Ouve lá ó Mister – Nacional da Madeira


Amigo Vítor,

Estou desiludido contigo. Quando saí do Dragão na passada quarta-feira parecia que uma grande tristeza se tinha apoderado dos meus pensamentos e só muito difícil consegui racionalizar os eventos das anteriores duas horas. Não pode ser, homem, não podemos continuar neste ritmo, com toda aquela passividade que mostraste ao lado dos teus pupilos. Sei que as coisas não estão fáceis e que está a ser complicado dar a volta à cabeça dos moços, mas acredita que nada vai ser mais tranquilo a partir deste momento. Pelo contrário.

Mas não interessa mesmo nada pensar que o Nacional é um papão que vem cá e come criancinhas como o Ceausescu na Roménia dos 80s. É mais uma equipa que tem de cair, é mais uma oportunidade que tens para mostrar que estás à altura de gerir uma equipa de cima para baixo e que consegues pô-los a fazer o que mais interessa aos adeptos: ganhar. Já reparaste que a malta começou, na sua infinita e absurda estupidez, a assobiar. Não consigo lidar com isto, pá, não te posso ajudar aí a não ser…não assobiando e apoiando. É o máximo que se pode exigir a um gajo como eu, que lá aparece semana sim, semana não, que sabe que não é fácil sobreviver num mundo onde a pressão existe sempre e onde por muito que tentes há sempre algo que corre mal. E na semana seguinte, se calhar ainda corre pior. Mas os grandes, Vítor, mais uma vez te digo, os grandes são aqueles que conseguem pegar no touro pela cornadura e dizer-lhe: “Ouve lá, ó touro, tu bate a bolinha baixa e não venhas para aqui armado em parvalhão. Down, boy! Quem manda aqui sou EU!!!”, para ver o bicho a fugir com a cauda caída e o mafrim murcho.

Tenho para mim que não vais fazer alterações à equipa. É só um feeling e pode estar totalmente errado, mas apostaria que pelas 18h15, os rapazes que vão entrar em campo com os casacos de fato-de-treino a proteger as camisolas vão ser exactamente os mesmos que fizeram o mesmo percurso contra o APOEL. Se isso acontecer, se fôr essa a tua forma de ver as coisas, nada contra. Mas promete-me o seguinte: convence-os que se fizerem o mesmo tipo de jogo que na passada quarta-feira…começa a ser difícil apoiar-te a 100%, Vitor, porque é sinal que nada mudou. Quatro dias é pouco tempo para alterações de fundo, mas hoje precisamos de ver algo de novo. Seja com os mesmos onze ou com outros, alguma coisa tem de mudar para melhor. Ou eles ou tu. Trata lá disso e boa sorte para o jogo!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – APOEL


Amigo Vítor,

Da última vez que a temática “APOEL” foi abordada aqui no Porta19, os tempos eram diferentes. Vivíamos no ano da graça de dois mil e nove, nos frios meses de Outubro (em casa) e Novembro (fora) e o timoneiro da nossa nau europeia era Jesualdo Ferreira, que comandava na altura um navio que se mantinha à tona por pouco, rodeada por tubarões esfomeados e ansiosos pela queda de algumas gotas de sangue. Na equipa pontificavam nomes como Bruno Alves, Raul Meireles, Mariano Gonzalez ou Radamel Falcao. Nenhum deles por cá anda neste momento, e até o treinador já foi trocado e retrocado. Quanto a mim, era um imberbe blogueiro há apenas 5 meses, ainda procurava a melhor forma de escrever assoberbado pela enorme quantidade de autores e opinadores de qualidade que grassava (e ainda persiste) na blogosfera azul-e-branca, tentando encontrar o meu espaço. Não existia ainda esta nossa conversa, os Baías e Baronis eram insípidos e aparentemente tinha-me esquecido de dar espaços entre as linhas. Uma bestinha, é o que eu era.

E os gajos lá da ilha deram-nos água p’la barba, Vitor, tanto em casa como fora, e não fossem uns golinhos do Radamel e tínhamo-nos chateado a sério. E o que me chateia é que apanhamos sempre este tipo de equipas chatas que se lembram de fazer a época da vida deles quando nos calham em sorte na Champions. Já o Artmedia foi o que foi e nem me lembres de Dínamos nem Rosenborgues, que até me chega a mostarda à penca. Mas falando um bocadinho mais a sério, que estes não serão nenhuns Pêros Pinheiros, é preciso ganhar o jogo. Por vários motivos, mas principalmente porque a derrota contra o Zenit veio atrapalhar um bocado as contas do grupo e a altura para facilitar (ou como aconteceu na Rússia, fucilitar) já passou e os Apoéis desta vida estão aqui para serem derrotados. Tenho muito respeito pelos portugueses que lá jog…olha, sabes que mais? Não tenho nada. Paulo Jorge, Nuno Morais, Hélio Pinto. Mais o Manduca e o Káká. Raios me partam se isto não é uma equipa qualquer da Académica ou do Setúbal que se cá jogassem não metiam medo a ninguém. Ah e tal mas têm experiência de Champions. Também nós, co’a breca!

Palavra que estou à espera de uma vitória. Não sei que jogadores vais escolher para titulares (esse meio-campo deve-te estar a dar boas dores de cabeça, lá isso deve) e não faço ideia que tipo de estratégia estás a preparar. Só sei que logo à noite, quando o shôr árbitro apitar para acabar o jogo, quero bater palmas e pensar: “Ah, muito bem. Assim sim, muito bem!”. Faz-me a vontade e manda estes gajos para casa pensar como é que conseguiram na vida deles empatar com o Shakhtar e ganhar ao Zenit. E põe-nos outra vez em primeiro do grupo, que já me dói o pescoço de olhar para cima.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Pêro Pinheiro


Amigo Vítor,

Deixa-me desejar-te as boas vindas de volta! Foram duas semanas difíceis, rapaz, mas já passaram. Agora estamos de volta, não é? E logo com uma jogatina daquelas à antiga, quando um David perneta se encontra contra um Golias pujante, de uma disparidade de valores como comparar um monte de formigas ao Taj Mahal. Mas, à imagem do David e do grandalhão, às vezes as formigas são daquelas que comem gente e o Taj Mahal é feito de Legos e está cheio de bolor. Não vai ser o caso, eu sei, mas a metáfora pareceu-me adequada.

Parece que ainda me lembro de Torreense, Fátima e Atlético, cada um com as suas mais valias e nós com muitas menos mais valias e algumas que sendo mais pareciam menos e ainda outras que só eram menos porque queriam já que era tão fácil serem mais. Certo? Certo. E para lá de ter piada ir jogar a uma terra de gente boa com um líder aparvalhado, até podes ver que pelo nome do clube não pode ser malta que leve isto muito a sério. Um pêro, que tanto pode ser um murro ou uma maçã, não pode estar junto a um pinheiro. Não faz sentido porque o primeiro magoa e o segundo é surreal. Se fosse Papaia Nogueira ou Mirtilo Azinheira era a mesma coisa. Não percebo. De qualquer forma o que interessa é mesmo ganhar o jogo e dar minutos aos suplentes. Por esta ordem.

Dois conselhos: cuidado com Iturbe e Alex Sandro por dois motivos diferentes. O primeiro porque anda meio mundo a falar dele e o rapaz pode não fazer nada de especial a vai-lhe tudo bater. Take it slow. Já o Alex lembro-me dos quinze minutos que fez no campeonato do Mundo quando já estava “bom” e ressentiu-se. Se houver um mínimo de dúvida…não joga.

Vou ver o jogo na SportTV. Vê lá, não me estragues o fim-de-semana!

Sou quem sabes,
Jorge

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É com estes que vamos atacar o título!

1 – Helton
4 – Maicon
5 – Álvaro Pereira
6 – Fredy Guarin
7 – Fernando Belluschi
8 – João Moutinho
10 – Cristian Rodríguez
11 – Kleber
12 – Hulk
13 – Fucile
14 – Rolando
15 – Emídio Rafael
17 – Varela
18 – Walter
19 – James Rodríguez
20 – Djalma
21 – Cristian Sapunaru
22 – Eliaquim Mangala
23 – Souza
24 – Beto
25 – Fernando
26 – Alex Sandro
27 – Juan Manuel Iturbe
30 – Nicolás Otamendi
31 – Rafael Bracalli
35 – Steven Defour
41 – Kadu

 

Algumas considerações sobre o final do mercado de Verão:

  • Não entrou nenhum avançado. Honestamente pensei que ainda fôssemos buscar alguém para a frente de ataque porque Kleber ainda não me dá a confiança que gostava de ter mas parece que a aposta está em estabilizar o rapaz e apontar-lhe os holofotes. Pode também significar que o esquema do FC Porto se vai versatilizar para um jogo com dois avançados mais móveis…ou então Walter pode ter mais uma oportunidade de mostrar serviço, caso Kleber não render o que é preciso. Fico sem saber a que se deveu a não-aquisição de um avançado. Terá sido:
    • opção do treinador?
    • falta de opções válidas que dêem garantias de qualidade?
    • hiper-inflação dos preços dos passes?
  • Álvaro fica. Ainda bem, porque gosto de o ver jogar e porque é uma posição para a qual costuma ser complicado arranjar malta em condições. Espero que esteja no FC Porto com a cabeça no sítio.
  • Fernando fica. Não terá grande margem de manobra com os adeptos porque ninguém gosta de ver um jogador a dizer que gostava de sair para depois acabar por ficar sem ter mudado de opinião. Se voltar a jogar ao nível do que fez antes de se lesionar e deixar Guarín entrar na equipa, fico satisfeito. Caso contrário, a aposta em Souza tem de ser rápida e forte, ou optar por outras alternativas.
  • Cristián Rodríguez fica. Aqui é uma pequena surpresa. Contava que fosse vendido ou emprestado especialmente pela quantidade de jogadores que temos para aquela posição. É um rapaz esforçado, pode ser que consiga subir o nível do ano passado.
  • Beto fica. What?! Lá se vai o Europeu, não é, rapaz?
  • Houve uma quantidade absurda de negócios em que perdemos algum dinheiro. Jogadores como Rui Pedro, Yero, Diogo Viana, Orlando Sá ou Rabiola foram apostas perdidas e acabam por sair do clube quase sem terem oportunidade de mostrar serviço no plantel principal. Na sequência do post que já fiz sobre isto (aqui), só me custa ver que os escalões de formação estão a servir para formar jogadores para outros clubes sem que o FC Porto tire grandes benefícios financeiros dessas transacções. Repare-se que a maioria dos jogadores que saíram do plantel foram a custo zero e o contraste com o negócio de Falcao, para dar um exemplo, é gritante. Por outro lado, muito talento a ser emprestado para dentro e fora do país, com perspectivas de regresso para alguns. Creio que o conjunto de jogadores que pertencem aos nossos quadros apresenta um equilíbrio melhor de qualidade do que tinha antes, resta saber se alguma vez será aproveitada.
  • Recuso-me a falar sobre empresários. O lodo pelo qual arrastam os seus clientes em nome do vil metal é enojante e mascaram-se por trás de um perfil digno e frontal que esconde os cifrões que têm nos olhos. Sempre que leio uma declaração do empresário nunca sei o que é que o jogador está mesmo a pensar, por isso até estou disposto a ouvir os rapazes a falar, passar à frente todos os clichés e tentar perceber se de facto é isso que eles sentem/querem. Caso contrário não quero saber.
  • Continua a parvoíce de não surgirem notícias no site oficial. Addy, Diogo Viana (que descobri hoje por mero acaso), Rui Pedro, Orlando Sá, Kieszek…onde estão? Li pelos jornais, porque no site, nicles. Não me resigno, vou continuar a protestar.
  • A especulação da imprensa é extraordinária e podem ver os efeitos finais na página do Mercado de Verão 2011 que está ali em cima do lado direito. Ao todo foram falados (pelo menos) 65 jogadores para o FC Porto, em jornais, blogues ou outras fontes de informação online/radiofónica/televisiva, e ao todo foram contratados…9, com atenuantes evidentes como o facto de Iturbe, Kelvin, Djalma e Kleber já serem nomes comuns aos Portistas desde Março ou Abril. Nesta janela de transferências a imprensa portuguesa então parecia em permanente estado pré-orgásmico sempre que atirava com mais um nome para cima da mesa, tal era a vontade que fosse disputado com o Benfica ou até o Sporting. Não é por acaso que surgem nessa lista nomes como Witsel, Onyewu, Guardado, Ansaldi, Salvio, Funes Mori, Bendtner, Pavlyuchenko, Coates ou Lukaku. O belga (este último) ainda por cima com o barro a ser atirado à parede com a força de um molotoff velho, porque era impossível POR LEI que o rapaz viesse para cá. Jornalistas, pfff. Que fique por isso a lição para quem arranca cabelos com as especulações: até aparecerem confirmações oficiais, ou no caso do FC Porto, como parece usar o site como loja online em vez de veículo de notícias para os seus sócios, até verem os rapazes a treinar…não levantem cabelo.
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