Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

Os meus parabéns pela passagem aos oitavos da Champions, meu caro Vitor. Tem sido uma campanha muito porreira na Europa e tenho a certeza que estás todo contente e até já deves ter ido comer uma sapateira lá com a caquinha toda enfiada na mioleira, servida com um ou doze belos finos ao lado. Munta vom, não duvido. Mas agora tens de regressar ao balanço do campeonato, que não é tão emocionante mas tens de ter a certeza que é o fiel da balança que determina o que vai ser o teu futuro aqui no burgo. Sim, até podes levar os teus moços para lá dos oitavos, mas a não ser que ganhes a “orelhas”, é aqui que te vão julgar e ninguém vai ser meigo se perderes nas meias-finais com o Bayern por golos marcados fora e perderes mais jogos do que podemos perder no campeonato e não o ganhares. Eu sei que sabes disso, não te comeces a enervar. Vamos a nomes.

O Maicon continua encostado, não é? E o Fernando e o Alex Sandro também, correcto? Ah, e agora tens o not-so-clever-Kleber também no estaleiro. Hmm. Não me preocupa. E se não deste chance ao Rolando em Kiev, cheira-me que vais continuar a alinhar com o Abdoulaye no meio. Tem cuidado com a exposição que dás do rapaz na primeira equipa, ou pelo menos convence-o que não pode começar a dar patadas aos rapazes da outra equipa como o Chuck Norris quando não tinha mais balas na câmara. Ele sabe o que vale e tu também sabes o que o moço pode dar à equipa, mas não lhe cantes louvores até que tenha feito pelo menos 15 ou 20 jogos a titular. Deixa-o perceber o que é que custa ser jogador do FC Porto, a pressão que tem de sentir quando nada…NADA pode correr mal desde que ele entre em campo até que saia dele. E o mesmo serve para qualquer um dos outros da defesa ou de outros sectores!

Uma última frase sobre a Académica. Ganharam ao Atlético por dois a zero. Podem dizer que os gajos vieram com a equipa B, mas o resultado é o que fica para a história e os gajos de Coimbra devem chegar ao Dragão cheios de moral. Sugiro uma paralítica à moda da praxe da Universidade do Porto só para lhes tirar o ar, que metaforicamente aplicada ao futebol pode ser qualquer coisa como dois golos na primeira meia-hora. É abafar-lhes a moral logo desde início. Força nisso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Os putos

Se tirar alguma coisa destes quatro primeiros jogos europeus do FC Porto em 2012/2013, é que a nossa defesa deve estar a bater recordes. Uma média de 0,5 golos sofridos por jogo e com esta média de idades, acho que nos podemos congratular com a qualidade das opções que Vitor Pereira tem ao dispôr. O futuro parece estar em boas mãos. Ou pés, no caso do Otamendi.

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Ouve lá ó Mister – Dínamo Kiev


Amigo Vítor,

Ainda estou a recuperar do jogaço da passada sexta-feira, mas é daquelas ressacas porreiras que não custam absolutamente nada e não se gasta nem uma patela de Guronsan. Saímos todos do estádio bem dispostos, pá, como devia sempre acontecer todas as vezes que faço aquela peregrinação ao Dragão, mesmo que rime e soe parolo. Mas ficam os meus parabéns pela forma como os rapazes conseguiram jogar como jogaram e só há um problema com isso: a malta fica à espera sempre de mais um bocadinho.

No entanto desta vez ainda houve outro problema. Não sei se foi do relvado ou das botas ou lá do que raio terá sido, mas quatro gajos lesionados num só jogo dá para pensar em ir à bruxa. Ou então aquele gajo na Maia que estala as unhas à beira das orelhas do “paciente” e o manda para casa para recuperar. Um endireita/pseudo-homeopata dos bons, pá. Mas ainda que não queiras recorrer a esse tipo de parvoíces do oculto e antes de começares a matar galinhas pretas e a invocar nomes direitinhos do Necronomicon, foca-te antes nos gajos que vais pôr em campo. Não há tempo para pensar muito, por isso faz uma matriz das opções que tens e decide. Se queres a minha opinião, e provavelmente não a vais querer mas vou-ta dar na mesma, escuta bem: Atrás, à esquerda avança o Mangala, à direita o Danilo e ao meio ficam o Otamendi e o Rolando. No centro: Defour, Moutinho e Lucho. Na frente, enfia-se James, Varela e Jackson. É ela por ela, Vitor, sem inventar, sem pegar em gajos que não estão habituados a jogar nos sítios certos, sem desviar o Danilo para o meio ou enfiar o Miguel Lopes à esquerda. E temos de estar firmes nas nossas convicções e não fraquejar como fizemos no Dragão contra estes mesmos rapazes. Aquele resultado foi suficiente mas podemos fazer muito melhor e tu sabes disso.

Ah, e vê se pões os gajos concentrados nas bolas paradas. É uma puta duma vergonha a maneira como as estamos a defender, homem! E vamos lá ganhar essa treta para arrumar logo a qualificação, já viste o descanso que podias ter nos dois últimos jogos?

Sou quem sabes,
Jorge

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Vitor, dá uma chance ao Rolando

Passam hoje exactamente quatro anos. Em 5 de Novembro de 2008, o FC Porto deslocou-se à Ucrânia para defrontar o Dínamo Kiev no jogo da quarta jornada de Champions League, numa altura em que Jesualdo estava a ser contestado por grandes facções de portistas depois de três derrotas seguidas em várias competições. Lembro-me bem desses tempos, tanto da derrota em casa com o Dínamo (com um estupor dum grande golo de livre directo) como dos dois jogos do campeonato que se seguiram, o jogo absurdo perdido em casa contra o Leixões e a derrota na Figueira com a Naval. As tensões estavam em alta, o povo estava furioso e pedia-se a cabeça de Jesualdo, campeão em título mas caído em mini-desgraça perante os adeptos que viam a equipa sem render ao nível que lhes era exigido. Fomos a Kiev com o treinador em posição difícil e os jogadores a tremer com a pressão de uma vitória que era vital para continuar a lutar pela qualificação para a próxima fase da Champions.

O jogo começou mal e assim continuou até que Rolando, depois de um livre marcado do lado direito, aparece na área e marca um golo de força e colocação, irrompendo pelo centro e cabeceando sem defesa para o guarda-redes dos ucranianos. Foi uma explosão de alegria cá em casa, até que Lucho, ao minuto noventa, aproveitou o bom trabalho de Lisandro do lado direito e marcou o golo da vitória. Nunca mais me esqueço da forma como El Comandante tirou a camisola (lá estão aquelas celebrações parvas de jogador da bola) e o resto da equipa, percebendo que o capitão já tinha levado um amarelo, tentou rodeá-lo e forçá-lo a vestir de novo a t-shirt azul-bébé que na altura pintava o nosso equipamento alternativo. Foi uma demonstração de união, de harmonia entre os jogadores que passou para os adeptos e descansou as hostes. Vencemos o jogo e arrancamos para um resto de época imparável, terminando o percurso da Champions em casa com aquele petardo do Ronaldo que me ficou atravessado na goela até hoje.


Amanhã, em Kiev, as circunstâncias são diferentes mas há algo de parecido. Rolando tem de novo algo a provar. Cabe a Vitor Pereira a palavra, entre a opção por Miguel Lopes à esquerda e Mangala no meio ou a substituição directa de Maicon por Abdoulaye ou Rolando. Não sou um fã incondicional do Rolas, admito, até porque sempre tive a ideia que se achava sempre melhor do que de facto colocava em campo. Mas tem a experiência suficiente para poder fazer a diferença num jogo que se prevê complicado e onde a defesa do FC Porto, remendada, precisa de uma injecção de temperamento e tranquilidade para poder segurar o que fôr preciso quando fôr preciso.

Por isso a minha aposta vai para Rolando. Recuperemos o eixo de Dublin, o que venceu o Benfica na Luz por duas vezes e nos deu alegrias aqui há dois anos. E vençamos o jogo.

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Ouve lá ó Mister – Marítimo


Amigo Vítor,

Já passaram as emoções rocambolescas da noite de alouíne e das bruxas e do raio que as parta a todas e lhes enfie o cabo da vassoura pelo respectivo esfíncter acima. Não gosto dessa treta, admito, e se vamos trazer tradições americanas para este lado ao menos que venha o dia de acção de graças porque é uma festa de grande comezaina e onde as famílias se juntam para ficar uma tarde inteira a ver futebol. Adaptava-se o perú para leitão e o futebol deles para o nosso e zás, era uma festarola à tuga. Nisso, alinhava. Mas enfim, desvio-me do ponto principal.

Logo à noite vou ao Dragão ver o meu clube jogar contra aquele clube das camisolas parecidas com a bandeira da naçom mas que usam calções brancos porque se fossem amarelos havia qualquer espécie de implosão estética que fazia com que o buraco da Madeira se transformasse numa máquina de fazer dinheiro. De qualquer forma, vai ser uma hipótese de voltar a ver o Briguel e não há muitas coisas neste mundo que me agradem mais que ver o Briguel a perder. E então perder connosco…geez, dude, é branco sobre azul.

Também sei que este jogo aparece numa altura em que a grande maioria do mundo portista civilizado já está a olhar para a próxima semana e para o que se vai passar em Kiev, porque aí decide-se se vamos já confirmar a passagem à próxima fase da Champions. Esquece isso por agora. E obriga os teus rapazes a esquecerem isso hoje, porque a partir de amanhã já se podem preocupar outra vez com os cantos do Veloso (ao contrário dos penalties do pai dele que já sabemos que são uma borrada, não é? ehhhhhhhhhhh). Hoje temos de jogar em condições e sem aquela tremideira absurda que mostrámos contra o Estoril e que não me agradou nem um bocadinho. Por isso raspa lá o pó de ouro do teu fato e arranca uns aplausos da malta. Desafio-te, anda lá.

Sou quem sabes,
Jorge

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