Baías e Baronis – FC Porto vs KRC Genk

Foto retirada do Sapo Desporto

Encarei este jogo quase como um amigável de pré-época. Tinha a consciência tranquila porque a vantagem era grande e por isso não me preocupei, nem quando estávamos a perder, porque sabia ao que ia. Villas-Boas decidiu experimentar (e bem) e como o jogo se propiciava a testes e análises de alternativas tácticas e individuais, o ambiente estava criado para um jogo mais calmo. A equipa não ajudou na primeira parte e os adeptos ficaram mais nervosos do que era preciso. Enfim, o pessoal enerva-se quando não há necessidade e o que se tira do jogo, principalmente, é que estamos na fase de grupos da Liga Europa e esse era o objectivo. Siga para notas:

(+) Hulk É impossível não seleccionar Hulk para homem do jogo. Pensei que Villas-Boas o iria tirar para receber uma ovação de pé do Estádio mas optou por mantê-lo em campo até ao fim. É que não se sabia quando é que haveria outro livre directo em que Hulk pudesse tentar novamente assassinar a bola de jogo. Conseguiu falhar um penalty quando a equipa está a perder em casa, que no estado em que se encontra não deve ser nada fácil de aguentar, mas recuperou mentalmente e seguiu para marcar três, um deles de penalty. Admito que não o teria escolhido para marcar e provavelmente também não teria sido a primeira escolha de Villas-Boas, mas a “fome” com que o brasileiro andou todo o jogo era tanta, a pressão constante ao guarda-redes e as arrancadas pelas alas fizeram dele o alvo dos aplausos da malta, todos eles merecidos.

(+) Fernando Marcou um golo com alguma sorte porque o guarda-redes quis fazer uma dupla homenagem ao novo keeper do Benfica e depois de vestir todo de amarelo, decidiu não defender uma bola perfeitamente ao seu alcance, mas entrou e conta como os outros. No resto do jogo mostrou-se sempre com vontade, algumas displicências no início mas corrigiu na segunda parte também com o reposicionamento de Souza que cobria as suas subidas, com Fernando a fazer o mesmo ao compatriota. Sempre disponível para ajudar na frente, continua a precisar de melhorar no passe porque parece nunca saber a força a aplicar à bola. Não é difícil, rapaz!

(+) Belluschi Nota-se que está com uma motivação diferente do ano passado. Este ano, quando os passes não lhe correm bem, o rapaz desata a correr atrás da bola como se amanhã chegasse o Armagedão, e essa nova atitude está a agradar aos adeptos. Se somarmos a isso a aparente boa forma física no início da temporada e temos um argentino renovado, pronto a roubar o lugar a Ruben que está ainda muito longe da forma mínima (ver em baixo).

(+) Castro Não é possível deixar de gostar deste puto. Está sempre a correr e, ao contrário de Mariano ou Tomás Costa, corre para os sítios que interessam. Agressivo q.b., só peca por não ser muito alto, mas compensa com o empenho. A maioria dos sócios gostam dele e eu também, e só espero que fique no plantel para poder crescer e ser mais vezes opção para o treinador.

(-) Centro da defesa Se Otamendi fôr tão bom quanto o pintam, especialmente nas qualidades de líder, é começar a perguntar-lhe quando é que quer jogar. É que hoje foi um festival de distracções, de displicências e de outras palavras começadas por “dis” como discussões e disleixos (eu sei como se escreve, mas assim bate certo com a fonética, deixem lá passar). Se Maicon já é pródigo nestes alheamentos do mundo ao seu redor e lhe admito algumas falhas porque é novo e porque lhe reconheço valor, principalmente no 1×1, Rolando não pode falhar. Tem experiência a mais para falhar. Ambos os golos do Genk acontecem por sua culpa, e o primeiro golo do Genk é de uma infantilidade extrema, com Rolando a nem sequer colocar o pé para tentar bloquear o remate do avançado. É uma defesa a precisar de um patrão, de um gajo que mande neles, que coordene aquelas mentes para nos voltar a transformar no bloco de cimento que serviu como exemplo de solidez defensiva durante tantos anos.

(-) Varela Medo, muito medo de meter o pé à bola, não conseguiu manter o ritmo do primeiro jogo contra o Benfica. Se Ukra recuperar a forma até Domingo, talvez seja de equacionar colocar Varela novamente no banco, porque apesar de se desmarcar bem continua a falhar na recepção e na concretização.

(-) Ruben Micael Ainda está longe da melhor forma. Está lento, com medo de meter o pé e sem ritmo para jogar a 100%. Com Belluschi na forma em que está, Ruben não tem hipótese de ser titular.

(-) 1ª parte vs 2ª parte As primeiras partes têm sido bem mais fracas que as segundas, e tem de haver um motivo. Não sei se os rapazes entram nervosos ou, pelo contrário, confiantes em demasia, mas o que é um facto é que temos assistido consistentemente a segundas partes mais produtivas que as primeiras. Alguma coisa tem de estar a causar este comportamento.

(-) Impaciência O imbecil do fulano que se sentou hoje ao meu lado direito é, como ele próprio deve saber, uma besta. E como ele há muitos outros, que usam a velha tese do “eu paguei bilhete e exijo que eles joguem bem” como arma para insultar a equipa ao primeiro passe falhado. Alguns, como este parolo, chegam ao ponto de dizer: “Era os outros marcarem mais dois golos para eles ficarem mesmo fodidos e nervosos, equipa de merda, os jogadores são uma merda, o treinador é uma merda, são todos uma merda, nem sei o que estou aqui a fazer!”. Pois, eu também não.

(-) Adeptos do Genk Uma cambada de anormais. Quando começaram a cantar ainda antes do jogo, fiquei surpreendido com a saudável quantidade que tinha vindo ao Porto. Nada mais errado. Nem dois minutos depois de começar o jogo e já estavam a lançar petardos por cima dos adeptos da bancada adjacente, chei
a de Portistas. Atiraram uma tocha para o relvado e não percebo porque é que a polícia demorou tanto tempo a sacar os bastões e a encher aqueles imbecis de pesadíssima lenha. A carga durou pouco tempo mas acalmou-os. Quanto à intensidade das bastonadas, só se perderam as que caíram ao lado.

Poucos serão os jogos em que se pode experimentar à vontade sem grande receio de perder uma eliminatória. Permitindo-se alguma margem de manobra, o ensaio não correu tão bem como o esperado e o resultado acabou por ser, tal como na Bélgica, melhor que a exibição. Mas as experiências são assim, só espero que Villas-Boas tire as conclusões que achar por bem tirar e continue a trabalhar para a equipa continuar a melhorar. É que o próximo jogo é já no Domingo e vai ser bem mais tramado que este…

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