Baías e Baronis – Millonarios 0 vs 4 FC Porto

Primeiro de tudo: puta que pariu a “raça latina”. Este tipo de equipas para jogos de pré-época devem ser um Deus me livre para os jogadores porque o adversário simplesmente não pára. Correm como chitas atrás de saborosas gazelas, acertam em tudo o que vêem com uma intensidade tal que mais parece que estão a disputar uma final da Libertadores. Raramente jogam um charuto mas o ritmo que impõem nas partidas e a pressão que colocam no adversário é absurda para esta altura da época. Por outro lado…é excelente para funcionar como um sério teste à capacidade física da equipa ao fim de algumas semanas de treinos, especialmente em altitude. Mas a altitude combate-se, como já disse, com atitude. E foi o que fizemos. Vamos a notas:

(+) Danilo. Estupendo no golo em bola corrida, a avançar pelo campo como um lateral…coiso, que não faz a ala mas que desvia para o centro como fez desde que cá chegou. E os golos de livre, qual Fernando Mendes no Bessa…sem palavras (se bem que Maicon no ano passado também começou bem…mas não tanto!). Parece melhor em campo, francamente, não sei se pelo regresso de Fucile ou pela última tentativa de forçar a mão de Scolari na convocatória para o Mundial, mas o que é certo é que está a mostrar-se mais forte no ataque e mais inteligente na defesa. E todos nós esperamos que continue nesta recta de evolução positiva.

(+) Castro e Josué. Muito combativos no meio-campo, fortes no choque e agressivos quando foi preciso, alternaram bom posicionamento defensivo com a construção inteligente e acima de tudo a forma como comandaram os timings de jogo nas alturas certas, eles que foram continuamente pressionados pelos médios colombianos que tentaram acertar constantemente nas quatro pernas portuguesas que lhes apareciam pela frente.

(+) A componente defensiva de Licá. Corre como um louco e cada vez me faz lembrar mais um dos meus jogadores preferidos, o argentino Jonas Gutiérrez. Não desiste quando está em posição defensiva e vem atrás muitas vezes para apoiar as subidas de Alex Sandro, postura que juntamente com a capacidade física e a altura fazem dele um elemento vital no plantel…e talvez em muitos onzes titulares na época que aí vem.

(+) O golo de Jackson. Deus me livre. Ainda vai dar jogador este rapaz, vai vai.

(+) Comentários da Porto Canal. Podemos ter um Bernardino Barros em todos os canais? Com imparcialidade, inteligência nas análises, percepção de jogo e conhecimento de causa dos jogadores que está a descrever? É pedir muito? A diferença é de tal maneira grande entre BB e qualquer outra sigla que vomite alarvidades noutras emissões que me faz lamentar pelo futuro do comentarismo desportivo. Não há dúvidas: para ver futebol e para ver o FC Porto, o Porto Canal é de longe (de MUITO longe) o melhor de todos.

(-) A componente ofensiva de Licá. Talvez haja uma diferença muito grande nos estilos de jogo de Licá e o rapaz que estava daquele lado no ano passado, um tal de James Rodriguez. Mas Licá parece um corpo estranho nesta equipa, por muito que me custe dizê-lo (e custa, porque gosto do estilo), e ainda não se parece ter conseguido adaptar nem à equipa nem ao lateral que lhe aparece pelas costas. Parece sempre demasiado trapalhão nas alturas mais importantes e essa indecisão e nervosismo podem custar-lhe o lugar. Correu muito, esforçou-se imenso. Mas precisa de produzir mais.

(-) As entradas sobre Jackson. Quantas faltas sofreu Jackson durante o jogo? A resposta é simples: sempre que recebeu a bola de costas. Muitas foram marcadas, muitas não. Mas se isto fosse um jogo oficial, aos dez minutos já tinha sacado três amarelos. Mais: aguentou-as todas e ficou quase sempre com a bola. É como digo, ainda vai dar jogador este rapaz…

(-) O passe longo de Abdoulaye… é mau demais para ser condizente com um jogador que quer ser titular do FC Porto. Não treines, não, rapaz…


No final da crónica do jogo contra o Deportivo Anzoátegui, escrevi isto: “Helton, Danilo, Otamendi, Abdoulaye, Mangala, Castro, Josué, Lucho, Licá, Kelvin, Jackson. Vai uma aposta que a equipa de quarta-feira é esta? Se não for, creio que não fugirá muito disto (…)“. Falhei por um, mas aos sessenta minutos Paulo Fonseca fez-me a vontade. E com tantas opções, umas melhores que outras, já falta pouco para a apresentação que é já no Domingo e aí já vamos poder ver como está o nosso povo. E acima de tudo como joga a malta nova. Estou muito curioso para os ver ao vivo.

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Um meio-campo para todas as eventualidades

 

Mikel, Pedro Moreira, Fernando, João Moutinho, Podstawski, Steven Defour, Castro, Danilo, Sérgio Oliveira, Lucho Gonzalez, James Rodriguez, Kelvin, Atsu, Iturbe.

De uma assentada, reparem nos nomes que podem figurar no próximo meio-campo do FC Porto. É verdade que cada um deles têm as suas próprias valências, uns mais defensivos e com uma perspectiva do jogo um pouco mais rija, como um sniper numa qualquer torre pronto a abater quem aparecer perto da zona quente onde se guardam as munições ou as tostas mistas com o queijo derretido na perfeição. Isto das guerras não é muito comigo, peço desculpa. Outros, guardados pelos primeiros, são os transportadores de jogo, os “box-to-box”, ou “b2b” para parecer mais mediatizável. Sâo habitualmente os mais inteligentes, os que preferem aplicar o neurónio em vez de se aplicarem num qualquer perónio. Ainda há dois que faltam: os utilitários polivalentes e os génios irreverentes, só para rimar. Os primeiros jogam em qualquer lugar e não se queixam porque não têm posição certa. Os segundos jogam em qualquer lugar mas queixam-se sempre que não estão na posição certa. Egos.

Se olharmos para o que pode ser a constituição de um putativo meio-campo para a próxima época, as hipóteses tácticas são infindáveis. E não há nada que goste mais que criar hipóteses tácticas estúpidas baseadas em premissas inventadas. E de francesinhas, também gosto disso. E de cerveja. Hmm. Vamos então a um pequeno exercício, inspirado num post que vi aqui há uns tempos no Run of Play:

  • 4-3-3 clássico à FC Porto desde Oliveira: Fernando, Moutinho e Lucho
  • 4-4-2 losango: Fernando, Moutinho, Lucho e James
  • 4-6-0 como a Roma: Fernando, Moutinho, Lucho, James, Danilo e Atsu (o James era o Totti. Lindo de morrer.)
  • Tiki-taka-tuga: Fernando, Moutinho, Defour, Lucho, James e Iturbe (a pôr uma cabeleira de Messi e a fingir que é ele)
  • Quem quer ser como o Materazzi?: Mikel, Fernando e Castro
  • Se o Co ainda cá estivesse: Moutinho, Kelvin, Atsu, James
  • Taça da Liga: Mikel, Pedro Moreira, Castro
  • Taça da Liga se o campeonato correr mal mas ainda estivermos na Europa: Fernando, Defour, Castro
  • Taça da Liga se o campeonato e a Europa correrem AMBOS mal: Fernando, Moutinho, Castro (é isto, Taça da Liga contigo, rapaz)
  • Recorde do Guinness para meio-campo mais tarreco do mundo: Moutinho, Iturbe, Atsu
  • 100% brasileiro: Fernando, Danilo, Kelvin
  • 100% português: Pedro Moreira, Moutinho, Castro
  • 100% português formado no FCP: Podstawski, Pedro Moreira, Sérgio Oliveira, Castro
  • 100% “números 8”: Moutinho, Castro, Defour, Lucho
  • Os cabelos mais fashion: Lucho (a guedelha), Kelvin (mourróqui), Iturbe (redneck gringo)
  • Maiores tuitadeiros: Castro, Kelvin, James, Iturbe

Não me venham dizer que não temos alternativas. São sempre as mesmas, mas tal como no xadrez, as combinações são imensas.

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O número de James

O dezanove é um número que guarda uma mística interessante para mim, como já devem ter percebido. Foi o acaso que me colocou no caminho dele, quando a mudança das Antas para o Dragão me atribuiu o lugar que pude ir confirmar naquela curiosa sala por baixo da bancada central do antigo estádio, onde se processou o câmbio. A camisola com o mesmo número aqui do meu cantinho acaba por ser curiosamente uma das que mais em foco tem estado por estes dias, muito por culpa do rapaz que a veste e que tem brilhado a bom nível: James Rodriguez.

Vamos então rapidamente percorrer o passado e ver quem são os anteriores donos da mesma camisola:

  • João Manuel Pinto (1995/1996 até 1999/2000)
  • Juan Antonio Pizzi (2000/2001)
  • Rafael (2001/2002)
  • Carlos Alberto (2003/2004 até 2004/2005)
  • Tomislav Sokota (2005/2006 até 2006/2007)
  • Ernesto Farías (2007/2008 até 2009/2010)

James, que já usa o número desde o ano passado, tem como rivais numéricos um central que jogou mais vezes a ponta-de-lança que alguma vez teria imaginado (sir Bobby, may God rest your mad soul!) e que se vendeu para o vermelhão; um hispano-argentino que esteve cá meio-ano numa época infeliz para as nossas cores (Boavista campeão) e marcou três golos sem nunca ter sido titular; um ex-jogador de futebol de praia que depois de 17 golos no Paços de Ferreira passou para…zero no FC Porto; um brasileiro genial no campo e a arranjar problemas fora dele, mas que pode dizer aos netos que marcou um golo na final da Champions; um croata que veio do Benfica e que qual gajo com prisão de ventre…tentava…tentava…mas não saía nada de jeito; e finalmente “El tecla”, o argentino perito em marcar golos a equipas já derrotadas mentalmente.

Alguns jeitosos, outros nem tanto. James pode ser o melhor 19 que o FC Porto já viu. Só depende dele.

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Duelos para a temporada – parte III

Avançamos para o terceiro duelo, este na frente de ataque. Ou melhor, do lado esquerdo da frente de ataque:

 

Silvestre Varela
James Rodriguez
Posso chutar, mister?
(características ofensivas)
É daqueles que a malta gosta, porque vai para cima do lateral e tenta sempre passar por ele, mas quando não consegue tem a inteligência de rodar para trás. Faz a linha toda, cruza razoavelmente bem e tem boa noção táctica para o contra-ataque. Comporta-se mais como um avançado móvel do que como um extremo e rende mais no meio que na ala. Não é rápido mas compensa com visão de jogo e técnica individual muito acima da média.
Defende em condições?
(características defensivas)
Muito útil na cobertura defensiva ao lateral, acaba os jogos esgotado pelas correrias que faz pela linha. Fraco no contacto físico com os adversários. Tem de melhorar muito. Parece distraído quando a bola passa por ele e cai muitas vezes num “meiínho” entre dois jogadores adversários, sem saber o que fazer. Pouco poder de choque.
O guarda-redes abdica da barreira…
(lances de bola parada)
Nem bom, nem mau, muito pelo contrário. É melhor a sacar as faltas que a produzir alguma coisa depois de as ganhar. Marca bem penalties e pode ser uma boa aposta para livres directos perto da entrada da área.
Oh amigo, até jogo à baliza!
(versatilidade)
É gajo para estar numa ala, seja a esquerda ou a direita. Não rende quando é colocado no centro do ataque. No centro, por trás do ponta-de-lança, é onde produz mais, porque não tem necessidade de se prender a tácticas. Pode jogar nas alas mas descai para o meio sempre que pode.
Parto-te todo, ouviste?!
(sistema nervoso)
Trabalhador, simpático, sorridente, um amor de pessoa dentro de campo. Ainda é um miúdo e nota-se que em alguns lances mais divididos acaba por ceder à pressão e põe-se na conversa com os árbitros.
So ready for my fucking close-up
(imagem)
Formado no Sporting, aproveitado pelo FC Porto. Uma história de sucesso: Casa Pia > Sporting > Huelva > Amadora > Porto. Sempre a subir, portanto. E continua humilde. Está presente em todas as listas de “50 jogadores com potencial” que já saíram desde 2009. Pretendido por tudo que é clube italiano de topo. Dá para vender um ou dois desodorizantes, pronto.
Como é a música que cantamos a este gajo?
(relação com os adeptos)
Começou em alta mas está a começar a perder o lugar. Não é que o pessoal tenha deixado de gostar dele, mas a luz que surgiu bem forte no início está a ser ofuscada pelo brilho de outros mais jovens e com mais pernas. Reputação em alta com os adeptos depois de sozinho ter chegado para ganhar ao Vitória de Guimarães na final da Taça. O Mundial sub-20 está a cotá-lo como um elemento importante no FC Porto, resta saber se aguenta a pressão.
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