Baías e Baronis – Académica 0 vs 3 FC Porto

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É assim que todos os jogos do FC Porto deviam ser, pelo menos contra este tipo de equipas medíocres. Uma entrada fortíssima, sem mácula, com pressão intensa, golos fáceis e uma autoridade em campo que não mostra um mínimo de preocupação com a moral ou a capacidade de recuperação adversária. Jogar como os grandes que somos, no fundo. Dois ou três golos depois, a gestão, sempre com bola, com rotação de jogadores e manutenção de uma atitude de arrogância positiva, continuamente a criar perigo para a baliza contrária. Simples, não é? Foi, por nossa culpa. Vamos a notas:

(+) Um meio-campo que funcionou muito bem. A numerologia pode explicar muita coisa, desde os calendários Maias às cartas do professor Mambo, mas o meio-campo do FC Porto foi hoje um exemplo quase perfeito que a escolha de camisolas parece seguir uma inspiração divina que faz com que questionemos a raiz da nossa existência e o nosso lugar no Universo. Para lá do sentido da vida ser 42, como todos sabem, vejamos os números dos três centro-campistas que hoje alinharam em Coimbra com as nossas cores: 16, 30 e 36. Se Ruben Neves arrancou numa posição mais recuada, somemos Óliver à construção defensiva e teremos 36+30=66. Dois números “seis”, portanto, a alternar na combinação defensiva. Se colocarmos o outro 16 a passear ali pelo lado, o “seis” parece uma visão idílica que nunca aparece ao mesmo tempo que se mostra perfeito, em zona pouco criativa mas muito trabalhadora. E se tirarmos Óliver a Ruben e o deixarmos sozinho, 36-30=6, que ele não é mas mostra gostar de fingir ser. Mais pela frente, se subtrairmos Herrera a Ruben e subtrairmos esse número também a Óliver, quando o homem volta para apoiar, temos 30-(36-16)=10. O dez perfeito que também não existe mas que se compõe das ausências e presenças na zona certa, no momento certo. Todos a funcionar, a adicionarem-se e a subtrairem-se, como números em folhas de papel, manuseados por um Deus de lápis em riste. Só faltou um: o 6. Para a semana, talvez.

(+) Óliver. Impecável na zona defensiva em apoio à primeira fase de construção, perfeito na labuta do centro do terreno e trabalhador como poucos na altura de pressionar o adversário, parece estar a atravessar um bom momento e a jogar com a confiança que esperávamos desde o início da temporada. Excelente capacidade técnica, toque de bola de primeiro nível e uma inteligência táctica acima da média fazem dele titular na frente de Quintero e uma peça essencial do estilo de Lopetegui. Excelente jogo.

(+) Jackson. Dois golos perfeitos, um com cada pé, numa exibição que foi quase perfeita em termos de eficácia em frente à baliza. Trabalhou bem e apesar de não ter tido grande impacto no resto da partida, foi ele quem resolveu o jogo logo desde muito cedo e a perfeição com que aquele segundo remate (e segundo golo) entrou na baliza é uma obra de arte que deve ser vista, revista e trevista. Genial, filho do Jack, genial.

(+) O apoio dos adeptos. Quando se colocam bilhetes a dez euros para um jogo a uma hora de viagem de carro da Invicta, é natural que a malta alinhe e este foi um caso paradigmático do que se quer sempre que o FC Porto se desloque a um estádio para praticar o seu métier. Todo o jogo se ouviram os adeptos a cantar, a afastar o frio enquanto saltavam e entoavam os tradicionais cânticos de apoio à equipa e aos jogadores, aqueles que fazem a razão do nosso apoio e da nossa dedicação. Tive pena de não ter estado ali no meio dos nossos, parabéns, malta!

(-) Brahimi. Segundo jogo consecutivo em que Yacine não parece o mesmo de aqui há umas jornadas, o que não sendo algo que me deixe prostrado em posição fetal a lamentar os infortúnios das decisões dos deuses, chega para preocupar um bocadinho. Parece mais lento, menos activo, a complicar mais do que decide e sem perceber qual a melhor maneira de passar pelos adversários. A genialidade tem disto, quando a lâmpada não se acende por cima da sua cabeça naquela imagética tão tradicional dos desenhos animados…só sai borrada. Espero tempos melhores, rapaz, mas não te preocupes, ninguém deixou de acreditar em ti. Até os relógios normalmente certos podem parar de vez em quando.

(-) Académica. Muito, mas muito fraquinho. A entrada em jogo fazia prever uma estratégia tão defensiva que temi o pior caso não conseguíssemos trabalhar a partida de forma a mostrarmos em campo que somos melhores, e a forma como a Académica não ter obrigado Fabiano a fazer uma única defesa em condições num jogo disputado no seu próprio estádio é a prova que não há grande qualidade em Coimbra para lá de meia-dúzia de estudantes bem boas e alguns bares porreiros. Enfim, ebbs and flows da vida.


Jogo ganho, amarelados em risco que deixaram de estar em risco para o jogo contra o Benfica…all is well, venha o Shakhtar!

5 comentários

  1. Caro Jorge,

    O jogo foi tão bom que nós até conseguimos destacar todos jogadores diferentes (todos destacaríamos Jackson, claro). Mas aposto a minha cabeça que vão dizer que foi fácil. Apesar de não ter sido fácil para o benfas, mormente na segunda parte, e ao zbordem então, nem se fala.

    Pode ser sempre assim? Pode ser assim no sábado? Será que podemos acreditar que vamos ganhar o campeonato, mesmo que este esteja viciado?

    Esperemos que sim!

    Abraço azul e branco,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

  2. Bom dia,

    Na minha opinião acrescentaria um Baía ao Ruben Neves. O miúdo não joga na posição dele, mas q talento mesmo assim, a ir buscar jogo, rodar, entregar, fugir da posição pa pedir bola outra vez, passes quase sempre certos (se não me enganei na conta só deve ter errado 1 ou 2), a ser inteligente ao levantar sempre a cabeça para procurar o colega melhor posicionado para passar a bola. Muito bom.

    Um Baroni para os adeptos da Académica, quando levavam 3 no bucho, gritavam “olés” enquanto os seus jogadores se faziam passes no momento mais chato do jogo. É mesquinho, muito!

    Abraço e bom domingo

  3. O meu medor elativamente ao Ruben Neves,e que venha um Arsenal ou uma Juventus, levem o gajo por milhoes, sentem-no durante duas epocas, o destruam como jogador e ai esta o fim de uma estrela possivelmente planetaria.

  4. Faltou um Baroni aos calcanhares do Jackson.
    Pá, sei que o jogo estava ganho os gajos da AAC não jogam nadinha, mas esses toques de calcanhar displicentes eram escusados.

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