Ouve lá ó Mister – Guimarães


Amigo Vítor,

Deixa-me ser o primeiro a dizer-te, com todo o respeito: “Ai o caralho!”. Aquele jogo em Barcelos não foi grande coisa, pois não, campeão? Não foi mesmo. Mesmo. E já te tinha dito aqui há uns tempos, com este tipo de jogos mandas abaixo qualquer tentativa que a malta possa fazer para estar com a moral em alta e responder à letra aqueles furúnculos de Lisboa. Mas continuamos por cá, Vitor, e continuo a confiar em ti.

Hoje o teste pode ser tramado. Ou não. Estou a ser sincero quando te digo não conheço metade da equipa do Guimarães e apesar de ser, como tu sabes, um gajo que gosta de alojar na cabeça uma quantidade absurda de factóides inúteis sobre futebol, a verdade é que ainda não me dei ao trabalho de saber o que eles valem. Só há uma coisa que sei com toda a certeza e que todos os que logo estiverem no Dragão também sabem: nós somos melhores. E não pode haver dúvidas nesse campo para que essas dúvidas não passem para o outro, o de relva.

Uma sugestão, só mais uma: Hulk, Atsu e Jackson. É esse o onze. Deixa o James aprender que tem de fazer mais para ganhar o lugar…olha que ele está a voltar aos maus hábitos de ano passado, quando só jogava bem se entrasse a meio do jogo porque se fosse titular era trampinha atrás de trampinha. Não quero trampinha. Quero ganhar a merda do jogo. Quero comer uma bifana e ganhar a merda do jogo. Quero comer uma bifana, beber um fino e ganhar a merda do jogo. Sim, é isso. Força.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente


Amigo Vítor,

Há quase oito meses atrás, no dia 29 de Janeiro, perdemos o último jogo no campeonato e o único que acabou com esse inusitado desfecho desde Fevereiro de 2010. Foram quase dois anos sem derrotas que terminaram nessa mesma noite, neste mesmo estádio que hoje visitamos, um dos poucos que foi de facto construído com as necessidades de uma equipa em mente, ao contrário de tantos outros por esta lusa terra fora, produtos da mente de delírios e sonhos utópicos e desfazados da realidade. Na altura dessa derrota, escrevi aqui (e se tivesse falado em voz alta os vizinhos teriam decerto ouvido): “Foi muito mau e há tanta ferida para lamber que nem sei por onde começar“, ou “o FC Porto jogou em Barcelos com uma inércia assustadora“, ou até “Estaria a roçar o inadmissível ver um jogo destes numa pré-época“, terminando com “A ausência de jogadas de combinação com um mínimo de fluidez de jogo criava um vazio que ninguém preenchia e deixava-me ainda mais inerte e preocupado“. Foi um jogo muito mau, como te lembras.

Mas a temporada é nova, o sol brilha e os passarinhos que conseguirem fugir dos caçadores…cantam. E a equipa, apesar de parecida, não o pode ser hoje à noite. Já soube que convocaste Hulk, Danilo e Alex Sandro. Não acho mal. Mas tem cuidado com os outros, os que cá estão desde início e não são tão maus quanto isso. Se o Mangala é uma adaptação e podes tirá-lo do sítio para fazer entrar um gajo que está habituado ao flanco, já os outros dois…se fosse a ti deixava-os no banco para começar. O Atsu e o Miguel Lopes podem dar conta do recado, vais ver.

Para arrancar bem o campeonato, só precisas de ganhar o jogo. Para limpar a imagem do ano passado, só precisas de ganhar o jogo por quatro ou cinco. Pois é, Vitor, quem gosta conta a um amigo, quem não gosta conta a cinco. E este ano, quero gostar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FCP vs Académica


(foto retirada do MaisFutebol)

Ontem escrevi aqui no blog que o jogo ia ficar 1-0. Não me enganei e parecia haver boas razões para tal acontecer. O jogo, no entanto, surpreendeu-me. Foi vivo, dinâmico e apesar de nem sempre ter sido bem jogado acabou por ser um bom espectáculo com a Académica a fazer uma exibição cheia de personalidade, estrutura táctica (ao contrário dos anfitriões) e atrevimento ofensivo, completamente diferente do que tinha feito no campeonato aqui há uns meses. E só nos safou o doido do Mariano que se lembrou de fazer um remate perfeito perfeito e colocar o seu clube na sua primeira final da Taça da Liga. Vamos lá então a notas:

BAÍAS
(+) Mariano. Quando disse depois do jogo contra o Sporting que a bracadeira do FC Porto tem poderes mágicos, estava numa de ser jocoso. Mas começo a acreditar em cristais e em reiki e no poder curativo do Professor Bambo quando vejo golos como o de ontem. Mariano, até à saída de Bruno Alves, tinha sido não um mero espectador, mas um parcial destruidor das jogadas ofensivas da equipa. Num nível acima de Guarín (era complicado), conseguia falhar passes e perder bolas infantis, dando a iniciativa ao adversário. Sai Bruno, muda a bracadeira para Mariano, pling! É correr pelo flanco direito, são remates fortes, é a garra que volta e um golo de execução magistral que acaba por ser merecida. Mariano é um jogador emocional, que substitui o talento pelo esforço e que não desiste mesmo quando as coisas não lhe correm bem, o que acontece quase sempre. Ontem deu-nos 500 mil euros. Já lhe paga o salário para uns largos meses.
(+) Ricardo Carv…perdão, Nuno André Coelho. Esteve muito bem e provou que afinal não está na lista dos dispensáveis. A forma subtil com que se colocava perante o ataque adversário e roubava a bola dos outros rapazes fazia lembrar o agora jogador do Chelsea, com quem já por diversas vezes foi comparado noutros tempos.
(+) Nuno. Apesar de apenas conseguir agarrar a bola à segunda, esteve bem, seguro e salvou várias chances de golo da Académica. Foi a par de Mariano o responsável pela qualificação.
(+) Ruben. Notou-se claramente que a partir da sua entrada a equipa mudou. Guarín estava a ser o principal responsável por levar a equipa para a frente com o seu estilo…a sua ausência de estilo a ser um handicap tremendo. Ruben joga mais, muito mais, mais simples, mais prático e mais eficiente. Conseguiu um feito tremendo: pôs os adeptos a chamar por ele ao fim de 4 jogos, o que é complicado num clube como o FC Porto. Parabéns.
(+) Académica. Da equipa hiper-mega-defensiva que vi a jogar cá para o campeonato só sobraram as camisolas. Villas-Boas conseguiu introduzir uma estrutura táctica que não abana, a mostrar saber e astúcia na colocação dos jogadores em campo e a encostar os ingénuos jogadores do nosso meio-campo para terrenos que não sabem calcar. Valorizou a nossa vitória e merecia um pouco mais, mas no final quem ganha é quem marca…
BARONIS
(-) Guarín. Este rapaz está a ultrapassar Mariano nos meus pequenos ódios de estimação. Ao passo que Mariano é um jogador que eu gosto de criticar porque é um jogador à minha imagem (ou melhor, é um tipo que joga tanto quanto eu e tem o mesmo perfil: pouca inspiração e muita transpiração), Guarín é só mau. Mau tacticamente, mau tecnicamente, mau quando perde a bola e imediatamente ceifa as pernas do adversário, mau na visão de jogo, mau no passe, mau na organização defensiva…só se safa o remate forte, que só não é mau porque um em cada vinte deles vai em direcção à baliza, e em termos de rácio no FC Porto, não é fraco, infelizmente. Guarín está mais uma vez a perder para Tomás Costa por culpa própria. Não se adaptava a trinco, não se adapta a médio-ala e não se adapta a interior. Acho que de facto não se adapta ao FC Porto.
(-) Belluschi. Mais um jogo, mais um desperdício. Falha passes demais, continua muito hesitante e está a ser uma tremenda desilusão para os adeptos.
(-) Experiência táctica. O 4-1-3-2 falhou redondamente, mais uma vez. Quiçá com outros jogadores (Meireles e Ruben a titulares) poderia ter sido um pouco mais eficaz, mas a forma como Valeri e Belluschi andaram a passear em campo, juntamente com Guarín que parecia achar que o jogo decorre à velocidade de um pique do Moniz Pereira (parabéns pelos 89 anos!), minaram a estrutura e deixavam Tomás Costa a voar de um lado para o outro a tentar tapar os buracos que eram deixados. Jesualdo quis experimentar mas mal viu que as coisas não estavam nada bem reverteu para o 4-3-3 com Varela, e as coisas ficaram melhor. Como era evidente.
Uff. Este já está, estamos na segunda final do ano (Supertaça em Aveiro já cá canta) e é, como todas as finais, para ganhar. Só tenho pena que seja no Algarve, senão muito provavelmente tentaria ir ver o jogo, mas assim sendo torna-se menos viável. De volta ao campeonato agora, está aí o jogo contra o Leixões que é essencial vencer, com um golo do Mariano à entrada da área ou com uma bicicleta do Falcao ou até com um cabeceamento do Miguel Lopes, de qualquer forma são três pontos que terão de ficar do nosso lado!
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Baías e Baronis – Académica vs FCP


(foto retirada do MaisFutebol)

Mais um jogo para uma competição menor, mais uma exibição medíocre, mais uma imagem triste e fraca que se passa para o exterior, comprovando que as segundas linhas não têm capacidade para lutar com as opções principais. Para as notas que se faz tarde e as pessoas têm de trabalhar:

BAÍAS
(+) O centro da defesa safou-se razoavelmente bem, particularmente na segunda parte. Maicon e Nuno André Coelho (mais o luso que o brasileiro) estiveram em bom plano, entenderam-se bem nas dobras e não deram grandes hipóteses aos avançados da Académica, que se limitavam a estourar para a baliza quando tinham espaço, quase sempre mal.
(+) Fucile. Com um adversário muito complicado pela rapidez que mostra em todas as jogadas, esteve bem na marcação e acabou por mostrar, contra o meu habitual julgamento de ser um jogador pouco motivado para jogos inócuos, que é o único que jogou ontem a titular que terá hipótese de ser titular na equipa principal. Sem dúvida. Miguel Lopes não esteve mal, mas nota-se que precisa de estar mais calmo, o que só se ganha com mais jogos.
(+) Mariano não esteve mal, tendo em conta as limitações que todos lhe reconhecem. Lutou muito, conseguiu passar uma ou duas vezes por mais que um adversário na mesma jogada, e não fosse o facto de ter os pés virados para Meca e não conseguir fazer um passe de morte correcto se a vida dele depender disso…e até podia ser uma boa opção.
BARONIS
(-) Compreendo que não é por enfiar 11 gajos dentro de campo que se pode dizer que temos uma equipa. Ainda assim, é frustrante ver noventa minutos de um jogo fraco, com poucas oportunidades de jogo, a contar para uma competição que ninguém quer, a horas que ninguém gosta e com um relvado quase impraticável. Esta Taça da Liga é um horror.
(-) Farías. Sempre lento, nunca se conseguia antecipar aos adversários e perdia constantemente a bola para os centrais. Fraco, como sempre, e continuo a não perceber o porquê de se falar em renovação…
(-) Tomás Costa. Não é um jogador calmo e pelos vistos nunca vai ser. Sempre que toca na bola e a perde, tenho a ideia que vai dar uma troçada no rapaz que lhe retirou a redonda e vai ser expulso com todas as regalias que tal acto oferece. Se tiver de optar por um substituto a Fernando, pensava várias vezes antes de escolher Tomás Costa. Não está a evoluir, ao contrário de Guarín, que apesar de não ter a maior clarividência quando tem a bola nos pés, ao menos ainda faz alguma coisa com ela.
(-) Valeri. Continua a queimar oportunidades de mostrar serviço, rapaz, vais longe…não é que tenhas sapatos grandes para calçar, o teu número nem era assim tão importante para a equipa nos anos anteriores…
Fraco, feio ou horrível? Escolham, porque uma destas palavras qualifica o jogo de ontem. Se quiserem escolher as três, ninguém se opõe…
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