Baías e Baronis – Valencia CF 1 vs 1 FC Porto (2-0 em penalties)

foto gamada de record.pt

E, ao quinto jogo, o FC Porto perdeu. Perdeu sem perder, mas perdeu. O jogo foi duro, rijo, exactamente o que precisávamos para abanar a confiança e colocar os rapazes num patamar mais pronto e mais preparado para uma época que, como de costume, se adivinha difícil. O Valencia não jogou bem e o FC Porto optou, como excelente convidado, por não lhes estragar o ambiente que tinha criado para a estreia de João Pereira, que cria em mim um pequeno monstrinho sempre que joga contra nós, de tanto que me apetece partir-lhe o focinho ao murro e urinar-lhe nos dentes até que ficassem tingidos de amarelo. Enfim, um amor de pessoa. All in all, um mau resultado mas um óptimo treino. Vamos a notas:

 

(+) Defour Foi o melhor no Mestalla. Não concordam? Acredito, mas mantenho o que disse. Porque foi o garante da organização defensiva com Lucho a perguntar a cada perna o que quer fazer depois de jantar e Fernando exageradamente recuado para causar mossa na criação de jogadas ofensivas do adversário (sim, o homem cortou muitas bolas mas quase todas muito perto da nossa área) e conseguiu com maior ou menor clarividência levar a bola para a frente e tentou sempre jogar de cabeça levantada. Não é Moutinho porque lhe falta o passe vertical em vez de apenas tentar o lateral, mas é útil e gosto do rapaz. Tenho uma queda para estes moços, os Maniches, os Soderstroms, os Semedos, talvez porque me revejo um bocado na forma de jogar deles. Shoot me.

(+) Otamendi Esteve muito bem o cortador-de-relva argentino hoje à noite. Certo na defesa, com algumas (poucas) descoordenações com Sereno, conseguiu jogar a um nível superior a Maicon, muito distraído em demasiados lances e MUITO mais descoordenado com Miguel Lopes. E foi autor de um senhor remate que quase partia a baliza do Valencia. Nada mau.

(+) Helton Começou mal o baterista dos H1, com algumas tentativas de passe longo que saíram tão bem como um gajo no tiro olímpico de AK-47. Mas foi graças a Helton que não perdemos o jogo por uma margem de três ou quatro golos, tantas foram as intervenções seguras que fez perante remates não-muito-fortes dos fulanos de branco. É para isto que se quer um guarda-redes.

 

(-) Ao ritmo dos passes falhados Fomos lentos hoje no Mestalla mas acima de tudo fom…não, só fomos lentos. O jogo de passe suporta-se em três ou quatro ideias-base: manter a bola na nossa posse, atrasar a progressão no terreno, fazer rodar o esférico entre os jogadores até que se criem linhas de passe em condições, não perder a cabeça nem apelar ao sistema nervoso central e principalmente fazer o passe certo na altura certa para a zona certa. Mas para isso é preciso que o lateral direito faça o “overlap” quando o extremo entra para…dentro, que o ponta-de-lança receba o apoio necessário, que ataquem mais de 4 jogadores e que não haja perdas de bola absurdas a meio campo. Ou atrás dele. Ou na área. Porque hoje vi mais uma reediçao do já eternamente conhecido concurso que os adeptos portistas podem considerar: “Quem faz o passe mais imbecil?”. É enervante de ver.

Não foi fácil mas não era suposto ser. O que me deixa um pouco preocupado será talvez a incapacidade de conseguir alguma consistência de jogo numa altura em que a Supertaça se vai aproximando e o arranque da época já não está muito longe. É verdade que ainda temos decisões para fazer e é nesta altura que o treinador deve experimentar com todas as alternativas possíveis, mas custa-me ver que há ainda muita coisa a trabalhar e começa a haver pouco tempo para isso. Não me tira o sono, só me arrelia um bocadinho.

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Baías e Baronis – CD Santa Clara 0 vs 3 FC Porto

imagem gamada de http://odragao.blogspot.pt

Gostei. Mais uma vez, gostei. Aprecio o empenho dos rapazes e a capacidade de encarar estes jogos com mentalidade competitiva e sem brincar em demasia. É evidente que o ritmo é mais baixo, que o adversário pode não ser do melhor que há, que as substituições são milhentas e quebram a emoção do jogo…todos sabemos isso. Mas é para isto que serve a pré-época, para perceber se Atsu entende as movimentações dos colegas, se Castro roda bem a bola, se Djalma está mais calmo ou se Kleber já consegue controlar uma bola de primeira. Nem tudo é possível, como vimos, mas o FC Porto já joga algum futebol. É preciso continuar a construir em cima do que vamos conseguindo fazer em campo, prosseguir na integração dos (tantos) jovens valores que temos e começar a encaixar as peças onde são mais necessárias. Preparar a época, no fundo. Vamos a notas:

 

(+) Atsu Sabe parar na altura certa, controlar a bola com calma, perceber o timing certo para o arranque, fintar na dose correcta e cruzar com intenção. Sabe levantar a cabeça, esperar pelo lateral, fazer diagonais para o centro, aparecer na área e aproveitar o apoio do ponta-de-lança. Sabe isso tudo e tem-no feito várias vezes em vários jogos contra vários adversários. Sabe isso tudo. Pode ser um rapaz estupidamente útil em inúmeros jogos e TEM de ficar no plantel.

(+) Kelvin Hoje pareceu melhor, o trunfas. Mais inteligente, com menos tiques de excessivo adorno nos lances e um sentido prático bem mais afinado. Vê-lo a jogar de cabeça levantada só pode dar esperança ao mais cínico dos críticos. Tem muito potencial este miúdo e apesar de não ter a certeza se deverá ficar no plantel já este ano, a verdade é que está a crescer e a evoluir desde o primeiro jogo da pré-temporada. Uma coisa é certa: extremo não é. Não o ponhas lá, Vitor, o moço vê o James no meio e é ali que quer jogar. Deixa-o.

(+) Castro na segunda, Defour na primeira O belga convence-me pelo que não faz. Não faz passes parvos, não tenta desmarcações impossíveis, não inventa jogadas miraculosas, não perde a bola com facilidade. Ainda tenho alguma dificuldade em dissociá-lo de um Soderstrom 2.0 (um dos jogadores mais subaproveitados que me lembro de ver no FC Porto), mas gosto de o ver a jogar. Castro, por outro lado, é incansável, se bem que continua sôfrego na forma como se lança no jogo com ou sem a bola. É espalhafatoso no corte e parece sempre tentar demais, com vontade a mais e calma a menos. Mas pode também ser bastante útil nalgumas circunstâncias, especialmente com o jogo meio ganho, por muito redutora que possa ser esta visão pessimista de um jogador de futebol. Ah, e tem de ser mais perfeito no passe. Mas teve nota positiva hoje nos Açores.

(+) Maicon Só uma palavra para o descrever: líder. Podemos ter aqui finalmente um patrão para a defesa, papel que Rolando sempre tentou mas nunca conseguiu e que Bruno Alves ostentou mais à força que propriamente por talento. Tem um handicap que lhe pode ser fatal: excesso de confiança. Espero que nunca perca a humildade, porque se continuar nesta trajectória, temos um central a sério para alguns anos. Ou vários milhões, o que vier primeiro.

 

(-) Kleber Moço. Tu, francamente, não me deixas pensar bem de ti durante mais que uma semana. Fez mais um daqueles jogos que me faz pensar no porquê de termos um ponta-de-lança que age tão pouco como tal, com enormes falhas de posicionamento e uma quase impossibilidade técnica no domínio de bola, foi o oposto do que Jackson fez na primeira parte. Se o colombiano recebia bem a bola e rodava para os médios interiores para prosseguirem com o lance, o brasileiro…não. Tanto “não” que me deixa preocupado, porque com Janko no estaleiro e Jackson ainda com pouco ritmo, Kleber mantém esta sinusóide de exibições em que brilha com eficácia de matador num jogo e no próximo é digno de estar ao lado de um qualquer Baroni. Trabalha, mas produz muito pouco.

(-) Lucho “El comandante” esteve fraquinho hoje de tarde. Exageradamente lento, acertou passes a menos e perdeu bolas a mais, mostrou muitas dificuldades para perceber a melhor forma de agir em campo e algum cansaço depois de vários jogos, nunca chegou a entrar em jogo e saiu muito bem ao intervalo.
Fazer este tipo de crónicas em tempos de pré-época é uma tarefa complicada. Acima de tudo, pela necessidade de manter a coerência e a correcção em relação a um grupo de jogadores que ainda está em formação, com algumas ausências importantes e a tradicional incerteza acerca de quem ficará ou não no plantel. Elogiar uns e criticar outros acaba por ser uma forma leviana de avaliar aquilo que, no fundo, não passa de um treino com público. Mas, seja a que ritmo for, um jogo não deixa de ser um jogo e hoje o FC Porto jogou bem. Fê-lo quase sempre com inteligência na posse de bola contra uma equipa que será sempre mais uma daquelas que nos vai causar chatices durante toda a temporada. É da segunda liga, dir-me-ão, nem vai jogar contra nós a não ser que nos calhe nas Taças. Certo. Mas se viram o jogo concerteza notaram que não há grandes diferenças em relação a um Setúbal ou um Moreirense, tirando uma ou outra cara conhecida com talento extra. O resto, a táctica, a estrutura defensiva, a mentalidade, é parecida: parar o ataque do FC Porto com agressividade positiva e tapar caminhos para a baliza. É contra estas equipas que se ganham campeonatos. E hoje mostramos que estamos no bom caminho.

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Reconsiderando Abdoulaye

Foi com alguma surpresa que li sobre a renovação de contrato de Abdoulaye pelo FC Porto. Não porque seja um mau jogador, mas pelas circunstâncias em que ocorreu, vindo do nada, quando o rapaz está na primeira semana de pré-época no clube e está pronto a zarpar para Londres com a selecção do Senegal. Ou então, tudo faz mais sentido por causa disso.

Depois de algumas notícias sobre um eventual interesse do Benfica, que podem ou não ter algum fundo de verdade, a renovação aparece numa altura em que há potencial para uma valorização do jogador aquando das Olimpíadas e onde um rapaz de 21 anos que será muito provavelmente capitão da selecção senegalesa pode mostrar-se ao Mundo e revelar as qualidades que nunca escondeu. O que me deixou mais curioso é o facto do FC Porto ter um passado recente em que teve vários defesas-centrais com as características de Abdoulaye, como Bruno Alves ou actualmente Mangala, tudo jogadores muito altos, com excelente capacidade de elevação e alguma agressividade em excesso que terá de ser moderada sob pena de podermos ter de abdicar do seu contributo durante vários jogos ao longo de uma temporada.

Tenho um grande orgulho em vestir esta camisola e vou tentar fazê-lo da melhor maneira. Esta é uma grande responsabilidade, porque o FC Porto é um grande clube e representá-lo é um sonho. Mas tenho os pés assentes no chão e sei que tenho de melhorar muito o meu nível

E é verdade que o nível é alto mas não suficiente. Estamos a falar de um rapaz que fez duas temporadas nas ligas profissionais, uma na segunda liga e outra na primeira. Começando pelo Covilhã, onde acabou a época como…melhor marcador, com 9 golos em 24 jogos, título que somou ao de mais amarelado da liga, com 13 cartões. Seguiu-se o empréstimo à Académica onde em 26 jogos recebeu 10 amarelos…e 4 vermelhos. Ou seja, em duas épocas, Abdoulaye terminou ambas pouco acima da linha de despromoção e onde foi um dos jogadores mais penalizados pela arbitragem. Com todo o direito, porque em muitas situações pareceu exageradamente agressivo nas intercepções e entradas com ou sem bola.

Ainda sou muito novo e tenho ao lado jogadores muito experientes. Os treinos têm sido muito bons e os colegas têm-me ajudado muito. Vou dar o meu melhor e o resto é decisão do treinador

Pois. Talvez ainda precise de mais uma época a marinar noutro clube e a ganhar a experiência que não se compra. Porque neste momento, se ficar no plantel…por muito bom que seja e é, nunca mais vai perder o estigma do “este gajo é um assassino!”. Porque na nossa Liga aparentemente só os jogadores do FC Porto são violentos, brutos, animais, carnívoros de olhos raiados. Rinaudos e Javis são borboletas a esvoaçar perto da relva. E se estivéssemos habituados a ver jogadores como algumas das bestas que jogam por essas ligas fora, como na francesa, onde os centrais pontapeiam primeiro e só depois é que…pontapeiam outra vez, perdíamos um bocadinho essa mania.

Assim sendo vais ter de esperar um bocadinho, Aby (há que arranjar um diminutivo para o rapaz, chamar-lhe ábedulaie vai acontecer como o Mielcarski e passar a ser conhecido como Miguel Castro). Talvez para o ano.

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Baías e Baronis 2011/2012 – O treinador

Como corolário lógico, a análise ao treinador:


VÍTOR PEREIRA

A primeira temporada de Vitor Pereira ao comando do FC Porto foi cheia, foi longa, foi dura. Parecia impossível um defeso começar tão rijo, continuar tão tranquilo até terminar tão anti-climático. Afinal saem dois jogadores, um vital, outro nem por isso. E Vitor, ex-segunda liga, ex-segundo, ex-subalterno, é empurrado para a frente com a confiança da direcção e a desconfiança dos adeptos. E as coisas começaram mal por culpa de todos. Jogadores, apoiantes, o próprio Vitor incapaz de lidar com um plantel gordo de conquistas e obeso de ego. Desconfiava-se de tudo e de todos, porque os rapazes não corriam, a alma não era a mesma e a vontade não estava ali. Não me juntei à turba com as forquilhas em riste. Critiquei e muito, como acho ser o meu dever. Mas nunca recorri à humilhação pública que tanto portista ousou fazer passar das goelas para fora e hoje orgulho-me disso. “O problema que Vitor Pereira enfrenta é complicado e estes últimos dois jogos serviram para perder mais algum capital de confiança perante muitos sócios que ainda aqui há uns meses viram a equipa a jogar como raramente tinham visto nos últimos anos e só pensam: “Mas só saiu o Falcao e o Villas-boas, que mais pode ter mudado?”…e vão-lhe começar a apontar o dedo. É um selo difícil de tirar e as vitórias terão de começar a aparecer rapidamente, caso contrário a vida pode começar a ser muito difícil para o treinador do FC Porto.“, disse contra o Benfica. Porque Vitor Pereira era exactamente aquilo que se via: trabalhador, honesto, pouco mediático, sem pachorra para holofotes, para homilias em frente ao microfone da sala de imprensa. Não era um Mourinho que ali via de fato-de-treino na relva do Olival. Era um homem simples, sem hábitos caros, sem vida pública e exposta, sem chama mas sem falsidade. E a equipa sentiu isso, os jogadores sentiram isso e perderam a fé durante meses. Vitor foi incapaz de pegar na amálgama de nações e feitios e convertê-los na máquina que há poucos meses se via a calcorrear os estádios da Europa e a humilhar equipa atrás de boa equipa. Falhou. E eu, ainda desaminado, quis acreditar do alto da minha eterna e ingénua fé à Padre Américo que não há rapazes maus e que Luke vencerá sempre Vader mesmo que Vader esteja dentro de portas. E Vitor Pereira levantou-se. Num épico e eterno jogo na Luz, quando arranca uma vitória que poucos esperavam mas sustentada numa exibição de garra, de força, de vida portista como há tanto tempo não se via. Porque levou adeptos a pontapear cadeiras em restaurantes, a gritar até as vozes fugirem para longe, a viver o clube que amam e do qual nunca desistem. Como Vitor fez. Um amigo disse-me que a partir daquele jogo na Luz nunca mais perdíamos para o campeonato. Acertou. Nessa incrível partida disse: “Cinquenta e oito minutos de jogo. Olho para a televisão e não acredito: sai Rolando, entra James. Em conversa com um amigo disse-lhe repetidamente que James não era a melhor escolha, que ainda não me parecia que tivesse fibra para estes jogos, que não ia resultar. E o demente do nosso treinador, quiçá possuído do espírito Adriaansiano, toca de enfiar Djalma a defesa-direito e James na frente por trás de Janko. Loucura, pensei. O homem está a arriscar a carreira em dois números que enviou ao quarto árbitro. E fê-lo, com uma coragem tão férrea como a Ponte D.Luiz, e ganhou. E a substituição de Moutinho, que adivinhei por ser mais que esperada, ainda mais risco trouxe, porque mostrou ao Benfica: “Estão a ver isto? É para ganhar, amigos, nós estamos aqui para ganhar o jogo!”. E o golo aparece. Vitor Pereira grita. Eu também. E respeito a força de vontade, a resolução granítica de pugnar pela vitória. Eu não teria tido a coragem de fazer a primeira substituição, quanto mais a segunda. Ele teve. E é por isso que lá está. Parabéns, Vitor.“. E Vitor Pereira soube aprender com os erros, mantendo-se firme na convicção e pondo a mão por baixo dos jogadores tal como a direcção soube pôr a mão por baixo dele, ajudando-o em Janeiro a reequilibrar as contas da casa com saídas exigidas e necessárias (se bem que a ausência de alternativas no meio-campo podia ter sido mais penalizadora) e a chegada de alguns elementos fundamentais como Lucho, Janko e…Paulinho para o banco. Vitor agarrou a equipa e fez dela o que teve de ser: trabalhadora e empenhada quando desinspirada e acima de tudo eficaz. Com todo o mérito.

Não podia haver melhor altura para fazer esta análise. Mesmo no dia seguinte a uma das melhores entrevistas que me lembro de ler de um corrente treinador do FC Porto (Zé Luís lembrou Jesualdo e Villas-Boas pela negativa mas eu recordo uma excelente conversa de Fernando Santos, creio que ao JN, na altura da polémica segunda temporada), com uma honestidade invulgar e uma candura sem vícios, sem as prepotências tão alvissaradas pelos media deste país, ávidos pelo sangue do diz-que-disse e do nojento bate-boca. Vitor Pereira, campeão na primeira temporada, falou de tudo que quis e de todos pelo todo, com poucos nomes e muitos conceitos, a dar o braço ao torno sem esquecer os méritos que o grupo lhe deu e que ele próprio soube retribuir. Porque esta primeira temporada foi cheia, foi longa, foi dura. E no fim, foi dele.

Momento Baía: Sem a mais pequeníssima das pequeníssimas dúvidas: a vitória na Luz. Não só pelo que significou para a equipa e para os adeptos pelo resultado obtido em casa do então líder do campeonato, mas principalmente pela forma como lá chegou e pela influência que Vitor Pereira teve a partir do banco. A atitude “winner takes it all” foi essencial e foi o fim do mito que o treinador não aguentava até ao final da temporada. Até podia não ter sido campeão, mas tinha vincado uma imagem perante os adeptos que era mais do que até lá tinha mostrado ser. Com tomates de ferro.

Momento Baroni: Houve vários momentos bastante maus. Muito, muito maus, e Vitor Pereira tem a noção perfeita disso. A derrota em Coimbra para a Taça foi humilhante. A derrota em Manchester foi muito má, especialmente pelos números, bem como a derrota em Barcelos apesar das condicionantes da arbitragem. Empates contra Feirenese e Olhanense…frustrantes. Mas dois desses momentos foram particularmente baronizantes na época de Vitor Pereira: a derrota com o APOEL em Chipre e com o Zenit em São Petersburgo. Ambos deixaram evidentes lacunas de organização em campo, de solidariedade entre colegas e um espírito de desunião a que foi penoso assistir.

Nota final 2011/2012: BAÍA

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Baías e Baronis 2011/2012 – Os avançados

Nota prévia: recuso-me a alimentar polémicas com candidatos presidenciais a outros clubes. Se quiserem mais conversa sobre isso vão até ao site do Record.

Penúltimo post sobre o assunto, desta vez sobre os avançados, excluindo os pontas-de-lança. Onward:


CRISTIÁN RODRIGUEZ

Por onde começar? Uma época, meia época? Meia época cheia de algum do futebol mais improdutivo que me lembro de ver…e mesmo assim houve alguns jogos em que foi um dos jogadores que mais trabalhou em campo. Mas Rodriguez teve uma contínua curva descendente desde 2008/09 e o espaço que foi perdendo na equipa deve-se em grande parte a dois factores: o hype criado aquando da chegada e a sua incapacidade de manter um nível de exibições aceitável para uma equipa como o FC Porto. Dir-me-ão: “Mas, Jorge, o rapaz até se esforça, tu não gostas dos que se esforçam? Nem parece teu!”. Pois é. Mas também gosto dos que se esforçam com cabeça e dos que conseguem manter um equilíbrio custo/benefício rentável. E, meu amigo Cebola, nesse ponto falhaste redondamente. Para além disso pegou-se com Moutinho no treino. Estava à espera de quê?!

Momento Baía: O jogo na Madeira contra o Nacional: “Afirmo e reafirmo: Rodriguez perdeu espaço no FC Porto e é caro demais para o rendimento que apresenta. Mas há alguns jogos em que a força e a atitude do Cebola são muito importantes e este era claramente um deles.

Momento Baroni: A ruptura com o grupo pós-chatice-cena-no-treino-com-Moutinho e consequente afastamento da equipa.

Nota final 2011/2012: BARONI


HULK

Chega? Jogador do ano.

Momento Baía: Tantos. Em Donetsk, na pedreira e no Dragão contra o Braga, no Dragão contra o Sporting, na Madeira contra o Marítimo…mas é de realçar o primeiro golo na Luz para o campeonato. Que míssil!

Momento Baroni: Poucos. Talvez o jogo em casa contra o Zenit onde não conseguiu marcar o golo que nos apuraria para a próxima fase da Champions ou contra o Paços no Dragão, onde saiu chateado mas onde também soube ser humilde e pedir desculpa pela atitude no final do jogo.

Nota final 2011/2012: BAÍA


VARELA

Fez o suficiente no final da temporada para receber a convocatória para o Europeu muito à custa da lesão de Danny (que lamento, ou talvez não) e da ausência de outra alternativas para o lugar. Mas o resto da temporada foi uma sequência de near-misses onde Varela nem se viu nem se fez ver, intercalado com um ou outro jogo acima da fraca média geral. Jogos consecutivos de inépcia técnica, lentidão, exasperante inconsequência com a bola e uma terrível e enervante inércia que lhe valeram muitos assobios e uma boa dose de indiferença pela parte dos adeptos que chegaram a considerar Djalma como uma melhor solução para o flanco. Varela começou muito bem no último ano de Jesualdo, baixou de produtividade no ano passado e este ano foi uma miséria de ideias, atitude e capacidade física. Se fosse outro qualquer e não o Silvestre que já vi a voar pelo flanco com a garra de um Amunike com anfetaminas, já o tinha despachado há mais tempo.

Momento Baía: O jogo contra o Guimarães no Dragão foi simpático: “Esforçado, lutador, com alma, velocidade e empenho. Este Varela hoje não se limitou a passear pelo relvado como tinha feito durante toda a primeira volta do campeonato, mas sim um Varela que parece ter recuperado alguma alegria e a convicção que consegue voltar a fazer tudo o que já fez na Invicta.“.

Momento Baroni: O jogo em casa contra o Leiria foi um entre várias exibições muito más: “Foi tão pouco, Silvestre, tão pouco e tão mau que o meu próprio compincha da bola há tantos anos se virou para mim e disse: “Se eu estou aqui a desejar que entre o Djalma para sair o Varela, o que é que isso diz do Varela?”. Diz muito, rapaz.“.

Nota final 2011/2012: BARONI


JAMES RODRIGUEZ

Fico ambíguo ao analisar a época de James. Por um lado olho para os números do colombiano e vejo que marcou 14 golos e é o segundo melhor marcador da equipa atrás de Hulk e à frente de qualquer um dos pontas-de-lança. E se virmos alguns dos excelentes jogos que fez durante o ano, especialmente quando jogou pelo centro logo atrás dos pré-designados goleadores que raramente o foram, a verdade é que James mostrou qualidade, inteligência, talento e um pé esquerdo de alto nível. Mas…e há sempre um mas…James não foi consistente. Mais que isso, em muitos jogos pareceu alhear-se da luta pela posse de bola de uma forma que me enervou de uma forma tão intensa que não resisti a criticá-lo durante e depois do jogo. É o único jogador que fez de mim um cronista bipolar e incoerente na variação entre crítica e elogio que alternavam semana após semana. Admito-o sem qualquer tipo de problema e assumo a culpa da oscilação moral e mental. É isso que James fez este ano: alternou vezes demais o brilhante com o sofrível.

Momento Baía: No jogo contra o Shakthar em casa: “Convenceste-me, homem. Sim, chamo-te homem porque o que vi hoje no Dragão foi um homem com a bola e sem ela, ao deambulares por entre os adultos que apanhaste pela frente. Tens vinte anos de vida mas já pareces um maduro homem de meia-idade, com a experiência de uma vida bem vivida mas sempre com aqueles lampejos de genialidade que pareces querer mostrar vez após vez após saborosa vez. Aquela jogada para o segundo golo, meu menino…perdão, meu caro senhor, é uma beleza. Aquele que sentaste é um homem com experiência como poucos e o facto de apenas ter uma vogal para quatro letras no nome só te deu para rir. Riste-te quando o viste a passar para o lado, não foi? Eu sei que foi.“. Isto foi em Setembro…

Momento Baroni: O jogo na Madeira contra o Marítimo (que nos havia de dar o título, mas na altura ele não sabia disso): “Estou farto. Palavra que estou. Se não queres jogar à bola durante noventa minutos, porreiro, mas não impeças os outros de o fazer, miúdo. E alguém me explica como é que um jogador com o talento que este rapaz tem para jogar futebol tem tanta dificuldade em manter a bola estável no relvado e o primeiro instinto dele quando recebe uma bola aérea não é o de a colocar parada na relva mas deixá-la a pinchar como uma miúda num trampolim?! Não percebo, palavra, e estou a perder a paciência com o puto, porque a produtividade tem de começar no momento em que o jogo arranca e não só quando lhe apetece. Não se chama Ricardo Quaresma e ainda não tem estatuto para isso.“.

Nota final 2011/2012: BAÍA (a custo)


DJALMA

Não se pode apontar nada ao moço em termos de empenho. E apesar de compreender alguma inconsistência nos mesmos argumentos futebolísticos que uso para desgostar do trabalho de Cristián Rodriguez ao mesmo tempo que louvo o empenho de Djalma, tentem perceber que não tenho nada contra um nem a favor de outro a um nível pessoal. Só que Djalma deve ganhar aí 1/10 do que ganha Cebola e corre o mesmo ou mais. Tacticamente certinho e obediente, várias vezes preferi que jogasse ele em vez de James. Foi usado várias vezes a tapar o flanco direito (na Luz acabou por fazer o flanco todo depois de Vitor Pereira ter tido aquele ataquinho de “fuck it, all steam ahead!”) e sempre que foi chamado ao jogo alinhou com garra, vontade e empenho. Parece-me claro que é um rapaz que não pode ser considerado como aspirante a titular no FC Porto mas é útil para ter no plantel como opção para jogos em que é necessário um jogador rápido, prático, sem espinhas. Reafirmo: Djalma fez uma boa época e se me derem a escolher entre ele e Varela, opto pelo angolano.

Momento Baía: Um jogo ficou-me na cabeça: o miserável empate em casa contra a Académica depois da vitória na Luz, onde Djalma foi dos menos maus. No jogo de Paços para a Taça da Liga escrevi sobre o rapaz: “Nunca desiste e apesar de dizer que é trapalhão é um claro nivelamento por baixo, a verdade é que por vezes dá jeito ter um rapaz destes no plantel, que dá sempre o litro e que força a que o lateral fique retraído com receio da flecha lhe passar ao lado. É, para tirar quaisquer dúvidas, o nosso Mariano Africano.“.

Momento Baroni: Quase todos os lances em que precisa de controlar uma bola aérea de primeira. Ui.

Nota final 2011/2012: BAÍA


ITURBE

Sofreu com a enorme antecipação que criaram muito antes da chegada à Invicta e a verdade é que nunca mostrou méritos para ser opção firme no onze e pouco fez para ficar no banco à frente a nomes como Djalma ou até Cebola. Nervoso, inconsequente, teve o azar de se lesionar no sintético do Pêro Pinheiro e só foi aparecendo a espaços na equipa. Todos esperam ver “aquele” YouTurbe mas Iturbe ainda não é esse Iturbe. Talvez na próxima época.

Momento Baía: Nenhum que me lembre.

Momento Baroni: A lesão em Sintra no jogo para a Taça. Bienvenido a las canchas portuguesas, niño!

Nota final 2011/2012: BARONI


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