Porta19 entrevista Juan Fernández (www.malagadechampions.com)

Chegado que está finalmente o jogo contra o Málaga, decidi regressar às investidas jornalísticas e escolhi um dos mais interessantes blogs afectos ao nosso adversário de amanhã, Málaga de Champions, gerido por Juan Fernández, que aceitou com amável simpatia responder às minhas perguntas, reciprocando com uma série de perguntas que respondi e que podem ler no site deles. A única alteração que houve no texto que recebi prende-se com a tradução da língua das respostas, que me foram enviadas em espanhol a meu pedido para evitar erros de tradução. Vamos lá então perceber como pensam os nossos adversários:

 

Porta19: O FC Porto está habituado a jogar contra equipas espanholas, mas esta é a primeira vez que jogaremos contra a vossa equipa. Achas que o Málaga é mais forte quando comparado com as outras equipas espanholas que defrontámos nos últimos anos (Villarreal, Atletico ou Sevilla, todos eles eliminados por nós)?

Juan Fernández: Claramente é mais forte tanto tacticamente como fisicamente, ainda que aquela equipa que talvez mais se assemelhe seja o Villarreal, já que temos um projecto parecido, com o mesmo treinador e uma filosofia similar.

Porta19: O Málaga classificou-se no primeiro lugar do seu grupo, à frente do Milan e do Zenit. É um resultado lógico pela qualidade da equipa ou houve alguma sorte à mistura?

Juan Fernández: Totalmente lógico, basta ver os resumos das partidas e as suas estatísticas para se perceber que o Málaga foi superior em toda a linha, apesar de ter havido momentos em que nos criaram perigo, mas isto é futebol e todos temos pontos mais fracos que outros.

Porta19: Que pode o FC Porto esperar quando visitar o La Rosaleda? Como vai ser a atmosfera dentro e fora do estádio?

Juan Fernández: O FC Porto vai fazer um partido de trabalho, mais defensivo do que está à espera, porque o Málaga joga um futebol tacticamente agressivo e a rodar a bola, o que causa um grande desgaste físico a nível defensivo. O Porto é uma equipa muito defensiva mas com uns contra-ataques muito fortes, letais. O ambiente/atmosfera será grandiosa porque é o primeiro ano do Málaga nesta competição e os malaguenhos ao escutar o hino da Champions…ficam felizes. É algo superior, caído do céu que todos partilhamos directamente para nós.

 

Porta19: Quem são os jogadores principais na equipa do Málaga este ano? Achas que as estrelas têm um papel importante na equipa ou os menos “galácticos” são mais importantes?

Juan Fernández: As estrelas principais são Isco e Joaquín, com estilos distintos mas juntos conseguem criar muitas ocasiões de perigo. Toulalan e Iturra são os jogadores que se encarregam de destruir, criando um muro muito bom no centro do terreno. Na defesa temos o experiente Demichelis, sempre seguro, será muito complicado superá-lo. Na baliza temos Willy Caballero, o actual Zamora (guarda-redes menos batido) da Liga Espanhola e todo ele é uma estrela, vai ser chamado à selecção argentina muito em breve.

Porta19: Conheces os jogadores do FC Porto? Quem te agrada e quem te assusta? Há algum jogador em particular que gostarias de ter no Málaga?

Juan Fernández: Claro, é a melhor equipa da Liga Portuguesa, com uma grande organização ofensiva e um plantel muito bom. O melhor de todos é Jackson Martinez, todo ele é matador e é o melhor marcador da equipa, para lá de criar muitas oportunidades de golo. Comprava-o já.

Porta19: O mercado de Inverno foi bom ou mau para o clube? As chegadas de Lugano, Antunes e Lucas serão sem dúvida mais entusiasmantes que a cedência de Buonanotte…

Juan Fernández: Pareciam más compras, de baixo investimento, mas agora que estão na Liga jogam a muito bom nível. Lucas está muito bem e o Antunes é um fenómeno, não nos arrependemos nada de o ter trazido. Lugano, por outro lado, tem de se entrosar ainda um pouco mais.

Porta19: Porque tens um site de apoio ao Málaga? Amor ao clube, intervenção online, o sonho da Champions ou simplesmente uma forma de organizar o clube de fãs?

Juan Fernández: Temo-lo por amor ao clube, desde que nascemos sentimos as cores azuis-e-brancas e por isso fazemos o que mais gostamos que é informar.


Obrigado mais uma vez ao Juan e ao resto da malta que trabalha no Málaga de Champions. Espero que gostem da nossa cidade quando cá estiverem amanhã…e que não se sintam demasiadamente tristes depois do inevitável 3 ou 4 a zero que vão levar no lombo. Yup, é isso.

Link:

Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Sinto-me sujo, sabes? Coberto da imundície de um empate que me chateou profundamente e culpo-te por isso. Tens culpa tu, o mau tempo, a minha faringite, o relvado e o João Pereira. Culpo sempre o João Pereira quando há alguma coisa negativa que me acontece, esse e o Katsouranis são ódios de estimação que não desaparecem rapidamente e estou em crer que são responsáveis por grande parte dos males do mundo, desde o aquecimento global ao timbre do Justin Bieber. Muitas referências culturais seguidas, peço desculpa. Mas dizia que tens culpa porque me arrastaste para uma falsa sensação de segurança que pensei que já não íamos perder pontos (pelo menos no Dragão) até ao fim da época. E depois deixas que os teus rapazes saquem uma surpresa destas que me arranhou ainda mais a garganta e esgadanhou a alma. Não se faz, Vitor, you naughty boy.

Por isso hoje à noite em Aveiro não espero menos que uma vitória, e uma vitória a sério. Já sabes que não preciso de ganhar por 40-0 para activar as minhas glândulas da cagança, sou superior a essas merdas. Quero é um jogo consistente, de uma equipa que tem tudo ao seu alcance para ser campeã, que luta com as armas que tem e as armas que tem são suficientes para desancar no lombo do Beira-Mar de tal maneira que os moços vão pensar que lhes enfiaram uma bazooka soviética enferrujada pelo esfíncter acima. Ganha o jogo, descansa os adeptos e depois descansa os teus, que bem vão precisar de estar com as pernas tranquilas na próxima terça-feira.

Despacha lá isso.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Olhanense


Amigo Vítor,

Estou desde quinta-feira a tentar curar uma naso-faringite. E não usaria este termo se não tivesse ido à médica com quase 39º de febre, que me obrigou a ficar dois dias a trabalhar de casa, muitas horas de contínua dor de garganta e uma absoluta incapacidade de me locomover para mais que uma ou outra visita ao WC. O resto foi passado aqui, a trabalhar na mesa da sala com alguns pequenos intervalos de minutos em que, prostrado na cama ou no sofá, ia pensando na vida. Sou homem e como sabes os homens sofrem mais quando estão doentes que as mulheres, não tenho dúvida. Nem sei porquê, mas é um facto.

Por isso ainda nem sei se vou conseguir ir ver-te ao vivo. E será uma pena, especialmente depois do jogaço em Guimarães, mas caso não me vejas para lá, não desanimes, pá. É mais um jogo para ganhar e seja qual for o resultado do jogo do Benfas que acaba antes do nosso começar, a motivação funciona sempre em nosso favor. Quer fique em casa ou vá ao Dragão, conto contigo e com uma boa exibição dos teus moços para me ajudarem a ficar bom, porque amanhã vou trabalhar e se ainda estiver doente, ao menos que algo me dê um motivo para me levantar da cama com um sorriso.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Gil Vicente


Amigo Vítor,

Passou-se o fim-de-semana todo e jogo do FC Porto, népias. Não me incomodou tanto quanto isso porque sempre dá um certo gozo começar uma semana de trabalho com um boost de moral na segunda-feira à noite que me dá sempre que jogamos no Dragão. E seja do calendário, dos adiamentos, da SportTV, não quero saber. Há jogo no Dragão e vou lá estar. Eina, viva eu.

Ainda te lembras do jogo da primeira volta? A estreia no campeonato? Aquela exibição disforme, com onze jogadores cuja exibição resultou num, e passo a citar, “jogo frouxo, em que pouco pode servir como desculpa à lentidão, à exasperante falta de opções de passe e à aparente falta de vontade de jogar como antigamente se fazia”? Ainda jogava lá o Givanildo e o Miguel Lopes, vê lá tu como as coisas mudam. Até o James jogava e olha que já nem me recordo de ver o puto em campo, todas as imagens do FC Porto deste ano parece que me trazem o pobre do Defour a esforçar-se como um louco a extremo-direito. Mas hoje tudo pode ser diferente. Os nomes nas camisolas vão ser diferentes, não tenho dúvida, mas o futebol também tem de ser porque a malta começa a ficar um bocado aborrecida com os últimos jogos que temos visto contra este tipo de equipas, para te ser sincero. Queremos todos ver mais alma, mais vivacidade, mais sentido de baliza e menos tabelinhas que não trazem resultados práticos. Aprecio a gestão do jogo, mas quero ver os *nossos* rapazes com a bola, não quero que se repitam espectáculos como o de Setúbal, onde pegamos no jogo pelos cornos, marcamos um golo e depois…uma noite ensonada contra uma equipa fraca. Não quero outra do género, pá, não quero.

Até porque estes gajos não merecem. De Barcelos não sai nada que se aproveite desde o Drulovic.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – Vitória Setúbal 0 vs 3 FC Porto

Ao intervalo mudei para os outros canais da SportTV, num mini-zapping para me manter acordado. Valencia-Real, Arsenal-West Ham e Roma-Inter. Taça, Liga, Taça. E eu, que já achei muitas vezes que sou amante de futebol, apercebo-me nestes momentos que não o sou em pleno. Sou portista, e razoavelmente fanático para continuar a ver um jogo que tinha quase tanta excitação como um quadro de ardósia numa escola primária às escuras. Foi entediante ver o FC Porto a jogar sem jogar, a trocar a bola numa partida insípida, com poucos motivos de interesse a não ser o easter egg da noite: “Qual seria o próximo jogador do Setúbal a fugir a uma expulsão?”, com um festival de patadas, calcadelas, teatralidades e pontapés que os sadinos brindaram a magra plateia do Bonfim. Tão fraquinhos, mas tão fraquinhos, que o FC Porto lhes entregou o jogo quase todo para tentarem animar a contenda…sem sucesso. Vamos a notas:

(+) Jackson. Dois golos foram suficientes para o colocar no topo dos melhores marcadores e é ali que se devia sempre manter. Continua a esforçar-se, a usar o corpo e a técnica para receber bem a bola e continuar a lutar para ganhar a melhor posição possível e talvez conseguir marcar mais um ou dois. Mais vale um Jackson manco que doze Klebers em topo de forma, e só tem a ganhar com a eventual chegada de Liedson, que o vai obrigar a seguir em frente e a trabalhar para ajudar a equipa, que tem feito desde que chegou. Muito bem.

(+) Alex Sandro. Só tem o problema do excesso de confiança a sair da defesa com a bola controlada, que insiste em deixar presente em todos os jogos, quase perdendo a bola e valendo-se da ajuda dos colegas para se safar. Para lá disso é inteligente na protecção da bola em corrida e em drible, criando os desiquilíbrios que se espera que um lateral consiga fazer e o colega do outro lado do campo insiste em abdicar sequer da tentativa. Melhor na primeira parte que na segunda, onde jogou mais subido, mas já é uma das figuras da equipa.

(+) Mangala. A central ou a defesa-esquerdo, Mangalho continua a brilhar. Forte no 1×1, salvou um golo do Setúbal numa das únicas oportunidade que Meyong (who else?) teve, com uma pequena hesitação na segunda oportunidade do camaronês, que Helton salvou. Ofereceu o segundo golo a Jackson numa jogada que começa a ser uma imagem de marca: a cavalgada desde a zona defensiva, com a bola semi-controlada e a enorme envergadura das pernalongas a driblar adversários pelo chão e pelo ar. É titular de pleno direito.

(-) O sono de um ataque não-ofensivo. Compreendo quem me diz que ver o FC Porto dá mais sono que um álbum da Cat Power. Um grande número dos jogos do FC Porto são tão aborrecidos que não censuro quem opta por fazer outras coisas, desde que não seja portista, claro, como expliquei no início da crónica. Mas alguém é capaz de me explicar a racionalização de manter um resultado tão magro, com uma vantagem tão fácil de inverter até por uma equipa como o Setúbal, com uma simples bola parada, um ressalto, um cruzamento zarolho…qualquer evento que nos faça despertar daquele torpor, aquela letargia que parece tolher corpo e mente? Há jogos em que, sinceramente, não percebo como é que Vitor Pereira não dá um safanão nos gajos e ao fim de dois gritos cheios de bom vernáculo espinhense (acreditem, aquela malta sabe muito bem falar “mal”) talvez víssemos algum movimento consequente, interiorizado, com consciência que os adeptos querem o campeonato mas gostavam de não dormir o caminho todo até lá chegar? Vá lá, rapazes, façam lá mais um esforço sem ser nos jogos grandes.

(-) Kelvin. Definitivamente não. Não consigo ver Kelvin como uma opção útil para o nosso ataque e merece passar dias, semanas, meses emprestado ou na equipa B para ver se consigo perceber se quer de facto ser jogador de futebol ou se lhe chega o estatuto e a conta no Twitter. Saiu ao intervalo depois de uma primeira parte de fintas inconsequentes, arremessos para o relvado e pouco, muito pouco futebol. Não é, actualmente, jogador suficiente para ser convocado.

(-) Vitória de Setúbal. No jogo da Taça da Liga, falei do Vitória assim: “É um campeonato fraco, tão fraquinho, cheio de equipas a sobreviver ano após ano, rodeados do fausto de três ou quatro equipas que conseguem brilhar um bocadinho acima da medíocre média que pauta a nossa liga. Uma miséria, que nos rouba a motivação, a alma e de vez em quando o campeonato.“. E não retiro uma palavra, porque é uma equipa muito limitada e que com tanto espaço para jogar, convenientemente dado pelo FC Porto, raramente conseguiu criar perigo a não ser num remate de Meyong e numa parvoíce de exagero de Helton, mais uma vez possuído pelo “Síndroma de Jorge Campos”, e que mesmo assim conseguiu fintar três adversários antes de mandar a bola com as couves. Ver o Benfica a jogar contra este ou outros “Setúbais” e vencer por 2 ou 3 golos de diferença é tão normal como ver o Setúbal a jogar contra um FC Porto que não está sequer interessado no jogo…e perder por três na mesma. É muito fraco este nosso campeonato.


Fim da primeira volta, um golo atrás do Benfas. Um golo, é verdade. E já continuamos na segunda-feira contra o Gil, para arrancar da melhor maneira a segunda volta…que é como quem diz: “Já só faltam quinze vitórias para sermos campeões!”. Não é muito, porra.

Link: