Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

Em primeiro lugar, espero que este período de descanso tenha feito bem a toda a gente. A ti, aos teus companheiros da equipa técnica, aos jogadores, aos médicos, aos massagistas, aos tratadores da relva, aos stewards, aos animais que chamam stewards na Luz, à SAD e principalmente ao grupo onde me incluo, os bloggers arrogantes adeptos.

Já estou enferrujado destas minhas proto-palestras. Estas pausas constantes no campeonato estão-me a lixar um bocado o esquema, porque se mete o país à frente da naçom e não me permite focar no maior problema para lá do trânsito da VCI: a qualidade do nosso jogo. É verdade que já não vejo a equipa a jogar há duas semanas mas a amostra que tivemos em Olhão foi muito fraquinha, Vitor. E depois deste tempo todo sem ver o FCP a jogar, admito que estou um caco cheio de ansiosidade, ansiosismo, até com um pouco de ansiedade, vê lá.

E agora quando regressamos às competições, recomeça o ciclo. Taça, Champions e Campeonato, tudo seguido. O nível de dificuldade do primeiro é o mais baixo, em teoria, mas não quer dizer que não seja decisivo para ti, para os teus jogadores e para a forma como os adeptos vos vêem. Não quero ver facilitismos nem brincadeira, este é a eliminar e por muito que a maior parte do povo só dê atenção à Taça se o campeonato já estiver ganho ou se não houver hipótese de o ganhar, tens de mostrar a todos que estamos de volta, que o grande FC Porto está afinado. De uma vez por todas tira as nuvens negras de cima da tola e põe-nos a bater palmas como uma foca com espasmos. Força aí em Coimbra!

Sou quem sabes,
Jorge

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Inde e dainde

Admito que fiquei um pouco surpreendido por ver a notícia mas louvo a solidariedade. São assuntos extra-clube, extra-fanatismos, extra-tudo. É simplesmente humano e não custa nada. Ainda na passada segunda-feira doei sangue e o processo é exactamente o mesmo. Custa menos que apanhar com um remate de longe do Belluschi nas costas.

E os outros Gustavos que andam por aí fora e infelizmente sofrem da mesma doença, também vão agradecer.

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Os estádios e os seus nomes

Stadium naming is an emotive issue – rebranding something which is synonomus with a club is a difficult task, one which clubs typically tread very carefully around, for fear that they will upset a vast swathe of their fans. Can you imagine the furore if players walked past a sign as they headed for the pitch against Liverpool which instead of saying “This is Anfield” said “This is the [Your name here] Arena”. There’s no history there. No soul. No inspiration for the home team or fear for the away team. It just doesn’t work.

Until today, the only stadia for which naming rights have so far been granted are those which have recently been built – such as the Emirates, the Etihad, the Reabok, all Premiership grounds, all relatively new replacements for antiquated parts of the clubs history reflecting the commercial reality of the new chapter in the club’s life.

(…)

For fans, it will always be St James’ Park, in much the same way as the majority still refer to the Leazes and Gallowgate Ends despite the fact that both were renamed years ago. It will be interesting to see how the mainstream media react – will they stick with St James’ Park (as they did when Jabba tried the whole SportsDirect.com @ St James’ Park rebrand a couple of years ago), or will they be compelled to start referring to the Sports Direct Arena in match reports etc. Hopefully, the groundswell of public opinion will be such that this latest attempt to sell off the soul of our club will die away.

Opinião do Black and White and Read All Over

 

Volto brevemente a falar do Newcastle. Apesar da excelente época que estão a fazer, os problemas entre os adeptos e a direcção do clube presidida por Mike Ashley, dono da cadeia de produtos de desporto SportsDirect.com e que comprou o Newcastle United Football Club por cerca de 134 milhões de libras, estão longe de acabar. Desta vez, Ashley decidiu mudar o nome do estádio, esperando arrecadar para lá de dez milhões de libras com a cedência dos direitos e com a exposição do nome do “novo” St.James’ Park, que já não o é. A partir de agora, o estádio chamar-se-á: “The Sports Direct Arena“. Conveniente, portanto, para lá de lucrativo, mas apenas para o homem, muito provavelmente não para o clube, já que a maior parte dos valores arrecadados até agora com transferências (como os quase 50 milhões de euros recebidos quando Andy Carroll foi vendido ao Liverpool) foram orientados para o saneamento financeiro de clube…e empresa.

Esta notícia pôs-me a pensar, porque já mudámos de estádio várias vezes e os nomes foram, consequentemente, sempre diferentes, desde o Lima à Constituição, Antas e agora Dragão. Mas nunca se verificou a situação de ficarmos no mesmo estádio e o nome ser colocado à venda ou cedido a uma qualquer empresa com o intuito puramente economicista de arrecadar tostão. Como é que acham que os portistas reagiriam a uma notícia destas? Alguém acha viável acontecer algo do género, passar a chamar ao nosso covil “Estádio Sapo.pt” ou “Estádio TMN”?

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Na estante da Porta19 – Nº5

O que é que faz um jogador de futebol ser grande? Não no sentido de “ei pá, aquele Crouch é grande!”, mas em termos do seu nome ser repetido ao longo da História ao ponto de fazer com que miúdos e graúdos em qualquer jardim ou campo alugado tentem imitar os seus tiques e emular os seus talentos? É esta a questão que Musa Okwonga tenta responder em “A Cultured Left Foot”, um livro em que estão reunidos onze pilares físicos e mentais que terão de ser atingidos para que um Castro se possa transformar num Essien, um Mangala num Cannavaro ou um Ventura num Schmeichel.

Ao longo de 209 curtíssimas páginas somos transportados através de entrevistas, histórias, estatísticas e acima de tudo a visão e opinião de profissionais da bola, tanto dos génios que chegaram a esse panteão da genialidade futebolística como aqueles, muito mais numerosos, que tentando nunca o conseguiram.

Não tão sociologicamente intensivo como o Soccernomics, referenciado na primeira edição desta rubrica, é um excelente livro para todos aqueles que do fundo do coração e com a alma elevada por uma exibição que acabaram de presenciar, gritam: “oh amigo, até eu com a minha barriguinha marcava aquele golo!”. Se calhar, não marcava.

Sugestões de locais para compra:

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Futres e Folhas – Portugal 6 vs 2 Bósnia-Herzegovina

foto retirada de Record

Alguém me explique qual é a necessidade tão lusitana de apenas fazer os grandes esforços na ponta final, quando o risco é alto e as consequências mais graves? Ao longo desta fase de qualificação, desde o empate contra o Chipre até à última derrota contra a Dinamarca, em nenhum jogo nos tínhamos exibido a um nível como fizemos hoje na Luz. Queiroz ou Bento, Bosingwa ou Pereira, Carvalho ou Pepe…tanta tinta correu, tanta lágrima foi derramada…para chegar ao dia de hoje e fazer uma exibição que teve tanto de genial como de tranquila, calma, sem aparente nervosismo nem periclitância. Vencemos bem e vamos ao Europeu com mérito. Notas abaixo:

 

(+) Ronaldo Foi o capitão que precisávamos na altura mais importante. Já na Bósnia tinha sido um dos melhores em campo, a par de Pepe, e hoje esteve impecável desde o início do jogo. Quando Ronaldo está bem e joga com gosto, com dinamismo e com algum espaço, é um jogador quase imparável e hoje foi um Ronaldo no seu melhor, pouco complicativo, a jogar prático, simples, interessado e produtivo. Fez dois grandes golos, uma excelente exibição e acima de tudo fomentou sempre a união entre jogadores e público.

(+) Miguel Veloso Está melhor, o badocha. Ocupou muito bem os espaços e conseguiu servir de tampão atrás de Moutinho e Meireles para anular os ataques frontais dos bósnios, mas nunca deixou de pensar o jogo e de rodar a bola para horizontalizar o jogo quando era preciso. (Que foi, só o Freitas Lobo é que pode usar estes termos? Também tenho direito!) Ainda por cima marcou um excelente golo de livre directo. Parece que viver e trabalhar nas terras de Colombo está a fazer bem ao gorduchinho e Portugal só tem a ganhar com isso, porque quando há necessidade de um jogo mais posicional e com posse de bola, Miguel Veloso é melhor escolha que Meireles. Só fica a perder quando precisarmos de dar pancada no meio-campo…porque aí ninguém ganha ao Pepe.

(+) Moutinho Um jogo muito acima da média exibicional que tem vindo a manter esta temporada no FC Porto, com passes a rasgar, luta no meio-campo, rotação de bola e acima de tudo a presença de um jogador que continuo a afirmar ser essencial tanto no clube como na selecção. Grande passe para o segundo golo de Ronaldo. Volta assim prá Invicta, rapaz!

(+) Agressividade defensiva À imagem do que tínhamos feito em Zenica, o jogo começou a ser ganho por Pepe e Bruno Alves, à força. As tácticas de strong-arm são aplicáveis em situações de perigo e nós fizemos exactamente o que era preciso. Espetar uma cotovelada na nuca do Dzeko é precisamente o que é necessário, ir ao contacto com tudo que é Pjanics e Misimovics, empurrá-los, saltar contra eles e neste caso devia valer tudo porque o prémio era alto. Porra, até podiam levar 50 mil cartazes do Milosevic para ver se os bósnios tremiam, carago! Gostei de ver e gostava de ter visto esta mentalidade no resto da qualificação.

(+) Golo de Nani Em duas palavras: espé tacular.

 

(-) Penalty de Coentrão Uma parvoíce. Não sei se o Fábio ainda está habituado à alcunha que ganhou aqui entre os não-benfiquistas, mas o salto com os braços no ar que “Caientrão” se lembrou de fazer dentro da área é incompreensível, independentemente da falta que lhe pode ou não ter sido feita. Já me tinha desabituado a ver o rapaz a saltar como um louco e a pedir faltas por qualquer coisinha que lhe acontecia, desde uma brisa mais forte ou a audácia do adversário em afastá-lo da luta pela bola com o ombro, mas algo naquele lance me fez regressar um ano ao passado. No resto do jogo esteve impecável, como de costume, a galgar a relva do flanco esquerdo como se estivesse atrás de um coelho com o tesouro de Sierra Madre, mas no lance do penalty baldou-se.

 

E pronto, lá vamos nós c’as malas todas pró leste. Seja na Polónia ou na Ucrânia que vamos acabar por jogar a primeira fase, é certo que vamos ter um Verão mais interessante com Portugal a jogar no Campeonato da Europa. Há razões para estarmos satisfeitos com a qualificação e hoje opto por não apelar ao cinismo e fazer aquele papel de parvinho ao dizer: “Força Selecção”. Até apoio o Paulo Bento, vejam lá…mas há e continuará a haver problemas que terão de ser resolvidos até chegarmos a Junho, porque este tipo de jogos nem sempre surgem e os níveis físicos e competitivos serão bem diferentes no arranque da competição e até lá temos muito tempo para observar, pensar e decidir pelas melhores escolhas. Ou no caso de Paulo Bento, pelas escolhas dele.

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