Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

Este é um exemplo de mais uma esguichadela de urina demoníaca que vejo direccionada às minhas gengivas. Não é que não vou poder ver o jogo em directo? Há gajos com o azar de um Vale e Azevedo apanhado com a pila dentro de uma ovelha, pá, e eu sou um deles. Já não perco uma final do FC Porto desde…olha cum carago, acho que nunca perdi uma final em que o meu clube estivesse presente, carago, mas esta tem um bom motivo e não tens nada a ver com isso, mas garanto-te que a causa é justa e o dever familiar chama antes do desportivo, como deves compreender. Ainda assim, vou apoiar a equipa em espírito, torcendo por dentro como se estivesse pregado em frente à televisão ou, no caso de tantos portistas neste sábado, em Coimbra a beber uns belos duns canecos e a gritar pelo Moutinho.

Não há muito que se possa dizer quando se chega a esta fase. Sim, todos sabemos que a Taça da Liga tem tanta importância para o dia-a-dia de um portista como um cubo de açúcar na vida de um diabético. Mas uma final é uma final e quando se chega a uma final, é para ganhar. Quanto mais não seja para espetar lá com a copa no putativo museu que já anda para abrir desde que o Sansão deu duas bufardas lá no templo e mandou aquela merda toda abaixo. E tu, meu caro, que “só” tens três troféus à tua conta, não te importas nada de acrescentar mais uma linha no cêvê e somar mais um título ao palmarés do nosso clube. E para isso só tens de ganhar um jogo. São noventa minutos de suor por uma eternidade aí de uns dois ou três dias em que todos se vão lembrar disto, especialmente porque vai dar em directo na TVI e os gajos têm a mania de fazer com que cada jogo pareça a final do Mundial.

O Braga que viste no Dragão na passada segunda-feira não vai ser o mesmo que vais apanhar hoje, já sei que pensas o mesmo. Estes cabrõezinhos que apareceram com as camisolas nojentamente vermelhas a jogar para empatar vão hoje dar sete litros para ganhar esta treta, até porque só ganharam uma taça na vida deles e querem ter mais uma para mostrar aos netos. Mas lembra-te de Dublin e percebe que estes moços já tombaram uma vez numa final contra nózes. E hoje vão cair de novo, às tuas mãos.

Força! Força Vitor! Força Porto!

Sou quem sabes,
Jorge

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TV ad nauseam – parte III

A TVI vai transmitir em Portugal os jogos em canal aberto da Liga dos Campeões entre 2012 e 2015, anunciou hoje a UEFA.

“Este acordo vem reforçar a boa relação que existe entre a UEFA e a TVI, já desde o Euro 2004, 2008 e sub-21 de 2006. A Champions League representa o futebol ao mais alto nível e é um conteúdo de excelência que nos orgulha oferecer aos nossos espectadores”, referiu José Fragoso, director de conteúdos do canal, em comunicado.

A TVI era a única candidata em Portugal para os jogos em canal aberto.

Já as partidas em canal fechado continuarão na SportTV, que mantém os direitos de transmissão de quatro jogos por cada dia de competição.

in MaisFutebol

Pruflas é um demónio que consta da teologia cristã e que está listado na famosa obra De praestigiis daemonum de Johann Weyer como um dos elementos na hierarquia demonológica.

De acordo com Weyer, Pruflas é um Grande Príncipe e Duque do Inferno, comandando vinte e seis legiões de demónios e é responsável por causar discussões, discórdia e falsidade entre os homens.

Estou plenamente convencido que Pruflas, apesar do ridículo nome, foi conjurado por qualquer um dos negociadores da UEFA para conseguir convencer o resto dos que se sentaram à mesma mesa por forma a conseguir levar a que o contrato fosse assinado com a TVI, por muito que tenha sido a única estação a submeter uma proposta. Acredito também que Pruflas é o principal impulsionador dos comentários de João Querido Manha e relatos de Valdemar Duarte, que vamos ter o prazer de ouvir a partir de Setembro de 2012, quando o FC Porto previsivelmente estiver novamente na contenda pela prova mais importante de clubes a nível mundial. Se já se enojam a ouvir o Valdemar a dizer coisas como “Fussíl”, imaginem quando jogarmos frente a turcos ou bósnios. Vai fazer o José Augusto Marques parecer conhecedor e profissional.

Pruflas, rapaz, prepara aí umas quinze legiões de seguidores demoníacos. As discussões, discórdias e falsidades só destas duas personagens são suficientes para te fazer baixar a reputação. E que as forças do Mal se enganem a caminho de nossa casa. Pela estrada, porque através do cabo ou do satélite é como se já lá estivessem.

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TV ad nauseam – parte II

Não sou uma pessoa com cultura de café. É raro conseguirem encontrar-me depois de jantar no paleio com amigos no tasco da zona a beber meia dúzia de finos ou a disputar algumas amigáveis partidas de bilhar. Nunca fui assim e não censuro quem o é, mas não tenho pachorra. O que não quer dizer que não combine de vez em quando com alguns amigos um ou outro rendez-vous caféeiro onde se possa conversar um bocado, pôr as notícias em dia e discutir os temas prementes da actualidade. Acontece que quase sempre que dou um salto a um café, há malta a falar de futebol. E se me puser à escuta (discretamente, sem dar nas vistas para não me insultarem), raramente o tema incide sobre tácticas ou estratégias de jogo, ou grandes jogadas de equipa. O normal, é falarem de árbitros, de presidentes, blá-rumores de transferências ou yadda-penalties.

É o paradigma da grande maioria da nossa sociedade que acompanha um desporto, em grande parte influenciada pelo que vê e lê. Se os jornais andam constantemente à procura de fogos que possam atear, a televisão não se mostra como um meio mais nobre para divulgação e análise de situações concretas e directamente ligadas ao jogo. Preocupam-se muito mais com o poder, o que se passa atrás dos panos, as influências, o compadrio, tudo o que o futebol não devia ser. Caso simples aconteceu recentemente na RTPN, agora RTP Informação e brevemente Ex-RTP, onde o único programa onde de facto se discutia futebol e não se focava em temas de bastidores, o “Pontapé de Saída”, foi retirado da grelha de programação por ter perdido o lugar na nova estrutura do canal após restruturação. Anunciou na altura um eventual ressurgimento noutro formato, sem dúvida recheado de Larissas Riquelmes e reportagens fófínhas como o MaisFutebol da TVI, que com a bacoquice e pseudo-elitismo se vai mantendo como um dos poucos programas que falam de futebol per se. Tem o pormaior de ser exibido numa das estações mais parolas do mundo, que faz do baixo nível dos comentários em directo uma espécie de bandeira de qualidade, como se Manha estivesse no Valhalla da bola e Valdemar fosse o Coro dos Deuses.

É com Trios de Ataque, Dias Seguintes e Prolongamentos que vamos andando. Ouvindo famosos que só o são porque os chamam, tendo de aturar advogados aos berros, estatísticos que não sabem o nome dos jogadores do clube e o Fernando Seara. Se fizessem um ranking para ordenar esta malta, só se safava o Miguel Guedes. E o resto, mais palhaço menos palhaço, faz tudo parte da mesma cartilha, daqueles que eu vejo no café, a insultar um amigo porque o clube X não é coincidente na febre do futebol de que ambos sofrem. E o futebol, o meu mundo do futebol, aquele em que se dá importância a uma finta do Hulk, uma desmarcação do Aimar, um carrinho do Rinaudo ou um remate do Helder Barbosa, vai morrendo. Pelo menos até que um deles faça um anúncio para a Nike ou afogue um gato na banca da cozinha. Aí vão-lhes dar importância.

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Ouve lá ó Mister – Vitória Guimarães

Amigo Vítor,

Agora é que começa a doer, homem. Este Domingo, contra a malta da terra do Afonso, estás perante o primeiro monte da época. É preciso trepar, pá, é preciso subir ao cume desse pico e dizer bem alto a todos os portistas, cépticos e crentes, que estamos vivos, que não desaprendemos de vencer durante as férias e que até contagiamos os outros com a vontade de ser sempre primeiro…ou achas que o Uruguai ganhou a Copa América por acaso? Havia lá dois dos nossos, e só tiveram sorte porque o Maxi teve um flashback para 2009/2010 e percebeu “ah, é este o doce sabor do triunfo…puta madre, já nem me lembrava, coño!”, senão ainda estavam a chutar bolas à baliza do Villar. E todos nós acreditamos que mesmo tendo perdido aquele jogo com o Lião (por muito que me custe perdoar-te por perderes contra uma equipa a jogar de cor-de-rosa…olha que até o outro “lião” se empertigou todo quando viu o tom das shirts da Juve e inverteu o tradicional curso da natureza, com a gazela do pai da Lyonce a cravar duas setas nos da velha senhora, mas isso já lá vai não é verdade?), que por sinal até foi bem entretido, a equipa vai chegar a Domingo a espumar das ventas.

Mas o Guimas que não te engane…olha que eles são sempre matreiros, não andam a jogar um remate-de-Mariano nesta pré-época mas quando chegam à parte que magoa parece que se lhes levanta a moral e vão em frente! Ainda por cima lembra-te que não vais ter o puto James que lhes deu água p’la barba no Jamor, o Álvaro e o Cebola ainda estão a encher o bandulho esparramados ao sol e o Falcao e o Guarín ainda estão a começar a suar o deles. Se fosse a ti, que não sou, mas se fosse, apostava na mesma equipa que meteste contra o Olympique Licha & Cª. Sem inventar muito, jogar simples, jogar prático, jogar com calma e confiança de campeão.

E já sabes que 1-0 chega, até meio-zero como disse à gaja da TVI que ainda no aeroporto me espetou o microfone no focinho antes de sair para Dublin, agora se pudéssemos arrancar a época como a terminámos…então isso é que era lindo. Mas não te preocupes muito com marcar muitos golos. Interessa-me ganhar, porque o Museu abre em Abril e já lá está o espaço reservado para mais esta. Força aí nessas canetas, olha que vou estar lá na bancada para aplaudir!

Sou quem sabes,
Jorge

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