Baías e Baronis – 2009/2010 – Treinador


Na terceira iteração pelo resumo da temporada, chegamos à fase do treinador. Foi uma temporada com muita conversa, alguma indecisão e bastante controvérsia, em grande parte focada no treinador, que por muitas vezes teve de dar a cara pelas suas decisões, boas ou más. Vamos a isso:

BAÍAS
(+) Taça de Portugal. Mérito terá de ser dado ao treinador por trazer a Taça para a invicta por dois anos consecutivos. A vitória frente ao Sporting por 5-2 no Dragão foi dos melhores momentos da temporada e ambos os percursos (2008/09 e 2009/10) foram bons, sem grandes percalços (tirando o interminável desempate por penalties frente ao Belenenses) e com alguma confiança. E uma vitória é sempre uma vitória!
(+) Adaptação rápida de Álvaro e Falcao. É um facto bem assente e que recolhe concordância de todos os sectores: Jesualdo todos os anos teve de reconstruir equipas, fruto da política de venda de activos da SAD. Este ano teve a tarefa inegavelmente mais difícil de todas, com as saídas de Lucho e Lisandro, esteios da equipa desde os tempos de Adriaanse e cujas saídas impossibilitaram uma transição sem problemas para a actual temporada. No entanto, Álvaro e Falcao destacaram-se dos demais pela sua qualidade e algum mérito terá de ser dado a Jesualdo na sua adaptação rápida, já que se tornaram imprescindíveis para a equipa e ganharam já o apreço dos adeptos.
(+) Algum novo sangue jovem na equipa. Hesitei em colocar este ponto como Baía e não como Baroni, mas fui pela primeira opção. Para todos os efeitos, Jesualdo deu minutos na primeira equipa a diversos jovens dos escalões de formação (Yero, Alex, Ricardo Dias e Sérgio Oliveira, a somar a algum tempo de “banco” a Abdoulaye e Claro), o que não pode ser dito sobre muitos outros treinadores de clubes de topo em Portugal. Muitos dirão que poderia e deveria ter dado mais oportunidades aos mesmos ou a outros, mas a decisão de apostar nos seniores menos utilizados foi pesando e a sua própria teimosia acabou por limitar a escolha a estes rapazes.

(+) Defesa do clube e do balneário. Deu a cara pelo clube quando mais ninguém o fez. Na época em que foi expulso duas vezes, quando nunca o tinha sido em toda a sua carreira, Jesualdo fez conferências de imprensa onde foi quase saco de areia para as investidas venenosas de muitos jornalistas, com perguntas perniciosas e cheias de segundas intenções, e quase sempre se saiu bem. Até quando pareceu mais nervoso e agitado esteve bem, mostrando que não é preciso ter sentido a camisola desde pequenino para ser profissional e mostrar indignação quando era necessário. Foi um defensor sempre presente dos seus jogadores (às vezes até demais) e notava-se que os jogadores sentiam isso, o que é sempre bom no seio de uma equipa de algumas pseudo-vedetas com egos inflamados.

BARONIS

(-) Teimosia. Será talvez a grande questão que tanto tem dado que falar durante todo o percurso de Jesualdo no FC Porto. As opções pessoais do treinador são sempre passíveis de serem questionadas pelos adeptos, pela comunicação social, e dos barbeiros aos donos de cafés, passando pelos arquitectos e pelos engenheiros, toda a gente tem opiniões formadas sobre um ou outro jogador. Jesualdo teve, como muitos treinadores habitualmente aparentam ter, alguns jogadores de estimação que muito enervaram os adeptos pela inépcia técnica e táctica, o que em nada ajudou a relação do treinador com a massa associativa. Apesar de a espaços ter provado que afinal tinha razão em apostar nos seus “patinhos feios” como em Mariano no final da época passada ou em Guarín no fim da que agora termina, houve muitos e longos períodos em que a opção recaía invariavelmente nos mesmos intérpretes sem que bons frutos viessem dessas escolhas.




(-) Indefinição táctica. Esta época começou bem definida a nível táctico, apoiada sobre castelos de areia em altura de maré cheia e continuou assim até ao fim. Falcao “fazia” de Lisandro mas raramente descaía para as alas sem baixar a produtividade; Hulk começou nas alas até que passou a jogar no meio, atrás de Falcao; Varela foi o extremo salvador da equipa em muitas ocasiões, até se lesionar; Mariano substituiu-o com o pouco que sabe, esforçado como sempre mas nunca chegando a ser indiscutível. No meio disto tudo houve uma mudança de filosofia táctica, obrigatória pelo castigo a Hulk e pelas lesões de Varela e Rodríguez, com o crescimento de forma de Guarín e Belluschi, mais bem adaptados à nova posição depois do 4-3-3 se transformar num 4-4-2 mais elástico e menos preso a movimentos laterais de pouca profundidade. O que tiro disto tudo? Uma salgalhada, onde os jogadores nunca pareciam à-vontade onde jogavam.


(-) Futebol “feio”. Todas estas hesitações que mencionei no ponto anterior levaram, como seria previsível, a um fraco entendimento entre os jogadores que compunham o onze da equipa. Ainda sem comando do meio-campo, onde Meireles foi um paupérrimo substituto para Lucho, não houve ninguém a pautar o jogo ofensivo da equipa até à chegada de Ruben Micael em Janeiro. Eram jogos aborrecidos, sem chama nem fulgor, com alguma luta mas com a equipa a alinhar quase sempre extremamente retraída no terreno, lançando em fugazes contr
a-ataques os desgraçados Varela, Hulk e Falcao, que raramente tinham apoio dos centro-campistas. O jogo no Dragão frente ao Leiria é um exemplo evidente da forma como o FC Porto jogou durante boa parte da temporada, apoiando-se em inseguras vantagens por um golo para tentar aguentar o tempo restante até terminar a partida, levando os sócios ao bocejo e à indiferença.









(-) Pouca disciplina. O jogo da final da Taça da Liga no Algarve foi a gota de água que fez transbordar o proverbial copo. A atitude de alguns jogadores, com Bruno Alves ao leme, foi durante grande parte da época motivo de discussão entre adeptos, com a incredulidade perante as opções permanentes pelos mesmos jogadores que pareciam andar a arrastar-se em campo com pouca ou nenhuma vontade de jogar com a garra e o empenho (tenho de mudar de expressões, porra) que os tinham vindo a caracterizar durante as épocas transactas. No caso de Bruno Alves, foi o excesso de garra, a ultrapassar os limites do razoável, que colocaram uma mancha na carreira do nosso capitão durante esta temporada. Jesualdo assistiu a isto impávido e sereno, sem punir aqueles que não honraram a camisola numa ou noutra circunstância.





(-) Londres. É inegável que foi um dos piores momentos de sempre do FC Porto europeu. A derrota por 5-0 frente ao Arsenal tem poucas atenuantes, tal foi a miserável mostra de não-futebol com que nos apresentamos no Emirates Stadium. Fizeram de nós o que quiseram, com Helton a salvar muitas vezes um quarteto defensivo absurdo, Fucile em particular; com Nuno André Coelho atirado aos lobos sem saber muito bem o que fazer numa posição que não é a sua; com um meio-campo facilmente permeável e a dar a ideia de ser a primeira vez que jogavam futebol a nível profissional; com uma frente de ataque inócua, desmotivada e sem chama…foi assim que Jesualdo, inventando mais uma vez como é seu timbre, saiu de cócoras, obrigando-nos a engolir muitas piadinhas com indicativos de telefone.


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Baías e Baronis – 2009/2010 – Competições Europeias

Passemos agora para os nossos jogos na Liga dos Campeões. Depois de uma fase de grupos interessante e diria até relativamente acessível, surgiu um dos maiores descalabros do clube fora de portas, com uma derrota humilhante em Londres perante o Arsenal. Escalpelizemos:




BAÍAS

(+) Fase de Grupos e primeira mão dos Oitavos-de-Final. Depois de um jogo bastante razoável em Stamford Bridge (apesar da derrota), seguiram-se 3 vitórias consecutivas, quase garantindo a passagem aos oitavos. A segunda derrota com o Chelsea acabou por ser natural mas a réplica voltou a ser boa, e a última vitória fora contra aquela que veio a ser a equipa vencedora da Óroliga foi uma manifestação de força pouco vista durante toda a época. Vencer 3-0 fora de portas é sempre bom, na Europa ainda melhor, por isso quando nos saiu em sorte o Arsenal, muito embora cientes das dificuldades, pensei que se o jogo em casa corresse bem, poderíamos passar a eliminatória. Acabamos por vencer num jogo estranhíssimo, com dois golos oferecidos pelo guarda-redes Fabianski e pelo árbitro, mas o golo sofrido deixava a equipa à mercê de um Arsenal que é sempre temível a jogar em casa…escrevi na altura: 

Não foi mau, mas não foi excelente. 2-1 é sempre um resultado instável nestas competições, e precisamos de um jogo como o de ano passado em Manchester para conseguirmos sacar no mínimo um empate.”…






BARONIS







(-) Segunda mão dos Oitavos-de-Final. Chegamos a Londres depois de uma derrota humilhante em Alvalade e um empate caseiro frente ao Olhanense para apanharmos cinco golos no bucho. Numa das piores exibições defensivas do FC Porto desde que comecei a ver futebol, com Bruno Alves, Raul Meireles e especialmente Fucile a fazerem um jogo para nunca mais esquecerem, tão mau que foi. Pouco mais havia a dizer, e na altura ficou o meu testemunho


O Arsenal troca bem a bola, joga muito bem, é verdade. Mas joga ainda melhor quando está a enfrentar o equivalente futebolístico de 11 ecopontos azuis.”

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O Top10 das assistências

Tenho lido menções em vários blogs benfiquistas à posição do clube na tabela de assistências de jogos de futebol disputados na Europa durante a época de 2009/2010, onde ficaram na 10ª posição. Eis as posições interessantes, retiradas daqui:

1. FC Barcelona (Esp) 78 000 espectadores
2. Borussia Dortmund (Ale) 77 248


3. Real Madrid (Esp) 75 133

4. Manchester United (Ing) 74 864
5. Bayern de Munique (Ale) 69 000
6. Schalke 04 (Ale) 61 327
7. Arsenal (Ing) 59 927
8. Hamburgo (Ale) 55 240
9. Inter de Milão (Ita) 55 149

10. BENFICA (Por) 50 033
(…)
43. FC PORTO (Por) 33 464
(…)
63. SPORTING (Por) 24 606


O fulano que publica esta tabela conclui brilhantemente: 




Se dúvidas havia na cabeça dos Anti-Benfiquistas agora podem coçar a pulga, pois estão desfeitas neste estudo.

Somos os maiores em Portugal e sem comparação, os corruptos estão 33 lugares atrás  e os lagartos a 53 lugares atrás do nós, COITADOS e querem comparação nos Direitos Televisivos e de Marketing.


Temos de ter obrigatoriamente que estar no mínimo 40% acima da escória do norte.

Típico, arrogante…e falacioso. É habitual nos adeptos de futebol terem memória curta, que é facilmente reavivada com uma simples consulta ao site do FutebolFinance, a partir do qual conseguimos compôr a seguinte tabela:
Uma análise fria indica uma recta descendente nos adeptos sportinguistas, a oscilação mínima nos adeptos do FC Porto, com uma descida clara este ano fruto das más exibições, o que se compreende, e uma astronómica subida de 40% (!!!) em termos de números brutos este ano, mérito do bom futebol apresentado e da posição na tabela.

Ainda mais interessante, quando observamos as taxas de ocupação dos estádios…apenas este ano conseguiu o SLB atingir a nossa “habitual” taxa de ocupação de 77%, o que tendo em conta a zona urbana onde os clubes se encontram e a propalada taxa de adeptização (ó pra mim a inventar palavras) de 60% de portugueses sendo benfiquistas, haveria uma obrigação de ter o estádio regularmente bem mais composto.

Por isso, caros amigos, não vamos ser voluntariamente imbecis, pode ser?

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Baías e Baronis – 2009/2010 – Competições Nacionais

E cá estamos. Chegou a altura de olhar para trás, até ao distante mês de Julho de 2009 e perceber o que correu bem e o que acabou por se desfazer num aparente monte de fumegante esterco durante a época que agora finda. Urge começar por dizer que a época resulta num fracasso parcial. É verdade que vencemos duas taças mas o principal e recorrente objectivo da vitória no campeonato não foi atingido por uma margem considerável, onde infelizmente deve ser dito que o terceiro lugar assenta-nos tão bem ou melhor que o segundo. Escalpelizando o que se passou, vou dividir a análise em várias secções, começando pelas competições nacionais:







BAÍAS
(+) Taça de Portugal. O melhor trajecto desta época foi sem dúvida o que fizemos na Taça de Portugal, com alguns dos melhores e mais entusiasmantes momentos da época a ocorrerem exactamente nesta competição. Os jogos contra o Sporting no Dragão (vitória por 5-2) e frente ao Belenenses no Restelo (empate no tempo regulamentar e vitória por 10-9, depois de 30 penalties) deixaram imagens que tão cedo não sairão da consciência portista. A final foi menos interessante mas a vitória foi nossa com mérito.




(+) Supertaça. Ainda na fase embrionária da temporada, a vitória em Aveiro frente a um Paços de Ferreira bem rijo foi um tónico que não foi aproveitado para melhorar os índices de produtividade e de rendimento que a equipa tanto necessitava. Confirmou Farías como goleador oportunista e pouco mais.

BARONIS

(-) Liga Sagres. Todos os Dragões querem vencer. O primeiro lugar é sempre o objectivo e quando ele não é atingido, a época é automaticamente classificada como má a nível interno, não interessa quantas outras taças ganhemos dentro de portas. Toda a temporada foi marcada por fracos desempenhos, maus resultados (derrotas fora com Benfica, Braga, Sporting e Marítimo a somar a empates no Dragão com Belenenses, Olhanense e Paços de Ferreira) e um sentimento geral de incapacidade gritante levou a que não conseguíssemos sequer atingir a pré-eliminatória da Champions’ League apesar de uma fase final de campeonato excepcional, com várias goleadas e 8 vitórias consecutivas (coincidindo com o regresso de Hulk, sobre o qual falarei noutro post mais à frente), não tendo chegado para limpar a má imagem deixada nas 22 jornadas anteriores. Acabamos por tombar perante um Benfica fortíssimo e um Braga bem mais consistente que nós. O terceiro lugar assenta bem, infelizmente.




(-) Taça da Liga. O facto de termos chegado à final pela primeira vez em 3 anos de competição não afasta a ideia que fomos humilhados por um Benfica em muito melhor forma, com mais talento e capacidade técnica. Depois de uma fase de grupos aborrecida e de uma meia-final entediante, com 4 jogos consecutivos sem sofrer golos, acabamos por sair cabisbaixos e rendidos ao melhor futebol do adversário, com Bruno Alves a liderar os pontos negativos e a violência das pedradas fora do Estádio do Algarve a mancharem o dia.


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