Ouve lá ó Mister – Shakhtar


Amigo Vítor,

Raios partam a puta da minha vida, Vitor. Já não me bastava estar com uma constipação que me põe os olhos a meia-haste e faz atravessar o equivalente do Rio Trancão cheio de muco nasal pela penca. Já não me chegava apanhar trânsito de morte todos os dias, com camiões atravessados na VCI e as estradas mais molhadas que as cuecas da Carolina Salgado quando vê um maço de notas. Já não estava suficientemente chateado com a minha vizinha de cima que aparentemente deixa a miúda fazer maratonas dentro de casa de tacão alto calçado. E ainda me tenho de chatear com o Fêcêpê a embrulhar três mangalhos da Académica?! Não pode ser, pá, não pode ser.

Isto tem de mudar, homem, e já estamos nesta conversa há mais um mês. Começa a ser difícil defender-te e apelar à calma quando olhamos para as nossas exibições e vemos a borrada que os teus rapazes andam a fazer. Não lhes consegues pôr a mão em cima e massacrar-lhes a carola para que façam o que sabem? Eles dizem-te alguma coisa? Reclamam contigo? Levantam a voz? Ou ouvem caladinhos e aceitam as críticas? Estão entusiasmados? Revoltados? Furiosos com a vida? Porra, Vitor, vamos lá calcar os calos dos meninos e mostrar quem é que manda, homem!

Não há ucranianos que nos resistam se estivermos a jogar ao nosso nível. Não há. É assim temos de olhar para este jogo, porque se o futuro próximo dos rapazes que estão lá dentro pode não depender deste jogo, o teu…já não garanto, e tu sabes disso. Até Pinto da Costa, que sabe o que faz, tem de estar a ficar chateado com o estado da naçom. E a causa das coisas, pelo menos a mais fácil de trocar…és tu. Faz pela vida, Vitor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

Em primeiro lugar, espero que este período de descanso tenha feito bem a toda a gente. A ti, aos teus companheiros da equipa técnica, aos jogadores, aos médicos, aos massagistas, aos tratadores da relva, aos stewards, aos animais que chamam stewards na Luz, à SAD e principalmente ao grupo onde me incluo, os bloggers arrogantes adeptos.

Já estou enferrujado destas minhas proto-palestras. Estas pausas constantes no campeonato estão-me a lixar um bocado o esquema, porque se mete o país à frente da naçom e não me permite focar no maior problema para lá do trânsito da VCI: a qualidade do nosso jogo. É verdade que já não vejo a equipa a jogar há duas semanas mas a amostra que tivemos em Olhão foi muito fraquinha, Vitor. E depois deste tempo todo sem ver o FCP a jogar, admito que estou um caco cheio de ansiosidade, ansiosismo, até com um pouco de ansiedade, vê lá.

E agora quando regressamos às competições, recomeça o ciclo. Taça, Champions e Campeonato, tudo seguido. O nível de dificuldade do primeiro é o mais baixo, em teoria, mas não quer dizer que não seja decisivo para ti, para os teus jogadores e para a forma como os adeptos vos vêem. Não quero ver facilitismos nem brincadeira, este é a eliminar e por muito que a maior parte do povo só dê atenção à Taça se o campeonato já estiver ganho ou se não houver hipótese de o ganhar, tens de mostrar a todos que estamos de volta, que o grande FC Porto está afinado. De uma vez por todas tira as nuvens negras de cima da tola e põe-nos a bater palmas como uma foca com espasmos. Força aí em Coimbra!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Olhanense


Amigo Vítor,

Estás numa de me lixar a vida, pá. Os fins-de-semana até nem têm corrido muito mal, mas os entremeios tem sido ao nível de um pontapé nos dentes com uma bota de biqueira de aço. Este jogo no Chipre deixou meia nação portista histérica e outra meia, ainda que com mais calma e racionalidade, com o pé tão atrás que uma pessoa pensa que ficou no meio do caminho.

Todos sabemos que a tua tarefa não é fácil, home. Mas ninguém para lá de ti e dos teus subalternos podem fazer o que quer que seja senão mandar bitaites pró tecto e esperar que as coisas funcionem. Eu posso achar que o Belluschi não está em condições de jogar, ou que o James devia ser titular em vez do Varela, ou até que o Mangala é a melhor coisa que apareceu no centro da defesa portista desde que o Ricardo Carvalho saiu para o Chelski, mas isso sou eu. Nem sou eu, que eu nem concordo com algumas das coisas que disse em cima, foi só para dar um exemplo. Só tu é que podes tomar essas decisões e só mesmo TU é que podes fazer com que os tipos em campo sejam aquilo que nós queremos que sejam.

Para este jogo em Olhão, só te peço que permitas que a imprensa, tão convencida da nossa queda e ansiosa por ver o estertor de um ser ainda bem vivo, retome aquela máxima a que nos associavam quando vínhamos de uma derrota europeia: “Quem é que vai pagar?”. Acontecia com todos os clubes que tinham o azar de nos apanharem depois de perdermos com qualquer gigante europeu (que o APOEL obviamente não é, mas isso são outros quinhentos) e o rótulo era colado na perfeição porque o que habitualmente acontecia…exactamente, eram despachados com três ou quatro na pá e iam para beira da mãe queixar-se dos meninos maus.

Quero voltar a ver esse grupo de meninos maus. Atiça-os, Vitor, manda-os morder, raspar, marcar, ganhar. Por nós, mas também por eles próprios.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – APOEL


Amigo Vítor,

Em primeiro lugar, deixa-me ser o primeiro entre os autores do Porta19 a dar-te os parabéns pelas decisões no jogo contra o Paços. Devo ser dos poucos que acha que as presenças de Moutinho e James no banco não são consequências de nenhum castigo ou de uma censura competitiva directa ao comportamento fora de campo dos jogadores, mas sim por motivos tão mais banais que muitos não conseguem compreender por falta de bom senso ou por não aplicarem o princípio de Occam’s Razor às situações do dia-a-dia. Na minha opinião, tanto um como outro têm estado no banco…porque não estavam a 100% fisica e mentalmente. Também sou da opinião que tanto um como outro terão recuperado contra os “castores” alguma da confiança que lhes tinha vindo a faltar e acho que devem estar de volta no Chipre. Pode ser de mim, que tenho sempre fé nos jogadores e apelo sempre ao meu espírito de Padre Américo…até que me lixo e me desiludo. Não creio que corra esse risco com nenhum destes dois.

E o Givanildo, rapaz? Estiveste bem em tirá-lo e ele foi um traquina, o estupor. Mas como qualquer puto depois de partir uma chávena do serviço da Vista Alegre da mãe, foi pedir desculpa e levou uma palmada, ainda que metafórica, na patinha. Pois é, também é preciso fazer actos de contrição quando são necessários, e este foi um bom exemplo disso. Tu que o conheces deves saber melhor que eu que tipo de palha deves levar ao “burro” (não quero com isto chamar jumento ao rapaz, é só um provérbio, pá!) e por isso deixo nas tuas mãos a gestão dessas tretas. O que interessa agora, o que interessa mesmo, é o APOEL.

Mais que vencer o jogo e recuperar os pontos perdidos no grupo, acima de limpar a imagem e recolocar o clube no ponto mais alto do grupo da Champions, sinto um leve aroma a vingança no ar. Uma retribuição medieval, com forquilhas, alcatrão e penas, panelas de óleo a ferver ou snipers em torres de vigia. Qualquer coisa serve, Vitor, para pagarmos com juros o empate humilhante que permitimos aqueles rapazes. Usa o James como falso 10, o Djalma na ala, o Souza ao meio ou o Bracali na baliza. Ninguém quer saber qual é a equipa que vai entrar em campo, desde que a que saia do GSP Stadium possa olhar para o marcador e veja que o número da equipa da direita é maior que o da esquerda. Por um, três, quinze.

Temos de regressar à Invicta com uma vitória. Nada menos que isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira


Amigo Vítor,

Correu bem a festarola no Coliseu, homem. Gostei de te ver bem-disposto, a sorrir ao veres os que agora são teus pupilos e que ano passado “pertenciam” ao teu superior (na hierarquia!) e agraciá-los com o prémio merecido. E já viste que para o ano podes ser tu ali em cima, com mais alguns dos teus subalternos a aplaudirem atrás de ti e a darem-te palmadinhas nas costas? Quero ver isso pró ano no Porto Canal, em directo!

Mas até lá chegares…nas palavras de Robert Frost: “The woods are lovely, dark and deep. But I have promises to keep. And miles to go before I sleep.”. A primeira vez que ouvi este poema ou pelo menos este extracto, foi no Telefon. Na altura achei que era um filme genial, com uma história perfeitamente credível e que o Charles Bronson era o melhor actor do mundo. Como é lógico, tinha 8 anos. Mas estas frases ficaram-me na mona durante anos até hoje e uso-as sempre que me quero armar em cinéfilo e para dar bons conselhos. A maior parte das vezes faz-me parecer um belo dum parvalhão arrogante, mas não me importo. De qualquer forma, o conceito por detrás da poesia perdura e continua a ser verdadeiro.

É que tens mesmo de ganhar isto, mais uma vez. O jogo da próxima terça-feira contra o APOEL pode ser mais importante quando olhamos para a big picture, mas se fores a ver bem, cada ponto perdido pode significar uma carrada de chatices mais lá para o fim do campeonato. E já perdeste quatro pontos em oito jogos esta época, o que não sendo mau é sinal que não podemos continuar a este ritmo, porque por este andar terminávamos a prova com 75…o que pode ou não dar para ser campeão. E quando tens a oportunidade de fazer dois jogos consecutivos em casa, tens de ganhar os dois, homem. Não há volta a dar, é para ganhar. Ó pra mim a rimar, é sempre a andar! Chega. Motiva os jogadores como quiseres, usa mensagens subliminares, posters da Catalina Otalvaro nua em spread eagle ou bilhetes para ver “Os 39 Degraus” no Rivoli, faz o que entenderes que melhor funciona, mas põe-nos a jogar em condições. E despacha estes murcões de amarelo para depois na terça-feira fazeres o mesmo com outros murcões nas mesmas cores.

Sou quem sabes,
Jorge

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