Ouve lá ó Mister – Setúbal


Amigo Vítor,

Há uma treta que não me agrada nada no agendamento de um campeonato e que de vez em quando lá se lembra de acontecer, seja lá por que motivo for: os jogos adiados. Como este, exactamente. É que um gajo anda a par das jornadas, é só olhar para a classificação no jornal ou num site ou lá onde quiseres espreitar a tabela, e imaginas a cena. O Benfas joga primeiro e ganha, sabe-se lá como, um choureco qualquer pior que o cruzagolo do Alex no Domingo, e passa três pontos para a frente. E tem mais um jogo. E logo vem toda a gente com os “avanços”, “provisoriamente na liderança”, “em primeiro pelo menos por uma semana”, entre outras conversas do género. E não acontece só com os nossos amigos lá de baixo, porque se o FC Porto ficar em primeiro também acontece a mesma treta, só muda o entusiasmo para desdém e a euforia alcoólica é trocada pela moral rebaixada por uma poça de lama bacteriologicamente infectada. E tenho de olhar para a merda da tabela e ver que o número de jogos não bate com a jornada e tenho de fazer contas aos jogos fora e casa, quantos pontos faltam para conseguirmos ser campeões, onde é que os outros vão a seguir e se ainda contam os amarelos ou não…é uma confusão na minha vida e já tenho chatices que chegue.

Por isso, Vitor, para evitares mais um aborrecimento a somar-se a tantos outros, faz lá o favor aqui ao menino e espeta dois ou três no Setúbal e põe ordem na minha cabeça e na minha vida desportiva. Relembro-te do que te disse na primeira versão desta missiva, ainda em Dezembro do ano passado: já não está lá o Meyong, mas continua o Ricardo Silva. E esse ressabiado não merece respirar nada para lá do fétido aroma da derrota. É mandá-lo de volta para o inferno boavisteiro onde ele pertence.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Setúbal


Amigo Vítor,

Começo com uma notícia triste para mim e que deveria ser também uma notícia triste para ti e para todo o plantel: não vou ver o jogo. Um compromisso inadiável, sem dúvida marcado por uma trupe de anti-portistas primários, vai-me impedir de estar presente em frente a uma televisão com a atenção que tu e os teus pupilos merecem e assim estarei, com grande mágoa e várias dezenas de garrafas de tinto em boa companhia, impedido de dar o meu apoio remoto ao trabalho que vais desempenhar no Bonfim. Coisas da vida, prometo que não voltará a acontecer tão cedo.

Mas isto não invalida que não façam o melhor que podem, por muito que vos faltem os meus gritos em frente à caixa preta que não tenho dúvida chegam aos vossos ouvidos com a garra e determinação que só um portista consegue reunir! É o último jogo do campeonato em 2012 e o objectivo de chegar ao primeiro lugar mantém-se firme como uma virgem que esperou até ao dia do casamento para terminar o jejum. E o jogo de hoje é mais um na saga que queremos que termine em grande.

Já reparei que convocaste uma equipa de combate. Temos menos espectáculo no ataque mas há poder de luta no meio-campo mais que suficiente para arrebentar as trombas da malta do Sado. Há lá dois ex-nossos, um polaco na baliza que não deixou grande marca (a não ser uma frangalhada que sofreu contra…o clube actual dele) e um herói que joga sem rins, tal é a lentidão com que já o vi a rodar e que é um ingrato do caraças, tendo em conta as bases que o FC Porto lhe deu no início da carreira. Ricardo Silva é o nome, e espero que fique borradinho a tentar marcar o Jackson. Cuidado com o Ney que é um bruto (lembras-te da lesão do Hulk na Amadora? foi este o menino), com o Meyong que ainda sabe o que faz e com o Bruno Amaro e o Cristiano que também sabem dar mais que dois toques seguidos na bola sem escorregarem.

Acima de tudo, é bater-lhes com força para ganharmos o jogo e chegarmos ao fim do ano em primeiro. Faz com que fique ansioso para ver o jogo em diferido, Vitor.

Sou quem sabes,
Jorge

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