Tudo a ganhar e tudo a perder

1409672609760

O resultado do sorteio dos oitavos da Champions foi agridoce. Não duvido que nas tensões que cada bolinha que ia sendo aberta e à medida que os nomes iam sendo revelados, o nervoso bem-mais-que-miudinho ia-se apoderando dos nossos corpos e das nossas mentes. E quando iam saindo os Bayerns e os Chelseas, os nomes que ficavam para o fim adoçavam a nossa boca com a perspectiva de um regresso a Londres ou uma visita a uma terra repleta de dinheiro, indústria e alguns emigrantes lusos, um dos quais na cadeira de treinador. As primeiras reacções são cautelosas da parte de quem é responsável, com as luzes das câmaras firmes à busca do soundbyte. Do lado dos adeptos, euforia. Estes? De onde? Não foi lá que fomos roubados com a Juve e perdemos a única coisa que o Sporting pode dizer que é melhor que nós? Raios me partam se não vamos lá espetar cinco e até podemos descansar em casa porque o campeonato nessa altura deve estar tramado e mais vale jogar pelo seguro. No campeonato, claro!

Pois é. E agora, com quatro pontos de atraso cá por casa, temos um confronto europeu dos bons, porque são sempre bons. Não ponham esse ar de prepotentes ao pensar que um jogo contra suíços vale menos que um outro contra ingleses ou alemães. Especialmente porque nos colocamos perante uma possibilidade de win/win e lose/lose. Não é muito complicado de entender a periclitância (maldição de termos antigos que hoje só me vem à cabeça filmes portugueses dos 1940s) da nossa situação, mas para os mais lentos ou preguiçosos, passo a explicar.

Uma vitória na eliminatória é natural, esperada e fruto da maior qualidade do nosso plantel perante um grupo de jogadores com um misto de talento e força, com determinação mas que serão, teoricamente, abaixo do que consideramos “ao nosso nível” no panorama europeu. A História fala por si e o palmarés é de tal maneira díspar que nem devia fazer comichão imaginar que estamos no mesmo escalão, nem sequer no mesmo desporto. Somos melhor que eles, ponto. É essa a forma de encarar esse jogo que mais me chateia, porque apesar de ter visto pouco deles na fase de grupos, a verdade é que estão cá. No mesmo grupo do Real e do Liverpool, apesar da coça que levaram em Madrid e de terem até perdido com o Ludogorets. Mas estão cá, fizeram por isso e merecem tanto como qualquer outro. Vencer é expectável. E se acontecer, há mérito? Para nós, portistas que estarão cá amanhã a apoiar mesmo que caia meia Invicta para o lado do Mal, sim, porque passaremos para os quartos da prova de clubes mais importante do mundo, mas haverá sempre quem venha chutar para baixo, aninhados perante um qualquer complexo que nunca vou conseguir entender, e menosprezar o feito desvalorizando o adversário.

E se perdemos? E se somos eliminados por uma das surpresas da prova, pelo menos até esta altura? Inclemência das opiniões, martírio na praça pública, uma vergonha nacional, bandeiras a quarto-de-haste porque a meio até parecia que estaríamos resignados. Suíços?! Só perco com esses gajos quando luto contra um Toblerone, era só o que me faltava agora aqueles bardamerdas mandarem-nos para fora! Guerra para cima deles, é o que eu digo, que eles se lutarem todos com aquelas roupinhas paneleiras dos que fazem figura de urso em Roma que mais parece uma trupe dos Cardinallis hão-de cair todos como o Robben! E então, venham eles!

Se fossemos jogar contra o City ou o Barça, tudo tranquilo. Ganharíamos com mérito e perderíamos pela valia do adversário. Mas estes? É melhor ganhar mesmo, para evitar que os imbecis tomem controlo do senado.

3 comentários

  1. Nao sao fraquinhos mas tambem nao sao nenhum colosso. Temos estrutura, historia, calibre e jogadores parta ir la espetar dois golos sem resposta e deixar-mo-nos de medos infundados. Somos Porto, porra, nao somos o Nacional ou o Estoril. Este jogo no meu lexico de dragao e dificil mas so pode ter uma inclinacao, Porto e pelo menos dois golos.

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.