Baías e Baronis – Olhanense 0 vs 0 FC Porto

 

retirada de desporto.sapo.pt

Começa a ser insuportável ver um jogo do FC Porto neste estado. Enquanto escrevo esta crónica, ao mesmo tempo olhei para o lado e na televisão surge a palavra “corrimento”. Sei que posso padecer de qualquer condição de demência, mas preferia ver uma representação gráfica desse conceito do que ver algumas repetições dos lances do jogo de hoje em Olhão. É deprimente perceber que os jogadores estão a lutar a metade (se tanto) do que podem fazer, com uma absurda quantidade de medo de falhar em quase todos os lances em que participam. Os passes são fracos, temerários, sem força, sem vida, sem garra. As jogadas são mal gizadas, trapalhonas e inconsequentes. E podia continuar aqui algumas horas a arranjar sinónimos negativos para a nossa exibição completamente sem chama e merecedora do empate. Siga para as notas:

 

(+) Fernando É difícil, como me sugeriram, encontrar um Baía que seja no jogo de hoje. Opto por Fernando, porque não tem culpa nenhuma que a grande maioria dos colegas estivesse à procura de uma rocha para se enfiar lá dentro e esperar que a má onda passe. Fernando esteve em todo o lado, a tapar os buracos e a recuperar as bolas em zona defensiva baixa, a cumprir mais que o seu papel a descer quando ambos os laterais (chamar lateral a Maicon pode ser exagerado, mas a verdade é que o rapaz não esteve assim tão mal) subiam para os lugares onde o treinador lhes manda estar. Fernando, juntamente com Rolando e, a espaços e apenas na segunda parte, Álvaro e Moutinho, foi dos menos maus.

 

(-) O ritmo do medo e a incapacidade de reagir a situações negativas Prefiro reunir os males num único Baroni, não me levem a mal. Não interessa nada ter a bola durante mais tempo, jogar no meio-campo do adversário, quando olhamos para James ou Hulk e vemos que não têm capacidade mental de furar, de rasgar uma defesa prática mas fraca. Os jogadores do FC Porto jogam a um ritmo medonho e com medo, com medo de tudo e de todos, com o temor que qualquer adversário lhes tire a bola, o que acaba por acontecer mais vezes do que devia. Vitor Pereira disse que os adeptos deviam esquecer o ano passado. Não posso, não consigo, não quero. São os mesmos rapazes que vi há alguns meses que estão ali em baixo e não precisava de ver a segunda parte contra o Villareal ou o cincazero ao Benfica. Só precisava de ver algum brilho nos olhos de James, alguma resistência ao choque de Hulk (sim, estou a falar a sério, Hulk foi ao chão várias vezes em luta contra adversários bem mais fracos mas com muito mais intensidade de jogo), algum tino de Belluschi nos passes e mais velocidade de Álvaro. Ver um grupo de jogadores talentosos a desperdiçar oportunidades consecutivas de brilhar e de mostrar que são os mesmos meninos que já me puseram rouco a gritar golo é frustrante. Perceber que são da minha equipa, ainda pior! E ter de estar a olhar para James e pensar na final da Taça, ver Moutinho e pensar na segunda mão da Taça na Luz, puxar por Hulk e sonhar com o cincazero…é muito difícil tentar entender o que se está a passar naquelas cabeças. Se o treinador não os consegue motivar a fazerem melhor, não conseguirão eles próprios levantar a cabeça?! Puxar ao orgulho, à honra, ao brio?! Porra, quando estou a jogar à bola com os meus amigos, do alto da minha quase total ausência de talento, não há nada que não faça (dentro da legalidade, entenda-se) para tentar ganhar um jogo! Tudo! É o exemplo mais fácil de todos mas é de tal maneira adequado que se torna tão irresistivelmente simples fazer o paralelismo. Para lá de todo este desterro, incomoda ver os jogadores a perder a bola e a demorar tempo demais a recuperar defensivamente, deixando a clareira aberta para contra-ataques adversários que só não aconteceram mais vezes porque a incapacidade técnica do Olhanense era evidente. Por isso é verdade que conseguimos ter a bola mais tempo. Até tivemos alguns remates. Poucos, mas alguns. E falhamos um penalty, que acontece e não é absolutamente censurável per se. Falhar um penalty contra o Olhanense é um acidente. Criar tão pouco em 88 minutos contra o Olhanense não é acidente nenhum. É inépcia.

(-) Meio-campo estático Vi a mesma jogada vezes demais: Mangala ou Rolando, com a bola nos pés, procuravam espaços no meio-campo adversário. Lá, pelo meio de vinte calções brancos e alguns azuis, não havia nesga por onde a bola podia passar em grande parte porque os nossos médios, numa movimentação lenta, pastosa, arrastada, sem intensidade nem destino marcado, faziam com que uma simples basculação lateral do Olhanense servisse para tapar a entrada. O central, tanto o luso como o francês, rodavam a bola para o lado ou paravam para entregar a Fernando, que procedia a recuar em posse…mas sem qualquer progressão. Foi enervante e durou “apenas” noventa e três minutos.

 

Et voilá, continuamos em primeiro lugar, pelo menos por mais um dia. Isolados, no less. Até podíamos estar quarenta pontos à frente, mas a qualidade de futebol apresentado não chega sequer a ser sofrível. É fraco, apesar da posse de bola, do domínio, do controlo ou da vitória nas estatísticas. A exibição que hoje estava à espera tinha de ser o total oposto desta. Os rapazes em campo tinham de comer relva, mostrar que tinham ficado indignados pela sua própria atitude em Chipre e dispostos a lutar contra Adamastores, Godzillas, Cloverfields ou qualquer tipo de bicho que lhes aparecesse à frente com um edredon e um molho de nabiças. Não vi e não sei quem culpar. Se eles, por não o fazerem. Se Vitor Pereira, por permitir que eles não o façam.

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Baías e Baronis – APOEL 2 vs 1 FC Porto

 

Olhem bem para a fotografia no topo do post. Reparem na euforia do público, na celebração dos jogadores do APOEL e no ar cabisbaixo do nosso capitão. Por tantas vezes já olhei para fotografias idênticas e não fosse a diferença cromática, já fomos nós naquela posição, a festejar um golo, uma vitória, uma boa exibição. Já fomos nós que ouvindo o apito final do árbitro nos congratulamos com um jogo de raça, de correria intensa, de força de vontade, de fibra de vencedor e de empenho na vitória, na luta contra adversários hábeis, guerreiros, difíceis de bater e de ultrapassar. Aplaudimos já tantas vezes equipas de azul-e-branco no relvado ou no pelado, em directo ou diferido, ao vivo ou na televisão, já gritámos e cantámos até as nossas gargantas ficarem roucas. Hoje, depois de ver o jogo do Chipre, não me apeteceu gritar, saltar, cantar. Fiquei desiludido porque pensei que iríamos conseguir mudar a atitude e melhorar para subir o nível num jogo de campeões. Hoje, no Chipre, não mostramos nada de campeão. Nem perto disso. Notas abaixo:

 

(+) Mangala Gostei muito do puto hoje no Chipre. Foi dos poucos que conseguiu lutar de igual para igual com qualquer jogador do APOEL e conseguiu impôr o lado físico a partir do momento em que percebeu que o árbitro estava a permitir um jogo mais agressivo. Nunca encolheu os ombros e nem o penalty que lhe foi apontado fez com que ele desistisse da luta, que saísse das trincheiras como tantos dos seus colegas e fez o possível para evitar perigo para nossa baliza. O nosso melhor jogador, sem dúvida, o que diz muito do resto dos rapazes.

(+) Fernando Mais uma vez Vitor Pereira retira Fernando de campo e mais uma vez a rentabilidade do seu substituto é quase nula. Na primeira parte, para lá da forma atabalhoada como ataca todas as bolas, Fernando foi o único jogador daquela “coisa” que já um dia foi o meio-campo portista a conseguir mostrar interesse suficiente para lutar contra um adversário que trocava a bola com uma facilidade tal entre os seus colegas que parecia estarem a treinar entre pinos azuis-e-brancos. Fernando foi trapalhão mas rijo, tosco mas empenhado. E hoje, devia ter tido mais alguns como ele à sua volta.

 

(-) Falta de garra No jogo do Dragão contra o APOEL disse: “Os jogadores do FC Porto locomoviam-se com toda a intensidade de um nado morto, medo de tocar na bola mais que duas vezes e uma gritante incapacidade de gerar movimento e jogadas de ataque com estrutura e rotação de bola. O jogo de posse, como gostamos de dizer que aplicamos, assenta em dois pilares fundamentais: a posse e a procura incessante de linhas de passe para manter a posse. E o que hoje se viu foi uma equipa de matrecos humanos, em que a bola ressaltava de um para outro sem que houvesse movimentação lateral ou desmarcações para criar espaços ou para arrastar os marcadores directos. Não me vou focar num ou noutro jogador em particular porque o problema é colectivo e parece contagiar rapidamente todos os sectores.”. Não vejo necessidade nenhuma de alterar esta perspectiva, mas ela é agravada pelo simples facto de nada ter mudado. Se não fosse Mangala a encostar-se sempre aos avançados e a lutar contra eles com a força que Deus lhe deu e que o deixam aplicar, a grande maioria dos colegas perdia bolas consecutivas em duelos individuais, esperava que a bola viesse parar delicadamente às suas botas em vez de a atacar com a intensidade que era necessária e ficavam sempre atrás de qualquer anormal de amarelo que lhes tirava a bolinha como se tira um rebuçado a uma criança. Só que neste caso, a criança não chorava baba e muito ranho: apenas se resignava e voltava para trás à espera que lhe fosse oferecido mais um Mentho. E mais uma vez tive vergonha de ver aquela equipa a arrastar-se em campo, com uma lentidão e falta de intensidade enervante, sem vontade, sem moral, sem orgulho.

(-) Falta de manha Há semanas que vejo isto. Um jogador do FC Porto tem a bola nos pés, espera até ao ponto em que algum adversário se aproxima e perde a bola. Ninguém o avisa, ninguém procura criar uma linha de passe, deixam-no sozinho e pendurado de uma qualquer corda à espera da morte. Pior, o que tenho visto há algum tempo é uma ingenuidade tremenda. Sabem perfeitamente do que falo: o jogador que vai para a bandeira de canto para queimar tempo; o pontapé para a canela do oponente para ganhar o lançamento; o uso do corpo para proteger a bola; a tabelinha pensada e não apenas executada sem deixar a bola cair. Tantos truques, tanto futebol, tanta “ratice” que podia ser usada…e estamos permanentemente a tentar fazer as coisas bonitas em vez de as fazermos de uma forma prática e directa.

(-) Falta de noção táctica Se tiverem gravado o jogo ou conseguirem apanhar uma qualquer repetição, reparem na colocação do FC Porto em campo quando não têm a bola. A pressão alta é feita quase num 1-v-1, como se estivessem a jogar ao meiinho na escola ou num treino. Os extremos, que não recuam para ajudar atrás, ficam engolidos quando qualquer médio centro do adversário descai para uma ala para fazer uma tabela com um dos colegas e automaticamente há uma situação de desigualdade numérica. Os nossos médios, mandriões, recuam com medo da troca de bola fácil, ao passo que os laterais ficam colados atrás e não pressionam o adversário directo, chegando sempre tarde demais e incapazes de roubar a bola. São erros atrás de erros, infantilidades tácticas que impossibilitam qualquer jogo colectivo coerente. E se somarmos isso à indisponibilidade de ajudar os colegas em dificuldades, é impossível de tolerar. E a culpa é de quem está a olhar para eles e lhes permite que continuem a errar.

 

Aparentemente, pelo que me foi dado a analisar, ainda dependemos (quase) exclusivamente de nós. Temos de vencer os dois últimos jogos, com a condicionante que se o APOEL vencer o Zenit teremos de vencer os russos por forma a conseguir ter uma vantagem na diferença de golos. Ainda assim, este regresso às contas tão lusitanas é algo que me enche de vergonha, não tanto pela competência dos nossos adversários (que existe) mas pela nossa própria inépcia, pela nossa incapacidade de jogar um futebol condizente com a imagem que temos na Europa. Afinal de contas, estamos a dar razão a todos que pensam que a Liga Europa está alguns níveis abaixo da Champions. E até conseguirmos mostrar mais do que fizemos hoje…não fizemos a transição de volta. Vitor Pereira tem a tarefa muito difícil, mas a culpa começa a ser tanto dele como da má forma dos jogadores. Até para mim que acredito no trabalho sério e não no show-off, começa a ser complicado defender-te, mister. E não me estás a dar motivos para o fazer por muito mais tempo.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Paços de Ferreira

 

Imaginem-se atrás de uma mesa de carpintaria. Têm à vossa frente uma tábua que está suplicando para que seja penetrada por um prego. Agarram um dos respectivos e colocam-no em cima do respectivo naco de madeira e por algum milagre o cilindro de ferro com a ponta achatada equilibra-se perfeitamente a topo do ex-tronco. Nesse momento, procedem a despejar água a partir de um regador em cima do prego durante quarenta e cinco minutos, esperando que por qualquer magia que descendesse dos céus, o prego se enfiasse dentro da tábua. Passado esse tempo e mais quinze para pensar numa melhor forma de romper os veios da lenha, eis quando surge a ideia: “E se eu usasse um martelo?”. Pum. Pum. Prego lá dentro. Simples, prático, quase bonito. E para que raio precisamos, tanto nós como eles, de sofrer tanto?! Vamos a notas:

 

(+) Moutinho Fez apenas metade do jogo mas esteve na metade que interessou. Conseguiu fazer em meia-dúzia de minutos o que Defour tentou durante toda a primeira parte: rodar a bola para os flancos com critério e bom posicionamento. Nota-se bem que é um jogador diferente dos outros pela postura, a frieza e a capacidade de movimentar a bola e os colegas para o melhor local, pela melhor trajectória e com o melhor intuito. E não está sequer perto do melhor que já o vi a fazer, porque se estivesse ao nível do ano passado, aposto que a equipa não estava tão órfã de ideias e estrutura no meio-campo. Marcou um golo de garra, de força, de empenho e por isso está ali em cima no topo do post. No ar, mais perto dos deuses, onde merece.

(+) James Completa noção de espaço, de área, de movimentação com bola e de localização no terreno de jogo. Vitor Pereira está a apostar nele pelo centro, a focar as jogadas para que a bola passe sempre pelos seus pés quando os lances de ataque se estão a desenrolar seja por que ala fôr, já que James é um perigo permanente para a baliza quando recebe o esférico porque ninguém sabe o que vai fazer a seguir. Não é Messi e nunca será, mas tem o mérito próprio de ser um jogador muito acima da média. Nota-se que os colegas já sabem que quando a bola está nos pés dele, a movimentação é sempre a de tentar furar a defesa, procurar a diagonal para enganar os laterais e confundir os centrais, o que ajuda a empurrar o adversário para trás e deixar James brilhar. Quando aprender a rematar em condições…vai ser ainda mais perigoso.

(+) Álvaro Pereira (na segunda parte) Na primeira parte foi dos poucos que tentou rasgar pelo flanco, já que Hulk e Varela, apagados, não conseguiam romper para o centro. Na segunda parte apareceu nalguma da glória que já nos mostra desde 2009, com arrancadas fulgurantes e cheias de intenção ofensiva, particularmente depois de perceber o desgaste de Manuel José que lhe abriu a ala quase na totalidade. Os cruzamentos continuam a não sair perfeitos mas o nosso Palito parece estar com vontade de voltar aos muito bons velhos tempos do passado recente. De um vencedor da Copa America não se espera menos.

(+) Hulk (depois do jogo) É nestes pormenores que se percebe que um jogador de futebol é, acima de tudo, um homem. Por muito endeusados que sejam, aplaudidos até as mãos ficarem vermelhas e aclamados com gargantas arranhadas, continuam a ser feitos de carne, osso e nalguns casos, gordura em excesso. Hulk esteve mal durante o jogo, sabia disso e não conseguiu dar a volta por cima. Tudo saía mal e nada do que tentava fazer resultava em qualquer coisa de positivo para si ou para a equipa. Saiu, substituído por Vitor Pereira, o homem que todos adoram odiar, que teve a lata de o tirar do jogo e muito bem. Abafado pelo irónico aplauso de meio estádio, aparentemente repleto de anormais que de Portistas só devem ter um cartão de sócio e pouco mais, Hulk saiu chateado, com ele e com o mundo, retirando-se para o balneário sozinho e sem passar pelo banco nem pela casa de partida nem receber dois mil escudos. Fez mal (ler abaixo). Depois do jogo, a falar para as rádios (eu ia a caminho de casa e foi aí que ouvi as palavras dele), penitenciou-se, sem pedir desculpa aos adeptos (concordo) mas fazendo-os aos colegas e à chefia, aos que têm de conviver com ele diariamente e poderiam ficar incomodados com o que tinha passado. Atitude digna, humilde e humana de um super-herói que por trinta minutos desceu ao nível dos mortais.

 

(-) Passividade Ao nível do jogo contra o APOEL, com a agravante do adversário ser mais fraco (mas atenuado pelo resultado ser positivo), a primeira parte foi uma das exibições mais abjectas do FC Porto que me lembro de ver. Quase todos os jogadores a praticarem um futebol absurdamente mau, sem ritmo, sem vida, com falhas técnicas anormais, inconsequências permanentes nas bolas ofensivas, falhas inadmissíveis na defesa e uma imagem de desânimo e falta de confiança que fariam o Velho do Restelo parecer um optimista. Mau demais para aqui narrar, entre as bolas que saltavam em frente a jogadores hesitantes, alívios para o ar em ângulos de 80 graus e ressaltos a mais para pernas a menos, é este tipo de jogos que afastam os adeptos do estádio. Sapunaru esteve horrível e com desatenções infantis, Varela lento e trapalhão, Fernando atabalhoado e trémulo, Belluschi sem acertar um passe, Defour a fazer pior que Belluschi e Hulk…ver abaixo. A primeira jogada de jeito aconteceu aos 51 minutos. E a partir daí as coisas mudaram. Felizmente.

(-) Sapunaru O jogo mais fraco da época para o romeno. Em bom português, Cristian, não deste uma prá caixa. Não subiu pelo flanco como devia, pareceu excessivamente nervoso durante grande parte do jogo mas acima de tudo o que me impressionou foi a incapacidade de se entender com Rolando, eles que jogam juntos desde…ora deixa-me cá ver…2008. Falhas infantis na defesa, terrível posicionamento perante o adversário e uma sensação durante todo o jogo que se a bola fosse para o lado dele, qualquer coisa havia de acontecer de muito mau para a nossa equipa. Atina, homem!

(-) Hulk (durante o jogo) Foi um jogo fraquíssimo de Hulk, onde nada correu bem. As fintas saíam muito próximas dos defesas quando o seu ponto forte continua a ser o drible em progressão rápida, com a bola bem adiantada para que usando a força e a velocidade consiga chegar primeiro que o defensor. Nunca o fez e perdeu-se em meandros recuados, com bola atrás de bola a ficar para qualquer tipo de amarelo que lhe aparecia à frente. O público fartou-se e pegou no assobio que parece sempre trazer na matraca e começou a apitar. É evidente que a insatisfação era notória, mas Hulk levou a peito e ainda conseguiu fazer pior, saindo chateado e sem dar cavaco aos colegas nem ao treinador. Não lhe ficou nada bem e ainda no estádio temi que pudesse ter havido outro tipo de consequências decorrentes desta atitude. Quando estes jogos começam a correr desta forma, Hulk tem de mudar para o estilo mais prático, mais passador e com menos bola. Caso contrário vai apanhar muitas mais destas assobiadelas monumentais, porque a gente que lá está parece exigir mais dos outros do que exige a si própria.

 

A maneira surreal com que chegamos ao intervalo, numa mistura estranhíssima de assobios e aplausos, não fazia prever que a segunda parte tivesse um nível de produção tão acima da primeira. E o que mais surpreende é que nem foi assim nada por aí fora para o que já vimos a maior parte destes rapazes a fazer no ano passado, mas os níveis de confiança dos adeptos nesta equipa que temos visto são tão baixos e a expectativa é tão reduzida que um jogo banalíssimo contra o Paços de Ferreira, combativo mas inconsequente, acaba por deixar a malta satisfeita. Ou talvez não. O ambiente no final da partida era soturno, triste e cheio de lamentação. Não estamos a jogar futebol a sério, a equipa nota-se que mostra uma intranquilidade enorme com a bola e ainda maior sem ela, e o facto de continuarmos a vencer jogos deste calibre com resultados deste género mostra muito sobre a competitividade do nosso campeonato. Melhores tempos virão, estou certo, tempos de maior estabilidade e futebol mais condizente com o nosso nível. Looking forward to it.

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Nacional da Madeira

 

Leitura do Livro do Dragão, capítulo 23, versículo décimo: “E vendo o sofrimento do seu povo e a lamúria dos seus discípulos, Deus fez com que um grande dilúvio se abatesse sobre o Norte da Terra, fazendo as chuvas cairem do céu com intensidade de um remate do Celso e os ventos ecoarem por entre as árvores como uma corrida do Hulk. E o povo, que até lá sequioso olhava para sinais de esperança, viu a bendita água a deslizar pelos lençóis da VCI e agradeceu, porque as uvas não mais se transformaram em passas, o gado pôde voltar a pastar em verdejantes campos e os honrados guerreiros foram recompensados com o escalpe do derrotado. E Deus olhou, guardou o cachecol na gaveta, e foi ver um episódio do Dexter. Assim seja.“. Em poucas palavras, foi bom, não genial. Foram cinco golos, mais ou menos merecidos, mas acima de tudo fica na retina a intensidade diferente quando comparado ao que tínhamos visto na passada quarta-feira, com mais garra, mais fibra e acima de tudo maior jogo de equipa e entendimento. Vamos a notas:

 

(+) Belluschi + Defour Foi o meio-campo que melhor funcionou esta temporada que juntamente com Moutinho fizeram o que quiseram do Setúbal aqui há umas semanas. Os dois primeiros estiveram muito bem, complementando-se nas dobras defensivas e nunca fugindo da luta e das bolas divididas. Defour, mais sóbrio e mais inteligente no controlo do jogo, esteve bem no passe e bom na cobertura dos espaços que eram deixados vazios por Fernando que teve de ir muitas vezes ao flanco para compensar as subidas de Álvaro e principalmente o overlap criado na frente de Sapunaru. Belluschi impressionou-me pela atitude de líder, pela força e pela capacidade de criação de jogadas ofensivas da equipa, sempre a falar, sempre a mandar, sempre com os braços esticados a coordenar os colegas do meio-campo e da frente de ataque. Moutinho continua a ser a minha primeira opção para titular, mas parece-me lógico que gosta mais de jogar com outro ao lado dele que seja similar, desde que haja cobertura mais física na rectaguarda. Se assim fôr e voltarmos a ter a rotação que gosto…torna-se difícil decidir quem deve jogar.

(+) Varela Terá voltado o Varela do ano passado? Corrijo: o Varela do início do ano passado? É cedo demais para afirmar, mas o Silvestre que hoje vi a jogar pareceu diferente. Fiquei surpreendido de o ver a titular mas como o relvado estava molhado e muito rápido, compreendi a opção. E o rapaz rendeu, usando o apoio a meio-pau de Álvaro, claramente sem pernas para muito mais do que tem mostrado, mas Varela conseguiu manter uma posse de bola inteligente e acima de tudo mostrou entrega, luta, fibra, ajudou na defesa, participou na travagem do jogo do Nacional pelo lado esquerdo e ainda teve tempo para lançar contra-ataques perigosos. Ainda não o tinha visto assim esta época e fiquei satisfeito com o que vi.

(+) Mangala Para um rapaz de vinte aninhos, não está nada mal. Rápido, forte, rijo, difícil de contornar e quase impossível de bater pelo ar, tem tudo para ser uma presença regular no onze. Ao lado de Rolando, que continua a passar por algumas dificuldades no controlo de bola (o rapaz já devia ter melhorado em tantos anos) e no posicionamento perante adversários mais rápidos, Eliaquim manteve-se sempre atento às jogadas de assédio da área portista e nunca deixou que o adversário passasse por ele. Ainda assim, há pontos negativos na sua exibição, que se focam na aparente incapacidade de sair com a bola controlada de uma posição difícil. Mangala chegava perto do adversário, ganhava-lhe a bola…e depois colocava-se mal e perdia-a outra vez. Precisa de melhorar na concentração que precisa para render sempre a um nível consistente quando tem a posse de bola, porque perde-a tão depressa quanto a recupera.

(+) Walter É um jogador diferente de Kleber, sem dúvida. Retém muito mais a bola, controla a pressão dos defesas e consegue rodar o jogo para o extremo mais próximo com maior facilidade que o ex-Marítimo, só pecando pela lentidão que é inerente aos jogadores que possuem forma de planeta. Gostei da forma disponível com que rodou na pressão da equipa, atacando o adversário directo e ajudando os colegas no trabalho defensivo. O Walter do ano passado não fazia o que este faz e nota-se bem a diferença. Pode ser gordo, fóti, bucha, chamem-lhe o que quiserem. Mas têm marcado golos e anda mexido, com vontade de jogar. Por agora, vai chegando.

 

(-) Hulk Preferia não dar um Baroni a Hulk porque o rapaz anda esforçado. Podem dizer mal dele à vontade, podem até criticar o novo modelo “Songokhulk” que apareceu hoje no relvado do Dragão, mas continuo a apoiar Hulk pelo talento e pelo esforço. Vejo Hulk como um elemento fundamental, capaz de rasgar defesas e de furar os blocos de gelo mais refundidos do fundo do Ártico quando está em forma, mas hoje não foi um desses dias. Marcou um belo golo, é verdade, e tentou furar, tentou penetrar pelas barreiras defensivas do Nacional mas as fintas não saíam em condições e a incapacidade de produzir jogadas de perigo durante quase todo o jogo penalizou a equipa que vê tantas vezes nele um salvador da desinspiração colectiva. Mas o Baroni não é para a pouca produtividade, longe disso. Enervou-me mais vê-lo incapaz de estar calado perante qualquer gajo de preto, fosse o principal ou os que andam c’o pau na mão. Não gosto de ver jogadores constantemente a reclamar com os árbitros, tendo ou não razão para tal, e Hulk parece ter regredido nos últimos tempos ao Hulk de 2008, que dizia mais vezes “Ei, professô!” do que “Joga, joga aqui!”. Tens de ter calma, porra!

 

As alterações de Vitor Pereira correram muito bem e para lá de ter alguma sorte do jogo, o que foi mais interessante foi perceber que alguns dos rapazes que hoje apanharam com uma quantidade inusitada de chuva no lombo mostraram que estão ao nível dos habituais titulares. Estranha-se, portanto, que os titulares não mostrem um nível de jogo bem acima do que estes moços hoje fizeram. Só podemos tirar duas conclusões: ou o plantel é de facto composto por jogadores de valia equilibrada e que podemos continuar a rodar de jogadores quando fôr necessário por imperativos físicos ou tácticos…ou os principais nomes estão muito abaixo do que podem fazer. Gostava de apostar na primeira mas se puser o meu dinheiro na segunda sou capaz de facturar mais. De qualquer forma gostei da maneira como os rapaes se mostraram, com disponibilidade física, alguma inteligência e muito menos nervosismo do que estava à espera. Continuem, putos!

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 APOEL

Desde 2004 que vou religiosamente ao Dragão, depois de quase doze anos a fazer o mesmo no saudoso Estádio das Antas. Muitos jogos europeus me ficaram presos na mente para recordar rapidamente no intervalo de um café, como o bis de McCarthy contra o Man Utd, o 2-3 com o Artmedia ou os 4-1 à Lázio, os 3-2 ao Werder Bremen, o(s) 0-1 com o Panathinaikos ou o 2-1 ao Marselha com aquele golão do Tarik. Entre as dezenas de jogos europeus que já presenciei ao vivo, este entra directamente para a lista dos que não se esquecem. E pelos piores motivos, porque a exibição do FC Porto foi uma das piores que me lembro de ver desde há muito tempo. Foi má pelo resultado mas acima de tudo pelo futebol praticado e pelo ressurgimento daquele sentimento que me atravessava as veias nos tempos do Couceiro ou na última temporada de Fernando Santos e Jesualdo: assim não vamos lá. Foi tal a falta de fé que a meio do jogo, no meio de gritos aleatórios para este ou aquele jogador, só me colocava num imaginário banco portista, rodeado dos meus colegas e a pensar: “Mas como é que se dá a volta a isto?! O que raio se passa com eles?!”. Aqueles rapazes que hoje vi em campo, mais de noventa por cento da equipa que no ano passado me encantou, jogavam como se tivessem as mães raptadas e o adversário fosse o abdutor. Sem alma, sem empenho, sem coração. Com medo, com desnorte, com desalento. Fica o aviso: este vai ser um post longo. Vamos a isso:

 

(+) Hulk Deve ser difícil ver os colegas todos a temer ter a bola nos pés e a terem de recorrer ao rapaz da camisola 12 para resolver. E tem acontecido mais vezes do que deveria ser necessário, com Hulk a nunca fugir da luta. É frustrante, principalmente porque mesmo fazendo um jogo abaixo do que sabe e pode, Hulk é o melhor elemento da equipa. Porque tentou sempre, com remates de longe, cruzamentos ou arrancadas pela lateral, porque foi dos poucos que mesmo atrapalhado por gajos de laranja fluorescente (a sério, aquela côr devia ser proibida em camisolas de futebol e usada apenas por trabalhadores à noite na auto-estrada) tentou ir para a frente e descobrir uma forma de furar a defesa do APOEL. Se não fosse ele, mais ninguém o conseguiria. E Hulk, mesmo trapalhão, conseguiu um golo, com um paio do tamanho do falhanço do Chiotis, mas conseguiu. E compreendo a frustração dele por não ter conseguido mais.

(+) Fernando Apesar de ter saído mais cedo do que devia e ficar injustamente a ver Guarin a terminar o jogo, Fernando foi essencial para tapar o pouco que conseguiu dos ataques cínicos do APOEL. Quase sempre era o único homem a correr com a cabeça no sítio, usando o corpo para retirar a bola aos adversários e anulando várias jogadas pelo centro do terreno, especialmente em bolas pelo chão. Tentou algumas vezes arrastar jogo para a frente mas nunca o conseguiu porque insiste em enfiar-se na toca e ficar rodeado por adversários que, mais inteligentes a defender que ele a atacar, lhe tapam os espaços e o obrigam a recuar. Mas fez tudo o que podia para ajudar a equipa, o que hoje não foi nada mau.

(+) Adeptos do APOEL Eram aí uns três mil e cantavam como se fossem dez vezes mais. Fiquei impressionado pelo apoio permanente durante noventa minutos, com as cores fortes a inundarem o panorama sombrio de uma noite triste, e os sons que saíam das vozes e dos tambores bem sincronizados alegraram a festa, que só o foi para eles. Até o Poznan fizeram, seus demónios cipriotas! Ficam os meus parabéns e a homenagem ao que deve ser o apoio de uma claque nas deslocações da sua equipa, algo que as nossas também fazem mas sem o mesmo nível de sincronismo e perfeição. Estilos, cada qual tem o seu.

 

(-) Falta de empenho A primeira parte foi digna de Dario Argento. Os jogadores do FC Porto locomoviam-se com toda a intensidade de um nado morto, medo de tocar na bola mais que duas vezes e uma gritante incapacidade de gerar movimento e jogadas de ataque com estrutura e rotação de bola. O jogo de posse, como gostamos de dizer que aplicamos, assenta em dois pilares fundamentais: a posse e a procura incessante de linhas de passe para manter a posse. E o que hoje se viu foi uma equipa de matrecos humanos, em que a bola ressaltava de um para outro sem que houvesse movimentação lateral ou desmarcações para criar espaços ou para arrastar os marcadores directos. Não me vou focar num ou noutro jogador em particular porque o problema é colectivo e parece contagiar rapidamente todos os sectores. Se os defesas centrais, incapazes por natureza de criarem desiquilíbrios no ataque, se reduzem a trocar a bola lentamente enquanto a outra equipa se recoloca na posição certa, a jogada morre. Se os médios no centro do terreno ficam a observar a posição do adversário em vez de tentarem alterá-la, a jogada morre. Quando a bola chega ao extremo e não está lá o lateral ou o médio interior para lhe dar apoio, a jogada morre. E o que mais custa ver, para lá da falta de vontade de mudar o status quo, é o desinteresse. É o jogador que vê o adversário a chegar primeiro à bola com uma consistência granítica e recua porque já desistiu antes de tentar. É o defender um contra-ataque na lateral em vez de o fazer no centro para impedir remates. É ver bola atrás de bola a serem desperdiçadas porque o adversário empurrou ligeiramente o ombro e o corpo não resiste nem descobre força nem ânimo para ripostar. É tudo que fez do FC Porto o que é ser negado em noventa minutos de angústia. E é, perdoem-me o vernáculo, uma puta duma vergonha.

(-) Incompreensível ingenuidade competitiva Sou incapaz de perceber o que se passa a este nível. Seja o pontapé de bicicleta de Kleber, as hesitações de Moutinho ou o adornar excessivo de Otamendi, há qualquer tipo de vírus a afectar a confiança e a maturidade da equipa. Todo o jogo vi rapazes do APOEL a chegarem primeiro à bola e a recuperarem-na facilmente com um ou outro empurrão que faziam os jogadores do FC Porto desistir dos lances ao primeiro contacto. Quedas a mais, amarelos a mais e agressividade a menos, sinais evidentes que não se quer porque não se pode e não se consegue porque não se tenta conseguir. Houve um lance em particular que me deixou com vontade de comer uma caixa de Prozac: um jogador do APOEL está deitado na área, já para o final do jogo, não sei se caiu por falta ou se está a queimar tempo. A bola está na nossa posse e os jogadores vão rodando o esférico para a lateral até chegar a Varela. Os cipriotas, inteligentes, ratos, astutos e com a mentalidade de equipa pequena que ganha pontos, tiram a bola a Varela para dar um lançamento a nosso favor. Mal a bola sai, saem disparados também os mesmos laranjas a correr para o nosso Silvestre, a provocar, a picar, a empurrar e a pressionar. Típico, costumeiro, nada que nós próprios não façamos noutros jogos. E eu, na bancada, só pensava: “não se deixem cair no engodo, continuem a andar, não é nada convosco, não ripostem, não entrem no joguinho deles…”. Mas caímos. Varela tenta sair mas lá vem Belluschi e Sapunaru e Hulk, todos para o empurrão geral que só joga a favor de quem o cria, para perder tempo, para talvez conseguir um amarelo ou até um vermelho, se o outro jogador se enervar ainda mais. Nós, os anjinhos, aqueles ingénuos que ano passado ganharam a Europa League e o campeonato e deram cincazero ao Benfica, caíram como crianças por rebuçados com convites maldosos à porta da escola. Não esperava tanta ingenuidade.

(-) Vitor Pereira Já vi este filme a acontecer algumas vezes, inclusive no FC Porto (vide Fernando Santos e Ivic na segunda passagem). O treinador não consegue colocar a equipa a jogar bom futebol e vai criando uma atmosfera de desencanto na massa associativa ao ponto de a virar contra ele. Vitor Pereira está a caminhar rapidamente para esse abismo de onde é muito difícil sair, seja por arte própria ou por talento bem controlado. Hoje foi sintomático o que sucedeu na partida e é um bom exemplo do que pode vir a acontecer no futuro. A táctica original é adequada, com Fernando a tapar o meio-campo, James solto atrás de Kleber e Hulk a descair para uma das alas para dar profundidade ao ataque. Guarin com o corpo e Moutinho com a mente funcionam como harmónico no meio-campo e Álvaro desiquilibra no flanco quando James vai para o meio. No papel, tudo bem. No campo, nada. Automatismos e consolidação de métodos: zero. Capacidade moral de dar a volta a uma situação negativa: galheta. E depois, as substituições. Mais uma vez, no papel relativamente acertadas. Sai Fernando mas mantém-se um homem alto na frente da área (Guarín) que por acaso até sabe sair melhor com a bola controlada e entra um criativo. Abre-se o flanco com Varela para aproveitar o overlap de Álvaro. Mas tendo em conta o jogo que o público está a ver, nada disto faz sentido, porque Guarín está a jogar ao nível dos juvenis do Tourizense e o Álvaro não consegue avançar em velocidade porque neste momento não a tem. Moutinho continua num momento de forma atroz e fica em campo, juntamente com Guarín. A equipa, já de si nervosa, recebe dois elementos que nada trazem de novo para o jogo e os adeptos mostram a insatisfação. Vitor Pereira tem de perceber rapidamente que está a perder o apoio dos adeptos e que com isso traz pressão extra a uma equipa que ainda não consegue sair dela. Agora, cada vez mais, os jogadores sentem que têm de vencer para mostrar que estão vivos, mas o bloqueio mental e o medo de não o conseguir assolam-nos a cada pisada na relva. E o líder, do banco, pouco pode fazer durante o jogo. Antes e depois, talvez, mas enquanto a bola rola…está a afastar os adeptos.

 

Triste? Sim. Desanimado? Nunca. Porque é nestas alturas que é preciso dar um, dois, quinze murros na mesa e perceber o que se passa com a equipa ou com a sua liderança. O que vi hoje, o que todos os Portistas viram hoje foi uma imagem degradante de uma equipa que ainda há meia dúzia de meses caminhava orgulhosa e altiva pelos relvados da Europa. Os mesmos rapazes que viram hoje foram os que esmagaram o Benfica, destruíram o Villarreal, aniquilaram o Spartak e o CSKA e desfizeram o Guimarães (ordenei por impacto e importância). Perderam o mojo? Esqueceram-se de ter fé? Desistiram de acreditar nas suas próprias capacidades? Não creio. Não quero crer. É evidente que agora toda a gente virá com casos Walteres e Kleberes e porque é que se fez A e não se fez B e se optou por C em detrimento de D. “Hindsight is 20/20”, já dizem os amaricanos e muito bem. Mas lá que as coisas não vão bem lá isso é verdade, e quanto mais cedo se descobrir o que é que se pode fazer para mudar o rumo, tanto melhor. Estarei cá nessa altura.

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