Camarada Sérgio,
Vou tentar não falar da bancada. Vou tentar não pensar na bancada quando estiver na bancada. E vou tentar acima de tudo focar-me na bola, no relvado e nos teus moços, enquanto pela enorme cabaça que suporto em cima dos ombros me vão passando imagens de lesões, castigos, mercado, facilitismos, tristezas, esperanças no futuro e broas de mel mornas. Um gajo tem de comer, que queres?
Não gosto de adversários que jogam de amarelo. Pá, não gosto, que queres? Mesmo quando o próprio FC Porto usa amarelo como cor alternativa, há um turn-off imediato que tento contrariar com graus variáveis de sucesso. E este Tondela, que ousa imiscuir-se na dominância cromática amarelo-verde do Paços de Ferreira, é uma equipa que devia falecer. Metaforicamente, claro. Devia descer de divisão e enfiar-se em posição fetal no meio do campeonato nacional de seniores, enquanto ia levando pontapés nos rins de um qualquer Atlético de Santaconense. É isto que lhes desejo, que comecem a espiral que os leve a serem escarnecidos em todo o país e apanhados a roubar esmolas da igreja e latas de atum do Banco Alimentar. E que leve, muito levemente, vão pedir dinheiro ao Benfica e até aí lhes fecharem as portas. É este o nível que eu desejo para este Tondela. E mais que isso, espero que vingues as injustiças atiradas para cima de ti e dos teus. Podes começar já hoje.
Sou quem sabes,
Jorge