Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Braga

Não há maior espectáculo para o corpo e mente que ver o FC Porto ajogar à bola em 2013. A facilidade com que as nossas emoções atingem picos de extraordinária frustração e desânimo contrasta com outros momentos onde a alegria acaba por ser contagiante, os sorrisos fluem como ambrósia das ânforas dos deuses e nos levam ao fraterno abraço entre adeptos que só quem vai ver jogos ao vivo sente. Hoje foi mais um jogo desses, contra um Braga atrevido mas ineficiente, onde mostrámos que ainda sabemos jogar futebol e que por vezes basta um golo e uma mudança organizacional para que a equipa cresça o suficiente para vencer uma partida difícil. Vamos a notas que se faz tarde:

(+) Varela. Começa a ser perigoso para a minha espinha opinar sobre as exibições deste estupor. Talvez tenha sentido na pele o que é esperado dele depois do jogo contra o Nacional, onde jogou ao nível de um caracol bêbado, e despertou para um belo jogo em que lutou que se fartou e saiu, ao contrário do que tinha acontecido nesse jogo, com uma salva de palmas bem merecida. Participou em inúmeras jogadas de ataque, pressionou o lateral que apanhou pela frente e conseguiu (oh inclemência!) passar por ele várias vezes. Este Varela pode ser sempre titular. O outro, o mais habitual, não.

(+) Carlos Eduardo. Olha que belo jogo fez este rapaz! E pode ter sido um dos rapazes mais pressionados em campo, ele que entrou para o lugar de Lucho (lesionado, ao que parece), numa altura em que a equipa não estava bem e calçou muito bem no lugar do capitão. Mexido, lutador, com bom toque de bola e excelente visão de jogo, foi fundamental no crescimento da equipa na segunda parte e foi com ele que conseguimos chegar aos golos. Gostei e quero ver mais.

(+) Herrera (na segunda parte). A mudança do meio-campo que Fonseca fez ao intervalo beneficiou a equipa toda mas nenhum jogador colheu frutos mais viçosos que o mexicano. Passou a primeira parte a atrapalhar-se nas mesmas zonas que Defour mas quando apareceu mais subido, com mais espaço e mais possibilidades de criar perigo, subiu de produção e conseguiu finalmente mostrar o que pode fazer de bom em campo. Não é Moutinho, nem perto disso, mas quando tiver menos medo de jogar e de fazer jogar…pode finalmente ser importante como foi hoje.

(+) Jackson. Picou o ponto duas vezes, com alguma sorte na primeira e inteligência na segunda. Tentou ser produtivo durante a primeira parte mas a absurda distância entre linhas nunca o deixou jogar com o colectivo. Estava a precisar de marcar e ainda bem que o fez.

(-) Os nervos da primeira parte. Nada pode ser apontado à equipa em termos de empenho. Todos lutaram, correram, esforçaram-se para ganhar o jogo. Mas, e há sempre um mas, a forma como o fizeram foi tão desorganizada e nervosa que transmitiu esses mesmos nervos para as bancadas. Todos compreendem que os jogadores estão pressionados e que é complicado reagir a este tipo de pressão numa equipa que entra em campo para vencer todos os jogos e que ouve assobios ao primeiro passe falhado. Mas espera-se dos jogadores do FC Porto que consigam aguentar essa pressão, que lutem para lá da falta de confiança e que não se deixem influenciar pelos gritos do público ou pela inadaptação dos colegas a esquemas tácticos menos adequados ao que gostam de fazer. Sim, Defour e Herrera estavam a ocupar a mesma zona no meio-campo. Mas não precisavam de olhar um para outro para perceber que não podiam ficar parados à espera que o outro lá fosse. Sim, Maicon teve sempre pouco tempo para passar a bola a um colega. Mas não pode tremer quando o público fica impaciente e arriscar um passe que todos (incluindo ele) via que seria facilmente interceptado. Sim, Josué pode rematar quando está em posição de o fazer, mas nem sempre ter uma boa posição para rematar implica que tenha de o fazer sem que ele próprio esteja convencido que pode fazer golo. Exigimos muito deles. Não são máquinas mas homens, dir-me-ão. Certo. Mas não podem ser homens de fibra mental tão fraca que cedam tão facilmente à pressão de jogos grandes. Aqui, no FC Porto, não podem.

(-) Os imbecis do assobio. Continuo a achar que há gente que devia ficar em casa quando colocada perante a hipótese de ir ao Dragão ver a equipa a jogar. E não consigo entender o que é que passa pela cabeça de alguns idiotas que começam a assobiar imediatamente mal o jogador recebe a bola, antes sequer de saber o que é que o gajo vai fazer com ela. É malta burra que ainda não conseguiu perceber que não é assim que se consegue motivar uma equipa que já está nervosa quando o jogo começa e que vê os seus adeptos a assobiar em vez de apoiar. Por isso, consócio imbecil, se é para isso que lá vais…mais vale ficares em casa. A sério.


Terá sido suficiente para despertar aquelas almas que durante tantos minutos parecem perdidos em campo? Não faço ideia e aposto que nenhum adepto consegue dizer com um mínimo de certeza que estamos de volta, como cantavam os Super. Na quarta-feira há outra prova das duras e apesar de não ser possível tirar conclusões por serem jogos tão diferentes, podemos ter ganho confiança suficiente para crescer como equipa. Algum Deus me ouça, por favor.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Nacional

A noite já estava fria e nada parecia querer ajudar a aquecer. O jogo arrastava-se, pastoso, com ataques fracos, insipientes, tristes. Alguns bons passes iam sendo trocados pelos pés de Josué e Lucho, várias boas arrancadas de Danilo e carrinhos perfeitos de Otamendi, no meio de muita parvoíce, passes falhados, pouco discernimento perto da área e remates tortos. E o golo demorou a chegar, mas chegou com alguma justiça. E depois…nada. Nada. Uma inacreditável apatia, a que infelizmente nos temos vindo a habituar, apoderou-se dos jogadores do FC Porto e voltaram, como tinham feito desde o início da temporada, a relaxar com uma vantagem de um singelo golo que pode ser ultrapassada por um pormenor, uma falha, uma desatenção. Foi mais um exemplo da falta de atitude de muitos, começando no banco e passando para o relvado, onde a equipa que por ali passeava para voluntariamente sofrer uma paulada na nuca continuou a cometer os mesmos erros, com a mesma personalidade inexistente que este ano tem sido a imagem de marca de uma equipa. Nós, os adeptos, merecemos mais que isto. Penosas notas abaixo:

(+) Josué. Lutou enquanto pôde e o deixaram e só não o fez mais porque saiu a meio da segunda parte sem que tivesse feito por merecer a saída. Vários passes bem medidos, alguns remates com perigo mas acima de tudo a atitude de um lutador, que tem o coração quase de fora da boca (e dos dedos, como se viu na passada terça-feira) mas que dá o que tem. E como diz o ditado, quem o faz a mais não é obrigado.

(+) Fernando. Continua a ser um dos jogadores em melhor forma do plantel, numa altura em que joga preso a uma movimentação que estranha por não estar habituado a ter um homem a seu lado. Serviu como principal construtor nos inícios das jogadas ofensivas, recebendo a bola dos centrais e tentando progredir de forma a criar desiquilíbrios num dos ataques menos móveis da história do clube.

(+) Danilo. Está com mais vontade, muito mais moral e acima de tudo mais segurança na posse de bola. Não fez um jogo quase perfeito como tinha feito contra o Sporting, mas mostrou ao colega do outro flanco que se pode de facto subir com a bola controlada sem a perder infantilmente, usando o extremo como ponto focal enquanto inclina a trajectória da corrida para dentro ou pela linha a pedir o passe em situações de overlap. Está a ter o melhor ano desde que chegou.

(-) Atitude, ou a falta dela. Não consigo entender como é que se defende um resultado de um a zero. Não só não consigo como acho estúpido, pá, processem-me. Mas um único golo de vantagem parece transformar a cabeça de meia-dúzia de rapazes como se passassem dez modelos da Victoria’s Secret em frente a eles de cinco em cinco minutos e se roçassem umas nas outras enquanto o faziam. É certo que não temos uma equipa com o nível técnico de outros tempos, porque basta reparar na forma como passam a bola uns aos outros que se consegue logo compreender que talento não abunda nalgumas das áreas fundamentais do futebol. Mas começar a brincar (A BRINCAR, CARALHO, A BRINCAR COM A PUTA DA BOLA NOS PÉS E O ADVERSÁRIO PERTO!), com passes picados de cinco metros, domínios de peito para perder a bola para o adversário, passes na queima, passes para o lado sem saber se está lá o colega, ressaltos consecutivamente perdidos porque Deus me livre se alguém mete o pé à bola (não te exaltes, Josué, não estou a falar de ti), combinações que nem no PES funcionam e desatenções insuportáveis…todos estes são resultado de falta de pulso firme por parte do treinador. Para lá da táctica (que não funciona), das substituições (que raramente resultam), das escolhas para o plantel (questionáveis, mas dependentes de resultados) ou da ineficácia em frente à baliza (que acontece), o que falta é um chefe. Um treinador a sério, ou pelo menos que aja como tal. Não consigo entender que este tipo de situações aconteçam de uma forma tão rotineira e aparentemente natural, em que tantos lances sejam desperdiçados porque Alex Sandro passou a bola a vinte metros directamente para os pés de um adversário, ou porque a equipa ataca e contra-ataca em constante inferioridade numérica, ou porque Herrera demorou seis anos e meio a decidir com que zona da bota vai acertar na bola, ou porque Otamendi insiste em ter falhas do tamanho da Torre dos Clérigos (e hoje até estavas a jogar bem, meu estupor). Um treinador a sério tinha dado semelhante murro na mesa que ninguém se atrevia a fazer o mesmo erro duas vezes. E começo a acreditar que Paulo Fonseca, pela atitude que tem demonstrado, está satisfeito com o que os jogadores fazem em campo. Eu não estou. E por isso é que não sou treinador de futebol, porque é possível que fosse obrigado a ter um desfibrilador carregado no banco ao lado da minha cadeira. Não admito este tipo de faltas de atitude em jogadores do FC Porto.

(-) Varela. Conhecem aquelas máquinas usadas nas “batting cages” onde os americanos vão abanar um taco, ou em treinos individuais de ténis? As que lançam bolas sem se saber muito bem onde irão parar, por forma a treinar a coordenação motora e os arranques rápidos? Varela está cada vez mais parecido com uma dessas engenhocas, com a mobilidade e o domínio de bola a condizer com uma que seja feita de cimento. É fácil caracterizar a exibição dele hoje, usando sempre a palavra “não”: não cruzou em condições; não dominou uma bola decente; não fez um arranque suficientemente rápido para ultrapassar o homem que o defendia; não rematou à baliza (incluindo um pontapé que deu em lançamento lateral); não se pode queixar da sua substituição ter sido aplaudida. Não. Fez. Nada. Mariano González com três litros de vinho e o pé direito amarrado às nádegas tinha feito melhor.


Não saí triste do estádio. Saí chateado. Chateado com o treinador, com os jogadores, com a atitude passiva, com as falhas, com os passes mal medidos, com tudo menos comigo por ter optado por ir ao Dragão. Ser adepto dá nisto: há jogos bons, há jogos maus…e há jogos destes.

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Prendas de Natal WTF?! na FC Porto Store

Tenho a certeza que já passou pela montra de uma loja numa qualquer zona comercial do seu burgo, seja um shopping ou uma rua no centro da cidade, e parou em frente ao vidro a pensar: “What the fuck?! Um elefante com controlo remoto para a tromba que esguicha tinta da china? Café com sabor a sovaco jamaicano?! E ali ao lado? Um camião dos bombeiros com luzinhas e ruídos autênticos dos Sapadores de Vilarelho dos Aidos e com bonecas dos modelos da Victoria’s Secret em cima da escada?!?! Quem é que compra aquilo para oferecer a alguém!?”. Acontece todos os Natais, sem falha, seja maior ou menor a complexidade do produto.

E na loja online do FC Porto temos algo parecido. Ainda assim, sugiro que lá dêem um salto, nunca se sabe se vão ser vocês a acabar com o stock antes que o departamento de marketing diversifique ainda mais nos brindes que têm ao dispôr de qualquer Portista:

Ora vejam lá:

Porque nada diz “sou uma menina portista” que um dragão com o Pantone (TM) trocado. Azul, amigos, azul!


Excelente qualidade. Fivela com impacto. Garantido que causa sucesso onde quer que seja usado. Branca. A fivela é branca. Howard Wolowitz, anyone?



Eu também tenho ali várias camisolas do Paulo Assunção e do Argel. Mas talvez não a vendesse na Loja Azul…


Para quem quisere acompanhar as primeiras entrevistas do James quando o rapaz for vendido para a estranja, talvez um bocadinho acima das entrevistas do Anderson…porque acho que não temos um dicionário Português-Andersonês.



Creio que não existe (até porque não descobri no site) mas devia vir com a opção “desfibrilhador”, porque esta época do Adriaanse…amigos, foi um teste às nossas bombeadoras de sangue…

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Ouve lá ó Mister – Moreirense


Amigo Vítor,

O FC Porto não vence um jogo desde 25 de Novembro de 2012. Já quase não nos lembramos dessa longínqua data, meu amigo, e o mundo mudou tanto desde essa altura. Os ingleses não tinham um parto a esperar em Junho de 2013, o Vale e Azevedo ainda não queria entrar na indústria da organização de eventos, o Sporting ainda não tinha uma vitória na Europa e ninguém falhava de “falhas individuais que afinal não existem porque quando um falha, falham todos”. Era um mundo mais puro, pacato, tranquilo, onde olhávamos para o horizonte com sorrisos abertos enquanto o céu estava azul e o sol brilhava numa alegre manhã de Outono. E hoje, ao que parece, há um cenário pós-apocalíptico surge ao longe em platinado cinzento, feio, feio, Vitor, tão feio. E cabe-te inverter a maré das evoluções dos vómitos anti-portistas e trazer de novo o facho para o nosso lado. Hoje é o dia para o fazeres.

Gostei que tivesses convocado o Kelvin e o Iturbe. É verdade que lhes tens dado poucas oportunidades mas também é verdade que concordo que ainda estão verdinhos. Mas tendo em conta que o Varela teve um mau jogo em Paris e que o Atsu tem tido jogos abaixo do nível dele, que tal experimentares o Juanito a titular? Não sei se concordas, mas parece-me uma partida adequada para o rapaz ir ganhando terreno. Ainda tens os jogos todos da Taça da Liga e quer-me parecer que o vais usar aí, mas fica a minha ideia. De resto, aposta nos onze mais fortes. O povo que vai estar no Dragão quer ver bom futebol, golos e pouca emoção no resultado a não ser tentar calcular quando é que vem o próximo na baliza deles.

Não esperamos nada mais que isto: onze gajos de azul-e-branco que olhem para o adversário a preto-e-branco. São gajos a jogar de xadrez. É para destruir, como se fosse um derby.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

E lá voltamos nós ao mesmo sítio que na semana passada nos fez saltar de alegria a dois minutos do fim com aquele golo do James e uns minutos mais tarde nos fez comprimir mais uma vez o ar à nossa volta com um fist-pump aéreo depois do petardo do Jackson. Sim, Vitor, é mais uma edição do “here we go again!”, com circunstâncias diferentes mas no mesmo palco.

E já reparei que não mudaste quase nada na convocatória. Gosto disso. Afinal de contas não é um jogo em que possas rodar muita malta porque os rapazes do outro lado também fizeram o mesmo e quer-me parecer que vão avançar com os mesmos fulanos. E desta vez estão com mais fome, aposto, porque o campeonato ficou mais longe e a Taça pode ser uma boa aposta para quem acabou de trazer o rabo dorido da Europa. Já eu, aqui deste lado e gordo de contentamento com os últimos resultados, não me está a causar grande entusiasmo este segundo round, sou-te sincero. A Taça é sempre um motivo de orgulho, é verdade, e até dá um certo gosto chegar à final e ganhar mais um caneco daqueles, mas não é a mesma coisa. Já te disse isto várias vezes e repito com a mesma força: prefiro ganhar os pontos no campeonato e aproximar-me mais um jogo da reconquista do título nacional, até prefiro ganhar um jogo na Champions ao Dínamo Zagreb do que ganhar a Taça de Portugal. É uma competição menor, pá, daquelas que um gajo só pode fazer uma festa do caraças quando não se ganhou mais nada. Ainda assim, e apesar de saber que sabes como me sinto quanto a isto…enquanto lá estivermos é para ganhar. Ah e tal e depois vamos a Paris e é preciso descansar um ou outro para não ficarem muito cansados e estourarem-se todos para poderem ganhar aos ricaços lá da cidade da Torre mais conhecida do Mundo a seguir à dos Clérigos…mas é para ganhar na mesma.

Por isso avança com a mesma equipa. Não ouças os elogios parolos do Peseiro, esquece o jogo da próxima terça-feira e foca-te exclusivamente neste. Lembra-te que o James ou o Jackson podem não conseguir marcar um golo aos 89 minutos e desta vez não vai tudo na mesma para o balneário se o jogo acabar a zeros. É para decidir aqui e hoje, por isso toca lá a mandares os rapazes marchar para dentro de campo com olhar malicioso e inteligente e vamos ganhar isto. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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