Ouve lá ó Mister – Zenit

Mister Paulo,

Há muitas coisas que podes tomar como variáveis neste mundo e que nunca vais conseguir adivinhar com completa certeza. Nunca saberás se chove numa dada tarde, se haverá um terramoto dos grandes nalguma manhã solarenga, se consegues atravessar a passadeira a tempo do semáforo mudar ou se a polícia municipal te multou o carro que deixaste sem alimentar o parquímetro. Mas podes ter a certeza absoluta de uma coisa quando hoje entrares em campo no Dragão: ninguém esqueceu o jogo contra o Atlético. Ninguém. E não digo isto com o dedo apontado e atitude acusatória, não penses isso. Só te digo que toda a malta que hoje estará nas bancadas lembra-se perfeitamente do desmoronamento da equipa e da moral de todos os portistas quando pensavam que podíamos resolver já o apuramento neste mesmo jogo…até que os ‘panhóis nos tramaram as contas.

Para te ser sincero, não acredito que o jogo corra bem. Chama-me pessimista, mas acho que os teus moços andam desanimados e baixam os braços à primeira lomba em que tropeçam no caminho para a felicidade. Ou para a baliza contrária, para contextualizar a cousa. Ainda assim, a verdade é que vou lá estar para apoiar. Não quero saber se do outro lado está o Hulk (chuiff chuiff…), o Arshavin, o Shirokov, o Mijinhas ou o Kerzhakov. Até podia estar o Van Basten, o Zico e o Cruyff, a verdade é que este é um jogo para ganhar. E quando todos dizemos com a boca cheia que os jogos grandes é onde o FC Porto mais brilha…este ano ainda não se confirmou essa auto-máxima.

Ganha o jogo. Aposta numa equipa ofensiva, rija, agressiva. Se me perguntares a opinião, apostava no Ricardo em vez do Varela para confundir os gajos, mas isso sou eu que sou meio tolinho e tu é que mandas. Escolhe bem, escolhe uma equipa que ganhe. E venham de lá essas palmas!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Trofense

Mister Paulo,

Os ingleses, pelo menos alguns dos que escrevem nas internetes, chamam a este período “Interlull”. É mais uma daquelas atitudes curiosas e cheia de pequenos duplos-significados que os bifes adoram usar (e fazem-no diariamente nas capas de jornais e nas televisões, tanto que os amaricanos agora fazem o mesmo) e que no fundo quer dizer qualquer coisa como “o intervalo entre jogos a sério que dá sono de tão entediante e não-competitivo”. É assim que me sinto durante estes períodos sem jogos do FC Porto. Seco, frio, infeliz, de ombros caídos, sem alma e sem vida. Mas hoje, felizmente, regressamos à bola, ainda que numa competição que só é grande porque o Benfica ainda não foi eliminado.

Já percebi, pela convocatória, que optas por poupar alguns rapazes que têm jogado mais (perguntou-me um amigo que se diz portista: quem é o Victor Garcia?! Herege, é o que és!). Não te aconselho grandes exageros até porque o FC Porto tem tendência para facilitar a mais nestas tralhas (pergunta ao Jesualdo e ao Fernando Santos o que acontece quando brincam em serviço), mas aprovo que dês minutos a alguns moços que também merecem. Fabiano, Reyes, Ghilas, Carlos Eduardo e talvez Kelvin podiam entrar no onze, mas não mudava mais ninguém. Mantém o meio-campo forte com o Fernando e o Defour, espeta com os laterais do costume e tenta matar o jogo depressa para descansares para terça-feira. Mas não sacrifiques um resultado positivo por uma melhor preparação para um futuro encontro. O que conta é este e não sendo preciso entrar com todos, entra com o suficiente para garantir que não levam todos uma assobiadela no final.

Não vou lá estar em corpo nem devo ver o jogo em directo, mas amanhã voltaremos a falar. O tom da conversa depende de ti.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Arouca

Mister Paulo,

Já estamos todos mais calmos depois daquela desilusão de terça-feira. Fomos todos levados ao estádio a pensar que podíamos sair de lá com os três pontos e a primeira hora ainda nos deixou com a imagem de uma vitória e começou tudo a fazer contas aos milhões e que grande vedeta que era outra vez o Jackson e o Varela e os amigos todos. Até que…caquinha a dobrar, Paulo! Nem foram tanto os golos sofridos ou a derrota em si que nos incomodou e tu sabes disso. Foi a forma como o Atlético parecia que estava só “going through the motions” na forma como nos desfez o meio-campo com aquela pressão alta e nos incapacitou de uma maneira tão fácil, tão básica…fiquei triste, pá, a sério que fiquei. Não diria que estava nas nuvens antes do jogo e agora estou no inferno…talvez estivesse em frente a São Bento e agora cheguei à Ribeira. Só não preciso de ir parar ao Douro.

E tudo depende de ti e da forma como os rapazes reagirem hoje à tarde em Arouca. Eu sei que os rapazes são novos nestas coisas, mas nós precisamos de uma vitória das boas, Paulo. Todos nós precisamos de perceber que as coisas vão melhorar e que não vamos ter muitos “Atléticos” este ano. Ninguém aguenta muitos jogos daqueles e corres o risco de perder ainda mais confiança de muitos sócios que te vão atirar para cima com pressão como nunca sentiste na tua carreira. Acredito que a consigas ultrapassar, mas só com resultados lá chegas. E hoje é perfeito para espetares dois ou três batatas nestes novatos que têm boa vontade mas pouco mais que isso. E tira aquele sorriso trocista do focinho do David Simão. A sério, aquilo enerva.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Atlético Madrid

Mister Paulo,

Ninguém tem ilusões quanto a este jogo. Sim, está bem, demos-lhes cabo do canastro várias vezes nos últimos anos, mas o FC Porto que temos visto nos últimos tempos não parece capaz de empalar o Atlético das últimas jornadas, como todos gostaríamos de ver amanhã metaforizado no relvado do Dragão. É uma vida de merda esta, Paulo, quando olhamos para um adversário que nos habituámos a mutilar com o prazer de um predador a quem atiraram um naco de carne. E estamos esfomeados mas parece que não temos dentes à altura da ocasião.

Os últimos jogos têm sido mauzinhos a roçar o muito mauzinhos. É verdade que desde o jogo em casa com o Gil que temos três vitórias e um empate, mas estou cada vez mais apreensivo especialmente depois da segunda parte contra o Guimarães. Foi muito fraquinho, Paulo, e apanhando os cabrões dos mini-Simeones que cá vão estar logo à noite, temo pela minha saúde cardíaca quando começar o jogo e vir que não conseguimos aguentar a pressão. Vejo-nos muito hesitantes, pá, muito tristes com a bola, sem ideias…ou talvez com ideias a mais e sem as conseguir organizar em condições dentro daquelas cabeças cheias de gel e fumo das seringuinhas eléctricas dos tatuadores. É hoje, Paulo? É hoje que vamos pegar nesta merda pelos cornos e dizer ao mundo: “ouçam lá, ó parolos! a malta parece que anda aqui a brincar mas quando for para jogar a sério, vai ser um espectáculo que põe o cirque de soléi ao nível de um atl!”.

Mas não sonhemos alto demais. Vai ser um jogo tramado, mas tu sabes perfeitamente que é para ganhar. Jogos em casa, é para ganhar. Os que formos jogar fora…logo se verá. Hoje, Paulo, quero uma alegria. Bora lá.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Mister Paulo,

Foi uma semana bonita, foi sim. O circo que se foi formando à volta do jogo do Benfas abafou todas as outras notícias de mínimo relevo no país e nem sequer imagino o que poderia acontecer às estações de televisão e aos jornais se esta estupidez não tivesse acontecido. Tinham mesmo de falar da bola, já viste? Me livre. E tu, tu também te deixaste enredar nessa teia de parvoíce e entraste pelo caminho dos árbitros em apenas seis jornadas. Seis jornadas, pá, foi o que chegou para começares a mandar as postas a tudo que mexe. E até compreendo que o deprimente panorama de blogues por este país fora teve uma semana de completo orgasmo que nem me dei ao trabalho de ler a grande maioria do que se escreveu. Sabes que mais, Paulo? Parece que ninguém gosta de futebol. Gostam de falar sobre ele, mas do desporto em si…não entusiasma ninguém. Tenho pena.

Mas eu não me guio pela turba e continuo o meu caminho. E como é a falar da bola que a gente se entende, deixa-me que diga que o jogo do Estoril já é uma distante memória na minha cabeça. Que remédio, homem, fiquei doente no passado fim-de-semana porque foi o terceiro jogo consecutivo em que a minha equipa não jogou uma ponta de um real corno, daqueles dos rinocerontes em África que podem enfiar arcos de hula-hoop pela ponta. Começo a ficar preocupado que não consigas dar a volta a isto, mas vou hoje ao Dragão com a esperança em alta e a motivação assim meio que pró baixinho mas sempre com fé. Já me conheces, não consigo desistir e vou continuar a apoiar sempre. E vejo que estás com vontade de mudar esta triste sequência de exibições e fazer uma série de bons jogos para convencer o povo que estás cá para ficar e para pôr a equipa a jogar decentemente. Assim espero. Começar já hoje e continuar na terça-feira…era uma maravilha.

Sou quem sabes,
Jorge

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