Ouve lá ó Mister – Nacional

Mister Paulo,

Que saudades de ver o fêcêpê a jogar, rapaz. Todo este reboliço da selecção e da taça e dos sorteios da taça e da Bola de Ouro que afinal ainda pode ser do Ronaldo e do Vieira a levar nas trombas por causa do BPN e do Jesus que foi suspenso e do Quaresma que agora dizem que pode vir e do Otamendi a titular na Argentina e do russo que ninguém vê há meses…toda esta variadíssima panóplia de eventos e não-histórias estão a desfocar a minha atenção daquilo que é mais importante: o meu clube, a disputar o campeonato do meu país, onde continua em primeiro e que já não faz um jogo em condições (tirando contra o Sporting, vá) há meses. E hoje é o dia ideal para regressares às boas graças do povo, sabes porquê?

Porque é um jogo como tantos outros. Exactamente por ser um jogo como tantos outros, uma partida contra um adversário que pode ser mais complicado ou menos complicado mediante o que a tua equipa dizer em campo. E é nestas partidas que se tem de manter o ritmo, tão afectado neste nosso absurdo calendário com competições da treta e viagens da FIFA, é exactamente nestes jogos que podes marcar a diferença e dizer: “estamos cá. estamos a melhorar. estamos a crescer. e daqui a um bocadinho, sem que derem por isso, estamos a jogar bem.”. Hoje pode ser o dia em que evoluímos de um futebol desorganizado e displicente para uma máquina semi-oleada que dá gosto ver.

Vou para o Dragão cedinho. Vou parar na alameda onde estiverem a vender castanhas e vou-me sentar num degrau a comer esses pedaços de ardósia forrados a carvão, contente da vida a cumprir uma tradição pessoal que já data do tempo das Antas. Mudam-se os tempos, mudam os embrulhos, mudam os percursos para o estádio, mas não mudam as castanhas, não muda o gajo, não muda a tradição. Venham elas e depois, quentinhas e boas no meu estômago, vamos para a vitória. Siga.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Mister Paulo,

Não te posso dizer que esteja particularmente entusiasmado com o jogo de hoje. Estou a ser sincero, pá, como sou sempre. Talvez sejam ainda restos do jogo de quarta-feira que me deixou com a moral em baixo. Pode estar relacionado com o facto de ter levado uma bolada no focinho ontem de manhã que quase me punha um olho à Belenenses (pós-Mangala, imagina!), muito embora tenha reclamado incessantemente: “na cara não, caralho, que esse é o meu ganha-pão, ora fod…” e trau, lá foi a bola na tromba. Pode até ser pela chuva que vai caindo lá fora e que unta as estradas de um visco superficial que põe o povo doido.

Mas olha que o jogo de quarta-feira é capaz de ser o motivo mais importante dos três. E depois de beber três ou quatro finos e de sofrer durante todo o jogo à procura de uma vitória que nunca mais apareceu, fiquei desmoralizado. Triste, sabes, como se me tivessem feito um clister sem me avisarem. Por isso estou à espera de mais do mesmo neste jogo. Já vi que convocaste o Kelvin e apesar de não estar à espera que o puto seja titular, espero que o Ricardo seja. E espero que o Carlos Eduardo também seja. E o Josué. E o Maicon. Pronto, só esses, o resto deixo contigo.

Quero que saibas que para todos nós esta é uma prova secundária. Sempre foi, sempre será. Mas neste momento, Paulo, todos queremos vitórias. O FC Porto ganhou um jogo dos últimos quatro. Ouviste? Eu repito. Vencemos UM jogo dos últimos QUATRO. Se queres manter a malta do teu lado…não faças com que os 25% passem a 20%.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Zenit

Mister Paulo,

Estás a perder os adeptos a cada jogo que disputas. Aqueles noventa minutos de futebol que jogámos no fim-de-semana em Lisboa foi uma bela duma trampa fumegante e ninguém te vai deixar esquecer o que a equipa (não) fez numa partida que devia ter sido nossa logo desde o início e que deitaram a perder mesmo antes do Mangalho ter tido aquele AVC que mais fazia lembrar o colega do lado. Foi mau e tu sabes que foi mau, por isso tenho ainda menos paciência para desculpabilizações com o relvado e as linhas que eram brancas e confundiam-se com o equipamento e os jogadores ficaram alérgicos às flores do Pepe. Ba. Le. Las.

Hoje, a meio da tarde em Portugal e já de noite e frio na mãe Rússia, vais ter de provar que estamos todos enganados quando começamos a pensar que estás com as unhacas cortadas muito rente e que é tão provável sacares de um solo à Steve Vai como de pescares um espadarte com um pacote de gomas. Vais para cima deles porque temos de ganhar. Vais ganhar porque foste para cima deles. Não quero saber de Hulk ou até do Witsel que afinal já pode jogar (era bonito se os nossos pudessem ter o mesmo tratamento quando são expulsos, não é?), ou do Mijinhas ou do resto da comandita.

Ganhar é imperativo. Um empate, como diz o Jesus, é (mais) uma derrota.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Mister Paulo,

Já não vimos aqui a Belém há uns tempos. E já sentia a falta de dar o salto ao monumento do Pepe, deixar as flores e prestar a homenagem que o homem merece. Era uma tradição bonita, das poucas que me davam um gozo do caraças. E depois os camelos deixaram-se cair na segunda divisão (será sempre segunda divisão, quero lá saber quem a patrocina) e a tradição caiu por terra. Não estavam à espera que fizéssemos os penosos trezentos quilómetros na A1 para ir lá espetar uma coroa de flores, era só o que faltava.

Hoje, regressámos ao Restelo, esse belo estádio à beira-rio construído que enche quando o Papa cá vem e pouco mais. O estupor do clube já foi quinze vezes à falência e regressou dos mortos como um zombie no Walking Dead que descobriu uma cura miraculosa e já cá anda a pinchar e a cantar. É bonito o futebol, não é? É sim senhor, quem disser o contrário é mentiroso e cínico e não percebe nada desta treta. Por isso vamos lá fazer deste jogo ainda mais bonito e ganhar o primeiro jogo do ano em Lisboa. Já percebi que vais levar os mesmos gajos que ganharam ao Sporting, por isso tens tudo nas tuas mãos já que os que jogaram bem na semana passada também têm condições para fazer igual hoje à tarde. E aproveita para explicar ao Otamendi que se a jogar da maneira que tem feito consegue ser chamado à selecção…ele que imagine o que pode acontecer quando estiver em grande! É titular, porra, saca o lugar ao Garay ou a qualquer outro tono que joga lá no San Lorenzo ou no Gimnasia coiso e tal e vai ao Mundial de caras.

Ganha lá o jogo, recupera os cinco pontos de avanço para a vermelhagem e manda a malta para o descanso do campeonato com a bomba bem cheia. É só isso, como de costume.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Sporting

Mister Paulo,

Nos últimos anos temos apanhado um Sporting fraquinho. Débil, com garras de plástico, juba a cair, osteoporose felina a foder-lhes os ossinhos todos. Ainda no ano passado, quando cá apareceram, apanharam dois e só não entraram mais porque não calhou. E tem sido assim há vários anos desde Março de 2007, a última derrota no Dragão com esta malta, quando o Tello se armou em Roberto Carlos e marcou um golaço. Cabrão do chileno, pá.

Este ano, parece que as coisas estão diferentes. Pelo menos se olhares do lado deles, com toda a certeza que estão. Os rapazes estão com mais força que um caloiro em dia de queima e não me parece que falhem muito na garra e na vontade, aí não duvido. Mas é aí que conto contigo para lhes dares uma lição. Para lhes mostrares que todo este crescente verde que anda a invadir todos os meus sentidos e começa a rasgar caminho até à minha alma. Estou farto de ouvir dizer que o Sporting está em grande, que o Montero marca mais golos que o Van Basten, que o Capel é melhor e mais rápido que o Overmars e que o Maurício manda na defesa como o De Boer (não sei porque raio me deu para comparações com holandeses, mas que se lixe, é adequado). Estou farto de ouvir falar bem deles e mal de nós.

Vira o disco a esses camelos. Põe os gajos a tremer ao fim de quinze minutos, carrega em cima deles com a força de uma horda de hunos, massacra a defesa dos gajos, desfaz o meio-campo e neutraliza o ataque. Joga com quem quiseres mas lembra-te que este é um clássico e não cometas o erro do Co que menosprezou estes grandes jogos e perdeu crédito com o povo à custa disso.

Ganha o jogo. Empurra-os para baixo e mostra que ambos somos grandes…mas nós somos mais maior grandes que eles.

Sou quem sabes,
Jorge

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