Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Sporting

Foi um jogo grande e um grande jogo. Não me refiro a conceitos técnicos, com jogadas faustosas, pormenores fabulosos ou harmonia generalizada entre a equipa. Mas foi duro, intenso, rasgado, cansativo…um clássico dos bons. Vencemos com o mérito de termos conseguido aproveitar erros adversários e graças à inspiração plena de Danilo que nos deu fez regressar a um jogo que parecia tremido e que podia perfeitamente ter virado para o outro lado. Excelentes exibições de Varela, Josué e Danilo contrariaram um Sporting que se bateu bem e lutou por um bom resultado mas cedeu perante dois ou três lances em que imprimimos um pouco mais de velocidade na medida certa e na altura certa. Foi bom, mas continuo a achar que a equipa precisa de crescer, de evoluir, de melhorar a construção de jogo e a estrutura em campo. Vamos a notas:

(+) Varela. Divide com Josué o título de melhor em campo do nosso lado (William Carvalho foi o melhor do outro lado. Bom jogador, o puto, entra direitinho para titular na selecção agora que é representado pelo Mendes). Foi um Varela trapalhão mas trabalhador, a colar-se a Cedric e a lixar-lhe a vida com o apoio de Alex Sandro enquanto não estouraram as pernas ao brasileiro. Esteve rijo, lutador, em boa forma física e com ritmo acima do tradicional “oh, porra, esqueci-me da bola ali atrás, pronto agora já chegou o defesa, oh foda-se lá se foi a bola”. Gostei muito.

(+) Josué. Em primeiro lugar: penalties é com ele até falhar dois seguidos. Não gosto de o ver a jogar na linha, não é rápido para fazer o corredor e só quando começa a descair para o centro é que se consegue perceber que tem uma visão de jogo acima da média. Nem sempre acertou nos passes que tentou, mas hoje foi curioso ver Josué como o elemento mais consistente e acima de tudo com a cabeça mais assente entre os ombros naquele meio-campo. Foi superior a Lucho na movimentação, na rotação de bola e na procura de espaços no meio-campo ofensivo. Dizer isto chega, não?

(+) Danilo. Que golo, menino! É isto que todos pensávamos que irias fazer quase em todos os jogos e se as subidas pelo flanco nem sempre foram bem sucedidas, hoje esteve particularmente bem a defender os alas do Sporting (primeiro Wilson e depois Capel) e ajudou muito bem no ataque. É verdade que nem sempre se consegue medir a influência do Danilo em campo e a produtividade raramente resulta em valor monetário a não ser em jogos com prize-money, mas parece estar a começar a fugir do rótulo dos 18 milhões. Quem dera que continue.

(+) Helton. Tirando aquele desentendimento com Mangala no início do jogo, esteve brilhante. Várias saídas a agarrar bolas complicadas pelo ar, mas especialmente duas defesas estupendas a uma cabeçada de Montero (a única coisa de jeito que fez de produtivo durante todo o jogo, ele que andou a “levar” com Otamendi em cima desde o minuto zero) e a um remate de Piris. Jogou quase sempre bem com os pés e deu segurança e calma à equipa.

(-) Excessivas falhas no passe curto. Acaba por ser um anti-clímax perceber que a construção de jogo do FC Porto é manchada por perdas de bola consecutivas que decorrem de uma quantidade enorme de falhas num dos conceitos fundamentais do futebol: o passe. Pior, porque às falhas nos passes longos, compreensíveis no decorrer de uma partida, somam-se agora demasiadas falhas no passe curto entre elementos do meio-campo, onde muitas vezes há jogadores a mais e posse a menos. Irritam-me as perdas de bola que saem destes lances infelizes porque na grande maioria das vezes a equipa está já balanceada para a frente e apanha com um contra-ataque rápido que nos pode trazer muitas lágrimas no futuro. Fonseca, põe os gajos a apontar para um poste a cinco metros. Falha, enche vinte e leva uma chibatada do Paulinho Santos. Falha outra vez, enche mais e o Paulinho dá um nó na chibata. Ao fim de três, começam a acertar no meco, garanto-te.

(-) Incapacidade de sair da pressão alta em posse. O Sporting pressionou bem e colocou cinco homens quase em permanência a carregar em cima da nossa linha defensiva e a tapar Fernando e Herrera. Raramente conseguimos sair desse agrilhoamento colectivo de uma forma constante, estável e em progressão, com demasiados lances a resultar em pontapés para a frente de Otamendi e Mangala, quando não foi Helton que recebia a bola e lá a enviava para Jackson continuar a luta com Maurício e/ou Rojo. Exige-se mais movimentação no meio-campo, mais apoio dos alas ao centro e acima de tudo mais calma e confiança com a bola.


Extra agradável foi o encontro com a C. do Lá em casa mando eu, cujo mediatismo me impediu de ficar no paleio mais de um ou dois minutos. Fica prometido um fino mais descansado e muita conversa de bola para outra vez, caríssima. O público esteve bem e as nossas claques brilharam a grande altura com algumas faixas que ergueram durante o jogo. Os cânticos fizeram com que a malta se empolgasse ainda mais e a resposta dos adversários também esteve à altura…mas faltou-me o “outra vez…outra vez…campeonato c’o caralho outra vez!”. Não devia haver Portos vs Sportingues sem quarenta mil a cantarem essa música em uníssono.

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