Ouve lá ó Mister – Genk

Señor Lopetegui,

Ora então muito bom dia e bem vindo a esta que será a sua casa nos próximos meses, a não ser que a direcção se lembre de sacar um Del Neri e o ponha na rua ao fim de umas semanas. Bem vindo a um dos melhores clubes do Mundo, que luta pelo campeonato todos os anos, que tem um estádio belíssimo e uma massa adepta exigente, a um clube que tem arrecadado troféus atrás de troféus nos últimos quarenta anos. Bienvenido.

Não estando habituado a estas lides, fica a apresentação. E fica também uma palavra de estímulo e de parabenização pelo posto que agora ocupa e que enche de inveja tantos que o vêem todas os dias com o emprego de sonho de tantos portistas espalhados por esse globo fora. Quem é que não quereria partilhar balneário com Helton e Quaresma, quem é que não gostaria de trocar umas bolas com Óliver ou Alex Sandro, quem é que não sonha todos os dias a caminho do lúgubre e enfadonho emprego (não são todos, comparados com o seu?) que mais valia estar a escolher o onze que vai jogar a próxima partida do FC Porto? É por esta e por outras que o meu amigo Julen está numa posição privilegiada para mostrar o que vale e para se abraçar todos os dias ao espelho com a auto-congratulação de quem chegou ao big-time. Mas, qual Peter Parker catalão, também sabe que com grande poder também vem grande responsabilidade. E hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, meu caro.

Ninguém espera muito destes jogos. Reformulo: as pessoas normais não esperam muito destes jogos. Nós, os pensantes, percebemos que são jogos para experimentar, para testar opções principais e alternativas, para dar aos jogadores algum entrosamento em campo e para que os treinadores percebam que tipo de matéria-prima ali têm para lá do que vêem nos treinos. Por isso venham de lá esses onzes, apareçam as jogadas, suem os corpos e trabalhem para mostrar serviço. Não lhe peço mais que isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Olhanense

Estimado Professor,

Escrevo-lhe estas palavras quando as vozes dos nobres cantores do fado de Coimbra estão a ecoar nas paredes da Sé (ou da Relação, já nem sei onde é este ano…), enquanto milhares de estudantes, trajados até ao osso e metade já semi-alcoolizados vão ouvindo em silêncio (os que conseguem) alguns dos acordes que sinalizam o início do fim da sua vida académica. E estabelecendo um paralelismo com a sua carreira no FC Porto, presumo que acredite que mais garrafa, menos garrafa de tinto, os sinais são os mesmos e a rampa será idêntica. Ainda assim, não sabendo o que se irá passar nas próximas semanas, acredito que vai tentar fazer o melhor possível no tempo que resta.

Assim sendo, mesmo considerando que a equipa que gere está numa forma semelhante à que se encontrava quando pegou nas rédeas da mesma aqui há uns meses, não deixo de ficar surpreendido pela presença de vários Bs nos convocados. Tozé e Kayembe (mais o primeiro que o segundo) já fizeram o suficiente para merecer uma chamada, mas talvez houvesse espaço para mais um ou dois. Pedro Moreira, por exemplo, que não sendo um génio do futebol é lutador e tem sido um líder da equipa secundária; Ivo, um extremo como poucos que temos, que vai para cima dos defesas sem medo; Victor Garcia, para continuar a mostrar que pode ser alternativa a Danilo; Quiño, que nem está a fazer uma época extraordinária mas fazia com que não precisasse de inventar na lateral esquerda; ou Mikel, para jogar em vez de Fernando e dar descanso ao nosso guerreiro. Havia muitas alterações mais a fazer mas a opção é sua, será sempre sua e nós, que estamos de fora, é que gostamos de as analisar sem saber o que por aí anda na sua cabeça.

Muito bem. Faltam apenas 180 minutos para o fim do desterro e é mais que tempo para sacar duas vitórias. Acima de tudo vamos sair disto com a pouca honra que nos resta. É que perder com o último classificado, francamente, não lembra nem ao adepto mais pessimista.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Estimado Professor,

*suspiro* Vamos lá a isto. Ainda enlutado depois da festa vermelha no Marquês me invadir os sentidos e pontapear a alma, voltamos ao campeonato para o antepenúltimo jogo desta coisa que, como já disse aqui há uns tempos, nunca mais acaba. Está a ser uma época atípica mas acima de tudo frustrante, com pouco que se possa aproveitar para contar aos netos e que um dia nos fará olhar para trás e pensar no que raio andamos a fazer durante um ano inteiro para os outros festejarem com tanta pompa. E pompa merecida, quanto mais não seja porque fizeram o que nós não conseguimos: foram estáveis. Mas isso são contas para terceiros rosários e o que interessa mesmo agora é o jogo com o Rio Ave que nos pode garantir o terceiro lugar! *mais um suspiro* Assim sendo, vamos a isso.

Já vi a convocatória e não me parece mal, com algumas considerações que gostava de tecer. Depois do bom jogo dos Bs contra o Bê Benfas, acho que está na hora de começar a promover alguns miúdos à equipa principal. Sei que o José Guilherme quer ser campeão da segunda liga, mas não se perdia nada em dar algum sangue novo aos As, tão calcados e recalcados têm sido nos últimos tempos. Convocar Pedro Moreira (seria um prémio para um jogador que não é excepcional mas que luta e trabalha como poucos), Tozé (segundo melhor marcador do campeonato) ou Mikel (para percebermos se serve ou não quando Fernando sair) seriam prémios merecidos e uma boa maneira dos sócios começarem a sentir que algo está para mudar, nem que seja de uma forma pontual.

Como essa não parece ser a ideia, pelo menos para este jogo, ao menos que vençamos. Uma vitória assegura o terceiro lugar…*prolongado suspiro*…e o penúltimo jogo oficial da temporada no Dragão receberá talvez a pior casa da época (lá estarei, no meio dos poucos que lá vão aparecer), mas não é motivo para facilitarmos demais. Está em jogo a honra e o orgulho do nosso clube!

Sou quem sabes,
Jorge

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