Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Estoril

O primeiro jogo oficial de Sérgio Conceição como treinador do FC Porto podia ter corrido muito mal. Um azar, dois azares, três pontapés ao lado, nove golos anulados, um murro no nariz do nosso capitão (talvez acidental mas não menos doloroso) e uma lesão inoportuna. Mas eis que aparece uma espécie de D.Sebastião núbio a salvar a alma portista e a desencadear uma pequena avalanche de futebol ofensivo, soltando os rapazes da tensão do arranque para uma boa exibição colectiva. Foi bom, podia ter sido melhor e tenho a certeza que será. Mas também podemos sofrer até lá chegarmos, mas atravessemos essa ponte quando chegarmos a ela. Vamos às primeiras notas do ano:

(+) Marega. Esquerda é direita. Cima é baixo. Azul é branco. Wait, esta não funciona tão bem, mas percebem o padrão: está tudo ao contrário. Eu, que um dia pensei em trocar o nome desta mesma rubrica para Madjers e Maregas, fico a pensar que há uma razão para não se construirem estátuas ou fazerem homenagens enquanto os alvos estão vivos. Nuns casos, dá em tretas como o busto do Ronaldo, noutras dá no Marega a bisar no jogo de arranque do campeonato. Há coisas que não lembram a ninguém a não ser a casas de apostas, que teriam perdido pau e bolas se alguém tiver apostado nesta invulgar combinação de factores que levou a tal desfecho. Eu, portista pecador, me penitencio: obrigado, Moussa. Foi jeitoso.

(+) Brahimi. Parece bem disposto, o nosso Yacine. Solto pelo centro ou colado à linha esperando a passagem do lateral ou aproveitando as corridas de Óliver que várias vezes por lá apareceu, foi o elemento principal de desequilíbrio na frente de ataque e uma das peças fundamentais na criação de lances ofensivos. Serpenteou tantas vezes por Mano e amigos limitados que fez lembrar uma estrada de montanha, de quadris amplos e ondulantes, em busca de um santuário que para ele parece ser no fundo das balizas adversárias. Que continues assim, meu maravilhoso magrebino.

(+) A criação de oportunidades de golo. Chiça que isto assim dá mais gosto. Não tenho noção absolutamente nenhuma dos números e sou tão mau para me lembrar deles como o Mareg…ah, porra, tenho de arranjar uma metáfora diferente, pera lá…isso, como o Hugo Miguel a apitar. Onde ia eu? Ah, sim, os lances de golo. Foram muitos, variados, surgindo de arranques pela ala, cruzamentos para a área em bola corrida, cruzamentos em bola parada, lances individuais pelo centro, contra-ataques em superioridade numérica, contra-ataques em inferioridade numérica e atrasos mal calculados. Faltaram remates de meia-distância, algo que foi muito visível na pré-época, mas o caminho parece ser este: avassalar pelos números e esperar que pelo menos uma ou outra bola lá entre na baliza. Não me parece mal.

(-) Parece que pica, amigos! A equipa entrou nervosa e o golo de Marega (o primeiro, claro…já agora, é muito estranho dizer “o primeiro golo de Marega” porque assim admite-se que houve mais… a imprevisibilidade do futebol é tão emocionante, carago!) ajudou a acalmar o povo mas notava-se que queriam fazer as coisas com o mínimo risco e ao mesmo tempo manter a matriz. Houve muitos passes falhados, demasiadas combinações descombinadas e tabelinhas destabeladas. Houve confusão, pouca movimentação e alguma complicação. (chupa, Seuss!) As coisas tenderão a melhorar com o tempo mas o arranque mostrou que ainda há muita incerteza na confiança dos jogadores, mas nada que uma boa sequência de vitórias não cure.

(-) A concretização de oportunidades de golo. Parece ligeiramente arrogante estar a criticar os golos falhados quando acabamos de vencer a partida por quatro bolinhas contra zero bolinhas. Mas já estive em demasiados jogos em que criámos dezenas de oportunidade de golo sem as conseguirmos concretizar e ficamos à rasca por causa disso. Aboubakar foi o principal falhador de serviço mas outros homens estiveram incapazes de acertar num Pedro Guerra depois de seis doses de cozido. Ou, como ele chama, um aperitivo interessante. Há que apontar melhor e tentar ser mais eficaz.

(-) A forma do video-árbitro (não o conteúdo). Nada contra o conceito. Prefiro saber que não foram cometidos erros grosseiros ou que, no mínimo, foram corrigidos. Mas a forma como foi aplicado hoje, ao vivo, deixa-me aborrecido especialmente porque juntamente com grande parte do estádio, não me apercebi sequer que o lance estaria a ser revisto na têvê. Não há hipótese de aparecer no écran do estádio algum aviso ou de se ligarem umas luzes nas balizas como se faz no hóquei em gelo? Há pontos a melhorar num conceito que está a ser aplicado pela primeira vez e este é um deles, para que o público não tenha de festejar com atraso como se estivesse a ver um jogo pela net e a ligação tivesse falhado no momento do remate.


One down, 33 to go. É assim que se fazem as contas no Dragão este ano. Que remédio.

7 comentários

  1. atençao merecemos ganhar mas…..mas durante a prumeira parte repetiram se os erros das epocas anteriores, pouca velocidade a circular a bola, jogadores passivos a marcar com os olhos , tivemos a sorte do jogo na altura devida e depois foi a capacidade fisica a força fisica dos avançados que destruiu o estoril. Corona uma nodoa, oliver enquanto teve marcaçao e pressao em cima nao jogou o que e o costume. Precisamos de 2, 3 jigadores mesmo a serio, fortes fisicamente, rapidos e tecnicamente bons e teremos uma equipa terrivel. Corona, layun, hernani, teixeira, e mais 2 ou 3 sao bem despachados pois falta lhes intensidade, o porto jogou hoje com 10 porque corona nao existiu.

  2. “Marega a bisar no jogo de arranque do campeonato”. Confesso que nunca acreditei que estas palavras pudessem coexistir na mesma frase (talvez num livro de ficção científica sobre universos paralelos me parecesse plausível mas nem o Asimov se lembrava desta). Isto só pode significar que foi quebrado algum equilíbrio cósmico que espero se mantenha durante muito tempo. Quem sabe se um dia não será criado uma rubrica chamado “Maregas e Baronis” ;)

  3. Viva!

    Caraças, perdi a primeira parte quase toda! work is a bitch… Anyway, do que vi gostei bastante porque o que vi foi a continuação da pré-época. Uma equipa atacante.

    Parabéns ao Oliver porque esta época está uns furos acima da época passada e já merece pertencer ao plantel. Curiosamente o jogador que me parece mais em baixo de forma é, pasme-se, o Danilo. O melhor jogador da época transacta. A verdade é que agora está mais só e aparecem morcoes ( vi alguns jogos da pré-epoca no mexico e já tinha reparado) em zona proibida e o Danilo ou não dá para todos ou eles conseguem mesmo passar por ele relativamente bem. Pena. Espero que o Sérgio leia o teu blogue para fazer essa correcção: é sistemático em todos os jogos do FCP desde a pré-epoca.

    Resumindo e fazendo de bruxo ( se os outros tem, também merecemos! Muito embora tenhamos escritoras…): Esta época, a continuar-mos a jogar assim, vai ser muito “engraçada” as in vamos ter muitos ataques de pânico com golos dos adversários. Quantos golos sofremos o ano passado ? Se tivessem sido 20 este ano vão ser 40. E marcados ? Se tivessem sido 20 este ano vão ser 60. Vai ser gira a festa e antevejo muitos golos nos prolongamentos.

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