A vuvuzela do portista

Desde 1992 que sou sócio do FC Porto e nos 18 anos tive o prazer de ostentar o cartão de sócio do meu clube, começando por um papelinho azul e branco plastificado e atravessando as transições da modernidade, continuando a diminuir em tamanho e a crescer em tecnologia, estando hoje em dia no formato de um moderno cartão multibânquico. Nesses 18 anos fui religiosamente às Antas e continuo agora no Dragão, com vários jogos fora pelo meio. Já estive no Bessa a apanhar chuvada de meia-noite, em Aveiro a fugir da polícia, na Luz a tentar não ser apunhalado pelos adeptos da casa e em Espinho a tentar ver o jogo por entre as colunas de cimento. Nas Antas, por entre granito e granizo, bancadas de cimento e cadeiras de plástico, superior e bancada, sol e chuva, tardes e noites, vi jogos perfeitos e jogos horríveis. No Dragão, com a vantagem de fugir das pedradas, sejam elas de que índole forem, aconteceu o mesmo. Só duas coisas se mantiveram imutáveis neste percurso de associado do meu clube do coração: sempre cantei o hino nos jogos em casa e nunca assobiei a equipa.

Hoje em dia, quando vou ao Dragão e ouço um desses auto-vuvuzeladores a ruminarem alto os tradicionais assobios, começo por enervar-me e acabo entristecido. Aquilo que deveria ser uma força que o proverbial 12º jogador transmite aos rapazes de azul-e-branco que lutam pela nossas cores acaba por se transformar numa infeliz manifestação de impaciência e de exigência assoberbada que as mesmas pessoas criticam nos outros clubes e que prejudica a união e força da nossa equipa. Se dependesse de mim, cada gajo que fosse apanhado a assobiar as nossas exibições de uma forma consistente devia ser levado para fora do estádio, os seus privilégios de sócio seriam revogados e uma sonora vergastada seria administrada por um adepto não-assobiador seleccionado aleatoriamente.

Candidato-me para carrasco.

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Baías e Baronis – FC Porto vs Vitória Setúbal

Foto retirada do Maisfutebol

Hoje foi talvez o pior jogo da época do FC Porto. Podemos dizer que a equipa estava cansada depois da exibição de snowboard em Viena, mas não é suficiente para explicar o que não fizemos hoje. Não fomos práticos, não fomos eficazes, não fomos capazes de ultrapassar a ansiedade que levou a que o Setúbal, sem saber como, quase conseguisse sair da Invicta com um pontinho. Um penalty (que admito não existir) decidiu o resultado, outro penalty (menos duvidoso mas ainda assim…duvidoso) podia ter resolvido, se não tivesse havido um pequeno milagre que limpou a consciência dos jogadores. Foi mau e espera-se mais. Vamos a notas:

(+) Cristian Rodriguez Já aqui falei muito mal deste rapaz, acima de tudo pela ineficácia das suas exibições. Hoje não foi muito diferente, mas notei alguma vontade extra de mostrar serviço, talvez pela ausência forçada de Varela, o Cebola hoje foi mais Cebola do que tinha vindo a ser. Lutou imenso e a lesão vem lixar-lhe a vida novamente, numa altura em que parece haver uma praga do lado esquerdo do FC Porto.

(+) Hulk  Pelo penalty que marcou e pela constante tentativa de furar a recuadíssima defesa contrária. Não está no melhor momento de forma e continua a ser eleito o melhor jogador da Liga. Imaginem se estivesse a jogar ao nível do início da temporada…

(+) Guarín  Simples, rijo, prático. Recuperou bastantes bolas no meio-campo ofensivo e na segunda parte caiu em produção como o resto da equipa mas manteve-se forte contra uma equipa que não tinha um meio-campo fisicamente imponente, o que fez com que Guarín se destacasse pela positiva. Bons remates na primeira parte.

(+) Diego (guarda-redes do Setúbal)  A história do jogo podia ter sido completamente diferente se um dos 4 ou 5 excelentes remates do FC Porto nos primeiros 20 minutos tivesse entrado na baliza do Setúbal, mas Diego encarregou-se de desviar todas as bolas que lá foram parar. Muito seguro.

(-) Ritmo de jogo  Infelizmente não pude ir ao Dragão esta noite, mas ao ver o jogo pela ridícula emissão da TVI, que tinha deixado a gravar e que vi depois de chegar a casa, o sono quase se apoderava de mim. A primeira parte foi má e a segunda parte então foi má demais. É verdade que os rapazes estavam cansados, mas a forma como se deixavam antecipar por um adversário mais rápido e mais agressivo era marca de um jogo que todos queríamos que mudasse mas que ninguém quis pegar no facho. O ataque ineficaz e o meio-campo pouco móvel obrigaram a que os defesas subissem muito, e se Fucile adora fazê-lo, Emídio Rafael sofreu mais com a inépcia no passe que apresentou e a equipa perdeu bolas demais para o lugar que ocupa. Tem de fazer melhor.

(-) Assobios  Não se pode enfiar esta malta toda num daqueles “cones de silêncio” que o Maxwell Smart tinha para falar com o chefe? É que até parece mal ouvir estes portistas de algibeira a assobiar os jogadores que deveriam incentivar, que apoiam e que são os primeiros a aplaudir e a bater no peito em júbilo quando marcam um golo ou brilham com a nossa camisola…e que são também os primeiros a insultá-los e a considerar que não são merecedores de a ostentar. Lixo, meus amigos, lixo humano, e se algum desses estiver a ler as minhas palavras, que pense numa coisa: se é para isto que lá vão, deixem de o fazer. Prefiro ver cadeiras vazias a saber que está lá gente que não merece ser portista.

Foi mau, lento e muito diferente do que se tem vindo a assistir do FC Porto 2010/2011. O cansaço que começou a ser evidente na segunda parte não pode ser explicação para tudo e não fosse a falta de calma de Jaílson e podíamos estar a lamentar a perda de dois pontos que tanta gente no Dragão já começava a prever. Continuo a afirmar que estamos no bom caminho, mas é preciso manter o ritmo sempre de princípio a fim e apenas aqueles 5 minutos no início do jogo deram mostra do que podemos e devemos fazer. Ainda assim mais três pontinhos, vantagem de 8 pontos reassumida e candidatura ao título não beliscada. Avante!

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Ouve lá ó Mister – Vitória Setúbal

André, invicto!

Já estás mais quentinho? Aquilo de jogar na neve não é para todos, pá, mas sinceramente parece que o clube está talhado para ambientes desconfortáveis, pelo menos desde 1987. E já viste que só este ano, num espaço de apenas 4 meses, já jogámos numa piscina, no equivalente a um concerto do Justin Bieber turco, numa retrete avantajada e numa pista de gelo? Porra, só falta mesmo jogar no topo de Machu Picchu ou no meio de um bosque bávaro! Até podíamos encontrar o pinheiro que o Paulo Sérgio queria e assim tinha de encostar o proveta ou o mesmo-muito-levezinho. Enfim, outras contas.

Segunda-feira não vou lá estar, homem. Outros compromissos impedem-me de ir ao estádio ver mais um grande jogo da minha equipa (e tua também, não me esqueço) e por isso deposito toda a minha confiança em ti. Há vários rapazes que mudava na equipa, só para ver se descansam um bocadinho, mas tendo em conta que vamos ter uns simpáticos alentejanos daqui a uma semana no Dragão, talvez queiras esticar a corda só mais um bocadinho para puxar por uma vitória mais fácil.

Todo o mundo não-portista está à espera que fraquejes. Já sabes que com o Benfica a 5 pontos vai ser uma loucura se começarmos a perder pontos, por isso não se pode facilitar com esta malta! Bora lá ganhar aos sadinos e voltar aos 8 de avanço. Sim. Muito bem.

Sou quem sabes,
Jorge

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