhada, a ser pressionado por constantes cruzamentos e remates traiçoeiros do Rio Ave, esteve impecável. Sem culpa no golo (onde andavam os centrais?), o nosso Pimparel esteve em todas, defendeu algumas complicadas e muitas simples, sempre a agarrar a bola com segurança e a lançar imediatamente o ataque…com certeza no envio da bola, não me lembro de o ver a fazer como Helton, que normalmente lança a bola com a mão para 50 metros longe da baliza…só para a bola ir para fora. É assim que um guarda-redes deve lançar os ataques, pelo chão, para os pés dos jogadores, tal como Baía fazia na era Mourinho.
BARONIS
(-) Chuva + vento + frio + Domingo + 20h15 = Pior assistência da época. Estavam à espera de quê?!
(-) Belluschi. Entrou muito bem em jogo, mas não me dá grande hipótese de louvar a capacidade técnica quando se afasta da partida durante tantos minutos e quando aparece acaba por falhar passes fáceis e não criar os desiquilíbrios que se esperam dele. Ainda não chega, miúdo.
(-) Fernando ontem foi o exemplo paradigmático das falhas técnicas da equipa. Finta quando não deve fintar, falha passes fáceis e só sabe jogar para o lado. Teve um mau jogo e espero que não volte a acontecer.
(-) Hesitei em dar um Baroni a Maicon e decidi que tenho de o fazer. O rapaz não esteve mal de todo mas é demasiadamente lento. Falhou um passe absurdo quando tentou mudar de flanco em frente a João Tomás (se não estou em erro, o que é possível) e quase dava o golo do avançado do Rio Ave. Mediano tecnicamente, esteve em falha no golo do adversário, bem como Bruno Alves. Não me venham dizer que é o Fucile que está responsável por marcar Tarantini. O rapaz bem saltou…
(-) Continua a mediocridade técnica. Com todo o respeito que Jesualdo me merece, se o treinador fosse Sir Bobby, no final das partidas lá iam todos de volta para o campo, o Rui Barros espalhava uns pinos pela relva fora e punham-se todos a tentar acertar nos mecos a 20 metros de distância. Quem falhasse tinha de dar uma volta ao campo a sprintar. Era ver o Fernando e o Álvaro a deitarem os bofes de fora ao fim de 15 minutos…ou seja, 15 voltas…
Como disse no início, ver o jogo na TV é diferente de o ver ao vivo, e por isso preferiria não embandeirar em arco e pensar que a equipa está a crescer de produção, apesar de ainda longe do desejável e exigível. Mas pode ser que (mais) este pequeno susto tenha ajudado…
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Votação: Sector a reforçar em Janeiro?


Tem sido uma época complicada. É normalmente nestas alturas em que se tenta ir ao mercado em Janeiro, por vezes criando entropia exagerada em equipas que até aí não conseguiram mostrar um futebol condizente mas por outro lado havendo a hipótese de ser equilibrar plantéis depauperados devido a lesões, castigos ou outras inconveniências. Assim sendo, e olhando para o nosso plantel, há alguma área que mereça ser reforçada no mercado de Inverno? As respostas dividiram-se assim:
  • Baliza: 0%
  • Defesa: 0%
  • Meio-campo: 83%
  • Ataque: 8%
  • Nenhum: 8%
Lá está, a malta parece confirmar aquilo que muita gente vê acontecer em campo, que se traduz na incapacidade do actual meio-campo de 3 pessoas para dar conta do recado de organizar jogo fluido e positivo, perdendo-se em campo, defendendo muito atrás e não apoiando convenientemente o ataque. Com Fernando muito colado aos centrais, Meireles em baixa de forma (com toda a gente esperando que os jogos pela Selecção e o mais recente frente ao Chelsea tenham servido como fonte de moral para o rapaz) e Belluschi apagado, equaciona-se a possibilidade de ir buscar um substituto para o argentino, já que creio que em termos de médios de cobertura estamos…cobertos. A palavra está do lado da SAD.
Próxima votação: De quem é a culpa da adaptação lenta de Prediger?
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Cabelos brancos


É um facto inegável que a maior pressão que se verifica dentro de uma equipa de futebol recai sobre o treinador. Os jogadores estão lá para fazerem o que se pede deles, mas acabam por obrigados, uns mais que outros, a seguir as indicações daquele que alguns apelidam com ternurenta simpatia de mister.

É também um facto estatístico, de acordo com um estudo feito pelos criadores do Football Manager, o arqui-famoso jogo de futebol onde o jogador encarna a personagem do líder da equipa, do balneário e até um certo ponto, do próprio clube, que os treinadores tendem a ver o seu cabelo adquirir um tom grisalho aproximadamente 312 semanas após tomarem as rédeas de um clube. E esta é que me lixou.
Como a minha própria capilaridade craniana é diminuta, relaciono-me pouco com os problemas dos outros. Sempre que vejo um anúncio a champôs com bifidus ou zinc-piritióne ou lá o que raio é que espetam no frasco para vender mais produto, estou-me nas proverbiais tintas. Mas este problema é de facto interessante. Ora se um treinador ao fim de 312 semanas (aproximadamente 6 anos) já nota algumas brancas, que problema se colocará aqueles treinadores que nem 312 dias estão ao comando das respectivas equipas? Aposto que anseiam por ganhar o agrisalhamento (isto existe?) do cabelo, ostentando-o como uma marca de sabedoria e experiência.
Uma coisa é certa: Jesualdo já tinha o cabelo branco quando chegou ao Porto. E o look salt-and-pepper que já teve está a ficar bem mais salgado que apimentado. É o que dá ter de aturar Quaresmas e Hulks…
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Baías e Baronis – FCP vs Chelsea

(foto retirada d’A Bola)


Não me custa perder contra o Chelsea. Dito isto, custa perder quando se vê uma equipa que até estava a fazer um jogo bem decente e acaba por, como de costume, facilitar sempre aquele bocadinho que permite à outra equipa marcar um golo, que chegou para vencer o jogo. Siga para notas:

BAÍAS
(+) Raúl Meireles está de volta. A sombra de Lucho parece ter passado e o agora número 3 está a voltar à forma que precisa de demonstrar para provar o porquê da titularidade no clube e na selecção. Com um jogo táctico acima da média, foi tudo o que Belluschi não conseguiu ser (ver abaixo o desancanço no argentino), passou a bola simples e com eficácia, sem inventar e a rodar quase sempre bem o jogo. Espero vê-lo mais vezes como vi hoje.

(+) Bruno Alves esteve também acima da média, coordenando uma defensiva que parecia um pouco mole mas que cresceu de intensidade à medida que o jogo ia decorrendo. Muito bem pelo ar e melhor nas intercepções aos cruzamentos, foi o patrão que precisávamos.

(+) Fernando esteve muito bem defensivamente, apenas pecando no passe para frente. Está com uma inteligência táctica cada vez maior, parecendo antecipar onde a bola vai cair para poder interceptar o esférico. Está a ficar um senhor jogador e estas exibições na Liga dos Campeões só o valorizam.

(+) A calma e controlo emocional na primeira parte (já que na segundo tempo as coisas complicaram-se, muito por culpa da falta de pernas) foram algo que não me lembro de ver este ano. Do outro lado estava “só” uma das melhores equipas do mundo, que troca a bola no meio-campo com uma facilidade que põe as outras equipas sempre em sentido, e não faz sentido estar a pressionar feitos loucos para perder a posição e abrir brechas enormes na defensiva. Daí o ponto positivo, que acaba por alicerçar uma boa primeira-parte.
(+) Anelka é um jogador de outro mundo. A maneira como domina a bola, como controla e protege o esférico, levantando a cabeça para ver onde estão os seus jogadores e os adversários, e a atitude semi-lenta com que está em campo, dando a falsa impressão que não causa perigo é assustadora. É um gosto ver estes gajos em campo, mesmo quando são da equipa adversária, e o francês é uma das razões pelas quais os jogos da Liga dos Campeões são completamente diferentes da Liga Sagres.
(+) A recepção a Deco (e numa menor escala, a Ricardo Carvalho) são algo que devem encher os portistas de orgulho. Não são muitos os que merecem ser acolhidos na nossa família, e poucos para além destes dois podem afirmar que vieram ao Estádio do Dragão e foram aplaudidos de pé. São duas das nossas grandes figuras e merecem a homenagem.

BARONIS

(-) Há algo que só consigo ver na equipa do FC Porto este ano: medo. A maior parte dos jogadores está em campo com um receio de perder a posição táctica no terreno, presos a uma estratégia habitual de contenção do adversário e que acaba por manietar a própria equipa. No ataque, principalmente, nota-se um espaçamento frustrante entre os homens da frente e os médios que deveriam dar um apoio mais próximo e servir como muletas para remates frontais e como os primeiros recuperadores de bola. Apenas Meireles (neste jogo, entenda-se) fez este papel, com Belluschi muito apagado e Fernando muito recuado, o que mostra exactamente como o nosso meio-campo está em sub-rendimento.

(-) Continuamos com um índice de passes falhados que me faz muita confusão. As coisas mais simples tornam-se complicadas quando não se consegue rodar a bola convenientemente a não ser que seja para o lado ou para trás. Quase sempre durante o jogo houve suspiros frustrados da bancada (e do banco, aposto) quando Fernando falhava um passe fácil, Belluschi tentava uma desmarcação com evidente força a mais ou Bruno Alves entrava na estupidez dos passes longos. Assim torna-se complicado.

(-) Pensava que a equipa já tinha ultrapassado esta forma ingénua de encarar os jogos europeus. Todos sabemos o dogma que refere a maneira mais permissiva dos árbitros da UEFA, onde nem todas as bichonices de faltas que cá são marcadas tem um paralelismo lá fora. Então pelo amor de Pinto da Costa digam-me o porquê da equipa entrar neste tipo de quedas forçadas, sem aguentar pressão física e a tentarem “sacar” aquelas faltinhas que era óbvio desde o primeiro minuto que o árbitro não iria marcar?! É verdade que o Chelsea tem mais corpo e mais inteligência para o usar, mas a forma como encaramos quase todos os lances foi ingénua e infantil, e custou-nos inúmeros lances de perigo.

(-) Em termos de jogadores, Belluschi esteve abaixo do que se espera, trapalhão e ineficaz na criação de jogadas ofensivas; Rolando está num mau momento e teve culpas no golo; Rodríguez continua lento;…mas consegue fazer mais que Hulk, desinspirado e sem inteligência para mais.
Foi bom enquanto conseguimos aguentar a disciplina e concentração, mas qual puto traquina acabamos por fazer cagada só porque sim. Não havia motivo para uma desagregação tal, e nem a entrada de Essien justifica tudo. O primeiro lugar já é impossível, e vamos jogar a primeira mão dos oitavos-de-final em casa, o que até pode ser bom…lembram-se de Manchester em 1997? Pois, eu também!
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