Baías e Baronis – Dinamo Kiev 0 vs 0 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Tenho para mim que na grande maioria destes jogos da Champions em que uma das equipas tem tudo a perder e a outra está a navegar num mar de relativas facilidades, o que tende a acontecer é que a equipa que mais arrisca é a que mais perde. E o Dínamo não arriscou muito e não conseguiu criar oportunidades suficientes para embaraçar um FC Porto que se apresentou sóbrio, fiel aos princípios de jogo que tem vindo a mostrar e que controlou o jogo quase desde o início. É evidente que para mim, um humilde adepto, ver a equipa a empatar com um adversário jeitoso mas não extraordinário…custa um bocadito, especialmente quando vejo tanta bola a ser enviada em balão para perto da nossa área, que activa desde logo a minha glândula do cagaço. Fico logo a pensar “e se algum deles lhe dá uma coisinha má e escorrega ou falha o corte?“…e perdem-se três pontos e uns milhares de euros. Mas correu bem, a defesa esteve impecável e só não ganhámos por algum azar e porque…bem, vejam abaixo nas notas:

 

(+) Otamendi O melhor em campo. Secou tudo o que viu pela frente, rasgando relva, varrendo adversários, vencendo bolas aéreas e deslizando pelo terreno sempre que foi preciso para compensar algumas das (poucas) falhas dos colegas da defesa. Ao seu lado teve um colega estável com poucas hesitações e bastante firmeza para o jogo de estreia na maior competição de clubes a nível mundial, mas o argentino brilhou a grande altura numa das defesas mais multi-nacionais que me lembro de ver no FC Porto (um argentino, um brasileiro, um senegalês e um francês…haja diversidade, amigos!), continuando a trilhar rampa de crescimento que este ano tem feito dele o defesa mais seguro e fiável do FC Porto até ao momento.

(+) Helton Um zero-zero raramente se consegue a não ser à custa de um guarda-redes firme, seguro e que garanta aos colegas que lá atrás está uma parede que não vai deixar passar nenhuma bola que possa atravessar a primeira barraca defensiva. E Helton hoje foi mais uma vez essa garantia, agarrando cruzamentos perigosos, defendendo no ar e no chão como um líder tem de fazer em jogos complicados com adversários a jorrarem bolas directamente para a nossa área. Foi capitão sem braçadeira, como sempre.

(+) James Está cada vez melhor, reagindo bem ao contacto e pegando na bola sem medo do adversário e do que lhe pode acontecer quando pega na bola em zonas mais afastadas do centro e arrasta a pelota mais para o meio, onde gosta de jogar. É o motor de jogo da equipa, mais até que Moutinho nos últimos jogos e é o principal criador de lances perigosos, ofuscando os colegas de meio-campo que lhe fornecem a bola sempre que podem para que dos seus pés saia sempre a melhor solução possível no espaço que tem e constrói. Lutou muito e foi uma pena que os colegas não tivessem concluído um dos lances que criou.

(+) Mangala, dentro dos limites da técnica O homem tenta e tenta com tudo o que tem. À semelhança de Maicon do outro lado no ano passado, o francês sobe no terreno a apoiar Varela e com Moutinho ao lado, sempre com Otamendi a tapar-lhe o traseiro, e não fossem as enormes falhas técnicas no passe e no domínio de bola de primeira e teríamos uma opção mais válida para jogar à esquerda. Assim temos um defesa central a tapar um flanco com intensíssima presença física e garra, que tem chegado e sobrado para as encomendas. Mostra uma vontade tremenda em cada lance, o que ajuda a equipa a ficar unida e a garantir solidez defensiva. Bom jogo.

 

(-) Defour Acertou muito pouco hoje o Steven. Muito nervoso no centro do terreno, nunca conseguiu estabilizar o jogo e providenciar a segurança que precisávamos para manter a bola em nossa posse de uma forma calma e tranquila, talvez devido ao jogo directo que o Dínamo usou e abusou durante quase toda a partida. Seja como fôr, o belga perdeu bolas que não pode perder, cometeu erros em demasia com passes falhados em zonas perigosas e foi sempre um elemento que não esteve ao nível dos colegas.

(-) A gestão do zero-zero É sempre a mesma conversa, já sabem do que a casa gasta. Enerva-me bastante ver a nossa equipa a tentar manter um resultado que é tão parecido com um “swing state” nas eleições americanas, só para no final haver um velhote que caminha lentamente na direcção da urna para enfiar lá o tremido voto no gajo X ou Y e decidir as coisas para o lado que quer…ou em linguagem futebolística, uma porra dum livre directo ou um ressalto nas largas costas do Abdoulaye. E só me deixa nervoso durante um jogo inteiro, o que não faz mal a ninguém a não ser às minhas unhas, mas poderia ser evitado com mais alguma calma na gestão da posse de bola e do timing do jogo. Conseguimo-lo durante largos períodos de tempo mas a falta de um único golo (com oportunidades mais que válidas para que pudéssemos lá chegar) não me agradou.


Bottom line: estamos qualificados para os oitavos da Champions. Dinheiro em caixa, fresquinho como sardinhas em dia de São João, e a passagem para a lista dos melhores dezasseis equipas da Europa 2012/2013. E tudo feito à custa de algum bom futebol, inteligência competitiva e acima de tudo seriedade. Foi um jogo sóbrio, seguro e apesar de pouco incisivo no ataque deixou boas indicações quanto à solidez defensiva contra equipas que têm um estilo diferente do que estamos habituados. Foi bom, enervante mas bom. E lá vai o meu clube obrigar-me a gastar dinheiro em Fevereiro ou Março de 2013…que adorável maldição!

7 comentários

  1. caro Jorge, caríssimas(os),

    esta noite, num palco onde já fomos muito felizes, a nossa equipa do coração realizou uma exibição com muita personalidade.
    acima de tudo, fomos pragmáticos: jogámos com a contabilidade e com a possibilidade de encaixarmos (pelo menos) 4 milhões de euros – 3.5M€ pela passagem aos oitavos-de-final e os restantes 0.5M€ pelo empate.

    o “objectivo mínimo” foi conseguido, mas com muito mérito, pelo que estamos todos de parabéns!

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
    Miguel | Tomo II

  2. Boas ,

    Antes de mais o objectivo foi atingido, 10 pontos em 4 jogos é obra.
    Quanto ao jogo acho que fomos pragmáticos, aguentamos a pressão inicial do Dinamo e depois controlamos como tinha que ser feito.
    Na minha opinião faltou um pouco de calma e mais objectividade no ultimo passe, no entanto contra factos não ha argumentos … estamos nos oitavos.
    Com 3 ausências importantes, Maicon, Fernando e Alex Sandro … fundamentalmente este que dá mais profundidade ao flanco, devo destacar 3 jogadores, primeiro Mangala, excelente na entrega e combatividade, joga simples e não perde bolas, depois Helton, tranquilidade e segurança como lhe é apanágio e por ultimo Varela … está em grande e a subir de forma.

    Agora ha que lutar pelos milhões que faltam e pelo primeiro lugar.

    Um abraço

    http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.pt/

  3. Sobretudo o que achei é que à medida que cresce a confiança do treinador, cresce a confiança dos jogadores. Ou vice-versa… Estes gajos são muito novos…. têm ambição e têm pulmão, e acreditam que vão ganhar o céu. Gostei de ver.
    Também não acho que tenha havido Baronis – a equipe foi muito unida, outra coisa boa de se ver, e se me ficou na retina um passe transviado do Defour que deu num contra-ataque perigoso já foi no final do jogo e o homem já nem conseguia mover as pernas…

    Em relação ao seu intróito tenho para mim que só as equipes muito latinas não vencem quando têm de vencer; as outras se tiver que ser, que seja… a não ser claro que a diferença seja evidente, como foi ontem.

    PS: ainda bem que o treinador não o ouviu e não deu a chance ao Rolando (provavelmente por boas razões) – que magnífica estreia fez o Abdoulaye…

  4. Boas Jorge e pessoal,

    Desta vez nao concordo com o homem do jogo. Para mim foi o Helton que salvou aquilo tudo. Ate me benzi qdo vi a dupla de caceteiros a jogar de inicio (confesso q esperava o Rolando), mas no fim ate nem jogaram mal.

    O Defour nao jogou nadinha. Como e q neste plantel nao temos um unico suplente do Fernando? Como vai ser agora se ele estiver lesionado? Joga o Castro? Puxa o Danilo para o meio e mete o Miguel Lopes a lateral (era o que eu faria)?

    Qto ao jogo em si, nao me venham ca com moralismos, pq passamos isto e aquilo. Temos q entrar em campo com a atitude de ganhar! Por acaso ontem nao deu merda, mas se aquele lance isolado frente ao Helton entra, como e q era? Se fizessemos esta gestao depois de 1-0, era optimo, agora jogar assim desde o inicio, deixando o pessoal com o coracao nas maos, nao se entende mesmo segurando a passagem. É que no fim interessa muito estar em primeiro ou segundo!

    Fico contente por termos passado, mas n gostei nada do jogo de ontem. E so mais uma opiniao, vale o q vale :)

    Abraco,
    Joao

  5. Bom dia,

    O FC Porto marcou o ponto e garantiu matematicamente a passagem aos oitavos-de-final da prova rainha das competições europeias.
    Nada de surpreendente, face à tradição do nosso clube na competição, que confirmou assim o seu favoritismo.
    Quanto aos destaques individuais, são de realçar as boas prestações de Abdoulaye e Mangala.
    O jovem Ba, não comprometeu, e na estreia europeia não tremeu e efectuou uma exibição prometedora.
    Mangala teve pela frente Yarmolenko, o jogador mais perigoso do Dinamo de Kiev, e marcou bem o ucraniano.
    Helton perante uma defensiva pouco rotinada, teve um papel fulcral no seu comando, estando muito bem nas saídas dos postes, agindo muitas vezes como um autêntico libero.
    James fez um excelente jogo, assim como Varela, que se encontra em grande forma.
    Jackson, Moutinho e Danilo foram outros elementos em destaque.
    Otamendi foi nitidamente o melhor do onze portista.
    Marcou com primazia Milevsky, que deveria ter sido expulso por agressão ao argentino, e foi importante no equilíbrio e comando defensivo, varrendo bem a sua zona de acção, e saiu com qualidade a jogar.

    Esta passagem aos oitavos garantiu 3,5 milhões mais 0,5 milhões pelo empate, que acrescem aos 11,6 milhões de euros já arrecadados, uma quantia muito importante para equilibrar as contas do clube.

    Garantido o apuramento, agora o objectivo passa pela obtenção do primeiro lugar do grupo.
    Vamos a Paris lutar pelo primeiro lugar do grupo como salientou El Comandante.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.pt

  6. Resultado que defende os objectivos do FC Porto que era de estar presente nos oitavos-de-final da prova, conseguido com todo o mérito, numa exibição calculista, inteligente, onde foi evidente o grande sentido colectivo.

    Referência para o comportamento dos jogadores menos utilizados que cumpriram cabalmente o que lhes foi pedido, dando garantias ao seu treinador de poder contar com eles.

    O objectivo seguinte é a manutenção da liderança até ao fim.

    Um abraço.

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