Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Nacional da Madeira

 

Leitura do Livro do Dragão, capítulo 23, versículo décimo: “E vendo o sofrimento do seu povo e a lamúria dos seus discípulos, Deus fez com que um grande dilúvio se abatesse sobre o Norte da Terra, fazendo as chuvas cairem do céu com intensidade de um remate do Celso e os ventos ecoarem por entre as árvores como uma corrida do Hulk. E o povo, que até lá sequioso olhava para sinais de esperança, viu a bendita água a deslizar pelos lençóis da VCI e agradeceu, porque as uvas não mais se transformaram em passas, o gado pôde voltar a pastar em verdejantes campos e os honrados guerreiros foram recompensados com o escalpe do derrotado. E Deus olhou, guardou o cachecol na gaveta, e foi ver um episódio do Dexter. Assim seja.“. Em poucas palavras, foi bom, não genial. Foram cinco golos, mais ou menos merecidos, mas acima de tudo fica na retina a intensidade diferente quando comparado ao que tínhamos visto na passada quarta-feira, com mais garra, mais fibra e acima de tudo maior jogo de equipa e entendimento. Vamos a notas:

 

(+) Belluschi + Defour Foi o meio-campo que melhor funcionou esta temporada que juntamente com Moutinho fizeram o que quiseram do Setúbal aqui há umas semanas. Os dois primeiros estiveram muito bem, complementando-se nas dobras defensivas e nunca fugindo da luta e das bolas divididas. Defour, mais sóbrio e mais inteligente no controlo do jogo, esteve bem no passe e bom na cobertura dos espaços que eram deixados vazios por Fernando que teve de ir muitas vezes ao flanco para compensar as subidas de Álvaro e principalmente o overlap criado na frente de Sapunaru. Belluschi impressionou-me pela atitude de líder, pela força e pela capacidade de criação de jogadas ofensivas da equipa, sempre a falar, sempre a mandar, sempre com os braços esticados a coordenar os colegas do meio-campo e da frente de ataque. Moutinho continua a ser a minha primeira opção para titular, mas parece-me lógico que gosta mais de jogar com outro ao lado dele que seja similar, desde que haja cobertura mais física na rectaguarda. Se assim fôr e voltarmos a ter a rotação que gosto…torna-se difícil decidir quem deve jogar.

(+) Varela Terá voltado o Varela do ano passado? Corrijo: o Varela do início do ano passado? É cedo demais para afirmar, mas o Silvestre que hoje vi a jogar pareceu diferente. Fiquei surpreendido de o ver a titular mas como o relvado estava molhado e muito rápido, compreendi a opção. E o rapaz rendeu, usando o apoio a meio-pau de Álvaro, claramente sem pernas para muito mais do que tem mostrado, mas Varela conseguiu manter uma posse de bola inteligente e acima de tudo mostrou entrega, luta, fibra, ajudou na defesa, participou na travagem do jogo do Nacional pelo lado esquerdo e ainda teve tempo para lançar contra-ataques perigosos. Ainda não o tinha visto assim esta época e fiquei satisfeito com o que vi.

(+) Mangala Para um rapaz de vinte aninhos, não está nada mal. Rápido, forte, rijo, difícil de contornar e quase impossível de bater pelo ar, tem tudo para ser uma presença regular no onze. Ao lado de Rolando, que continua a passar por algumas dificuldades no controlo de bola (o rapaz já devia ter melhorado em tantos anos) e no posicionamento perante adversários mais rápidos, Eliaquim manteve-se sempre atento às jogadas de assédio da área portista e nunca deixou que o adversário passasse por ele. Ainda assim, há pontos negativos na sua exibição, que se focam na aparente incapacidade de sair com a bola controlada de uma posição difícil. Mangala chegava perto do adversário, ganhava-lhe a bola…e depois colocava-se mal e perdia-a outra vez. Precisa de melhorar na concentração que precisa para render sempre a um nível consistente quando tem a posse de bola, porque perde-a tão depressa quanto a recupera.

(+) Walter É um jogador diferente de Kleber, sem dúvida. Retém muito mais a bola, controla a pressão dos defesas e consegue rodar o jogo para o extremo mais próximo com maior facilidade que o ex-Marítimo, só pecando pela lentidão que é inerente aos jogadores que possuem forma de planeta. Gostei da forma disponível com que rodou na pressão da equipa, atacando o adversário directo e ajudando os colegas no trabalho defensivo. O Walter do ano passado não fazia o que este faz e nota-se bem a diferença. Pode ser gordo, fóti, bucha, chamem-lhe o que quiserem. Mas têm marcado golos e anda mexido, com vontade de jogar. Por agora, vai chegando.

 

(-) Hulk Preferia não dar um Baroni a Hulk porque o rapaz anda esforçado. Podem dizer mal dele à vontade, podem até criticar o novo modelo “Songokhulk” que apareceu hoje no relvado do Dragão, mas continuo a apoiar Hulk pelo talento e pelo esforço. Vejo Hulk como um elemento fundamental, capaz de rasgar defesas e de furar os blocos de gelo mais refundidos do fundo do Ártico quando está em forma, mas hoje não foi um desses dias. Marcou um belo golo, é verdade, e tentou furar, tentou penetrar pelas barreiras defensivas do Nacional mas as fintas não saíam em condições e a incapacidade de produzir jogadas de perigo durante quase todo o jogo penalizou a equipa que vê tantas vezes nele um salvador da desinspiração colectiva. Mas o Baroni não é para a pouca produtividade, longe disso. Enervou-me mais vê-lo incapaz de estar calado perante qualquer gajo de preto, fosse o principal ou os que andam c’o pau na mão. Não gosto de ver jogadores constantemente a reclamar com os árbitros, tendo ou não razão para tal, e Hulk parece ter regredido nos últimos tempos ao Hulk de 2008, que dizia mais vezes “Ei, professô!” do que “Joga, joga aqui!”. Tens de ter calma, porra!

 

As alterações de Vitor Pereira correram muito bem e para lá de ter alguma sorte do jogo, o que foi mais interessante foi perceber que alguns dos rapazes que hoje apanharam com uma quantidade inusitada de chuva no lombo mostraram que estão ao nível dos habituais titulares. Estranha-se, portanto, que os titulares não mostrem um nível de jogo bem acima do que estes moços hoje fizeram. Só podemos tirar duas conclusões: ou o plantel é de facto composto por jogadores de valia equilibrada e que podemos continuar a rodar de jogadores quando fôr necessário por imperativos físicos ou tácticos…ou os principais nomes estão muito abaixo do que podem fazer. Gostava de apostar na primeira mas se puser o meu dinheiro na segunda sou capaz de facturar mais. De qualquer forma gostei da maneira como os rapaes se mostraram, com disponibilidade física, alguma inteligência e muito menos nervosismo do que estava à espera. Continuem, putos!

10 comentários

  1. Boas Jorge,

    Julgo que este resultado é um resultado bem enganador para o que aconteceu em campo. É verdade que com o Belluschi em campo a música é outra (como já tinha referido num post anterior), mas fiquei seriamente preocupado com a dinâmica do meio campo. Não fosse o Nacional uma equipa tão fraca, tinhamos levado 2-3 golos. Para mim o Moutinho joga de início sempre, e saí lá para os 70m qdo começa a estoirar. Gostava de ver Moutinho e Defour no meio. Era capaz de ser interessante.

    Gostei deste Varela esforçado. Pareceu-me bastante melhor. Fez-lhe bem o banco, mas para mim aqui havia mais uma substituição, entrar o James para o lugar dele. Assim é complicado com o VP, passa-se de bestial a besta num segundo e logo o James que tirando o último jogo anda a jogar mto.

    O Walter faz-me lembrar o Pena. Marca, arrasta a defesa mas é incapaz de controlar uma bola e fazer um passe como deve de ser.

    Para mim o Picapau amarelo, Songokhulk ou lá o que raio era aquela coisa de ontem, não merece um Baroni. Tudo bem que ele anda ligeiramente mais egoísta, mas o gajo passa o jogo todo a levar porrada sem que os árbitros marquem o quer que seja. Acho que ele espelha a ansiedade da equipa e quer a bola para resolver. Trabalho para o VP.

    De resto, melhor intensidade, mas ainda não me conveceu.

    Abraço,
    João

  2. Bom dia,

    A exibição não foi convincente. Ainda denotamos muito nervosismo. Existem jogadores que passam a bola como quem atira pedradas aos colegas.

    Mangala, Defour, Walter e Belluschi cumpriram, e foram uma lufada de ambição na equipa.

    O que interessa é ganhar, e encontrar o melhor onze para atacar o campeonato e champions até à paragem de natal.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.com

  3. Bom dia,

    FC Porto – 5 Nacional – 0. Mão cheia de interrogações.

    Acabou a crise?

    O resultado foi muito bom, mas a exibição terá sido tão má como se escreve e diz por aí?

    Este resultado no ano passado significaria um jogo de mão cheia, tal como o resultado?

    Terá razão Vitor Pereira quando diz que há certas personalidades que aquilo que querem, com as críticas, é desestabilizar a equipa?

    Quando é que a TVI deixa de lado os lambe rabos e contrata comentadores profissionais, imparciais e informados?

    Abraço

  4. Apesar de o resultado ser melhor do que a exibição, os 3 pontos já cá cantam. E 5-0, é sempre “cinc’azero”! O ano passado também houve (alguns) jogos assim………e apesar de me tentar convencer de que a equipa está a tentar provar que os maus resultados anteriores foram por má sorte, ou má forma, acho que o problema é outro – É (falta) de organização em campo. O meio-campo, partido, ataca (relativamente) bem porque temos jogadores capazes de o fazer através da técnica individual, mas a defender…..qualquer contra-ataque, ou ataque organizado da equipa adversária ameaça muito mais do que noutras épocas. O Fernando tem que correr o dobro, e os outros 2 não me parece que saibam bem o que fazer quando têm que defender.
    De qualquer forma, e terminando como comecei, ganhamos e mais 3 pontos são nossos.
    Vitinho, vê lá se continuas a ganhar….pelo menos!

  5. Mais uma exibição pobrezinha, apesar da maior velocidade e dinamismo emprestados pela chamada à equipa de Mangala, Belluschi, Defour, Walter e Silvestre Varela.

    Continuam evidentes a falta de sincronismo e sobretudo de confiança, patenteadas nas deficientes recepção da bola e qualidade de passe, na dificuldade de ligação das jogadas e na escolha da melhor opção.

    De enaltecer a coragem de Vítor Pereira ao mexer tão profundamente na equipa, passando a mensagem correcta aos jogadores. Quem quiser jogar terá de se esforçar e trabalhar para merecer ser escolhido.

    Sem jogar bem o FC Porto ganhou bem e conseguiu um resultado volumoso que faz do seu ataque o mais realizador do campeonato. Gostei muito da exibição de Mangala.

    Um abraço

  6. Caros amigos,

    Leio-vos, penso no jogo, no resultado, e não compreendo a conclusão. O jogo foi razoável, o aproveitamento foi fantástico, houve bons golos, boas jogadas. Ficou gente importante no banco (logo há possibilidade de acelerar o jogo a meio, como se viu nos últimos dois golos). Noutro contexto, as críticas do jogo de ontem seriam: Porto aproveita, porto eficaz, esta equipa é tão boa que sem os titulares e sem acelerar muito ganha 5-0.

    Tenho dificuldade em perceber a conclusão deste jogo de que as coisas estão mal. Parece-me que a narrativa anterior (que as coisas estão mal…) se sobrepõe aos factos.

    Os comentadores da TVI então foram ridículos: Ontem meteu pena desde o início do jogo com a história: o Porto está mal; a dinânmica; a época passada; o modelo de jogo; etc. Os golos acumulavam e eles continuavam. No final já lhes foi mais penoso, mas o jogo lá acabou.

    1. devo dizer que concordo contigo, Luís. enquanto o processo de crescimento está em marcha, se as vitórias forem sempre assim não me incomodam absolutamente nada. o jogo pode não ter sido brilhante, mas no ano passado tivemos tantos destes…só que na altura o povo parecia ofuscado pela luz que se fazia sentir de dentro, que é talvez a grande diferença para este ano. enfim, aproveitemos, ganhemos, recuperemos!

      um abraço,
      Jorge

  7. Na verdade não sendo um jogo esplendoroso, foi q.b. para pelo menos dar uma oportunidade aos ditos “suplentes” que se mostraram e bem, para as eventualidades que um campeonato exige! Vamos á frente, com ou sem paraeceres á Meirim!

  8. Acho que valeu a pena a molha que apanhei,não pela exibição,mas pela vitória,depois de uma quarta-feira negra,até não foi assim tão mau como alguns dizem,espero que esta vitória venha trazer algum alento à nossa equipa e as exibições comecem a agradar a todos.Mas se não poder ser com grandes exibições que seja como o a de ontem desde que se ganhe (embora eu prefira opera),mas se não puder ser opera pode ser malhão.Sexta-feira à mais.VIVA O PORTO!

  9. Não tendo sido uma exibição de encher o olho também não foi tão má como a iam pintando os artistas TVIseanos que fizeram o relato. Até o Manuel Queirós(Portista) ontem estava parvo de todo, já Baldemerda esteve igual a ele próprio.

    Quanto ao jogo, se este tivesse um titulo podia ser o mesmo do episódio de ontem do Dexter: “A Horse of a Different Color”.
    O Hulk é um cavalo cheio de força que infelizmente ainda não percebeu que o estar sempre a reclamar só o desvaloriza e só faz com que os árbitros procedem como ontem o “bola branca”. Fez-me até lembrar do memorável jogo, não pelos melhores motivos, contra o campo-maiorense(salvo o erro) arbitrado pelo “bruto cagalhão” em que todas as faltas sofridas por Jardel eram marcadas contra ele.

    Acho estranho também como é que jogadores que jogam juntos desde pelo menos o ano passado agora não são capazes de antecipar passes e movimentos dos colegas de equipa e perdem a bola e/ou a metem constantemente para onde ninguém a vai buscar.
    Isto já para nem falar num problema que a mim me deixa sempre espantado, que é o facto de ganharem milhões por jogarem um jogo simples, treinarem todos os dias e o objectivo ser o mesmo há séculos, no entanto uma vez decididos a rematar à baliza… 90% das vezes nem nesse rectângulo gigantesco acertam.

Responder a João Amorim Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.