Por mim só voltavas a jogar em 2012

Meu menino, da próxima vez que voltares a jogar à bola para jogos oficiais, que espero seja lá para Novembro, o mais provável é vestires de vermelho e branco. Nesse caso, já sabes que ao entrares no Dragão, vais ser assobiado por dois motivos: pelo emblema que levas ao peito e pela maldade que mostraste neste jogo.

Só tens uma hipótese de te redimires aos meus olhos: se alguma vez chegares à nossa Selecção Nacional, tens de marcar charters de golos. Ou então, se por algum desígno do destino vieres parar ao FC Porto no teu futuro, espero que a primeira coisa que faças seja pedir desculpa aos adeptos por seres mauzinho. Eras um jovem idiota e depois amadureceste. Caso contrário, vou-te tratar como o merdas que foste aos 61 minutos do jogo de hoje.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 3 Paços de Ferreira

foto retirada do MaisFutebol

 

Cheguei cedo ao Dragão. Com a bifana da praxe no bucho, fiz o que nunca antes tinha feito e fui esperar pela chegada do autocarro dos novos campeões nacionais. A festa estava mexida, a malta bem-disposta e a alegria pairava pelo ar, com tanta camisola e cachecol azul-e-branca que ocupava todo o campo de visão. Quarenta minutos depois, enquanto conversava animadamente com outro amigo portista, chegaram os rapazes. Falcao na frente, de braço estendido. Fiz o mesmo, bati palmas durante menos de dez segundos e retomei o caminho na direcção do estádio. Feliz, entrei e sentei-me no meu lugar. E o jogo foi o evento menos importante do dia. Vamos a notas:

 

(+) James Talvez tenha sido o melhor jogador da equipa hoje, acima até de Hulk. Técnica excelente, visão de jogo muito larga e abrangente, este rapaz tem tudo para se afirmar na próxima temporada como titular no FC Porto, especialmente se Varela andar tanto tempo no estaleiro…ou se Hulk fôr vendido. Algumas mudanças de flanco com grande inteligência e desmarcações perfeitas, continua a mostrar que rende bem mais no meio do que na ala. Gostei, puto.

(+) Hulk Devia ser proibido. A facilidade com que Hulk passava por vários jogadores do Paços na primeira parte era impressionante, e imagino o que deve sentir um defesa quando vê um tanque em alta velocidade a vir na sua direcção e se apercebe que só o pode parar com tanta frieza como um guarda-florestal finlandês. Marcou um, falhou mais alguns e espero que não tenha feito o último jogo com esta camisola no Dragão. É que a maneira destemida com que entrou em campo e a forma como parecia querer mostrar serviço…soou-me a despedida, sinceramente.

(+) Ruben Micael Está melhor, bem melhor do que na primeira volta. Mais solto, mais empenhado e muito menos fiteiro, distribui jogo facilmente e encaixou na perfeição no improvisado meio-campo de Villas-Boas. Só faltam mais três jogos até acabar o ano e vendo que Moutinho não deve recuperar para jogar na Madeira, será bonito vê-lo novamente a titular na ilha dele. Neste caso, literalmente.

(+) Pizzi Marcar três golos no Dragão é obra, apesar de me parecer que o segundo começa num lance em que há fora-de-jogo, o que em nada retira o mérito ao puto. Tem talento, inteligência, boas desmarcações, técnica individual acima da média e só lhe falta um bocadinho mais de fibra e poder físico para ser uma opção para regressar a Braga no próximo ano. Bom jogador.

 

(-) Nelson Oliveira Não sei se este miúdo tentou acertar no Moutinho. Não sei sequer se percebeu que a entrada que teve podia ter arrumado com o resto da época de um colega de profissão. Nem vou se hipócrita ao ponto de questionar se teve a noção que toda a gente ia começar a ligar o facto de ser atleta do Benfica à patada que espetou no nosso número 8. Mas o coice frontal que desferiu devia ser punida com severidade. Tanto estupor de tanto cuidado e preocupação com o eventual amarelo que Moutinho pudesse levar em Villarreal…e acaba por ficar em risco para a final por causa de uma locomotiva com pitões. Obrigado, Nelson, por fazeres com que tivéssemos de nos preocupar outra vez.

(-) Rolando Não há palavras para descrever o jogo absurdo de Rolando hoje no Dragão. Se pudesse inventar um novo cartão para a arbitragem mundial, optaria pelo cartão castanho, que seria mostrado pelo árbitro a um jogador que, como Rolando, aparentasse ter um evidente excesso de trampa na cabeça. Como se a falha que deu o 2-1 não fosse suficientemente absurda, o nosso 14 continuou a espalhar borrada pelo jogo fora, à imagem do seu colega de posto que hoje esteve melhor que ele. Chega para perceberem o quão gostei da exibição dele, não chega? Precisamos de ti em condições, rapaz, porque tu és o rapaz que põe a loucura do Otamendi em perspectiva até porque tendes a ser um gajo sóbrio, prático e simples. Hoje, não foste nenhuma delas.

 

 

Festejei com o meu povo, com os meus consócios que apoiaram a equipa que tanta alegria lhes trouxe este ano. Foi o adeus ao Dragão, um “até breve” de alguns meses que vai deixar saudades. Deixa sempre saudades. E nem Pizzi com os golos ou Nelson Oliveira com os pitões me estragaram a festa. Porque ali o que interessava era aplaudir a equipa, sentir a vitória com eles, junto deles, por causa deles. Parabéns, malta, a taça é vossa com todo o mérito!

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