Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Académica

foto retirada de record.pt

Melhor que ganhar um título é fazê-lo quando ninguém está à espera. Hoje, em Aveiro, foi mais um perfeito exemplo que nunca se pode desistir de tentar mais um ataque, só mais um cruzamento, só mais uma bolinha que passe pelos defesas e chegue à área, porque nunca se sabe o que pode acontecer quando o avançado lhe chega e lhe chega com boa intenção. Jackson abriu a conta, James limpou a imagem, Maicon confirmou o crescendo de forma, Moutinho confirmou a titularidade e Atsu confirmou que é um jovem que ainda tem algum pedaço para evoluir. No fundo, é mais um troféu para o nosso putativo Museu mas acima de tudo a noção que estes rapazes já perceberam uma coisa: o campeonato está aí à porta. E é a sério. Acima de tudo, parabéns aos nossos rapazes. Onwards to the grades:

 

(+) Fernando Esteve lá. Esteve sempre lá. Esteve em todo o lado hoje em Aveiro e se tivesse falado com alguém que passasse pela Lourenço Peixinho, Fernando também deve lá ter estado. Esteve no ISCAA (shoutout para o Bruno), esteve nos canais, esteve nos ovos e esteve no Estádio, naquela zona desterrada do mundo aveireinse, onde mostrou o porquê de ser o melhor trinco a jogar no país pela noção táctica, a perfeição na colocação defensiva, o cuidado na cobertura dos espaços, a facilidade de movimento lateral para guardar a bola longe do adversário…foi o grande suporte do meio-campo e o principal responsável por fazer com que o FC Porto fizesse grande parte do jogo no meio-campo da Académica. Ah, e venceu 2-1 em “cuecas” ao adversário directo, o que é sempre giro.

(+) Jackson, no golo e para lá dele O golo foi bom, dou-lhe isso. A colocação do corpo, o salto no meio dos adversários, a boa noção de baliza, gostei de ver isso tudo. Mas o que mais gostei de ver foi a participação em várias jogadas de ataque com toques curtos para o sítio certo ou com a tentativa de ficar com a bola controlada até poder finalmente soltar o esférico para um colega em boas condições. Estou entusiasmado com o rapaz, acreditem que estou, porque mais que ter o faro de golo “à Jardel”, mostra ter a inteligência de criar jogo “à Falcao”. E neste momento pode ser muito mais útil a segunda que a primeira. Ah, e recuso-me a chamar-lhe “cha cha cha” ou “merengue” ou seja lá qual for o epíteto mediático para parvos que lhe foi colado no México ou na Colômbia. Jackson. Soa-me bem.

(+) James, pelo empenho Um pequeno Baía mas um Baía sentido. O James que hoje vi em Aveiro pareceu-me mais solto, mais empenhado em ajudar a equipa e em fazer-se útil não só do ponto de vista da criação de lances ofensivos mas a tapar o flanco e a surgir de trás para a frente na ajuda aos colegas. Espero que continue assim.

(+) A garra que faltou na apresentação? Alguma esteve aqui. Quando saí do Dragão no passado sábado, faltou-me algo. Não estou habituado a ver jogos em que a relva fique no sítio, onde os jogadores não se empenham a cem por cento, onde há um medo subjacente de uma qualquer arreliadora ou perigosa lesão que os afaste dos jogos que realmente importam. E chateia-me, mas pouco, porque o idealista em mim diz-me ao ouvido: “espera pelos jogos a sério, vais ver que eles animam…imam…imam…”, porque ouço sempre uma espécie de eco quando o cabrão do idealista abre a matraca. Mas tinha razão, a bestinha. Hoje já vi Otamendi a raspar a relva, James a fazer o mesmo (aleluia, irmãos!) e Miguel Lopes a rasgar o flanco sem medo do lateral mais rijo. Vi capacidade de luta e gostei.

 

(-) Lucho Pareceu-me sempre com poucas pernas para o ritmo que queremos manter. Não querendo menosprezar a influência que o homem tem como capitão e líder de balneário, estamos a ver um Lucho com fraca capacidade para impôr um ritmo mais agressivo na posse de bola ofensiva e com uma troca de bola mais rápida até chegar ao ataque. É certo que com jogadores como Hulk em campo, Lucho reserva-se mais nas corridas e usa o “pass precise” de que Robson tanto falava para fazer com que a bola rode e o jogo progrida, mas para já vejo-o como um elemento que não faz a diferença para melhor. Questiono-me se terá estaleca física para aguentar as quarenta e tal partidas que vamos fazer este ano. Espero estar enganado.


Uma palavra para a Académica. Lutou sempre, nunca se inclinou de rabo empinado como já vi muitas equipas a fazer em terrenos que lhes são diferentes do normal contra adversários de calibre superior. Quando viu que não podia jogar para ganhar, optou por tapar e sair rápido quando pudesse. Não conseguiu e ainda bem. O FC Porto fez um bom jogo, um jogo de garra, vontade, luta. Ganhou bem, teve a sorte de conseguir marcar mesmo no final mas fez por isso durante os primeiros noventa minutos. Os outros quatro? Também contam. Estou mais esperançado para o campeonato, obrigado por me levantarem o espírito, meus caros!

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Olympique Lyonnais

foto gamada do MaisFutebol

Ah, o Dragão. É sempre uma alegria voltar ao nosso estádio, numa tarde solarenga que rapidamente se transformou num início de noite morrinhado. Que é como quem diz, o meu azar de há tantos anos que diz é mais provável que chova em dia de jogo do FC Porto em casa que Portugal ganhar uma medalha de ouro nos Olímpicos mantém-se estóico. Enfim, fui de camisola vestida, peito em riste e pronto para o arranque de uma nova temporada. E não gostei muito do que vi porque estava à espera de mais. Mais fio de jogo, mais criatividade, mais rotação no meio-campo, mais empenho, mais garra. Foi o último jogo da pré-época e nesta altura pensei que a equipa já tivesse um rendimento mais alto e que conseguisse ser, no fundo, uma equipa. Vi pouca evolução desde o final da época passada e nem tudo é desculpável pelas ausências de vários elementos. Mas não quero começar a tirar conclusões precipitadas porque ainda é cedo e a época só começa para a próxima semana…mas ainda não tenho confiança naqueles rapazes. Vamos a notas:

 

(+) Atsu O que mais me impressionou no puto é que afinal estava enganado: sabe jogar devagar. Sabe pensar o jogo, perceber quando é a melhor altura para subir e atacar o defesa e quando deve parar, esperar pelo lateral ou rodar para o meio. Teve algumas iniciativas individuais que mostram que tem tudo para lutar pela titularidade na ala esquerda porque ganha a Varela em velocidade, a Iturbe pela calma e a Kelvin no sentido prático. Só não ganha a James porque o colombiano nunca iria fazer o que Atsu faz e vice-versa, mas é um candidato a aplausos constantes dos adeptos. Que continue assim.

(+) Fernando Se Fernando sai do FC Porto até ao final de Agosto, estamos bem tramados. Não há nenhum elemento com as suas características no plantel, com a disponibilidade física para pressionar alto (até ao lado do ponta-de-lança o vi a correr hoje) mas acima de tudo com a inteligência táctica para cobrir a lentidão de Lucho a tapar o flanco direito da defesa que vai dar pano para várias fardas militares este ano. Fernando é único e continuo a acreditar que se soubesse sair da posição dele com a bola controlada e fosse mais perfeito nos passes verticais, já estava a jogar em Inglaterra há que tempos. Fica, rapaz, pelo menos mais um ano, caso contrário lá vamos nós ter de virar o triângulo ao contrário em permanência em vez de transitoriamente em alturas difíceis durante o jogo…

 

(-) Ritmo Quem acompanhou minimamente a última temporada do nosso clube, e creio que todos os que lêem o que escrevo o fizeram, sabe que o FC Porto de Vitor Pereira não é uma equipa que se possa considerar rápida. Longe disso. Mas a intensidade que colocámos hoje em campo frente ao Lyon foi baixa demais para o nível que se pretende. Não acredito que o próprio Vitor Pereira se reveja na velocidade de troca de bola, na incapacidade de criação de lances em cima da área do adversário e na quase impossibilidade de ver um normal desdobramento para acções ofensivas que demore menos de vinte ou trinta segundos a ser efectuado. Compreendo que se queira manter a posse de bola, alternando o toque curto com alguns passes laterais longos pelo ar, mas é cansativo ver uma equipa que, ao fazer isso mesmo, não progrida no terreno. Teremos de ser mais rápidos, mais assertivos na imposição de um ritmo de jogo que crie espaços nas defesas adversárias, sob pena de termos bola sem fazer nada com ela.

(-) Passes e rotação do meio-campo Ora voltamos ao mesmo: o toque de bola dos jogadores do FC Porto está novamente a assemelhar-se ao de três guaxinins alcoolizados a pontapear tijolos esféricos. Há vários jogadores que têm técnica individual de meter inveja a milhares de jogadores por esse mundo fora, mas que incorporam o espírito de Mariano sempre que a bola chega perto dos pés e não se conseguem desenrascar com um simples passe-e-corta pelo relvado. A somar a isso temos a fraquíssima rotação do meio-campo quando é necessário criar linhas de passe a partir da defesa. Fernando recua para vir buscar jogo, Defour roda sozinho a tentar encontrar a saída do poço do inferno e Lucho passeia em campo, lento, arrastado, com boa visão mas fracas pernas. Vi várias vezes Otamendi a sair com a bola controlada ou Maicon a virar o flanco com passes de quarenta metros simplesmente porque não havia ninguém a quem pudesse colocar a bola em segurança. Ou correm todos…ou não há produtividade.

Foi bom voltar ao Dragão. Foi bom rever a malta, sentar-me na minha cadeira e apreciar a vista do interior de um dos mais bonitos estádios do mundo. O jogo não foi bom. O jogo foi mau. E a equipa que vai entrar em campo em Aveiro daqui a uma semana tem de apresentar um nível de futebol muito superior ao que vimos hoje porque tudo ainda parece muito insípido, muito fraco, muito…pouco. Passei mais de metade do jogo a desculpar-me mentalmente com o facto de ainda estarmos em pré-época, com as ausências e os fracos índices físicos. No próximo jogo…começo a não ter razões para me desculpar.

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