Africanizando

Desde que me lembro que o FC Porto não é um clube com presenças marcantes de jogadores deste continente já aqui a sul. É verdade que tivemos a nossa curta dose de africanos simpáticos, com Madjer firme na liderança, McCarthy em posição de destaque e Tarik Sektioui alguns furos abaixo, até chegarmos a zonas ainda mais no fundo da memória, com Chippo, Quinzinho, N’tsunda ou Kiki a ainda trazerem memórias a muitos portistas, umas mais agradáveis que outras. No entanto, o futuro parece querer dizer que algo está a mudar e temos alguns exemplos de jogadores que vão aparecendo nas camadas jovens e são aproveitados para crescerem para serem opções válidas na equipa principal.

O caso de Abdoulaye, que se junta a Atsu como membro de pleno direito do plantel 2012/13 do FC Porto, é um bom exemplo que podemos e devemos seguir. Já na equipa B temos mais alguns elementos como Mikel, M’Bola e agora Seri (marfinense recentemente contratado para o meio-campo da equipa secundária), que tentam mostrar mais alguma coisa que os demais numa reabertura do FC Porto a um mercado que apesar de incerto e de difícil plano para os olheiros navegarem com facilidade, pode trazer frutos muito agradáveis num futuro próximo e que também traz diferenças no estilo e que pode servir para potenciar ainda mais o aparecimento de nomes pouco conhecidos mas com talento para explodirem em clubes que lhes dêem condições para tal.

É verdade que é uma aposta a longo prazo, mas tal como sucedeu em França nos anos 90, esse mesmo investimento no futuro pode ser direccionado para várias áreas do planeta e África é sem dúvida uma delas. E se a ingenuidade táctica e algum excesso de agressividade podem ser um agente limitador da entrada a curto prazo para uma equipa com o grau de exigência do FC Porto, a prospecção antecipada pode fazer com que arestas mais rudes sejam bem limadas e se consigam transformar alguns putos em grandes talentos. Sim, para cada Drogba há um Yero e para cada Essien aparece sempre um Binya. Mas continuará a haver Drogbas e Essiens. É só saber onde procurar e não ter medo de investir.

Abdoulaye e Atsu: a palavra é vossa. Mostrem que estão prontos para serem bem aproveitados. A malta, vão ver, vai gostar do que vê.

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