Afinfa-lhe, Boronha!

O António Boronha não perde uma oportunidade de criticar esta parvónia de imprensa que aparentemente continuamos a ter e a gostar de ter. O apelo provinciano d’A Bola de hoje é simplesmente absurdo, e Boronha zurze (gosto do verbo, que querem?!) nele como um pastor numa cabra montesa que foge para o monte, longe do rebanho.

A ler aqui.
E já agora acrescento:
Quem não é do Benfica merece ser atropelado pelo Sebastien Löeb.
Quem não é do Benfica devia lavar a cara com fezes.
Quem não é do Benfica terá de pagar IVA a 40% e IRS a 60%.
E não parava por aqui, só que tenho mais que fazer…
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O guerreiro cansado

(foto retirada do blogportista)

É um caso que me está a provocar algum mal-estar no seio, diria até na mama da massa associativa e que creio merecer algumas considerações perfeitamente aleatórias, infundadas e auto-opinativas do género que apenas bloggers podem ter. Estas considerações, no entanto, são baseadas na crescente onda de descontentamento que se tem apoderado da opinião conjunta do
s adeptos e que, de acordo com a estatística, não podem estar todos errados. Disclaimer avançado, siga para o texto per se.
Raúl Meireles tem sido nos últimos anos o verdadeiro sinónimo da garra e da alma portista. Desde que chegou ao FC Porto, na longínqua época de 2004/05, mostrou ser um jogador muito combativo, que nunca vira a cara à luta, encarando cada lance como o último da partida, marcando a posição no meio-campo como um médio de cobertura muito eficaz e que consegue fazer o verdadeiro box-to-box, tão famoso e útil no futebol moderno. No fundo, era daqueles que a malta gosta, que aplaude quando recolhe a bola dos pés (ou das pernas) do adversário e que incentiva a equipa com gritos constantes para a movimentação correcta e adequada dos colegas, que leva a bola para a frente e remata quando vê uma abertura, marcando os cantos e servindo para várias posições, quer a trinco quer um pouco mais avançado. Na primeira época de azul-e-branco, essa época terrível pós-Mourinho, foi um exemplo de dedicação, entrando sempre com mais força que saber mas sempre empenhado em fazer com que a equipa crescesse apesar da paupérrima forma dos colegas Diego, Costinha e Maniche, já sem grande vontade de continuar no Dragão.
Na temporada seguinte, com a chegada do grande Lucho González, Meireles adquiriu mais algum protagonismo, lutando com Ibson pela titularidade desde o início e depois de várias batalhas vencidas acabou por conquistar a posição, formando aquele meio-campo louco de Adriaanse à frente de Paulo Assunção e ao lado de Lucho. Era uma das figuras da equipa, transformando o jogo da equipa e servindo como verdadeira sombra do argentino, libertando-o para manobras ofensivas ao mesmo tempo que servia como primeira barreira defensiva às investidas adversárias. Era um jogador à Porto, que não tinha medo de nada nem ninguém, que metia o pé por vezes com virilidade em excesso, assustando as bancadas e fazendo os adeptos recear pela sua permanência em campo.
Mais um ano se passou e chega Jesualdo ao comando da nau portista. Raúl Meireles cresceu tanto em importância como em número de tatuagens. Transformou-se no verdadeiro pêndulo da equipa, oscilando para trás em apoio a Assunção e para a frente como suporte ofensivo às deambulações de Lucho, tapando os buracos necessários e surgindo como apoio à entrada da área, preparado a rematar quando possível e na rotação das bolas para os extremos sempre que fosse possível. Continuava com uma acção preponderante na criação de jogo ofensivo e era fundamental na estratégia do professor para o meio-campo. Em 2007/08 a equipa foi sofrendo algumas alterações mas a base manteve-se e Meireles continuava como titular. O trio Assunção-Meireles-Lucho era sem dúvida o melhor a jogar no país, e o ex-boavisteiro começava a afirmar-se igualmente na Selecção, graças às lesões de Tiago e à má forma de Maniche. Entretanto, continuava um padrão que se verificava desde que chegou: Meireles não aguenta 90 minutos seguidos. Era já motivo de aposta entre a malta da Porta19 o minuto a que Meireles ia ser substituído, porque raramente falhava a troca. Aí por volta dos 70 minutos lá subia a placa número 16 e entrava outro rapaz para o lugar dele. Em 2008/09, começa a descer de forma. Primeiro de uma forma leve, notando-se uma menor intensidade no jogo defensivo, com menos agressividade e menos capacidade de pressão ao adversário, somando-se uma maior vocação ofensiva tal era a má forma de Lucho. Tal deveu-se, sem dúvida, a indicações do treinador, ansioso por ter mais um elemento no apoio a um ataque com Lisandro a marcar menos, Mariano no tradicional sub-rendimento e tanto Rodríguez como Hulk sem mostrar credenciais efectivas, Meireles tornou-se mais presente no meio-campo ofensivo e mais ausente nas tarefas defensivas, entregues quase em exclusivo a Fernando.
Este ano, com a saída de Lucho, Meireles é um jogador diferente. Para pior. Não mete o pé na disputa de bola, falha passes que antigamente fazia de olhos fechados, continua a não aguentar mais de 60 minutos em bom nível e tem sido quase inexistente nos últimos jogos, levando a equipa que já de si está debilitada pelas muitas ausências por lesão ainda tem de arranjar uma maneira de suprir as exibições negras de Meireles.
A mudança de número parece não lhe ter feito bem, e ao 16 dos últimos anos responde o 3 este ano com uma qualidade exibicional que está a seguir a evolução dos algarismos que ostenta nas costas. Precisamos de um Meireles forte e agressivo, de novo um elemento forte no meio-campo e que aguente pressão ofensiva com estoicismo e vontade de vencer. Este Meireles não serve, e com a pressão positiva de Guarín na mente dos adeptos, ele que tem entrado sempre com garra e tem de facto feito em 10/15 minutos o que Meireles não consegue fazer em 75/80, começa a firmar as credenciais para candidatura ao lugar do Raúl. Para quando ver o mais tatuado dos portistas no banco? Creio que beneficiaria tanto a equipa como o próprio Meireles como até a Selecção Nacional ver Raúl a descansar as pernas e sobretudo a cabeça…
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Baías e Baronis – FCP vs Académica


(foto retirada d’A Bola)


Em primeiro lugar, deve-se dizer que ninguém mereceu o que se passou no rectângulo verde ali para os lados das Antas. O FC Porto não mereceu vencer, os adeptos não mereciam a exibição e a Académica não merecia marcar dois golos. Dito isto, foram 90 minutos de um futebol insípido, de infantilidades e displicências, de pouca inteligência e fraca capacidade física e de ânimo. B&Bs abaixo:

BAÍAS
(+) Farías. Dois golos repletos de oportunidade, a aparecer no momento certo e na altura ideal. Continuo a ficar estarrecido com a sorte deste rapaz. A bola vai-lhe ter aos pés mesmo quando não faz nada por isso, mas o que é certo é que desempenha a função principal (marcar golos) mais vezes do que devia tendo em conta o talento natural que possui. É, até ver, a primeira alternativa a Falcao na frente de ataque, e apesar de poder (e na minha opinião, dever) sair em Janeiro, tem marcado alguns golos importantes esta época.
(+) Fernando. Mais em acção que noutros jogos, falhou muitos passes e fez algumas parvoíces no meio-campo a que não estávamos habituados. No entanto, tem de se dar mérito à actuação do nosso menino. Teve de fazer o papel de Meireles e rodar a bola para os flancos, já que Raúl andava perdido no meio dos médios da Académica, e teve posse de bola a mais para o que deve ter.
(+) Já há vários jogos que Guarín mostra que quer ser titular, especialmente sem Belluschi e Valeri, mas Jesualdo não lhe faz a vontade. Mariano tem sido pouco mais que um pneu em campo e Guarín sempre que entra em campo mostra vontade de jogar e empenho (às vezes demais, admito) que não lhe tem sido reconhecido. Ainda hoje fez uma jogada excelente que depois deu no segundo golo de Farías, e na ausência dos dois argentinos do meio-campo, Guarín já merece a titularidade. E eu não gosto dele, por isso imaginem o que me custa dizer isto…
(+) Mariano. Jogou mal que se farta na primeira parte do jogo, como de costume, mas o que é incrível é não se destacou pela negativa, tão má foi a exibição do resto da equipa. Marcou o primeiro golo e aposto que nem ele sabe como é que a bola entrou. Não está numa boa fase e os adeptos continuam a apoiá-lo até um certo ponto, mas o rapaz deixa-nos tristes por não sabermos mais o que havemos de fazer com ele. Há uma jogada extraordinária no meio da 2ª parte quando passa por 3 defesas, entra na área…e centra para a linha lateral contrária. Merece um “Baía” relutante pelo golo.
BARONIS
(-) Por onde começar? Uma das piores primeiras-partes que me lembro de ver desde há muitos anos, esteve ao nível de vários jogos da época do Couceiro ou Fernandez, em que a equipa não conseguia fazer mais de 3 passes consecutivos, falhava consistentemente na finalização e era horrível de ver. Foi fraquíssimo, muito lento, com pouca garra e quase nenhuma inteligência. Um dos culpados está no próximo “Baroni”.
(-) Jesualdo esteve mal, mais uma vez. Colocando Mariano novamente no meio depois do jogo de 4ª feira frente ao APOEL, mostrou que não aprendeu com a experiência. Mariano até nem teve culpa, é obrigado a jogar naquela zona do terreno e não sabe, e o professor parece não saber que ele não sabe. Depois foi o arraial daquela táctica estranhíssima que vimos em campo, um 4-1-3-1-1…ou seria um 4-1-4-1? Ou talvez um 4-1-1-4? Quem descobrir que me mande um mail por favor, que eu não percebo nada disto). Rodríguez a jogar um pouco atrás de Falcao, Hulk e Mariano nas alas, Fernando como rotacionador (uff) de bola no meio-campo, e Meireles a passear alegremente entre os homens de preto, andava tudo perdido e sem saber o que fazer. Na segunda parte lá se começaram a entender melhor…mas a táctica manteve-se idêntica, com Farías no lugar de Rodríguez, numa substituição que surpreendeu todo o estádio. Cristo.
(-) Ah, o belo autocarro. 11 gajos de preto atrás do meio-campo e siga. Acabam por marcar dois golos graças à simpatia dos nossos defesas, especialmente dos centrais. É estranhamente irónico que um antigo adjunto de Mourinho, que cunhou o termo do “autocarro” para as equipas hiper-mega-defensivas, venha mostrar em campo exactamente a mesma ideia. Espero que a Académica desça de divisão.
(-) Álvaro fez o pior jogo de azul-e-branco. Nem contra o Braga tinha estado tão mal, e neste jogo foi absurda a quantidade de passes falhados. A sua inconstância está a ser constante e isso preocupa.
(-) O trio de ataque esteve muito abaixo do costume. Hulk esteve novamente egoísta e extraordinariamente mau no domínio de bola, não passou a bola quando devia e…bem, quase não passou a bola. Fraquíssimo também Falcao, com um falhanço escandaloso. Inúmeros foras-de-jogo, muita lentidão e zero golos. Mal também esteve Rodríguez, lento e sem ideias. O meu colega de Porta costuma dizer que Rodríguez é um jogador ímpar por ser o único extremo que não consegue passar pelo lateral contrário em velocidade. Hoje nem em velocidade nem a fintar. Fraco.
(-) Meireles andou a passear em campo. Só joga pelo estatuto que possui, porque não traz nada à partida e devia passar uns jogos de fora, no banco ou na bancada, para descansar as ideias e as pernas. Ou isso ou fazia-se-lhe uma tatuagem nos olhos para ter de ficar no recobro umas semaninhas.
A equipa está cansada? Talvez. Com muitos lesionados?
Sim, é verdade. Tem jogadores em baixo de forma? Definitivamente sim. Mas nem tudo pode ser justificado pelas desculpas. Estamos a jogar mal e temos de subir o nível rapidamente. O problema é que com Champions’, Taça e Liga Sagres, somando os jogos das selecções, os compromissos são muitos e muito seguidos. Há que recuperar a alma e a forma física, e isso só passa pelos treinos. É preciso é ter os jogadores no Olival e não em aeroportos a passear de lado para lado…
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10 + 11 = 10

Há uma anedota que o meu pai costumava contar aqui há uns anos e que sempre me ficou no ouvido, em parte porque tem piada e por outro lado é aplicável na perfeição a muita gente que anda por este mundo. Vamos a ela:
Consta que aqui há uns anos um avião que sobrevoava a savana africana teve um acidente e despenhou-se. No avião ia uma orquestra sinfónica inteira e apenas sobreviveram três violoncelistas, que depois de sairem debaixo dos destroços verificaram que cada um dos seus instrumentos estava miraculosamente em perfeitas condições. Eis senão quando um deles avista um leão faminto que está a caminhar na sua direcção. O músico, alarmado, grita para os outros: “E agora? Que vamos fazer?”. Olhando para os violoncelos e pensando que iriam ser comidos pelo rei da selva, pensaram que não tinham nada a perder e começaram a tocar. O leão chegou a 5 metros deles e parou, sentou-se e ficou a ouvir a delicada música tocada pelos artistas. Entretanto chega outro leão igualmente faminto e os músicos, observando o segundo majestoso animal, trocaram olhares de conivência e continuaram a tocar. O segundo leão imitou o primeiro, chegando perto e sentando-se a apreciar o concerto improvisado. A dada altura aproxima-se um terceiro leão, que procede a comer os músicos, ignorando a música que enfeitiçara os seus colegas. O primeiro leão vira-se para o segundo e diz: “Pronto, tinha de chegar o surdo para dar cabo da festa.”

Devo avisar desde já que esta deambulação humorística não está relacionada com o Sporting. É, no entanto, uma metáfora quase perfeita para explicar o que sinto acerca de Mariano González neste momento.
Mariano tem sido o risco no capot, a cereja em cima da francesinha, o rosa-choque sobre o azul-petróleo. Neste jogo frente ao APOEL, o argentino sublinhou com riscos fortes a sua incapacidade de conseguir converter jogo de equipa em algo que poderia ser produtivo mas que mal a bola chegava aos seus pés rapidamente se transformava numa sobremesa deliciosa para o adversário. O facto de ter sido expulso não deveria ter afectado a equipa como aconteceu, já que uma equipa que joga com 10 jogadores e Mariano e vê este último ser enviado para os balneários sem passar na casa de partida nem receber 200€…continua com 10 jogadores e já devia estar habituada.
Nem tudo em Mariano é censurável. Como já disse em diversas ocasiões, é talvez o jogador mais lutador do plantel, deixa tudo em campo e recupera muitas bolas em apoio defensivo. É útil no contra-ataque e quando está confiante acaba por ser dos melhores em campo não tanto pela qualidade mas pela capacidade de luta e de empenho. Mas não chega. Mariano é por natureza um avançado, um extremo que joga do lado direito e pouco mais. Já aí é dúbio o aproveitamento que tem tido no nosso plantel, debilitado por lesões e inconstâncias de forma de outros jogadores, a somar ao endeusamento que Jesualdo parece ter pelo nosso número 11. Mariano está a chegar ao fim da linha no FC Porto, e continua a não mostrar o suficiente para se manter no plantel, ainda por cima não mostrando capacidade para jogar noutra posição que não naquela onde nasceu para a bola.
O mais extraordinário é que um rápido olhar para o CV do rapaz impressiona qualquer um! Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de 2004, Vencedor da Serie A, Bicampeão de Portugal, uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira. Este histórico ainda piora a sua situação, porque se este homem é mais medalhado que a grande maioria dos jogadores do resto do plantel e continua a produzir menos que o resto da malta…algo está mal!
Não deve ser fácil ser Mariano González nos tempos que correm. Pior ainda é ser portista e ver o pobre homem a tentar mostrar serviço raramente o conseguindo. É como ver um anão a tentar chegar a uma lata de bolachas que está na prateleira de cima, sem usar uma escada. Ele vê e quase que lá chega…mas acaba por derrubar a lata e ficar com migalhas de Oreo no cabelo.
Por isso, Mariano, já chega, rapaz. Foi bom enquanto durou e rimo-nos muito contigo (e de ti, admito) mas já chega. E se chegar a engolir estas palavras, como já aconteceu em diversas ocasiões, só terei de te dar os parabéns e pagar-te um jantar. Prova que estou errado, Mariano, desafio-te!!!
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