Jornada 22 – A Culpa é do Lars Ulrich

Num episódio que englobou duas análises a dois jogos diametralmente opostos em termos da estratégia utilizada, falou-se muito dessa estratégia, com particular enfoque na oscilação entre formas diferentes de abordar equipas diferentes e da maneira como começamos a ter uma equipa de treinador. Assim tipo Sundance, pronto. Também se falou de bandas de mariachi, platonismo Etébico, bandeirolas indefesas e bateristas famosos. Ah, também se tentou perceber a melhor forma de abordar o mercado e o próximo jogo que vai decidir o nosso apuramento ou não da fase de grupos da Taça da Liga.

E finalmente eleito como pior número oito do FC Porto: Leo Lima!!!


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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Rio Ave

foto retirada do zerozero

Quando os jogos começam a ganhar contextos de “vitória or bust”, exigem-se exibições deste nível, onde os jogadores encaram a partida com cinismo, sentido prático e acima de tudo noção de responsabilidade para vencer sem ser preciso jogar bem. Ou bonito. Ou só jogar. E à boa maneira de Mourinho em 2004, foi um jogo que controlamos sem dominar e que teve dois vencedores: o FC Porto e Sérgio Conceição. Notas abaixo:

(+) Ganhar vs jogar. É uma forma interessante de ver um jogo de futebol e algo que raramente acontecerá se não estivermos a torcer por nenhuma das equipas que está em campo: aposto que ninguém estará muito entusiasmado a ver um jogo em que uma equipa joga apenas para ganhar e preferiria que ambas as equipas estivessem em confronto de ideias iguais, numa espécie de justa medieval entre cavaleiros semelhantes e que dura noventa deliciosos minutos em que um e outro se equiparam de olhos nos olhos e atacam com as mesmas armas e a mesma mentalidade. Nem sempre é assim, sabem, meus líricos do carago. Por vezes, os treinadores optam por vencer o jogo em vez de jogar bem e foi isso que o FC Porto fez hoje. Abdicou de jogar para ganhar. Adequou a sua estratégia às valências do adversário, percebeu como o contrariar e fê-lo bem. Fê-lo muito bem. A espaços, fê-lo extraordinariamente bem, tão bem que quase sem atacar podia ter goleado o Rio Ave. E garanto que este Rio Ave pode jogar melhor que o adversário em oitenta por cento dos jogos que disputa. Mas vai perder sempre que apanhar uma equipa que jogue para ganhar.

(+) Pressão alta. Foi o ás na manga de Sérgio Conceição e que abanou toda a construção do Rio Ave, um pouco como todos os adversários nos fizeram no início da curta carreira de Paulo Fonseca no Dragão, quando os jogadores não conseguiam quase sair da área sem serem pressionados. E foi com empenho e qualidade que a equipa apertou toda a linha defensiva do Rio Ave de uma forma de tal maneira sufocante que até a ver o jogo na televisão me cansou ver a equipa tão esticada no terreno. Funcionou muito bem e só não marcamos mais golos porque mais uma vez estivemos em dia de fartura de oportunidades e fome de eficácia.

(+) Ricardo. Não sei o que me fez gostar tanto da exibição dele hoje. Se as subidas muito bem feitas pelo flanco, as intercepções pelo ar ou pela relva, a maneira como apanhou o Yuri Ribeiro sempre com muita vontade de o vergar a um falo metafórico e de lho enfiar pela goela abaixo (sim, é mais um daqueles gajos que merece engolir tudo o que lhe derem para engolir, esse neo-Briguel) ou até pela maneira como o vi sempre muito empenhado e sem falhas. Gostei, mais uma vez.

(-) Demasiados golos falhados. Meninos, não me lixem. Houve demasiadas oportunidades falhadas para poder ser considerado normal. Muitos remates por cima, indecisões na altura da opção de finalização e quase todos estes lances em bola corrida (sim, porque marcamos dois golos de bola corrida, huzzah!) que não se percebe muito bem se os rapazes estavam a tentar colocar a bola de uma forma mais bonita ou apenas se ficaram surpreendidos pela facilidade com que interceptavam a bola logo no início das jogadas. Ainda assim, merecia um dia de treino específico para todos.

(-) A expulsão de Danilo. Só consigo ver aquilo de uma forma: Danilo forçou o segundo amarelo para se poupar em Paços de Ferreira no dia 30, porque para lá de dar um murro na bandeira de canto também insinuou em voz alta que o árbitro se deitava em conchinha com carneiros. Porque se foi apenas pela coisa da bandeira…porra, foi a expulsão mais soft da época e quase incompreensível.


Não pude ir ao Dragão e como tal tive de aguentar o Bruno Prata. Deus está stressado com o nascimento iminente do filho, sinceramente.

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Camarada Sérgio,

Isto é que é um final de ano, rapaz! Jogos de três em três dias, uma batelada de competições ao barulho e um conjunto de jogos de trampa entremeados com confrontos magníficos de deixar a malta a salivar toda por mais, mais, MAIS! Mas há sempre um limite para estas coisas e quando temos um jogo a uma quinta-feira, três dias antes do Natal, às 21h15 da noute, a contar para uma competição que diz tanto ao adepto normal como uma leitura ao vivo de poesia birmanesa na língua original…é esse o limite que é traçado. Não terás uma grande assistência nas bancadas, uns porque não podem (como eu, infelizmente), outros porque andam às compras e outros ainda porque, francamente, não querem saber. Mas tu, como sempre, tens de querer não só saber como saber ganhar. E não vai ser fácil.

Não será fácil porque a motivação nunca é grande, mas ao menos podes tentar motivá-los pelas escolhas que fizeres. Tenta ganhar o jogo porque ninguém te perdoa se não tentares, mas relaxa. Dá minutos a quem faz por merecer mas não os tem porque outros fazem mais para receber o crédito. Aposta numa estratégia estável, sem grandes invenções, mas adequa o onze ao jogo, à competição e acima de tudo ao adversário, que vem aí com a moral em alta e vontade de nos limpar da competição já hoje, algo que podem conseguir se vencerem o jogo…acho eu…isto já esteve melhor em termos de números, por isso desculpa lá qualquer coisinha se me enganar. Mas funciona na mesma para motivar: “Rapazes, se estes camelos nos ganharem, passam e nós ficamos para trás! É isso que querem, seus montes de esterco tatuado?! Nunca! Vamos a isso!”. Deixo as palavras para ti, mas o sentimento é esse.

Força, homem. Lança-te para cima deles e saca os pontos. Depois relaxa por uns dias, come bem que tens jogo passada uma semana. É sempre a abrir!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Marítimo

foto retirada do zerozero

Mais de trinta e quatro mil almas enregelaram no Dragão com um jogo ultra-defensivo do Marítimo perante um FC Porto que terá sido (não vi númbaros mas foi o que me pareceu) um dos menos rematadores da época, constrastando com uma segurança curiosa enquanto mantinha a posse de bola. Houve alturas em que pareceu que a equipa estava a aprender uma forma nova de jogar, a perceber que não precisa de atirar com a bola como um conjunto de gente doida com vontade férrea de marcar já já já já ou então já. Gostei da calma, gostei da confiança e acho que os próprios jogadores estavam confortáveis com isso, o que me deixa muito esperançoso para o futuro. Notas abaixo:

(+) Marega. Porra, homem, agora também marcas com o pé esquerdo? Ainda por cima entendes-te bem com o Brahimi muito embora joguem em zonas distintas do campo? O que se segue? Vais começar a marcar pontapés de baliza de calcanhar?! Moussa está em grande e os dois golos, apesar de bastante parecidos, só são possíveis porque é um Marega a ganhar na aceleração e na ocupação de espaço e a rematar razoavelmente bem mas com a força suficiente para não se preocupar com a técnica. Muito bem, rapaz, mais uma vez.

(+) Herrera. Mais um excelente jogo de Herrera, a imagem perfeita da coordenação e da metronomização do jogo do FC Porto pelo seu próprio timing. Ele é que decide se a equipa avança depressa ou devagar, ele é que está a pautar o equilíbrio de posse de bola ou a sua cedência rápida. Muito bem em todo o jogo na recuperação defensiva bem subida e um cada vez melhor entrosamento com Danilo na compensação às suas subidas.

(+) Brahimi no meio. Não estava a ter um grande jogo, em parte por culpa própria (estava a complicar quando podia simplificar) e pelo árbitro aparentemente pensar que era Dia Mundial de “Vamos puxar o Argelino” e deixou que o Marítimo arrancasse tudo o que quisesse do rapaz. E como na linha não estava nada a correr bem, toca de vir para o meio brincar um bocadinho. E foi o que fez melhor porque teve mais espaço e transformou o que parecia tão tramado na linha em algo simples e fácil no meio. Duas assistências num jogo não muito conseguido. Os dias maus do Brahimi são os melhores de tantos por aí fora e por vezes damos pouca importância ao moço…

(+) It’s the possession, stupid! Temos andado a discutir isto no A Culpa é do Cavani e é possível que tenhamos assistido hoje à mudança final de paradigma, apesar de mais uma vez haver condicionantes (jogar contra dez) que não me garanta a 100% que o plano é esse. Mas estamos a chegar à fase em que comparamos os sentidos aplicados ao proverbial pato e se cheira, parece e soa como ele…é bem possível que o seja. E é uma diferença interessante ver esta equipa, tão inclinada para o ataque com quatro homens bem lá na frente, a trocar a bola no meio-campo com “apenas” dois homens, apesar de bem apoiados pelos laterais e resguardados pelos centrais. Mais um ou dois jogos e tiro conclusões disto, por agora é novo e fresquinho e bem brilhante, por isso gosto mas quero ver isto contra uma equipa em condições.

(-) Arbitragem. Noite muito fria no Dragão mas calor suficiente dentro do campo. Porque para lá das assistências do extremo-dez aos remates de pé esquerdo do ponta de lança que nem com o direito sabia rematar, houve mais do que calor suficiente para atirar com o árbitro para uma panela bem quentinha e mergulhá-lo num vulcão para que ele fique lá, rodeado do enxofre e do cheiro a morte que merece ter à sua volta. Dezenas de puxões a Brahimi passaram sem falta, mais uma jogada tremenda de Corona a fintar vários homens enquanto puxado que acaba com Manuel Mota a avisar…Corona. Várias faltas nossas sobre o guarda-redes sem qualquer motivo para serem apontadas. Um vermelho a passar por amarelo. Uma equipa do Marítimo belicosa, a jogar fora das regras, a empurrar e a bater em quem queria e podia porque…lá está, porque podia. Este foi um bom exemplo do que se pode fazer durante um jogo para condicionar o trabalho de uma equipa e Manuel Mota fez o que pôde. Amén, estupor.

(-) Marítimo. Bem tentaram, seus montes de esterco. Tentaram puxar cartões aos nossos rapazes, provocando deliberadamente o encosto, puxando, empurrando, pisando e outros verbos no gerúndio. Tiveram uma atitude que será sempre imagem de marca de equipas enojantes, que percebem que o benefício arbitral lhes dá a facilidade de poderem fazer os que os nossos jogadores não podem e como tal abusam do privilégio até ao limite. Saiu-lhes mal com o duplo amarelo que com um árbitro em condições seria vermelho directo. Saiu-lhes pior porque os nossos rapazes se seguraram e não partiram para a estupidez que faria com que um ou outro maritimista tivesse de ir ao dentista ainda na Invicta, sob pena de ficar sem o resto das pérolas na placa. Mereciam que o Marega lhes obrasse no peito, a sério.


Natal em primeiro lugar. Não é mau de todo, mas estou como o Sérgio: prefiro dizer o mesmo em Maio…

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Camarada Sérgio,

Na última jornada d’A Culpa é do Cavani estivemos a discutir este Marítimo e uma das coisas que concluímos foi: “Eh pá, o Marítimo todos os anos muda e continua sempre o mesmo!”. E é realmente curioso observar as paletes de gajos que chegam todos os anos e ver que a forma de jogar é semelhante e a equipa acaba quase sempre a lutar pela Europa e em posição estável na tabela. Goste-se ou não dos gajos e especialmente da maneira como nos foram tratando ao longo dos anos (dentro e fora de campo), é de louvar esta estabilidade numa era em que o mais constante é mesmo a mudança.

Ainda assim, não é razão suficiente para não lhes espetar um bufardo no focinho à primeira oportunidade que tivermos ou criarmos. É o último jogo da Liga até ao final de 2017 e é bastante provável que seja o último jogo que muitos adeptos vão ver até à Feira, já em 2018. É triste mas também com o Natal a criar entropia nas famílias, há muita malta que vai para fora ou regressa à terra e é mais complicado de aparecer no Dragão. Por isso, meu caro, dá uma prendinha ao teu povo e faz com que as pessoas vão para casa com um sorriso nos lábios. Sim, mais uma vez!

Sou quem sabes,
Jorge

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