Baías e Baronis – Nacional 1 vs 1 FC Porto

11081441_10153191643619485_1349028717258678802_n

Os bombos. Os cabrões dos bombos deviam ser proibidos, barrados da entrada em qualquer estádio de futebol pós-1980s, onde a malta do Minho (Famalicão, Tirsense e amigos) trazia quarenta adeptos e o que pareciam 700 bombos para a bancada e davam cabo dos tímpanos de qualquer ser humano, bem mais que o Sr. Lourenço e a sua corneta. E estes, na Madeira, com aquele vibrar fatídico que aponta o caminho para a morte, a rampa que dá acesso aos domínios de Hades e do qual estivemos tão periclitantemente perto, são dos piores que me lembro. E o som do tambor continua, marca o passo e a marcha que não conseguimos manter, numa equipa que tem tanto de talento como de cansaço e pressão acumulada e que cedeu hoje depois de tantos jogos estóicos, soçobrando perante uma equipa com mais força, mais agressividade e muito menos a perder. Não foi mau, podia ter sido melhor. Vamos a notas:

(+) Tello. Muito bem em quase todo o jogo mas especialmente na primeira parte, onde para lá do golo fez meia-dúzia de boas jogadas de entendimento com Danilo que podiam (e nalguns casos deviam) ter tido melhor aproveitamento. Foi o Tello que me dá gozo ver jogar, um rapaz cheio de audácia ofensiva, sem parar, em constante movimentação pelo flanco e a fazer diagonais sempre que possível. O golo é exemplo disso, aproveitando uma jogada em tudo idêntica feita pouco tempo antes, optando por trocar as voltas aos defesas e rematar sem defesa possível. Ágil e rápido, é assim que Tello tem de continuar. Acabou o jogo exausto.

(+) Danilo. Fez com Tello um flanco direito de criar inveja a muitos clubes por essa Europa fora, com uma empatia quase perfeita na temporização e no endosso da bola, a fazer com que o outro lado, por muito que Alex Sandro tenha tentado (e tentou, oh se tentou!), nunca conseguiu funcionar com Brahimi como o compatriota fez do outro lado do campo. E ainda mandou mais um petardo ao poste. Merecia ter entrado.

(+) Quaresma. Fez em vinte minutos o que Brahimi não conseguiu fazer nos outros setenta. Inusitadamente objectivo no 1×1, foi mais prático, mais inteligente e criou várias situações de perigo (apesar dos cantos, quase sempre mal marcados, não é, Ricardo?) que podiam ter dado golo se não estivéssemos novamente em dia não na finalização. E é a prova que é melhor tê-lo no banco para que entre cheio de força, porque apesar de não poder fundamentar com uma base estatística, parece ser melhor aproveitado nestas circunstâncias.

(+) Helton. Há uma diferença muito grande com Helton em vez de na baliza do FC Porto. A facilidade com que o jogo flui mesmo passando pelos pés do guarda-redes não tem rival em Portugal e poucos terá pelo Mundo fora, fazendo com que a bola saia rápida, prática e prontinha para os jogadores de campo prosseguirem com o seu trabalho. A somar a isso teve duas ou três saídas complicadas bem resolvidas e um voo a defender um livre directo que ia direitinho para a baliza. Mais uma bela exibição.

(-) O estouro físico. Pouco antes do golo do Nacional, começou-se a notar. Herrera, que até tinha feito uma primeira parte jeitosa, começava a falhar passes. Alex Sandro continuava a correr mas com um ritmo mais baixo. Marcano parecia que estava pronto a vomitar e Brahimi perdia-se na 400ª rotação sobre o seu próprio eixo. No final do jogo, por muito que os rapazes tentassem, já não havia mais nenhuma gotinha para espremer da camisola e as pernas não respondiam, os joelhos dobravam a custo e a cabeça já tinha desaparecido. Mérito para o Nacional por ter (quase) conseguido aproveitar a nossa quebra física, compreensível depois dos esforços dos últimos tempos, mas há que fazer descansar algumas peças-chave num ou noutro jogo. Se for possível, claro.

(-) A ineficácia ofensiva, mais uma vez. Não condeno a falha defensiva que deu origem ao golo porque foi fruto de um lance inteligente e de um posicionamento globalmente deficiente, não havendo um culpado mas vários. Condeno sim a aparente impossibilidade de marcar mais que um golo com várias situações de remate fácil travado pela lentidão de Herrera, a trapalhice de Aboubakar e o nervosismo de Quintero. Somem-se mais uma bola na trave e outra no ferro e temos mais um jogo em que criámos oportunidades que chegasse para sairmos da Madeira com um sorriso nos lábios. Não conseguimos em grande parte por culpa própria.


Hoje perdemos dois pontos. Sim, podíamos ter perdido três. Até podíamos ter sido goleados. Mas também podíamos ter feito o mesmo e a meia-dúzia de quilómetros do outro estádio onde aqui há uns meses perdemos outros três. A ilha definitivamente não nos dá sorte em 2015…

9 comentários

  1. Que carago, que jogo nojento. Tinhamos de ter ganho. Deveriamos ter ganho.

    Entramos muito lentos e sem pica. Aos 15 min praticamente nao tinhamos saido do nosso meio-campo. :|

    Isto do cansaço para mim são gases. É que se já estão todos rotos mais vale dar já o campeonato e não ir a champions para ser envergonhados pelo bayern. Houve falta de ambição que só voltou com o Quaresma.

    O Brahimi merece um baroni imenso. Fez passes para o adversário no nosso meio campo ( ao bom estilo do inicio do campeonato), nunca passou a bola quando devia e nao me lembro de ter ganho no 1 para 1.

    Que raios, se havia jogo que tinhamos de ganhar até ao final era este! :|

  2. Uma equipa sem classe, sem estofo para ser campeã foi o que vimos ontem! Um treinador que mais uma vez ajudou a complicar e num jogo que podíamos ficar com um ponto de atraso ficamos a 3 pts e pior, de uma forma triste. Se depois de a equipa saber que o Benfica tinha perdido foi esta a ambição e atitude que demonstramos, então ficou claro que não vamos ser campeões! É difícil dize-lo mas é o que sinto! Brahimi, A.Sandro, Herrera, fizeram um jogo lamentável, já Danilo não esteve tão mal, mas ficou claro (pelo menos para mim) que está uns furos abaixo do exigível a nível físico. Quanto ao treinador errou em toda a linha, não soube motivar os jogadores nem potenciar a derrota do Benfica, não estev bem ao deixar Quaresma no banco depois de ter sido o melhor contra o Arouca e pior… pior foram mesmo as substituições que nos fizeram perder o meio campo de uma forma inacreditável! Partilhar a culpar por todos e dizer que com esta atitude não é fácil…

  3. Em resumo, perdemos na Madeira e o 5LB empatou em Vila do Conde. Estamos a 5 pontos, Game Over! É despedir esta malta toda e começar do principio. Foi isto, não foi? O Jorge é que não se apercebeu. E eu também não…

    1. 100% de acordo com o Paulo Silva. Anda tudo um bocado alucinado nas hostes portistas e não é de agora, infelizmente. Já vem do tempo do VP. Tinhamos 4 de desvantagem e tudo era possivel, agora temos 3 e o campeonato está entregue. Leio alguns blogs portistas e até me arrepio. Já se diz em alguns comentario que nem devemos aparecer para o jogo com o Bayern. Existem coisas que me ultrapassam.

      1. Se era o meu comentário referia-me ao “cansaço” e era sarcástico: Não sei porquê a liga portuguesa é muito cansativa para os jogadores de futebol, bem mais que a inglesa, espanhola, francesa, alemã, .

        Achei sim que a motivação/ambição com que entraram no jogo foi errada.

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.