Como inventar uma notícia

Li no FutebolPortugal um artigo muito interessante (nem sempre é o caso, mas este chamou-me a atenção) sobre a forma como as notícias são veiculadas para o exterior, por vezes sem grande fundamento, notícias essas que por vezes são autênticas bombas mediáticas e que abanam com a estrutura de clubes e pessoas.

Foi exactamente este o caso com esta notícia que saiu ontem no DN. Reparem no que lá diz:
Quem ler isto poderá pensar que fontes ligadas ao clube de Merseyside estão a equacionar substituir Rafa Benítez, (finalmente rendido ao interesse da Juventus em contratá-lo), por Domingos ou Jesus. Reparem no “são apontados pelo jornal inglês Telegraph”, sinal evidente que há pesquisa e confirmação da origem da notícia. De notar também o “são veiculados pelo Telegraph como eventuais sucessores”, o que confirma o trabalho feito pelo(s) jornalista(s).
Certo?
Errado.
Esta notícia, tão habilmente trabalhada pelo jornalista Tiago Silva Pires, teve como fontes de pesquisa…um blog. De um opinion-maker do Telegraph, o Luís Sobral lá do sítio, pronto. No artigo que foi colocado no blog original, que podem visitar aqui, analisa-se a presente temporada do Liverpool, a forma como Benítez terá perdido o controlo da equipa e dos seus jogadores e quem será o seu sucessor após a inevitável saída. Reparem o que está lá escrito:
O blogger, Rory Smith, atira com todas as hipóteses que se vai lembrando, elimina-as sempre com qualquer motivo, válido ou não, e segue para a próxima.
O DN, claramente, está num momento mau. Mas isto é jornalismo do mais rasca que pode haver, onde se transforma um simples passeio mental numa notícia que se tenta passar com fundamento. Culpa do jornalista? Da sua falta de ética e capacidade crítica e de análise concreta? Da pressão por mostrar serviço? Do editor?
É por causa desta gente que eu só acredito nas notícias que se relacionam com o meu clube quando vejo os factos. E mesmo assim ainda me lembro do Rushfeldt…

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