Baías e Baronis – Zenit 1 vs 1 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Vi o jogo no mesmo café onde há pouco mais de dois anos tinha estado a ver o mesmo desafio, no mesmo estádio, entre equipas parecidas, onde o que mais se notou foi a diferença do tom do nosso equipamento. Nesse jogo Fucile teve uma famosa paragem cerebral e lembrou-se de bloquear a bola com a mão, sendo bem expulso. Neste, sobrou para Alex Sandro e Otamendi somarem mais algumas parvoíces e ajudarem a enterrar o jogo de uma equipa que até ao golo do Zenit tinha estado em bom plano, com agressividade na posse de bola, jogadores esforçados e organizados, com vontade de vencer. A partir daí e especialmente na segunda parte, a desorientação perante a subida do Zenit, até então recuado à imagem de Spaletti, foi evidente e o empate acabou por ser um bom resultado. Não chegou para nos fazer crescer e manter a esperança em alta. Saí do tasco desanimado, tal como tinha acontecido há dois anos. Some things don’t seem to change. Notas abaixo:

(+) Fernando. Foi mais uma vez o melhor jogador do FC Porto. Talvez o principal responsável pela manutenção da posse de bola em permanência no meio-campo adversário, lutou contra tudo que andava de azul-céu e ajudou a equipa em combates intensos no centro do terreno, rodando a bola com a velocidade necessária para a construção de lances ofensivos. Baixou de produção na segunda parte mas esteve sempre em bom nível até final do jogo.

(+) Danilo. Subiu pelo flanco como raramente o vi fazer e apareceu muitas vezes em zonas centrais, pronto para rematar de pé esquerdo ou para cruzar para o centro da área. Foi o autor da assistência para o golo de Lucho e ajudou a dinamizar o jogo flanqueado da equipa. Levou com Hulk na segunda parte e não conseguiu subir tanto pela linha.

(+) Helton (apesar do golo sofrido). Defendeu um penalty. Sim, foi mal marcado, mas o guarda-redes estava lá e defendeu bem. Mais algumas excelentes defesas na segunda parte foram vitais para segurar o empate. Foi pena o golo…

(+) A primeira meia-hora. Surpreendeu-me a entrada da equipa em campo, especialmente depois do jogo contra o Belenenses ter mostrado uma formação lenta, inconsequente, sem garra nem vontade de limpar o jogo com a celeridade que o nome do clube exige. Hoje, contra uma equipa bastante mais forte, a atitude foi boa e podíamos (devíamos) ter conseguido pelo menos mais um golo, ou pelo menos a manutenção da vantagem até ao final da primeira parte. Não o conseguimos graças a mais um erro infantil (ver abaixo) mas a atitude não pecou por defeito.

(-) Mais uma falha defensiva grave. É complicado descobrir quem tem maior culpa: se Alex Sandro por hesitar e travar perante a saída do seu guarda-redes, alheando-se da presença de um rapaz que lhe devia meter respeito a trinta metros, quanto mais a três; ou a Helton, que sai da baliza sem eficiência. As opiniões dividiram-se na altura, mas mantenho que apesar do lateral ter tido parte na culpa, tenho de me chatear mais com o guarda-redes porque mantenho a minha opinião há muitos anos, onde sempre que vejo um guarda-redes a sair da baliza, só pode haver dois resultados possíveis: ou agarra a bola ou espeta semelhante biqueirada na bola que os apanha-bolas têm de atirar outra bola para o campo porque aquela já faz parte da cidade. Mas estas falhas recorrentes são impossíveis de entender em jogadores que me davam tanta segurança aqui há uns meses e que não consigo sequer perceber o que se anda a passar naquelas cabeças. Alguém me ajuda?

(-) Há suplentes? Mesmo? Não consegui entender a falta de alterações aos quinze minutos da segunda parte. Josué não tocava na bola, Lucho estava distante do jogo, Defour desaparecido em marcações perdidas, Jackson abandonado na frente e Varela sem capacidade de romper. Paulo Fonseca, como todos nós, via a equipa a desabar aos bocadinhos perante a pressão crescente dos russos…e nada. Nem Ghilas, nem Licá, nem Ricardo…nada. Compreendo que as opções ofensivas não eram muitas, mas especialmente depois de ver que o meio-campo se estava a perder como um aldeão ugandês em Tóquio sem mapa, nada fazia para segurar o centro do terreno. Porra, até Mikel naquela altura me pareceu uma opção sadia e bem pensada! Chateia-me que o nosso treinador deixe a equipa cair de produção sem fazer alterações, tácticas ou estruturais, para mudar a história do jogo.

(-) Otamendi. Começa a ser preocupante a frequência com que o argentino faz cagada jogo após jogo. O penalty é um exemplo claro da incrível falta de claridivência com que o rapaz se lança às bolas. Reparem como o braço vai firme e hirto em riste, como se fosse um voleibolista a fazer um bloco na rede. Fez lembrar Fucile nesse jogo há dois anos, tal foi a falta de bom senso com que se fez ao lance. Nem preciso de falar dos inúmeros passes falhados que insiste em tentar nas piores situações. Está a merecer um ou dois jogos ao banco para se acalmar, ou em alternativa uma consulta a um psiquiatra ou um mestre de reiki ou o que lhe apetecer. Em campo, hoje em dia, só faz borrada.


Nada está perdido. Tenho de acreditar nisso, tenho de manter sempre a esperança de podermos ir sempre mais longe do que os factos indicam e a estatística aponta. Mas a culpa de estarmos agora a lamentar a possível eliminação da Champions é toda nossa. Foi nossa no jogo contra o Atlético, foi nossa hoje contra o Zenit. Dizia-me um amigo depois do jogo que este ano a sorte não quer nada connosco. Mas temos de a procurar, temos sempre de a procurar. E se possível com mais cabeça.

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