Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Málaga

foto retirada de MaisFutebol

É uma vitória. É uma boa vitória. É uma magra vitória. É uma vitória. Foi um jogo tenso, como tantos outros que já vi em confrontos europeus, com o FC Porto sempre a controlar o jogo, ofensiva e defensivamente, frente a um Málaga que optou por um jogo mais recuado para que pudesse aguentar um resultado positivo e na segunda mão mudar um pouco a atitude. E quase que o conseguia, não fosse Moutinho, mais uma vez o melhor em campo, a matar (mais) um trabalho estupendo de Alex Sandro, com raça, querer, luta, empenho. Foi a imagem mais digna de uma equipa que lutou por um resultado melhor mas que se pode queixar de um Málaga muito seguro na defesa e de muita ineficácia na frente da baliza. Jogos de Champions são outra coisa, não haja dúvida. Vamos a notas:

(+) Moutinho. Já começa a ser complicado falar de ti sem que me comece a babar e a agradecer a Deus e ao Sporting por te ter “despachado” para o nosso seio. É um prazer ver-te a jogar, João, palavra que é, porque és tudo que eu sempre gostei de ver num jogador moderno de futebol. Porque sabes exactamente quando rodar e quando prender a bola. Porque esperas mesmo até ao segundo certo para veres o colega a passar por ti e sabes que é a ele que vais entregar o jogo. Porque comandas, de trás para a frente, sem arrogâncias nem tiques de vedeta. Porque tentas sempre jogar pelo melhor caminho, pelas estradas mais limpas e mais seguras. Porque dás estrutura ao meio-campo e organizas o jogo como poucos vi a fazer. Por isso tudo, obrigado, rapaz. Quando via o Jardel, pensei que nunca mais ia aparecer outro no meu clube até que chegou o Radamel. E o mesmo acontece contigo, depois do Deco.

(+) Alex Sandro. A meio da segunda parte dizia-me o Rui, um dos meus colegas de bancada desde 2004: “Este moço custou metade do Danilo e é o dobro do jogador!”. Não vai receber qualquer contestação da minha parte. É um rapaz curioso, este Alex. Parece magrinho mas usa muito bem o corpo e aguenta o choque como um Jorge Costa. Tem excelente noção de arranque, bom salto, brilhante técnica individual e não cruza mal. Mas é quando sobe pelo flanco em apoio, recebendo a bola no espaço vinda de Moutinho ou de Marat, quando aparece nas costas dos defesas, dos médios, dos alas adversários, é aí que Alex brilha ainda mais. Já conquistou os adeptos e cada vez estou mais certo que será o futuro titular do Brasil. E a continuar assim, vamos precisar de outro defesa-esquerdo para o ano que vem…

(+) Fernando e o resto dos pressionadores. A pressão que temos de exercer é alta e só pode ser alta, para roubar espaço ao adversário e impedir que saiam com a bola controlada. Mas a equipa do FC Porto hoje foi excelente na recuperação da bola no meio-campo contrário, com Moutinho, Fernando, Lucho, até Jackson e Marat, todos eles a esticarem a perna, a forçarem o erro adversário, a sacar um turnover quando o oponente menos esperava. Fomos rápidos, felinos, inteligentes, lutadores, como devíamos sempre ser mas nem sempre precisamos de fazer. Fernando destacou-se acima dos outros pela forma como conseguiu livrar-se muitas vezes de uma pressão alta forte do adversário, rompendo pelo centro quando era preciso e enviando a bola para o colega mais bem colocado. Muito bem, atrás e à frente.

(+) O público. Quarenta e tal mil vozes no Dragão, incluindo aí umas três mil andaluzas. E quão diferente é um espectáculo quando o adversário provoca, puxa, incita à rivalidade saudável como os Malaguenhos (com M grande) fizeram hoje no Dragão, e levaram resposta à altura (com alguma estupidez brejeira e ridiculamente nacionalista que perdoo porque, francamente, a maioria não sabe outra conversa que não aquela) do resto da malta, que sentiu sempre que a equipa tinha a ganhar com a nossa voz, com o nosso cantar, com a goela a guinchar como loucos (ou turcos, ou gregos se quiserem) no apoio das nossas cores. O futebol devia ser sempre assim.

(-) Ineficácia perto e dentro da área Mas nem tudo são rosas sem espinhos. Continuamos a falhar em demasia à entrada da área, porque os passes saem curtos quando devem ser longos e versa-vice. Há muito nervosismo naquela zona, demasiada ansiedade pelo remate que raramente sai direito, poucas opções de velocidade em espaços curtos e ainda menos capacidade de colocar a bola na perfeição para Jackson ou qualquer outro ponta-de-lança poder empurrar para a baliza. E estes problemas agravam-se quando se encontra uma defesa como a do Málaga, com um Demichelis quase perfeito, um Antunes certinho e prático e um Sergio Sanchez que é melhor do que parece (não é rápido mas tem um timing de corte impecável). Creio que é o principal ponto a melhorar na nossa equipa, e nota-se imenso a diferença para outros grandes clubes em jogos deste nível. Não se pode criar tanto jogo para depois falhar tantos passes sem sequer conseguir tentar produzir um remate ou um lance claro de golo. Em Málaga, se continuarmos assim, vamos sofrer e bem.


Há uma diferença muito grande entre jogar contra uma equipa defensiva portuguesa e outra “europeia”. As nossas, as dezenas de -enses que por cá gravitam e sobrevivem época após época na Liga, jogam em casulo, uma espécie de igloo recuado e emparedado em trinta metros de espaço. Lá fora, como vimos hoje, há equipas que também são defensivas, que usam o ataque de forma esporádica, rápida, sem gosto pela bola mas com objectividade maior que um arqueiro com a seta apontada ao alvo. Só que o fazem de uma maneira ampla, dinâmica, ao campo todo, rijos mas bem posicionados, técnicamente hábeis mas com sentido prático elevado. E defendem até onde podem, mas bem, esperando que o adversário não consiga furar a barreira. E hoje, quase o conseguiram. Venha a segunda mão. Estou ansioso.

11 comentários

  1. Eu não vou á bola desde os dez anos quando deixie de ir aos jogos de bairro e passei a ver jogos de futebol….há e já vi futebol na maioria dos grandes paises de futebol…o Malakaga levou um banho de bola e só náo levou mais por sorte! A eliminatória náo esta ganha mas o Malakaga vai ter que trepar o Himalaia para ganhar esta eliminatória carago!

  2. 1. Sabes, mais do que nunca, acho que atropelamos a outra equipe… depois vi no resumo da tvi o rosto do Pellegrini e, dizia tudo: – Não sei como vamos sair daqui inteiros!
    E, isso, já é muita coisa. Não somos ainda aquela equipe do topo do topo, mas somos muito equipe! Reparei que depois de umas boas ações de defesa – helton – helton – defesa, os gajos já nem corriam para pressionar; que apesar de serem duros e brutos, já quase fugiam do contacto… Agradou-me. É bom que voltem a ter respeito pelas nossas cores.
    2. Temos jogadores fantásticos… não é só o Moutinho e o Alex Sandro. Um, pelo golo, talvez mereça um destaque, mas acho injusto para o jogaço que fizeram o Izma, o Lucho, o Jackson – que magnífico jogador- o Fernando e o Mangalhão… O Otamendi, o Danilo, o Varela, o James, e Atsu… (só o Helton complicou, e deveria ter levado um Baroni.)
    3. Não vi do outro lado nada que o Paços ou o Rio Ave ou o Braga não possam fazer… Essa da diferença dos campeonatos, começa a ser um cansaço. Sim, há o Barça. E o Real, enquanto lá jogar o Ronaldo…
    – Moral: junto com o Barça e o Real prefazemos as 3 melhores equipes da peninsula. Que, por sua vez, são melhores que qualquer de França (incluindo o PSG) e de igual com o Manchester ou o Bayern… – Pode passar qualquer uma outra, ou até ganhar a Champions alguém de fora destas, mas hoje, esta é a verdade…

  3. Bom dia

    Domínio e controlo absoluto, com laivos de classe, marcaram a vitória da 1ª. Mão dos oitavos.

    As estrelas do Málaga nem cintilaram perante o domínio, controlo e classe do futebol portista.

    Os andaluzes foram impotentes, e limitaram-se a ver jogar, e bem que se podem dar por satisfeitos por levar na bagagem uma derrota pela margem mínima.

    Moutinho e Lucho no miolo foram gigantes, Alex Sandro espalhou magia pela asa esquerda, Izmaylov e Jackson foram formiguinhas de labor e colocaram a cabeça em água dos defesas contrários, mas acima de qualquer destaque individual está sem dúvida o colectivo.

    Fomos compactos e solidários a defender, executando uma pressão constante no portador de bola de saída andaluz.
    Os sectores estiveram unidos, e tudo isto levou a que dominássemos por completo todos os momentos de jogo.

    Com esta equipa podemos sonhar alcançar fases cimeiras da competição, para tal basta manter os predicados exibidos na noite de hoje.

    Parabéns ao mister VP pelo excelente trabalho desenvolvido e pela união e solidariedade que criou no seio da equipa.

    Vitória justíssima que peca por escassa no regresso o FC Porto às grandes noites europeias.

    Abraço e boa semana,

    Paulo

  4. caro Jorge, caríssimas(os),

    grande jogo! bravos heróis! valente Vítor Pereira!
    (resultado só peca por escasso. e a «gloriosa» azia espanhola é… a cereja no topo do bolo)

    ps:
    mesmo com tal confiança, ainda faltam (espera-se que só) noventa minutos.

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
    Miguel | Tomo II

  5. Gostei muito do jogo de ontem, quase de tudo… ha um promaior que me apoquenta sera que o Danilo perdeu a velocidade? eu vi-o aos 35 minutos quando a bola estava do outro lado do campo com as mãos nos joelhos postrado como quem ja estava num prolongamento ao 119 minuto. Momentos seguintes avança no terreno e fica parado completamente 20 metros depois do circulo central. Ja sem falar nos passes faceis que lhe faziam em que mostrava extrema dificuldade no tempo de racção para dar mais aquele passo em frente, desleixo? (assim de repente lembro-me daquela bola atirada para fora quando o adversario nem sequer o estava a precionar)
    Sera que sente que nao tem competição dentro da equipa?
    Tenho saudades do Maicon a defesa direito…

  6. Secamos completamente o Málaga.
    Saí do estádio muito satisfeito!
    Grande jogo e grande ambiente!
    Só não gostei daquelas referências da claque a Espanha.
    É desnecessário e não nos fica bem. Somos muito maiores do que isso.
    Aliás não gosto que as nossas claques se refiram aos adversários,
    nomeadamente ao 5lb.
    Estou muito optimista em relação à 2º mão.
    Cumprimentos portistas.

  7. Bela exibição num jogo de uma só via, em função da asfixia do futebol portista que obrigou o Málaga a recuar no terreno durante toda a partida.

    O resultado pela diferença mínima tem a ver com a falta de eficácia no remate. Izmaylov perdeu um golo quase certo, no início da segunda parte, quando bem colocado, perto da baliza, meteu mal o pé e a bola perdeu-se escandalosamente pela linha de cabeceira.

    Gostei de toda a equipa, que actuou ao seu melhor nível, banalizando um adversário que tinha dominado o seu grupo, com Milan e Zenit. Não posso porém deixar de destacar dois nomes que foram enormes: Alex Sandro e João Moutinho, curiosamente os protagonistas do golo.

    Um abraço

  8. GANHAMOS………..e se puder o liedson,vai fazer entre 2 horas de jogo por mes,o que segundo os media cobra entre 30 a 40mil euros hora dividindo ,o total do mes

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