É para ganhar, mister?

A garra nunca é sobrevalorizada. Nunca. Por muito que olhemos para os enquadramentos tácticos de uma estrutura como a nossa, com um meio-campo que ainda não se entende na perfeição, extremos que se balanceiam com hesitações e medos perante as subidas dos laterais ou com avançados que trabalham mas que vêem os esforços pender muitas vezes para o lado errado, muitas das vezes é a garra e a vontade de vencer que fazem a diferença entre um meio-resultado e uma conquista incontestável. E essa garra, essa vontade de vencer que nos pauta o dia-a-dia e faz de nós um clube temido internacionalmente tem de ser recuperada a qualquer preço. Não falo de dólares, mas de dentes cerrados e força férrea que manda abaixo qualquer adversário, bem ou mal intencionado.

Lopetegui está a começar a segunda temporada e fá-lo de novo com uma equipa em construção. Não sei quanto mais tempo vai levar a criar os automatismos necessários para que a equipa consiga criar um futebol fluido, dinâmico e produtivo. E não estou preocupado quanto à sua valia ou em relação ao talento que tem à sua disposição. Preocupa-me apenas alguma falta de audácia, essa vontade de vencer que apenas vi a espaços na Madeira. Lembro-me da época de AVB e do seu arranque tremido no campeonato depois do brilharete na Supertaça. Lembro-me dos inícios de época de Jesualdo, sempre com uma ou duas baixas mas a manter um nível exibicional aceitável. E lembro-me ainda melhor de Robson, onde os rapazes corriam que se fartavam mas não sabiam muito bem para onde. Quero estrutura. Quero táctica. Quero futebol. Mas quero, acima de tudo, vencer. E temo que essa mentalidade ainda não esteja bem vincada na cabeça dos nossos rapazes.

O campeonato ainda agora começou e temos tempo para limar arestas. Como se viu ainda ontem, perder dois pontos pode não ser muito grave quando se fizerem as contas finais. Mas se esses dois pontos se transformarem em múltiplos de dois, vamos começar a ter problemas, de dentro para fora.

4 comentários

  1. Boas,

    Agora mais calmo, que aquelas bananas da madeira são horríveis pá!

    Há coisas boas no nosso FCP, mas se daqui a um mês não conseguirmos ter um canto decente e as nossas jogadas demorarm 5 min na defesa eu faço uma petição na net para mandar o lopetegui com o galheiro. Essas coisas modernas. :P

    Ontem num momento de … bom parvoíce extrema reparei que os últimos reforços não são para ser vendidos: maxi, cissoko, andre andre, danilo e por exemplo marcano não vão sair facilmente. Ou “velhos” ou gostam do FCP. O brahimi e o imbula e o aboudakar sim, mas o resto da equipa… não me parece. Planeado ?

  2. Imbicto Jorge,

    Muito lúcido e pertinente. Tal como escrevi no meu espaço, creio que há um pouco de culpa de todos nós… É uma culpa que nos é imposta pela circunstância dependente desses mesmos “gatilhos” de que falas; de coisas passadas que nos recuperam a memória.
    Cabe-nos a nós mostrar o caminho, confiando. Mas de nada vale se essa tal garra não nos mostra que merecem o nosso apoio.

    Imbicto abraço!

    Imbicto Poema

  3. penso eu de que:
    vamos lá ver; hoje o futebol não tem segredos. – Porra, o Arouca vai na frente! Ou seja, penso que mais que ter garra – que qualquer equipa made in Petit pode ter – é preciso ter astúcia. Astúcia para saber fechar o jogo enquanto o adversário tem força, e depois derretê-lo no momento exato. Mas, infelizmente os adeptos não têm paciência para a astúcia. Querem golos até ao intervalo ou vão por-se a assobiar se isso não acontecer. Querem equipes demolidoras. Na cabeça deles só lhes aparece à frente o jogo da supertaça contra o slb… esqueceram o resto!… E, convenhamos que não é fácil para equipe nenhuma jogar nessas circunstâncias, sob esse peso! … muito menos com oito jogadores novos em campo. ( Que eles se precipitem e compliquem é só natural…)

    Todos sabem que basta haver um empate e já está uma franja grande a querer por o homem na rua!…
    Foi mau, foi. Mas não é com aquela dita cuja “exigência” que vamos lá …
    Como disse o imbicto: cabe-nos a nós mostrar o caminho, confiando.
    Confiar, não assobiar.
    (Acreditar que quando o Maicon tiver a bola, vai tomar a melhor opção.
    Ponto.
    Parágrafo.)

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