Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Nacional

foto retirada de desporto.sapo.pt

Depois de sair do estádio e acabar de subir a alameda, encontrei o Miguel do Tomo II. Estava com pressa e não pude ficar muito tempo na conversa (desculpa, rapaz!), mas as curtas impressões que trocámos sobre o jogo foram sintomáticas da forma como vimos o jogo. “Então que tal? Gostaste do jogo? Achei que a equipa estava pouco lutadora, muito lenta, sem garra…”, afirmei. Apontando com o indicador para as fontes, o meu colega da bluegosfera disse: “Já estão a pensar na próxima semana!”. E talvez tenha sido esse o principal factor que levou a que o jogo não tivesse sido vibrante, vivo, emocionante, interessante. Sim, o guarda-redes do Nacional defendeu que se fartou mas acima de tudo quem esteve no Dragão creio que concorda que o Miguel acertou na mouche. Notas abaixo:

(+) Jackson. O golo é bonito, para lá de vital na conquista dos três pontos. Canto bem marcado (que nesta equipa tem sido um achado ao nível de um trevo de quatro folhas ou de um elefante saxofonista) e salto perfeito depois de uma boa desmarcação. Mas durante o jogo esteve muito activo apesar de jogar quase sempre muito mal apoiado por Moutinho e Lucho, ambos longe da melhor forma. Lutou imenso, trabalhou para a equipa a roubar bolas aos médios contrários, controlou bem o espaço e ajudou os colegas a criar lances de perigo sempre que conseguiu. Os colegas é que nem sempre estiveram dispostos a apoiá-lo em condições.

(+) Danilo e Alex Sandro, especialmente na primeira parte. Boa exibição dos brasileiros, principalmente na primeira parte, onde apareceram com força pelo flanco e em constante apoio aos alas que pareciam mortiços e só despertavam quando tinham as costas protegidas. Danilo destacou-se não só pelas subidas mas pela garra com que jogou e correu, foi talvez o melhor jogador do FC Porto na primeira parte a par de Jackson, mas Alex Sandro não lhe ficou nada atrás, e não fosse uma segunda parte em que os muitos passes falhados de Danilo e algumas atitudes displicentes do lateral esquerdo e teriam tido prémios de melhores em campo.

(+) Defour. Todo o estádio ficou a olhar para a posição do belga que entrou depois do intervalo a substituir James. “Ui, está na ala? Vai jogar a extremo?!”. Not quite. Defour fez um papel quase de um interior…pelo exterior, por onde apareceu com uma consistência inteligente, tacticamente certinho e sem tentar fazer o que não sabe. Continuo a gostar muito do rapaz e começo a não ter dúvidas nenhumas quando digo que é o jogador tecnicamente mais perfeito do FC Porto, na recepção, domínio e endosso da bola. É um utilitário, dir-me-ão. Deixem-no ser, porque tem lugar em todos os jogos, nem sempre a titular mas é uma presença que se agradece. Merecia um golo pelo bom trabalho que fez.

(-) Uma equipa pouco lutadora. É um padrão que se tem vindo a fazer notar desde o último jogo da Champions League no Parque dos Príncipes. A equipa está, para usar um termo inglês que se adequa na perfeição, “sluggish”. Lenta demais na movimentação em campo, exagerada no jogo lateral sem criação de espaços para passes produtivos e acima de tudo com uma incapacidade tremenda em construir lances que não pareçam improvisados no momento. Os detractores perenes dirão que é uma marca do treinador, que estamos a regressar ao FC Porto de 2011/12, que vencia jogos com alguma sorte e muita inspiração de Hulk. Até podem ter alguma razão quando dizem que não jogávamos nada de especial. Os outros, os positivistas, contrariam com lembranças de Mourinho, que venceu dezenas de jogos por 1-0 e as suas equipas controlavam os jogos de início a fim sem criar problemas para a defesa. Fico no meio, como de costume. Não se trata de não jogar muito mas de não querer jogar muito. Esta mentalidade de marcar um golo e ficar grande parte do tempo a esperar que o relógio vá subindo até aos noventa e coisas até que o árbitro apite três vezes, não me agrada. E agrada-me ainda menos quando vejo que esta forma de pensar no jogo está a entranhar-se lentamente no lombo dos jogadores, que fazem passes absurdos (Mangala quase a rematar para Otamendi, Lucho a picar para Kelvin com o brasileiro e os seus 1,20m de altura em cima da linha, Alex Sandro a perder bolas com passes por entre cinco adversários, alívios de Fernando para o ar, entre tantas outras) são a imagem de uma equipa que pode produzir muito mais mas que opta por não o fazer para salvaguardar problemas futuros. Estamos a jogar pior, não melhor. E neste momento, quando se aproximam Benficas e Málagas, equipas com qualidade mas com enorme capacidade de trabalho e luta…assusta-me.


Cada jogador do FC Porto que caía ao relvado lançava uma onda de temor pelo estádio, tão receosos estávamos que qualquer rapaz fosse afastado do jogo da Luz. E não gosto nada de ver um jogo que é tão condicionado pela partida seguinte ao ponto de fazer com que se queira apenas despachar os noventa minutos, fazendo o mínimo necessário para vencer e acumular os três pontos. Que valha a pena a poupança e até tenho medo de ver quem raio vai entrar em campo no jogo de quarta-feira contra o Setúbal…

8 comentários

  1. Gostei do Baía ao Defour, ele realmente merece!!!Um multiusos, optimo tacticamente!!

    Também percebi o porque de nao ter chamado seba nem kelvin para substituir james, se o primeiro é pq n tem tanta rotina com a equipa, o segundo sempre q tinha a bola nos pes e tentava fazer alguma coisa, quase sempre perdia a bola. jogadores q tem as oportunidades nao as podem desperdiçar e fazer idiotices destas.

    O que me preocupa agora é o james, deus queira q estaja apto para a luz. O nosso plantel esta muito limitado, tem um 11 fantastico mas a nivel de banco estamos muito limitados.

    Só um desabafo pessoal, o nosso campeonato está muito muito fraquinho. Ate mete dó….

  2. Bom dia,

    Antes do grande duelo da próxima jornada diante do Benfica, o FC Porto obteve uma importante vitória diante do Nacional da Madeira.
    O jogo do próximo fim-de-semana pesou no subconsciente dos jogadores, e como é apanágio antes dos clássicos, os atletas imprimiram pouca agressividade ao jogo.
    Ninguém se quer lesionar e estar ausente do grande duelo.
    Foi pena a lesão muscular de James, que poderá impedir El Bandido de participar no clássico.
    Com as ausências de Atsu (CAN), Iturbe (de saída) e de Kléber por lesão, as opções no ataque escasseiam.
    Não obstante esta falta de agressividade, o FC Porto jogou o suficiente para vencer e convencer, e só o guarda-redes insular impediu um resultado mais avolumado.

    Abraço e boa semana

    Paulo

  3. Acho que todos concordámos que o principal era vencer… a equipe está muito curta e os jogadores e técnico acagaçados… (Afinal foi mesmo Monty contra Rommel..)
    Quanto aos Baías assino por baixo. Boa primeira parte, com bons apontamentos.
    Quanto aos Baronis teria dado um ao Nacional… não sei quantos remates fizeram (0,2 ?) , e apesar de ter sido o melhor dos 3 jogos que fizeram, que tristezinha… especialmente no fim do jogo: qualquer contra-ataque nosso era um puxão, uma rasteira…
    Outro Baroni vai para a relva…

    E, tal, e coisa, lá ficou um penlty por marcar…

  4. Jogo que o FC Porto não conseguiu simplificar muito por culpa da ineficácia no remate. Oportunidades flagrantes não faltaram.

    A lesão de alguns jogadores nucleares está a tornar o plantel demasiado curto em função das provas em disputa, pelo que não me admiraria que no próximo jogo da Taça da Liga, Vítor Pereira recorra a jogadores da equipa B.

    Voltando ao jogo a equipa esteve equilibrada até ao intervalo e depois perdeu frescura e discernimento, sem nunca por em causa a vitória tão justa quanto escassa.

    Um abraço

  5. viva portistas…
    elogio a atitude da equipa que perante tal “azar” nunca virou a cara em prol de um melhor resultado…elogio também a coragem João Moutinho que mais uma vez provou que caso saia durante este mês fico receoso do que está ainda para vir ate Maio…e um Jackson que muito sinceramente penso que está no patamar do Falcao, é uma delícia vê-lo jogador…para mim o melhor portista ate ao momento… mas se me permitem critico a falta de eficacia, não pode acontecer isto sucessivamente…temos que fazer melhor e limar a eficácia se bem sei que é um pormenor que se pode treinar mas no momento da decisão o “azar” pode aparecer…critico também o ritmo pausado do nosso jogo com Nacional, temos de jogar a 200% na luz para sairmos de la vitoriosos, tenho essa fé, mas com muita humildade e crença pessoal, e lembrar que ainda há um FCP-Setúbal 4ªf…
    JORGE QUE TAL UM POST AOS HERÓICOS HOQUISTAS que venceram de forma categórica e sem medronho aquela carneirada que mais uma vez provou não saber perder…tristes aqueles red’s, e nos também temos que melhorar nesse aspecto e que nos sirva de exemplo aquela falta de cultura lisboeta….SOMOS PORTO, sinonimo de vitoria e alegria…

    “Há no Porto uma dignidade cívica e uma identidade, que é mais do que apenas cultural, e que Lisboa há muito perdeu”

    JORGE um abração e obrigado por permitir o meu desabafo neste comentário….

  6. Jorge,na poupança e que esta o ganho,mas este pensamento mediocre(futebolisticamente)falando tem o exemplo recente de braga,seguido de paris,ou seja quando nao se sabe ,pouco ha a fazer,e já agora congratulações,por conseguir assistir ao tempo inteiro do jogo,e ainda ir ver in loco,haja gosto

  7. @Jorge

    estás desculpado ;)
    (eu é que me penitencio por (i) não ter tido muito tempo para te dar a devida atenção e por (ii) só agora responder ao teu elogio/referência no teu post. tive uns contratempos mesmo a terminar o jogo…)

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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