Antigamente divinizava-se…

Mal vi o resultado do sorteio da Taça que nos colocou o Pinhalnovense pelo caminho, a primeira coisa que pensei foi: “Que sorte estamos a ter este ano no sorteio!”. Como é lógico no pensamento deturpado da maioria da gente mal-intencionada, logo comecei a ler tiradas com lamúrias à legalidade do sorteio, que o FC Porto era sempre beneficiado, que estes “inserir termo depreciativo aqui” são sempre a mesma coisa. O costume, portanto.

Assim sendo e como os comentários surgiram em blogs afectos ao Benfica (que sigo porque gosto de saber o que pensa o “inimigo”, como sabem) dei-me ao trabalho de recolher dados sobre as últimas 7 edições da Taça de Portugal (usando o ZeroZero como base de dados) e comparar as estatísticas de ambos os clubes nesta competição. Ora vejam lá os jogos do Benfica desde 2003/04, o último ano em que venceram o troféu:

E agora os jogos do FC Porto:

Muita informação, não é? E um quadro-resumo, isso é que era! Cá está ele:

É fácil perceber que a conversa é apenas isso. Conversa. A forma como se interpretam factos de uma maneira subjectiva é sempre passível de contraditório, particularmente pela própria subjectividade. Em português: “oh, tem juízo!”.

O problema, como disse em conversa com um amigo, é que a maior parte das pessoas que gostam da bola não fazem uma análise crítica e séria aos factos que ouvem e tomam como verdadeiros. Assumem que a sua verdade é A verdade, emprenham de ouvido e propagam a mentira, servindo o propósito dos que a espalham. Em tempos idos, a malta divinizava tudo o que não compreendia ou que achava ser contrário às suas pretensões. Hoje em dia, para um segmento da nossa sociedade, tudo o que acontece de mal a essa malta…acabam por corruptizar. É normal e perfeitamente saudável.

Fica o apelo: quando ouvirem algum facto como verdade, tentem descobrir se o é de facto…um facto. É só para evitar que façam figura de parvos.

16 comentários

  1. O chato deste gráfico é que está corruptizado, e logo, inutilizável para meio de prova.

    E o Rio Ave também está a ser levado ao colo, pois até agora jogou sempre em casa e contra equipas do escalão inferior.

  2. Muito obrigado!!!

    Hoje durante o almoço veio esta conversa e eu disse ao um benfiquista que iria analisar os jogos e depois falava… chego aqui à Porta 19 e tenho o trabalho feito! :)

    Abraço…

  3. Nem de propósito este post….relativamente à corruptização de que falas…. a última tirada que ouvi (li, melhor dizendo) de um lampião foi apenas e só esta:

    "Dá que pensar….
    Já ouvi umas histórias de umas bolas estarem quentes e outras frias.
    Ou é muita sorte ou então…"

    Delicioso….

  4. para lá disso, assim contando por alto, o FCP defrontou outra equipa "dos grandes" cinco vezes, contra três; equipas "europeias" (braga, guimarães, nacional, marítimo e, à época, boavista) quatro vezes contra cinco; e equipas de escalões inferiores uma quinze vezes, contra doze… considerando que foram apenas mais seis jogos, no total… nota-se ainda mais que está tudo normal. são acasos matemáticos. apenas isso. como quem tem mais pontos ir à frente…

  5. jorge,
    estás a responder a fanáticos com fanatismo e má estatística.

    neste momento, tenho o zerozero e uma folha excel aberta. já cá volto. :)

  6. Ó Dragão dos Diabos, bem, bem, essas das bolas frias e quentes!…isso leva-nos para muitas análises!…
    (quem deve estar com elas frias neste momento devem ser os jogadores do Sporting…)
    bem, bem…

  7. voltei. foi mais rápido do que pensava.

    contando os jogos desde o início da competição, para evitar os comentários como "ah mas e o salazar é que mandava" ou "as bolas vêm com fruta", temos

    % jogos em casa
    benfica – 51,12%
    porto – 50,78%
    sporting – 49,47%

    you've been scienced. :)

    agora, se metessemos ao barulho os jogos isentos…

  8. @nuno: oh pá, isto foi tirado do ZeroZero, copy paste direitinho! se estiverem enganadas, atribuo a culpa aos rapazes lá do saite. quanto ao fanatismo, percebeste mal o objectivo do post. tentei fazer as pessoas perceberem que não se pode olhar para um conjunto de factos através de uma perspectiva deturpada porque as conclusões que se tiram são também elas deturpadas. só isso :)

  9. ora bem, pela lei dos grandes números, é lógico que tendem para 50%, estás completamente certo (como de costume). só usei um subconjunto de dados para, mais uma vez, contrariar a visão corrente e dar uma imagem de como transformar "dados" em "opiniões avalizadas".

    mas aceito a correcção, como é lógico, é até uma melhor maneira de perceber o pensamento ilógico de muita gente!

    rapaz, como sempre, na mouche.

  10. cenas de geek, sorry.
    o fanatismo que falava era sobre a utilização de apenas uma fracção dos dados, nada de perjorativo.

    aliás, agora que re-li o texto e percebi o porquê da escolha do ano 2004, dou-te os meus parabéns. és um génio da escritura da bola. :)

  11. não querendo dar de barato a história das bolas frias, também não vou dar de barato a pretensa conclusão que do quadro se tira.
    não se trata apenas de jogar em casa ou não, mas também contra quem se joga.
    eu não tenho paciência para essas contas, mas quero apenas observar que o seu quadro e respectivo comentário são um simulacro de desmentido, nada mais. além disso, a escolha das últimas sete edições parece algo caprichosa: um número mais redondo pareceria mais arbitrário.

  12. a sorte, por definição, é arbitrária. sugiro que vejam o filme "Rosencrantz and Guildenstern Are Dead", especialmente a cena do início. se atirarmos uma moeda ao ar 1000 vezes e calhar sempre "coroa"…não quer dizer que na 1001 a probabilidade seja superior.

    enfim, coisas que a matemática explica e o facciosismo nem tanto.

  13. se a sorte fosse assim tão arbitrária, não existiria o chamado "cálculo de probabilidades". a sua resposta, permita-me dizer-lho, é como o seu quadro: finge responder mas não passa de um simulacro de resposta. e olhe que eu não sou dos que apregoam a história das bolas frias: vim aqui apenas para ver a refutação que anunciou em blogs "inimigos". infelizmente, a sua refutação é débil, tanto como a acusação de que, com pouco engenho, procurou defender-se.

  14. mais uma vez vou ter de explicar o que pensei nao fosse necessário. o objectivo não é puxar a brasa, raios, até o fogareiro todo para o meu lado, mas apenas salientar que qualquer um (até eu, imagine lá) pode fazer uma interpretação falaciosa dos factos. não era sequer uma refutação, porque quando se vergam as contas para suportar um raciocínio, o mal está feito.

    e se pensou que era uma refutação nos mesmos moldes, lamento informá-lo que está errado. mais uma vez.

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