Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Beira-Mar

Depois do jogo contra o Braga, disse: “são estes jogos, nas circunstâncias em que são disputados, com a relva nos dentes e os olhos raiados de vermelho-sangue, que fazem ou desfazem campeonatos”. Mas também são importantes os jogos em que o adversário é matreiro, agressivo sem a bola e rápido com ela. E a imagem que fica da primeira parte é de um FC Porto forte mas sem objectividade, com pouca rotação no meio-campo e aquela exasperante lentidão na troca de bola. Moutinho a falhar muitos passes, Otamendi…a ser fiel à imagem que tem de “louco”, Hulk a perder a bola, Janko trapalhão e James desparecido. Mas, pela enervésima vez, a segunda parte foi bem melhor e os primeiros vinte minutos foram de um nível completamente diferente, com a equipa solta, viva, dinâmica, com excelentes combinações, os laterais a brilhar, Hulk prático, Janko a marcar e até James a jogar e a criar jogo. Foi uma boa noite no Dragão. Vamos a notas:

 

(+) Hulk Dois golos e uma assistência não deixam margem para dúvidas: foi o jogador mais importante da partida. E para além do que produziu e será deixado para a posteridade em bases-de-dados por esse mundo fora, é a forma como é visto e continua a ser visto dentro da equipa e até pelos adeptos. Porque é o “go-to guy” da equipa e assume esse fardo como vi poucos a fazer. Talvez Quaresma, nas alturas em que lhe apetecia, mas nem sempre. Hulk perdeu pelo menos quatro bolas em tentativas de fintas e arranques pelas laterais. Perdeu as bolas limpas para o adversário directo, que saiu com a bola para a frente. Hulk, dessas quatro que me lembro, recuperou-as todas porque assumiu a culpa da jogada perdida, perseguiu o malandro que lhe tinha roubado o esférico e usando força e velocidade transformou uma jogada defensiva noutro ataque do FC Porto. Gostei ainda mais dessas quatro jogadas que dos dois golos.

(+) Sapunaru Mais um excelente jogo de Sapunaru, ele que está a ser um dos grandes nomes da segunda volta do FC Porto. Seguro a defender, afoito a atacar, parece andar em campo como um miúdo de vinte anos a tentar garantir um lugar na equipa principal, tal é o entusiasmo com que faz todo o flanco, apoiando Hulk ou James no ataque e aparecendo na área com uma vontade de marcar que raramente se vê num homem que já está estabelecido no plantel há anos. Está a ser um prazer vê-lo a jogar desta forma, tão diferente do que vimos dele no início da temporada. Se calhar anda a beber menos. Ou mais. De qualquer forma, o romeno é um jogador fundamental para o resto da temporada e nem o regresso de Danilo lhe deveria tirar o lugar.

(+) Alex Sandro Foi o primeiro “jogo” que vi de Alex Sandro e gostei muito do que vi. Não parecia o tolinho distraído que fez vários cameos esta temporada, mas mostrou concentração, inteligência com a bola, agressividade no corte pela relva e pelo ar, para além de ser eminentemente prático em situações complicadas de pressão adversária. Várias vezes recuou a bola para Helton quanto viu a vida a dificultar-se pelo flanco, que revela um sentido prático que por vezes parece faltar a alguns dos outros jogadores da zona recuada (ouviste, Otamendi?). Nota-se que é um jogador mais “verde” que Danilo (se bem que no nosso caso talvez seja adequado usar a expressão “azul-céu”) e ao passo que Danilo parece um jogador mais completo e maduro, Alex Sandro ainda terá bastante para aprender e crescer. Mas estou a começar a ver o futuro do nosso flanco esquerdo com algum optimismo.

 

(-) A displicência do costume É o Beira-Mar, está certo que não mete medo como um Manchester City. Aliás, nem este devia meter medo, mas enfim, foi a fibra que tivemos durante longos períodos este ano. Ainda assim incomodam-me algumas parvoíces de Otamendi com cortes falhados por displicência na aproximação ao lance, os falhanços de Janko em golos quase feitos (aquela cabeçada por cima da trave…du spinnst, Marc!) ou a quantidade inusitada de passes falhados de Lucho e Moutinho quando tentavam a todo o custo furar a barreira adiantada do adversário com passes que toda a gente via que não iam chegar ao destino, todos estes são factores que me enervaram um bocadinho. Não deu para me chatear, mas enervou-me. E apesar de compreender que a partir do terceiro golo houve um abrandamento notório do ritmo de jogo, não me tinha aborrecido mesmo nada se em vez da “onda” nas bancadas que só serve para animar gente que vai à bola sem gostar de futebol, tivesse havido aplausos para mais um ou outro golito. Perderam mais uma oportunidade de dar uma alegria aos adeptos à saída do Dragão, nós que temos saído tão poucas vezes do estádio plenamente satisfeitos com o que vimos. Porque queremos sempre mais, porque somos exigentes, apesar de sabermos todos que o que interessa mesmo é ser campeão. Mas gostava de ser campeão e ver uma ou outra goleada, especialmente quando há condições para isso.

 

Faltam duas vitórias. Ou uma vitória e dois empates. Isto se o Benfica não perder pontos, porque se vencermos o Marítimo na próxima jornada e o Rio Ave se lembrar de fazer uma brincadeira e roubar pontos ao segundo classificado…então já podemos fazer a festa. Continuo sem perceber como é que vamos conseguir ser campeões com um futebol aos empurrões mas parece-me cada vez mais provável que consigamos chegar ao fim em primeiro lugar. Ainda bem. Mas é preciso continuar a ser sério e o jogo da próxima semana, na Madeira, é muito importante para podermos chegar ao final e abrirmos as botelhas de espumante com toda a alegria. Faltam três jogos. Três. Míseros. Jogos. Nunca mais é Sábado.

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Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

All hail the new leader!!! Aquele jogo na Luz foi do caralho, homem, já não me lembrava de saltar tanto durante um jogo da bola que não estivesse a ver ao vivo, pá. Quero que fiques a saber que me deste talvez a primeira gigantesca alegria de 2012 em termos futebolísticos e nunca mais vou esquecer aquele jogaço. E ganhaste pontos com toda a gente, quando puseste a tomateira em cima do torno e gritaste: “Venham, tragam um martelo dos grandes, força nisso, não tenho medo!”. E não tiveste. E ganhaste. Gaita, Vitor, que grande jogo.

Mas…já sabes que há sempre um mas. Mas…ainda não acabou. Foi bonito, foi glorioso (neste caso talvez uma pitada de glorigozo, soem os pratos da bateria, enfim) mas o caminho a percorrer ainda está pela frente. Nove jogos. E desses nove só precisas de oito vitórias, Vitor, são umas míseras oito vitoriazinhas que tens pela frente para que possamos ir aos Arcos fazer a festa. Olha, e era desta que me estreava em Vila do Conde para ver a bola, uma terra onde se come bem e bebe melhor. Já que não vamos ao Jamor, íamos lá, second best can win this time.

Muito inglês? Ok. Ah ah. Voltando ao jogo de hoje, a Académica já nos tramou este ano. Para a Taça, é certo, mas a sodomização que nos deu em Coimbra ainda me vem à cabeça quando me sento. E hoje à noite, quando me sentar no Dragão, só me quero levantar para gritar golos dos nossos. Mas quero vê-los com força, rapaz. Quero vê-los como os vi na Luz, com aquela fibra, aquela garra e aquela vontade de ganhar que nos faltou nesse mesmo jogo em Coimbra. Força, equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Benfica


Amigo Vítor,

Cá estamos. Esta época já teve tantas finais antecipadas que me parece estar a ver uma longa eliminatória de Roland Garros entre o Djokovic e o Nadal. Sim, é isso, uma comparação com ténis. Porque temos andado a bater bolas com força contra uma parede e algumas já nos bateram na mioleira com tanta força que nos deixaram a todos sem fôlego e com alguns danos permanentes. Mas este jogo, Vitor, este jogo…é mais uma delas.

Estou convencido que a maioria dos portistas está convencida que vamos perder, por muito que não o digam da boca para fora. O resto da malta divide-se. Os que acreditam na vitória vão cantando antes do tempo, com a barriga cheia de ar e os insultos prontos para rebater os assobios. E depois há aqueles que querem acreditar mas que racionalizam o seu pessimismo natural e não se decidem por um palpite. Estou neste último grupo, como já deves ter percebido.

Só te peço uma coisa, independentemente dos fulanos que decidires que vais fazer subir ao relvado da Luz. Quero que ponhas naquelas cabecinhas que eles são capazes de ganhar, porque às vezes parece que só lhes falta isso. Lembras-te do ano passado? O 2-1 que acabou no apagão? O 3-1 que nos pôs no Jamor? Essas, Vitor, essas foram as duas grandes vitórias da época, mais até que o 5-0 e a final de Dublin. Ir ao campo do rival e ganhar é de homem, pá. É de grande homem.

E nós, os portistas que vamos ver o jogo à distância, seja nas bancadas ou via têvê, não te exigem a vitória. Ninguém te exige a vitória. Mas queremos que os jogadores a exijam a eles próprios. Ninguém exige que sejam brilhantes. Basta que sejam eficazes. Ninguém exige que joguem bonito. Chega que joguem prático. Ninguém exige que sejam heróis. Só queremos que tentem ganhar.

Tentem ganhar. Ousem ganhar. Ganhem.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Feirense


Amigo Vítor,

É um jogo especial este de hoje no Dragão. Estes moços de azul vestido marcaram o arranque de uma fase de mau futebol e resultados fracos que nos tramaram pontos no campeonato e na Champions. Se não te lembras do que se passou, a seguir ao empate em Aveiro onde estes rapazes jogaram contra nózes recebemos o Benfica e fomos a São Petersburgo. Três jogos, dois pontos, uma caca do tamanho da Torre dos Clérigos. E tudo começou contra o Feirense.

O problema até pode não ter sido teu, mas a questão é que a imagem que passou para fora foi triste. Já viste se não tivéssemos empatado contra estes e os seguintes? Agora estávamos com quatro pontos a mais e dois à frente do campeonato. E nem falo do que teria acontecido se não tivéssemos tido uma exibição abjecta na Rússia…se calhar o Fucile já foi para o jogo com a cabeça toda comidinha. Não sei. São teorias e vamos deixá-las onde estão, no reino da especulação. Não quero continuar com isso, não me fica bem.

O que interessa é o jogo de hoje. Escolhe bem as tuas armas porque já sabes que na próxima sexta-feira…ainda vai doer mais. Com os jogos das selecções e as condicionantes que vais ter, é preciso estares bem concentrado e despachar o jogo depressinha. Não sei o que vais fazer mas já vi a lista de convocados e não me parece bem teres deixado o Kleber e o Iturbe de fora outra vez. Afinal de contas se o Cebola está para sair, o puto argentino tinha uma hipótese de poder jogar uns minutos. E o brasileiro…pá, tu é que sabes, mas gosto sempre de ver um ponta de lança no banco para as eventualidades. Enfim, dou-te o benefício da dúvida. Espero que tenhas razão.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Manchester City


Amigo Vítor,

Não me importo que vás a Manchester contestado, insultado, apedrejado, criticado e molestado. Não me custa nada que entres em campo com onze jogadores prontos para se desfazerem de minuências cerebrais e fardos mentais de pouca confiança. Não me assola a possibilidade de levar no focinho dos locais ao ponto de ficarmos a sangrar e a chorar em campo. Não me preocupa saber que do outro lado está uma das melhores equipas da Europa.

O que me pode pôr chateado é ver o FC Porto a entrar em campo sem ter um fogo nas vistinhas que lhes alimente a esperança, minuto após minuto, de passar a eliminatória. Juro-te, Vitor, pelo que há de mais sagrado na minha vida, que nada do que disse acima me apoquenta se hoje à tarde vir os nossos moços a jogar para ganhar.

Lembra-te do que fizemos nessa mesma cidade aqui há oito anos. É certo que o resultado que levamos do Dragão era substancialmente mais positivo que o que hoje vai aparecer no “aggregate score” esparramado no placard electrónico aos zero minutos de jogo. Mas quero ver aqueles meninos, alguns dos quais aplaudi de pé em Dublin em Maio do ano passado, quero vê-los a jogar para ganhar, mesmo que no fim acabem por perder. Quero-os a desbravar relva, a passar com gosto, a chutar com força e a marcar como homens. Não quero voltar a ver aquela exibição da segunda parte na passada quinta-feira, que foi mais maricas que o Castelo Branco a beber batida de côco de um copo alto por uma palhinha torcida. Quero ver alma, força, bravura, coragem. Quero que ganhes ou percas a puta da paciência se não conseguires.

Este é daqueles jogos que não ficarei triste se sair de lá com 3 ou 4 golos no saco. Desde que joguem para ganhar. Não te exijo mais nada.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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