Fredy e Fernando

As saídas eram esperadas mas não menos curiosas. Guarín, há que tempos a clamar por oportunidades dentro ou fora do FC Porto, vai-me deixar algumas saudades. Ficarei com imagens da final de Dublin e do cruzamento para Radamel facturar contra Artur, o golo contra o Marítimo a quinhentos metros da baliza ou contra os russos em Moscovo. Mas também ficam muitos semi-jogos fraquíssimos em 2008 e 2009, muita trapalhice e algumas idiotices. Foi um homem que evoluiu desde que chegou e sai numa altura em que parecia evidente que não estava nos planos. Mas há dois pormenores acerca de Guarín que merecem ser analisados: o negócio e a potencial valorização.

Reparem no gráfico de cima, retirado do TransferMarkt. A forma como o jogador foi valorizando pela presença no plantel do FC Porto é notável, muito embora as duas primeiras temporadas tenham tido pouco impacto na produção futebolística da equipa, acabando por “rebentar” nos dois últimos terços da época passada quando tirou o lugar a Belluschi depois da sua lesão e nunca mais o largou até ao final, acabando tão importante para Falcao como Futre tinha sido para Madjer há catorze anos e alguns quilómetros de distância. É verdadeiramente extraordinário o crescimento do valor de mercado do colombiano e se a vida lhe correr bem e o Inter se chegar à frente no próximo Verão, podemos ter um dos negócios mais rentáveis de sempre com quase 1400% de lucro. É obra.

Já Belluschi é outra história com o mesmo fim. Nunca foi consistente nas exibições e era raro fazer dois jogos consecutivos com a mesmo nível de qualidade e intensidade. Enervava-me com infindáveis passes falhados mas ao mesmo tempo entusiasmava-me com os “túneis” e a inteligência ofensiva que várias vezes faltou aos colegas. Via-o como o novo Alenitchev. Não chegou nem perto do russo. E a saída do argentino, ele que regressou pontualmente à selecção por culpa da carreira que fez no grande FC Porto 2010/2011, acaba por ser natural ainda que menos expectável, particularmente depois do jogo de Barcelos onde foi dos poucos que pareceu com a cabeça no sítio. Mas as estratégias e modelos de vida não se podem basear em noventa minutos e acaba por fazer o trajecto inverso de Dmitri, seguindo de Portugal para Itália.

Não resisto a deixar os dois lances que me ficam na memória destes dois rapazes:


(Golo de Guarín ao Marítimo)

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(Golo de Belluschi ao Benfica)

Desejo sorte aos dois. Que sejam felizes, que joguem muito e que joguem bem. E que no Verão consigam contratos permanentes com dinheiro no bolso e cash na nossa SAD. Assim seja.

5 comentários

  1. Para mim o maior problema do Guarín, para além da trapalhice, é que era um caos em posicionamento… quando se entusiasmava lá ia ele por alí fora como se passasse a ser o único capaz de resolver a questão, e que se lixasse o equilíbrio da equipe. Quando funcionava, e ele resolvia, era um herói, a maior parte das vezes, assim por dizer, um burro… que forçava os outros a trabalho duplicado!…
    O Belluschi é de outro nível; um jogador inteligente, fino de pés… o problema dele é que via jogadas que os outros não viam, e queria colocar a bola com tanto toque subtil que muitas vezes o lance se perdia nos pés do adversário… mas, tem um enorme potencial.
    Muitas vezes era um gozo em si só ver o homem a tocar a bola…
    Mas, entendo que tivesse que ir. Bom para ele, e talvez para os colegas…de certeza para a equipe.
    Independentemente dos nomes, e do que poderiam fazer, é bom ter nas equipes os jogadores em quem o treinador confia, e/ou em quem os colegas confiam.

    Ótima a fotografia dos dois: um com ganas e o outro com classe.
    Lindos os golos, e obrigada aos dois pelas alegrias.
    (E, se não for pedir muito, vão lá jogar direitinho agora, para sobrar algum carcanhol para o fcp..)

  2. Nao creio que se possa classificar de grande jogada uma jogada em que os colegas nao estejam a par das intencoes. Jogar bem também passa por fazer aos colegas quais as intencoes que se tem. Quando estás no jogo colectivo mas nao estás em fase com os outros é porque nao estás a fazer algo bem. Ele até podia estar no certo no que a equipa podia fazer em termos colectivos mas se nao estar a par das limitacoes e nao te adaptas à situacao e queres imprimir algo ao jogo que nao encaixa, normalmente sai mal como muitas vezes saiu ao Belluschi.

  3. O momento de Belluschi que para sempre me ficará na memória será a “cueca à chuva” na piscina de Coimbra. Sublime.

    Mas o golaço ao benfas é, de facto, do outro mundo.

    Parabéns pelo site!

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