Mais putos

Quando li que Christian Atsu tinha sido blindado com uma cláusula de rescisão de dois milhões de contos (ou dez milhões de euros, para os mais jovens), só me vieram à cabeça exemplos como Helder Barbosa, Ivanildo, Vieirinha, Candeias ou Bruno Gama, como falei aqui há uns tempos. Qualquer um destes moços, cada qual com o seu estilo e talento e elogiados por toda a gente quando eram the next big thing nos escalões de formação, foram injustamente feitos alvo primário de assobiadores compulsivos nas bancadas das Antas e do Dragão, muitos deles os mesmos que exigiam a sua inclusão nos plantéis das épocas onde os putos tinham 19 ou 20 anos e que os tratam como se fossem rapazes com a experiência de um Sérgio Conceição ou de um Capucho. E quando leio tanta gente empolgada com a nova pseudo-blindagem do talento ganês que temos emprestado ao Rio Ave e que ganhou o prémio de melhor jogador do Blue Stars/FIFA Youth Cup (aqui representado na foto com o troféu entregue pelo homónimo com apelido Karembeu), o meu cérebro reptiliano não consegue evitar a memória destes rapazes que já cá tivemos e que eram erguidos como bandeiras de combate para alinharem no onze “porque não se aposta nos jovens neste clube”, só para serem assobiados ao segundo passe falhado.

A pressão que os miúdos sofrem no FC Porto é intensa, criada de fora para dentro e nem todos conseguem aguentar. Espero que Atsu prove a todos que tem estaleca moral para lidar com ela.

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Fonte de notícias



in fcporto.pt

Vá-se lá saber porquê, mas o comportamento repete-se e como já o fiz no passado (aqui e aqui, somando-se diversas sugestões que enviei, nenhuma delas merecendo sequer uma resposta), tenho de repetir a dose. As notícias do clube, que deveriam ser difundidas através de canais oficiais, aparecem espalhadas por toda a imprensa, menos no site oficial, a não ser uma nota enfiada pelo meio de uma banalíssima informação sobre o treino diário.
Esta situação é recorrente e não consta que vá deixar de o ser. No passado já tantos empréstimos, negócios, compras e vendas de jogadores, tudo anunciado nos jornais (sim, aqueles mesmos que são alvos de comunicados a desmentir essas mesmas notícias especulativas) em vez de aproveitarem aquele que é o meio ideal para anunciar novidades de uma forma oficial, em tempo real, directamente para a caixa de correio ou para o telemóvel de qualquer um. Ao mesmo tempo que vejo com agrado o uso dos blocos noticiosos na Porto Canal para pequenas reportagens sobre o nosso dia-a-dia, não posso deixar de mais uma vez apontar o dedo a uma falha enorme na comunicação do FC Porto. E não acredito que ninguém se tenha apercebido do que está a falhar, porque há pessoas competentes e de provas dadas à frente do departamento de comunicação, cujo director saberá mais que ninguém a urgência das notícias com fundamento claro, ele que trabalhou vários anos na Lusa.

A que se deve esta forma estranha de “falar” com os sócios? Será que as pessoas estão mais interessadas em entrar num site como o SomosPorto, que oferece bilhetes e apenas serve como um eyecandy engraçado mas que pouco traz de produtivo? É giro, sim senhor, mas um miúdo faz aquilo numa semana com algum talento, umas resmas de bilhetes, duas câmaras de filmar e uma cópia pirateada de qualquer software. O que falta e continua a faltar é a ligação ao associado e passa muito por estas pequenas coisas como um simples anúncio oficial que Christian Atsu foi emprestado ao Rio Ave até ao fim do ano, ou que Castro vai rodar novamente no Gijón, clube de média estatura da Liga BBVA, uma das melhores do Mundo. Numa era em que a comunicação é fácil e urge ser imediata e de fonte fidedigna, que melhor forma teremos de enviar a informação com rapidez e sem a latência inerente ao uso de intermediários que usar o site oficial para tal fim? Porque não falar dos nossos com o orgulho e o carinho de quem zela pelo que tem de bom, envolvendo os sócios cada vez mais no decorrer de um dia no seio do Dragão? Nestes pormenores é que se vê o gosto que as pessoas têm no que é seu e dos seus, e lamento dizê-lo mas a forma como o site oficial é gerido aproxima-se (já lá estará?) rapidamente de um formato empresarial, pouco ligado às pessoas e muito interessado apenas na loja, na alfinetada ao inimigo e quase nada na actualidade do clube do ponto de vista de quem mais interessa.

Pode-se fazer muito melhor. Basta haver empenho.

PS: Este texto foi enviado à redacção do fcporto.pt. Fico a aguardar resposta.

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